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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAPÁ


GABINETE DES. SUELI PEREIRA PINI

Nº do processo: 0041193-46.2014.8.03.0001
Origem: 5ª VARA CÍVEL E DE FAZENDA PÚBLICA DE MACAPÁ

REMESSA EX-OFFICIO(REO) Tipo: CÍVEL


Parte Autora: ALEXSANDRO PINHEIRO LOPES, CARLOS ALBERTO DOS
PASSOS REIS, CRISTIAN SACRAMENTO DA SILVA, ERMERSON
PEREIRA PINTO, HERETHIANO DALMACIO ANTUNES MOREIRA,
JEAN DAMASCENO RAMOS, JOÃO ANDERVAL GREGÓRIO, JOEL
MANGA DA SILVA, JOSÉ DEUZIMAR DAS DORES E SILVA, RUANA
ELYENE DOS SANTOS RIBEIRO DA COSTA, VANUZA PINHEIRO DE
S O U Z A
Advogado(a): ELITON SOARES DO NASCIMENTO - 1502AP, LUIZ ALEX
MONTEIRO DOS SANTOS - 1341AP
Parte Ré: ALVIN CEZAR DE OLIVEIRA CORREA, ANGELO TEIXEIRA
DO CARMO BATISTA, CLEBER SILVA DANTAS, ESTADO DO AMAPÁ,
GENIVALDO DA SILVA ANDRADE, JOAO SOUSA DO NASCIMENTO,
JORGE ELIAS BARBOSA DE SÁ, JOSÉ LUIZ RODRIGUES DE
CARVALHO, JOSE TARCISO FERREIRA DA SILVA, KELSON DOS
SANTOS COSTA, LUCIANO VANDERLEY MIRA PICANÇO, SÁVIO
ROMERO LOBATO ABREU, SILVANA SANTOS DOS SANTOS
APELAÇÃO Tipo: CÍVEL
Apelante: ALCILANDRA SANTOS DO REGO, ALEXSANDRO PINHEIRO
LOPES, ALINE BRIGIDA BARATA DA SILVA, ANGELO TEIXEIRA DO
CARMO BATISTA, ANTÔNIO HENRIQUE SOARES NETO, ARACELLYA
OLIVEIRA AMANAJAS, DURZIANE SANTOS FERREIRA, ESTADO DO
AMAPÁ, JONI MÁRIO DE ALMEIDA BARAÚNA
Advogado(a): ANA KARINA GUERRA MATOS - 842AP, ELITON SOARES
DO NASCIMENTO - 1502AP, LUIZ ALEX MONTEIRO DOS SANTOS -
1 3 4 1 A P
Apelado: ADAMIL BALIEIRO GONÇALVES JÚNIOR, ALBERTO
MOZART RABELO DA ROCHA, ALDECY BORGES DE ALMEIDA,
ALESSANDRO GURJÃO FARIAS PINTO, ALEXSANDRO PINHEIRO
LOPES, ALINE BRIGIDA BARATA DA SILVA, ALUIZIO DA SILVA
FERREIRA, AMIRALDO SARDINHA MENDES, ANTONIELLE RIBEIRO
CORREA, ANTÔNIO HENRIQUE SOARES NETO, ARACELLYA
OLIVEIRA AMANAJAS, BRENO DUARTE MONTEIRO, BRUNO
RAYNNER DE MORAES LOREIRO, CARLOS ALBERTO DOS PASSOS
REIS, CLAÚDIO DOS REIS SIQUEIRA, CLAUDIO MENDES JUNIOR,
CLEBER SILVA DANTAS, COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA
MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ, CRISTIAN DE SOUZA NERI,
CRISTIAN SACRAMENTO DA SILVA, DANIEL NUNES DOS SANTOS,
DURZIANE SANTOS FERREIRA, EDIVAN GOMES TAVARES,
EDMILSON DE OLIVEIRA SOUZA, EDMUNDO ASSUNPÇÃO JUNIOR,
1

Este documento foi assinado eletronicamente por Desembargadora SUELI PEREIRA PINI em 09/09/2019 16:26. O original deste docum
ento pode ser consultado no site: http://www.tjap.jus.br. Hash: 435974849AM
EDU TAVARES VILHENA, EDYMAR COSTA DE LIMA, ELTON
SANDOKAN LIMA RIBEIRO, EMILENE DINIZ PAVAO, ERENILSON
VALES DOS SANTOS, ERICO FAGNER SARAIVA VALES, ERMERSON
PEREIRA PINTO, ESTADO DO AMAPÁ, EVALDO OLIVEIRA DAS
CHAGAS, FABIO BARBOSA MONTEIRO, FABRICIA FURTADO DOS
SANTOS SALVADOR, GENIVALDO DA SILVA ANDRADE, GENIVAL
PEREIRA DA SILVA, GILCILENE MARINHO DA TRINDADE, GILMAR
PICANCO CHUCRE, GINILSON SOARES DE MESQUITA, HERETHIANO
DALMACIO ANTUNES MOREIRA, IRACI CHAGAS QUEIROZ, ISAN
VICENTE GONÇALVES DE LIMA, IVAN DA SILVA NEVES JUNIOR,
IVANIL LOPES DA SILVA, JAMILLE SOUSA MIRA SANTANA, JEAN
DAMASCENO RAMOS, JERFFSON JEYSON DA SILVA CORTES, JOÃO
ANDERVAL GREGÓRIO, JOAO DIAS DA CUNHA, JOAO SOUSA DO
NASCIMENTO, JOEL MANGA DA SILVA, JOELSON NUNES MENDES,
JONH CESAR MARTINS OLIVEIRA, JORGE ELIAS BARBOSA DE SÁ,
JOSÉ ALEXANDRE CAVALCANTE PEREIRA JÚNIOR, JOSÉ ARLINDO
MENDES CARVALHO, JOSÉ DEUZIMAR DAS DORES E SILVA, JOSE
FRANCINEI ALMEIDA DE SOUZA, JOSE RICARDO DOS ANJOS
QUEIROZ, JOSE TARCISO FERREIRA DA SILVA, JOSE WILSON
MACIEL DE CANTUARIA, JULIO CESAR DIAS COSTA, JUVENIL
NASCIMENTO DUARTE, LUCIANO VANDERLEY MIRA PICANÇO,
LUCIO ANTONIO BASTOS PINHEIRO, LUIZ INÁCIO DO RÊGO GOMES,
MAGNO ALBERTO MORAES BRAGA, MARCELO FURTADO
CAVALCANTE, MARCO ANTONIO MERCES DA CONCEICAO, MARCOS
ANTONIO DA SILVA COSTA, MARCOS MELO GAMA, MÁRIO
ROGÉRIO DA CONCEIÇÃO CUNHA, MARLON MORAES DOS SANTOS,
MOISES LIMA RODRIGUES, NUBIA LOPES FURTADO, OLIVALDO
ATAIDE NUNES JUNIOR, PATRÍCIA MARINHO BRITO, PAULIANY
BARREIROS CARDOSO, PAULO LOPES MELO, PAULO ROGER PIRES
LOBO, PAULO SÉRGIO DO CARMO FERREIRA, PAULO SILVA DE
ARAÚJO, PEDRO PAULO SILVA DAS CHAGAS, RADAMES DAYAN
GUIMARAES PINTO, RAIMUNDO MARQUES DA SILVA, ROBSON
DJANGO FRANCISCO DE ASSIS DOS SANTOS SILVA, RODNILSON
SILVEIRA FORO, RODRIGO ANDRÉ LIMA DE NOVAIS, RODRIGO
BARBOSA PENANTE, ROSANGELA MAIA DOS SANTOS, RUANA
ELYENE DOS SANTOS RIBEIRO DA COSTA, SANDRA MARA NUNES DA
SILVA, SÁVIO ROMERO LOBATO ABREU, SEBASTIÃO DA SILVA
VIANA, SILVANA SANTOS DOS SANTOS, SILVIO ROBERTO CIRIO DOS
SANTOS SILVA, SIUNEI DE CARVALHO TRINDADE, TANIA MARIA DE
SOUZA, UELLINGTON PANTOJA ALVES, VALMIR AVELAR DENIUR,
VANUZA PINHEIRO DE SOUZA, VICTOR HUGO DA SILVA SILVA,
WENDEL FERNANDES DA SILVA, WENDELL RUSSO CORREA DE
SOUSA, WILLARD GIBSON DOS SANTOS, WILLIAM DA SILVA BRAGA
Advogado(a): CLERISTON MUBARAK TEIXEIRA DE VILHENA - 2269AP,
ELITON SOARES DO NASCIMENTO - 1502AP, GRACE KELLY LIMA
MONTEIRO - 2198AP, LUIZ ALEX MONTEIRO DOS SANTOS - 1341AP,
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DO AMAPA - 00394577000125
Terceiro Interessado: ESTADO DO AMAPÁ
Relator: Desembargadora SUELI PEREIRA PINI

Processo nº 0041193-46.2014.8.03.0001 2
EMENTA
ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO.
MANDADO DE SEGURANÇA COM CARÁTER PREVENTIVO. ATO DO
COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO PRIMEIRO
GRAU. DECADÊNCIA. INAPLICABILIDADE DO PRAZO DE 120 PARA IMPETRAÇÃO .
PROMOÇÃO EM RESSARCIMENTO DE PRETERIÇÃO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1) Tratando-se de mandado de
segurança impetrado contra ato praticado pelo Comandante Geral da Polícia Militar do
Estado do Amapá, o foro competente para o seu processamento é o do juízo Cível e de
Fazenda Pública do primeiro grau (inteligência do art. 133,II, alínea c, da Constituição
Estadual e art. 10,I, c, da Lei de Organização Judiciária local); 2) Em se tratando de
writ preventivo, não se aplica o prazo decadencial de 120 dias previsto no art. 23 da
Lei n. 12.016/09. Precedente do STJ; 3) Como o Mandado de Segurança em que se
discutia o direito dos militares de participar da 3ª Turma do Curso de Formação de
Sargentos de 2011 foi extinto sem resolução, caberia aos Impetrantes, neste novo
Mandado de Segurança, provar as razões de fato e de direito pelas quais deveriam ter
figurado na referida Turma, ônus do qual não se desincumbiram minimamente, razão
pela qual a ordem deve ser denegada; 4) Remessa Necessária provida.
ACÓRDÃO
A Câmara Única do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Amapá à
unanimidade conheceu da remessa e do apelo, rejeitou as preliminares de
incompetência do juízo e de decadência do mandamus e, pelo mesmo quórum, deu
provimento à remessa e julgou prejudicado os apelos voluntários, nos termos do voto
proferido pela Relatora.
Tomaram parte no referido julgamento os Excelentíssimos Senhores:
Desembargadora SUELI PINI (Presidente e Relatora), Desembargador CARLOS TORK (1º
Vogal) e Desembargador MANOEL BRITO (2º Vogal).
Macapá (AP), 03 de setembro de 2019.

Desembargadora SUELI PEREIRA PINI


Relator

Processo nº 0041193-46.2014.8.03.0001 3
RELATÓRIO
Tratam -se de Remessa Necessária e Apelações Cíveis em face da sentença
proferida pelo Juízo da 5ª Vara Cível e de Fazenda Pública da Comarca de
Macapá, que concedeu a segurança para que os Impetrantes, que figuraram no
polo ativo do Mandado de Segurança n. 000676-04.2011.8.03.0001,
obtivessem promoção em ressarcimento de preterição, devendo a data da
promoção destes retroagir à de promoção da 3ª Turma do Curso de Formação
de Sargentos.
Em suas razões recursais, o ESTADO DO AMAPÁ aduz a preliminar de
incompetência absoluta do juízo de origem e, no mérito, a ausência de direito
líquido e certo à promoção. Pede, ao final, que a sentença seja cassada ou, a
tanto for, reformada para a improcedência do pedido inicial.
ALEXSANDRO PINHEIRO LOPES e OUTROS também interpuseram
apelação, argumentando, em suma, que a sentença deve abranger todos os
Impetrantes e não só aqueles que figuraram no polo ativo do Mandado de
Segurança n. 000676-04.2011.8.03.0001, pois, assim como os demais,
deveriam fazer parte da 3ª Turma do Curso de Formação de Sargentos. Pugnam
pela reforma da sentença, para que a concessão da segurança também lhes seja
estendida.
Já ALCILANDRA SANTOS DO REGO e OUTROS, terceiros interessados na
condição de participantes originários da 3º Turma, se insurgiram contra a
sentença, sustentando a preliminar de decadência pelo escoamento do prazo de
120 (cento e vinte) dias para impetração do mandamus. No mérito, sustentaram,
em suma, a ausência de direito líquido e certo dos impetrantes, em razão da
extinção da ação originária sem resolução do mérito.
Contrarrazões anexadas às ordens 407, 409 e 410.
A Procuradoria de Justiça, uma vez instada a se manifestar, opinou pela
confirmação da sentença.
É o relatório.
VOTOS
ADMISSIBILIDADE
A Excelentíssima Senhora Desembargadora SUELI PINI (Relatora)-Conhece-
se dos Apelos, presentes que estão todos os pressupostos de admissão, em
especial a tempestividade.
O Excelentíssimo Senhor Desembargador CARLOS TORK (1º Vogal) -
Conheço.
O Excelentíssimo Senhor Desembargador MANOEL BRITO (2º Vogal) -
Conheço.

Processo nº 0041193-46.2014.8.03.0001 4
MÉRITO
A Excelentíssima Senhora Desembargadora SUELI PINI (Relatora)-Cuida-se
de Mandado de Segurança impetrado por ALEXANDRO PINHEIRO LOPES e
outros em face do COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO
DO AMAPÁ - PMAP, para que esta autoridade proceda a classificação dos
Impetrantes entre os formados na 3ª turma do Curso de Formação de Sargentos
da PMAP, com a promoção em ressarcimento de preterição, com efeitos
financeiros e de progressão de carreira retroagidos ao tempo que deveriam ter
sido promovidos e tenham direito de participar da promoção, então prevista para
o dia 25/08/2014.
Para tanto, sustentaram que, no Mandado de Segurança nº. 0000963-
67.2011.8.03.0000, foi deferida tutela liminar para que fossem matriculados
na 3ª Turma. No entanto, por ato do Comandante Geral da PMAP, foram
colocados na 4ª Turma, que somente veio a se formar tempos depois, em
23/10/2012.
Além disso, afirmaram que Aderaldo Barreto Bezerra, policial militar
igualmente matriculado na 4ª Turma do Curso de Formação de Sargentos, obteve
decisão judicial nos autos do Mandado de Segurança n. 0034350-
36.2012.8.03.0001 para ser classificado entre os formados da 3ª Turma, em
30/06/2011.
Aduziram que, em razão dessa preterição, foram impedidos de participar
da promoção para 2º sargento (do dia 25 de agosto de 2014), sendo, assim,
eternamente atingidos em sua carreira militar.
O juízo de origem, entendendo que os Impetrantes comprovaram a
existência de direito líquido e certo, concedeu a segurança somente para aqueles
impetrantes que figuraram no polo ativo do Mandado de Segurança n.
0000963-67.2011.8.03.0000.
Pois bem. De início, cumpre esclarecer que o juízo de origem, ao contrário
do que aduziu o Estado do Amapá, é o competente para processar e julgar o
mandado de segurança, pois Comandante Geral da Polícia Militar não goza do
foro privilegiado previsto na Constituição Estadual (art. 133, inc. II, alínea c) e na
Lei de Organização e Divisão Judiciária Estadual (art. 10, inc. I, alínea c). A
propósito:
PROCESSUAL CIVIL. REMESSA OFICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
COMPETÊNCIA TERRITORIAL. SEDE FUNCIONAL DA AUTORIDADE
COATORA. ATO PRATICADO PELO COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA
MILTIAR. INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA COMARCA DE SANTANA.
REMESSA PROVIDA. [...] 2) Tratando-se de mandado de segurança impetrado
contra ato praticado pelo Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do
Amapá, o foro competente para o seu processamento é o de uma das Varas

Processo nº 0041193-46.2014.8.03.0001 5
Cíveis e de Fazenda Pública de Macapá. 3) Remessa conhecida e provida
para reconhecer a incompetência absoluta do Juízo da 1ª Vara Cível de
Santana, com a anulação dos atos decisórios e remessa dos autos ao Juízo
competente. (REMESSA EX-OFFICIO(REO). Processo Nº 0008020-
57.2016.8.03.0002, Relator Desembargador JOAO LAGES, CÂMARA
ÚNICA, julgado em 30 de Janeiro de 2018).
Noutro ponto, não há que se falar em decadência do prazo para
impetração, pois este Mandado de Segurança foi impetrado em caráter
preventivo, em relação ao direito de participar da promoção para 2ª Sargento
prevista para o dia 25/08/2014, tendo como matéria de fundo a alegação de
promoção em ressarcimento de preterição. Assim, não se aplica o prazo
decadencial de 120 (cento e vinte) dias previsto no artigo 23 da lei
12.016/09. Este é o entendimento, já consolidado pelo Superior Tribunal de
Justiça:
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO DA CORTE DE ORIGEM.
INOVAÇÃO RECURSAL. ICMS. REPASSE. MUNICÍPIO DE PANAMÁ.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AUTORIDADE COATORA.
SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO NA QUALIDADE QUE LHE É
INERENTE. PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ.
MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. NÃO APLICAÇÃO DO PRAZO
DECADENCIAL (ART. 23 DA LEI 12.016/09). [...] 3. A jurisprudência desta
Corte firmou-se no sentido de que, em se tratando de mandado de segurança
preventivo, não se aplica o prazo decadencial de 120 dias previsto no art.
23 da Lei n. 12.016/09. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no
AREsp: 584431 GO 2014/0239766-9, Relator: Ministro HUMBERTO
MARTINS, Data de Julgamento: 06/11/2014, T2 - SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: DJe 17/11/2014).
No mérito propriamente dito, verifica-se que o Mandado de Segurança,
autuado sob o nº 0000963-67.2011.8.03.0000, no qual se funda a pretensão
dos Impetrantes, foi extinto sem resolução do mérito, em decisão proferida no dia
10/01/2012, ficando, assim, sem força a tutela liminar que assegurava o
direito dos Impetrantes de estarem matriculados na 3º Turma do Curso de
Formação de Sargentos.
Após a concessão da liminar para que os impetrantes integrassem a 3ª
Turma, o Comando da Polícia Militar, alegando ausência de estrutura física e
operacional, requereu ao juízo que o cumprimento da medida liminar ocorresse
somente no início do segundo semestre de 2011, após o encerramento da 3ª
Turma, o que foi concordado pelos Impetrantes.
O Relator do Mandado de Segurança, Desembargador Agostino Silvério,
entendendo que, com o acordo firmado, não havia mais interesse processual em
seguir com o mandamus, proferiu decisão monocrática extinguindo o processo
sem resolução do mérito. Na parte que importa, eis o fundamento da decisão:
Analisando os autos, observo que se faz ausente uma das condições da
ação, no caso o interesse processual, na medida em que a autoridade impetrada

Processo nº 0041193-46.2014.8.03.0001 6
aderiu ao pleito dos autores e promoveu a realização do Curso de Formação de
Sargentos da Polícia Militar do Estado do Amapá, satisfazendo, dessa feita, a
pretensão vindicada neste mandado de segurança.
Tanto é assim que os impetrantes, por meio da petição de fls. 315-324,
informaram que já foram realizadas as suas matrículas na IV Turma do Curso de
Formação de Sargentos, obtendo-se, assim, o que se pretendeu no presente
“mandamus”.
Logo, é forçoso concluir, destarte, não mais haver interesse processual no
âmbito da relação processual, motivo pelo qual o processo deve ser extinto,
consoante já decidiu, em situação similar, o Superior Tribunal de Justiça:
“PROCESSUAL. MANDADO DE SEGURANÇA. FORNECIMENTO DE
REMÉDIO. LIMINAR SATISFATIVA. FALTA DE INTERESSE. EXTINÇÃO DO
PROCESSO. - O processo de Mandado de Segurança, tanto quanto aqueles
disciplinados pelo Código de Processo Civil, subordina-se ao adimplemento das
condições de ação. Desaparecida uma dessas condições, o processo extingue-se.
(...).” - (RMS n. 16.373-RJ, 1ª Turma, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de
13/10/2003, p. 230).
“O cumprimento da liminar anteriormente concedida, cuja natureza satisfativa
lhe era inerente, impõe o reconhecimento da perda superveniente do objeto do writ.
Precedente.” - (MS n. 11.041-DF, 3ª Seção, relª Minª Laurita Vaz, DJU de
24/4/2006. p 350).
Ademais, a eventual reforma da decisão liminar não produziria efeito prático
algum sobre a realidade jurídica vivenciada pelas partes, mesmo porque os
Impetrantes já foram matriculados no curso de formação de sargentos e,
considerando o lapso temporal transcorrido, já devem tê-lo concluído.
Em face do exposto, extingo a ação mandamental sem resolução do mérito,
com fundamento no art. 6º, § 5º da Lei n. 12.016/2009 c/c o art. 267, VI e §3º
do Código de Processo Civil.
Em consequência, ocorrido o trânsito em julgado, arquive-se.
Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.
Veja-se que o processo foi extinto sem que houvesse decisão de mérito
sobre o direito dos Impetrantes de participarem ou não da 3ª Turma do Curso de
Formação de Sargentos. Assim, era evidente que as partes entraram em acordo
somente em relação à forma de cumprimento da medida liminar, de maneira que
ainda persistia interesse em relação ao mérito da mandamental.
Desse modo, ao final da ação mandamental, os Impetrantes, sem qualquer
insurgência ou ressalva, ficaram sem ter decisão de mérito sobre a pretensão
deduzida em juízo e, ainda, permaneceram matriculados na 4ª Turma do Curso
de Formação, que veio a ser concluída em 23/10/2012.
Nesta perspectiva, na presente ação, os Impetrantes tinham o ônus de
provar o alegado direito de compor a 3º Turma para que fosse amparada a
pretensão de promoção a 3º Sargento em 30/06/2011. Contudo,
notadamente, não se desincumbiram desse ônus, baseando a pretensão somente
em uma decisão liminar que perdeu força com a extinção do processo sem
resolução do mérito e no fato de que em outra ação judicial esse direito foi
concedido a outro militar na mesma situação (MS nº 0034350-
36.2012.8.03.0001, Relator Des. CONSTANTINO BRAHUNA, julgado em
Processo nº 0041193-46.2014.8.03.0001 7
14/01/2014).
Não se ignora o fato de que a participação em curso de formação para
efeito promocional a sargento da Polícia Militar em turma posterior àquela da
qual tinham os Impetrantes direito a participar, acarreta o retardamento na ordem
de acesso promocional em relação aos demais concorrentes. No entanto, há de
ser provado esse direito à luz do ato convocatório (edital), número de vagas
disponibilizadas para o quadro de sargentos à época, notas obtidas pelos
candidatos, lei de regência e respectivo regulamento, elementos sobre os quais
os Impetrantes sequer se dedicaram uma linha de sua petição inicial.
A propósito, o art. 12, § 2º, da LC 0065/2010 (Estatuto dos Militares do
Amapá), norma vigente à época, exigia, para que haja a graduação a 3º
Sargento, o preenchimento dos requisitos estabelecidos em lei específica. In
verbis:
Art. 12 [...]
§ 2º. O Quadro Especial de Praças será formado pelos Cabos, 3º Sargentos,
2º Sargentos, 1º Sargentos e Subtenentes, cujo acesso a primeira graduação,
será entre os soldados egressos do quadro combatente, que preencham os
requisitos da legislação específica .
Demais disso, o fato de outros membros da 4ª Turma terem decisão
favorável em outros processos não implica automaticamente no reconhecimento
da promoção em ressarcimento de preterição, esta que, nos termos do art. 67, §
3º, da LC 0084/2014, ocorre quando o militar deveria ser promovido em
época anterior àquela em que realmente foi.
Conclui-se que, por dois motivos, a sentença deve ser reformada: o
primeiro, o Mandado de Segurança não amparou o direito do Apelado de
compor a 3ª Turma do Curso de Formação de Sargentos 2011; o segundo, os
Impetrantes não se desincumbiram de comprovar fato constitutivo de seus direitos,
nos termos do art. 373, inciso I, CPC.
Pelo exposto, dá-se provimento à Remessa Necessária para, reformando a
sentença, denegar a ordem. É o voto.
O Excelentíssimo Senhor Desembargador CARLOS TORK (1º Vogal) -
Acompanho a Relatora.
O Excelentíssimo Senhor Desembargador MANOEL BRITO (2º Vogal) -
Com a Relatora.
DECISÃO
A Câmara Única do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Amapá à
unanimidade conheceu da remessa e do apelo, rejeitou as preliminares de
incompetência do juízo e de decadência do mandamus e, pelo mesmo quórum,
deu provimento à remessa e julgou prejudicado os apelos voluntários, nos termos
do voto proferido pela Relatora.
Processo nº 0041193-46.2014.8.03.0001 8

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