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SF/17007.19343-30
passageiros e seus motoristas.
Justificação
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A empresa Uber, uma grande multinacional cujo valor de mercado já
ultrapassa os US$ 70 bilhões, superior ao apresentado pela Ford ou pela
General Motors, costuma argumentar que não é uma empresa de
transportes, mas de tecnologia, e que os seus “funcionários” são, na realidade
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“parceiros”, que têm liberdade para definir quantas horas e quando desejam
trabalhar. Ela costuma declarar também que a empresa não contrata
motoristas; os motoristas é que contratam os serviços do Uber.
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A Justiça do Reino Unido afirma, com toda razão, que o Uber deve ser
encarado como empregador de motorista porque os entrevista e contrata;
controla com exclusividade informação-chave, como o sobrenome, o contato
e o destino dos passageiros; define a rota que deverá ser utilizada; exige que
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motoristas aceitem trabalhos e não os cancelem, sob a pena de desligá-los do
aplicativo; define a taxa e impede que ela seja renegociada entre passageiro
e motorista; impõe condições como tipos de carros, instrui como os
motoristas devem fazer seu trabalho e controla suas performances - através
de um sistema de notas, por exemplo; não inclui motoristas sobre decisões
relativas a descontos e lida com reclamações feitas contra motoristas.
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Em outubro de 2016, uma corte em Nova York determinou que dois
ex-motoristas do Uber poderiam requerer o seguro-desemprego,
reconhecendo, implicitamente, que os motoristas eram empregados da
empresa.
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O livro do economista britânico-canadense Tom Slee intitulado
What´s Yours is Mine –Against the Sharing Economy, traduzido para o
português como “Uberização: a nova onda do trabalho precarizado",
demonstra como a ideia utópica do compartilhamento cooperativo,
defendido pelo Uber, cedeu lugar ao seu exato oposto: a distopia de um
hipercapitalismo desregulado.
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da cooperação social e do uso parcimonioso dos recursos, mas que na
verdade estão entre os mais importantes vetores da concentração de renda,
da desregulamentação generalizada e da perda de autonomia dos indivíduos
e das comunidades no mundo atual.
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Assim, empreendimentos como o Uber, são empresas que se
apresentam publicamente como empresas de tecnologia, que apenas
disponibilizam softwares cooperativos, mas que, a bem da verdade, são
gigantes multinacionais de prestação de serviços, em diversos campos
estratégicos. E seus supostos “parceiros autônomos” são, isto sim, meros
empregados sem salários fixos, sem garantias e sem direitos. Uma escravidão
tecnológica.
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(d) Uma profunda precarização do mercado de trabalho, com
redução de direitos e dos rendimentos, ocultada e mascarada pelo
discurso falacioso da cooperação, do compartilhamento e dos
“parceiros”.
(e) A implosão dos compromissos e regras assumidos no Acordo
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sobre Comércio de Serviços da OMC, pois a desregulamentação implícita
dessas empresas transnacionais abre totalmente o mercado de serviços dos
Estados Nacionais, independentemente do disposto no texto desse ato
internacional.
Assim sendo, a falaciosa “economia do compartilhamento”,
materializada na Uber, Air Bnb e várias outras transnacionais, longe de ser
alternativa ao capitalismo, se constitui em forma perversa e dissimulada de
hiperexploração da mão de obra em nível mundial, numa conjuntura em que
a crise planetária impõe taxas de lucro descomunais e a fragilização dos
trabalhadores. Ao mesmo tempo, ela erode a capacidade do poder público de
regulamentar serviços e desnacionaliza segmentos inteiros desse setor
econômico estratégico, o que mais cresce na economia internacional.
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trata de uma intermediação automatizada pelo próprio software fornecido
aos motoristas.
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Sala das Sessões, em de 2017