I N ST I T U C I O N A L
ANA
MARIA
SOEK
IESDE BRASIL
2021
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8 Planejamento Institucional
1
Princípios epistemológicos
e pedagógicos do
planejamento
Neste capítulo trataremos de uma forma exclusiva do pla-
nejamento institucional, o qual envolve uma instituição ou os
objetivos de um coletivo.
Planejar é uma ação inerente aos seres humanos. Estamos
sempre planejando algo. Planejamos aonde vamos, o que vamos
fazer e o que vamos comer. Também viagens, compras, casa,
carreira, família etc. Seja qual for o âmbito, pessoal ou institucio-
nal, uma coisa é certa: quando falamos de planejamento, preci-
samos ter clareza de onde queremos chegar.
O objetivo deste capítulo é fazer com que você entenda as
concepções e os conceitos básicos de planejamento e de plano
de ensino, seus princípios epistemológicos e pedagógicos, suas
funções e seus níveis de utilização no contexto educacional,
bem como os limites e as possibilidades do trabalho coletivo
dentro da ideia de gestão democrática. Para tanto, vamos abor-
dar o que é planejamento, a articulação entre planejamento e
a avaliação institucional, o planejamento escolar na legislação
educacional e seus subsídios para a prática pedagógica nas
dimensões do trabalho coletivo, e os conceitos e os princípios
relacionados à gestão escolar e à gestão democrática.
10 Planejamento Institucional
planejamento impõe-se como ação imprescindível. Planejar im-
plica em pelo menos três movimentos: que se tenha clareza de
onde se quer chegar; que se consiga dimensionar a que distância
se está desse ponto de chegada; e que se defina o que se deve
fazer para diminuir essa distância.
aShatilov/ Shutterstock
Organizar Sistematizar Prever Decidir
Ato Ato
pedagógico político
Samar
ets/
hu S
rs
tt e
toc
k
Planejamento Institucional
nizada. mento. na vida psicológica e integrar informações cultura popular.
Ensino entendido como Também denominado emocional. O professor e processá-las. Ensino Educação problematiza-
verdadeiro, centrado no behaviorista. é um facilitador. com base no ensaio e no dora.
professor. A aprendizagem ad- erro. Aprender significa
O comportamento huma- O diálogo e os grupos de
vém das experiências assimilar o objeto a
Principal representante: no pode ser modelado discussão são essenciais
do aluno. esquemas mentais.
Georges Snyders. e reforçado por meio de para a aprendizagem.
recompensas e controle. Principais represen- Abordagem
Principais representan-
tantes: Carl Rogers, estruturalista e
Principal representante: tes: Lev Vigotsky e Paulo
Alexander Neill e Erich interacionista.
Frederic Skinner. Freire.
Fromm. Principais representan-
tes: Jean Piaget, Jerome
Bruner e Henri Wallon.
Relação professor/ Relação vertical, na qual O professor tem a res- O professor é uma Cabe ao professor criar A relação professor-aluno
aluno o professor detém o ponsabilidade de planejar personalidade única, situações de aprendiza- caracteriza uma relação
poder decisório sobre a e desenvolver o sistema que assume a função gem. horizontal, na qual ambos
metodologia, o conteúdo de ensino-aprendizagem: de facilitador da apren- O aluno é o sujeito ativo, são sujeitos do ato do
e a avaliação. controlar os passos, dizagem. independente. conhecimento.
O professor é o agente, os percursos. Cabe ao O relacionamento O educando é uma
e o aluno é o ouvinte, aluno a capacidade de entre docente e aluno pessoa concreta, obje-
receptor passivo. aprender. é sempre pessoal e tiva, que determina e é
Transmissão do patrimô- A ênfase é dada à único. determinada pelo social,
nio cultural. programação e à O aluno deve res- político e econômico e
instrução programada. ponsabilizar-se pelos pela sua história.
objetivos da aprendi-
zagem.
(Continua)
Abordagens Tradicional Comportamental Humanista Cognitivista Sociocultural
Escola A escola não é conside- Assume poder contro- Educação democrática, Deveria começar ensi- A educação assume ca-
rada a vida, mas parte lador, cuja finalidade é que tem como finalida- nando a criança a obser- ráter amplo, não restrito
dela. Utilitarista quanto a promover mudanças de criar condições que var (ação real e material, à escola em si nem a um
resultados e programas desejáveis. facilitem a aprendiza- investigação individual, processo de educação
preestabelecidos. Agência educacional gem. tentativas), dando ao formal.
Educação como um de controle dos Liberdade para apren- aluno a possibilidade de Deve ser um local onde
produto, com modelos comportamentos. der. aprender por si próprio. seja possível o crescimen-
predeterminados. to mútuo do professor e
dos alunos.
Ser humano Considerado tábula rasa É consequência das for- É único, em processo Desenvolvimento do ser O indivíduo é o sujeito da
a ser preenchida. ças do meio, não livre, ou contínuo de descober- humano por fases que educação, é o elaborador
seja, pode ser controlado. ta, com capacidade de interagem e se sucedem e criador do conheci-
Ideal de autocontrole e desenvolver-se e auto- (estágios). Processo mento.
autossuficiência. dirigir-se, interagindo progressivo de assimila- É um ser histórico,
com outras pessoas. ção/ acomodação. situado no e com o
Cria-se por si próprio. mundo.
(Continua)
14 Planejamento Institucional
É um fenômeno cultural: não somente os conhecimentos, as
experiências, os usos, as crenças, os valores etc. a serem transmitidos
ao indivíduo, mas também os métodos utilizados pela totalidade
social para exercer sua ação educativa são parte do fundo cultural da
comunidade e dependem do grau de seu desenvolvimento.
16 Planejamento Institucional
Quadro 2
Níveis de planejamento
18 Planejamento Institucional
Planejar representa algo que se pretende fazer, modificar ou manter. Leitura
Essa ação se relaciona a uma concepção de planejamento, a uma refle- Para saber mais sobre
planejamento, sugerimos
xão feita com base no olhar para determinada realidade. Para tanto, outro o estudo do artigo O planeja-
fundamento do planejar implica avaliar (o que se tem e aonde se quer mento do trabalho pedagó-
gico: algumas indagações e
chegar). Aqui podemos ainda incluir o constante (re)planejar e (re)avaliar. tentativas de respostas, de
José Cerchi Fusari.
Tanto o planejamento quanto a avaliação têm caráter diagnósti-
Disponível em: http://www.
co, processual e contínuo, com vistas a contribuir com o processo de crmariocovas.sp.gov.br/pdf/
ensino-aprendizagem. ideias_08_p044-053_c.pdf. Acesso
em: 8 dez. 2020.
O planejamento vai materializar os planos de ensino e os projetos da
escola. Estes serão uma sistematização das ideias e ações intencionais que
orientarão o trabalho pedagógico. No âmbito da escola, o plano de ensino Atividade 1
contemplará as atividades de ensino-aprendizagem com base nos obje- Quais são os itens a serem
tivos, nos valores, nas atitudes, nos conteúdos e nos modos de agir por considerados ao fazermos um
planejamento de ensino e quais
parte dos professores e demais profissionais da educação. Assim, o plane- os seus desdobramentos em
jamento não é uma ação individual, mas sim uma elaboração coletiva. En- planos e projetos educacionais?
Exemplifique com questões do
quanto planejamos, é importante buscarmos a mediação entre o ideal e o
cotidiano escolar.
real, objetivando consolidar uma gestão democrática e participativa.
Essa ideia precisa ser esclarecida, pois, em uma relação de fato demo-
crática, horizontal, não faz sentido falarmos de qualquer espécie de subor-
dinação, ainda mais no âmbito da educação pública, que carrega a essência
da democratização em todas as instâncias. De acordo com a Constituição
Federal (BRASIL, 1988), todo serviço público tem consigo a marca dos prin-
cípios democráticos de igualdade, universalidade e laicidade.
20 Planejamento Institucional
ticipação coletiva como forma de consolidar a democratização na
gestão escolar.
22 Planejamento Institucional
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos,
na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente
por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade;
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da
educação escolar pública, nos termos de lei federal.
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhado-
res considerados profissionais da educação básica e sobre a fixa-
ção de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de
carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios. (BRASIL, 1988, grifos do original)
24 Planejamento Institucional
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É fundamental para este capítulo que tenhamos esclarecido que
planejar faz parte da vida. A diferença é que quando precisamos reali-
zar um planejamento sistematizado ele deve seguir alguns princípios,
como vimos no decorrer das seções, e essas diferenciações e inten-
ções junto com as formas de sistematização é que vão caracterizar um
planejamento institucional.
Outra questão que deve ficar clara é a diferenciação entre plano, pro-
jeto e planejamento e as dimensões do que são os planejamentos indi-
vidual e coletivo. Daí a necessidade de compreender os trabalhos em
conjunto e os princípios de gestão democrática quando envolvem esses
coletivos, no caso, a escola.
Além disso, trabalhamos alguns conceitos básicos do que é planeja-
mento e o planejamento escolar na legislação educacional, bem como
seus subsídios para a prática pedagógica, explorando o planejamento
no microcontexto e no macrocontexto, as dimensões do trabalho co-
letivo, os conceitos e os princípios relacionados à gestão democrática
e a necessidade de implantação de uma gestão democrática não só
de palavras, mas que se transforme em uma cultura democrática no
interior das escolas.
REFERÊNCIAS
AMORIM, R. R. da S. A avaliação institucional como forma de democratização na
administração escolar. In: 12º EDUCERE – CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO.
Anais [...] Curitiba: PUCPR, out. 2015. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/
pdf2015/20555_9115.pdf. Acesso em: 8 dez. 2020.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5
out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm. Acesso em: 8 dez. 2020.. Acesso em: 8 dez. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Bases e Diretrizes da Educação Nacional. Brasília,
DF: MEC/SEB, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
Acesso em: 8 dez. 2020.
CHAUI, M. Convite à filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1997.
CURY, C. R. J. A gestão democrática na escola e o direito à educação. RBPAE, Brasília,
v. 23, n. 3, p. 483-495, set./dez. 2007. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/
viewFile/19144/11145. Acesso em: 8 dez. 2020.
FUSARI, J. C. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas
de respostas. Série Ideias, São Paulo, n. 8, p. 44-53, 1990. Disponível em: http://www.
crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_08_p044-053_c.pdf. Acesso em: 11 dez. 2020.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia: Alternativa, 2004.
MIZUKAMI, M. da G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: E.P.U, 1986.
PINTO, Á. V. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Cortez, 2005.
GABARITO
1. São elementos do planejamento e dos planos de ensino:
2. O objetivo é identificar na realidade local como são realizadas ou não as eleições para
diretores de escola e a participação da comunidade escolar nesse processo. Ao fazer
isso, esperamos que você compreenda como podem ocorrer os processos de parti-
cipação do coletivo na escola, por exemplo, em geral se realiza a eleição e esse é um
processo democrático. Porém, se o cargo é por indicação ou outra forma, espera-
mos que você consiga analisar se é um processo democrático ou outro que abrevia a
participação coletiva nas decisões escolares. Sendo assim, na maioria das vezes fica
comprometida a gestão democrática.
26 Planejamento Institucional
2
Planejamento estratégico
institucional
Se procurarmos em qualquer dicionário o que significa planejar,
veremos que tem relação com ter propósitos, intenções, finalida-
des para executar algo ou algum projeto. Sabemos também que
a arte de planejar é carregada de complexidade e incertezas, por
isso pensar sobre as questões do planejamento educacional é
sempre um grande desafio.
Neste capítulo o objetivo é entender a inter-relação entre os
desígnios das políticas educacionais e os propósitos do planeja-
mento estratégico institucional, os sujeitos envolvidos no plano
de desenvolvimento da instituição, além das estratégias de moni-
toramento desse plano. Além disso, buscaremos compreender o
que é e como se faz um planejamento estratégico institucional e
participativo e debater as questões sobre cultura escolar visando
ao aperfeiçoamento e a melhorias na educação.
Discutiremos neste capítulo a natureza coletiva do trabalho
pedagógico escolar, quem são os sujeitos da escola, quais são as
características das equipes gestoras, as funções de equipes dirigen-
tes, de coordenadores, além de funções administrativas, financeiras
e de direção escolar, bem como suas implicações no planejamento
institucional. Diferenciaremos os papéis e as funções pedagógicas
de gestão escolar e debateremos o que se passa no cotidiano e
no ideário da cultura escolar, além de verificar a mudança de para-
digma dentre as concepções tradicionais de planejamento, como
se fizéssemos um planejamento reverso com foco em resultados,
questão essa pouco debatida nos meios educacionais.
Escola é
... o lugar que se faz amigos.
Leitura
Não se trata só de prédios, salas, quadros,
O poema A Escola é pode
ser lido na íntegra no link Programas, horários, conceitos...
a seguir. Escola é sobretudo, gente
Disponível em: http:// Gente que trabalha, que estuda
www.cascavel.pr.gov.br/ Que alegra, se conhece, se estima.
arquivos/07082015_poema__a_
escola.pdf. Acesso em: 21 dez. 2020.
[...]
(FREIRE, 1992, p. 25)
Figura 2
Dimensões da organização do trabalho educativo
Pedagógica
Financeira
30 Planejamento Institucional
cativo, preserva-se as especificidades dos papéis desempenhados, mas
todos começam a entender que são partícipes do ato educativo.
É por isso que em grande parte das escolas solicita-se que para se
Leitura
candidatar a cargos de direção ou gestão escolar sejam apresentadas,
O texto do professor
além dos requisitos de liderança, competências técnicas com formação Erasto Mendonça apre-
em gestão. Porém, ao assumir os processos de gestão democrática, senta o relatório de pes-
quisa sobre gestão demo-
não é mais adequado falar de hierarquias entre as funções e os sujeitos crática do ensino público
da escola, mas de definição estratégica de papéis e responsabilidades após o contexto de 1988.
O texto apresenta uma
visando um fim comum. análise com base em
cinco categorias: a)
Segundo Paro (2000), a atividade fim da escola é a realização do processos de escolha de
processo de ensino-aprendizagem, e nessa atividade a coordenação diretores; b) constituição
e funcionamento de co-
pedagógica (independentemente dos nomes que se dê: supervisores, legiados; c) participação;
orientadores, pedagogos, coordenadores pedagógicos ou professores) d) descentralização; e e)
autonomia. São temas
será responsável por articular um conjunto de medidas a fim de essenciais para entender
garantir essa atividade fim da escola no planejamento de ações que processos participativos,
gestão democrática e
levam à realização da função da escola. Essa é a razão de, em uma o papel dos sujeitos na
perspectiva de gestão democrática, não falarmos mais somente em educação.
gestor escolar, por mais que se tenha um diretor, mas falar, sim, MENDONÇA, E. A gestão
democrática nos sistemas de ensino
em equipe gestora ou equipe dirigente, num sentido de ampliar a
brasileiros: a intenção e o gesto. In:
participação de todos nas tomadas de decisões e responsabilidades 23 REUNIÃO ANUAL ANPED. Anais
[...] Caxambu: Associação Nacional
no ato educativo.
de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação. Caxambu, set. 2000.
Outra questão quanto à organização escolar diz respeito aos pro-
Disponível em: http://23reuniao.
cessos de participação no planejamento participativo e nas escolhas anped.org.br/textos/0521t.PDF.
Acesso em: 21 dez. 2020.
dos dirigentes escolares. Uma das formas são as eleições para cargo de
32 Planejamento Institucional
9. Buscar todos os meios e condições que favoreçam a atividade
profissional dos pedagogos especialistas, dos professores, dos
funcionários, visando à boa qualidade do ensino.
10. Supervisionar e responsabilizar-se pela organização finan-
ceira e controle das despesas da escola, em comum acordo com
o Conselho de Escola, pedagogos especialistas e professores.
1 O planejamento e o projeto
pedagógico-curricular
A organização e o desenvolvimento
do currículo 2
3 A organização e o desenvolvimento
do ensino
As práticas de gestão
técnico-administrativas e
pedagógico-curriculares
4
5 O desenvolvimento profissional
A avaliação institucional e da
aprendizagem 6
Cabe à equipe gestora a articulação dessas frentes com vis- Atividade 1
tas a garantir a atividade-fim da escola: a realização do processo de Com base na organização da
administração escolar, sintetize
ensino-aprendizagem, ou seja, cabe a essa equipe articular os diferen-
as principais funções e respon-
tes atores, professores e funcionários, de modo a garantir que a apren- sabilidades dos membros da
dizagem ocorra nas melhores condições. Para garantir que ocorra escola, analisando as condições
para a atuação expressa nessas
a interpelação entre essas frentes é imprescindível a qualificação da
funções.
equipe gestora e pedagógica.
34 Planejamento Institucional
realidade escolar. Cabe destacar que o projeto político-pedagó-
gico adquire legitimidade no seio da comunidade escolar ao ser
elaborado e implementado no bojo de um planejamento partici-
pativo. (SILVA; FILHO, 2016, p. 1.326)
A construção de
A indicação de Programação de
um diagnóstico de
um referencial ações concretas
realidade
36 Planejamento Institucional
não há neutralidade, logo, todos os posicionamentos e processos de
escolhas são relacionados à forma de ser e estar no mundo. Ocorre,
portanto, um posicionamento político-pedagógico, assim toda propos-
ta deveria ser um projeto político-pedagógico. Atividade 2
Outros autores defendem que exatamente pelo imperativo de que Com base nos princípios de
não há neutralidade na educação, uma proposta pedagógica já con- planejamento participativo aqui
debatidos, procure refletir e sin-
templa um posicionar-se no mundo, ou seja, seria redundante o deri- tetizar de que maneira a escola
vativo “político”, levando a outras interpretações. Independentemente pode melhorar o envolvimento
dos sujeitos da escola de modo
do nome que se dê, o mais importante é ter a clareza dos processos de
participativo nos conselhos de
participação e da expressão dos ideais da instituição em sua proposta, classe, por exemplo.
que pretende ser pedagógica, portanto, educativa.
38 Planejamento Institucional
Em cada definição dessas de currículo, podemos imaginar uma forma
de se planejar, pois a ação curricular não é algo que acontece de qualquer
jeito, precisa ser planejada, pensada, organizada, haja visto os debates
em torno da implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e
como planejar o ensino com base nas definições desse documento.
experiência, o foco sai do conteúdo que se ensina, do conhecimento Disponível em: http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/
escolar que se aprende para a experiência vivenciada pelos sujeitos.
abase/. Acesso em: 22 dez. 2020.
Dessa maneira, para Moreira e Candau (2006), o currículo expressa
40 Planejamento Institucional
Por isso podemos dizer que o planejamento educacional está orien-
tado pela ação curricular, e esta pelo ideal que se tem ao definir o que
se quer formar, ou seja, a razão de ser da escola ou instituição, pois
as teorias do currículo deduzem o tipo de conhecimento considerado
importante justamente com base em descrições sobre o tipo de pessoa
que elas consideram ideal. Daí derivam os questionamentos nortea-
dores de um projeto institucional educacional: que objetivos educacio-
nais queremos atingir e como organizar as experiências educacionais
de modo a atingir tais objetivos?
Vimos que a questão curricular mos de avaliação internos e externos na escola. Não se trata somente
e de planejamento é muito mais de verificar se o aluno aprendeu, mas de converter esses dados e essas
complexa do que se traduzir em informações sobre a efetividade da aprendizagem em um elemento-
rol de conteúdos a serem ensi-
nados. Com base no que você -chave do processo de planejamento educacional, com vistas a com-
estudou sobre esse tópico, como preender a função social da escola para além dos muros da instituição
você diferenciaria o currículo da
e do que os alunos estão aprendendo, mas para o que as pessoas estão
grade curricular?
se tornando.
42 Planejamento Institucional
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo pudemos compreender as diferentes funções dos sujei-
tos da escola e o desafio de articulação do trabalho coletivo e participativo
entre eles, ao discutir a natureza coletiva do trabalho pedagógico escolar.
Com isso, foi possível perceber quem são os sujeitos da escola, as carac-
terísticas das equipes gestoras, as funções de equipes dirigentes, coorde-
nadores, funções administrativas, financeiras, e de direção escolar e suas
implicações no planejamento institucional, diferenciando os papéis, bem
como as funções pedagógicas e de gestão escolar.
Além disso, depois de definidos os papéis dos atores pedagógicos
no processo educativo, pudemos compreender que outras questões
da cultura escolar giram em torno dos objetivos e conteúdos a ensinar,
perpassando pela discussão de currículo, os métodos de ensino, pelas
discussões de metodologias de ensino. Por fim, vimos como averiguar se
o que foi ensinado deu certo, passando pelas questões da avaliação de
aprendizagem, deixando claro que tudo isso deve acontecer no tempo
e espaço onde ocorre a educação escolar, conhecimentos esses que
formaram e continuam a formar uma cultura escolar.
Vimos, ainda, que o currículo se torna a expressão da prática e da fun-
ção social da escola. A compreensão sobre essa função e suas interpela-
ções, como planejamento educacional e currículo, debatendo o que se
passa no cotidiano e no ideário da cultura escolar e da cultura da escola.
Assim, foi possível compreender os princípios do planejamento partici-
pativo e de gestão democrática e os conceitos relacionados a um planeja-
mento estratégico institucional.
REFERÊNCIAS
BOURDIEU, P; PASSERON, J. C. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de
ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5
out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm. Acesso em: 22 dez. 2020.. Acesso em: 22 dez. 2020.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
htm. Acesso em: 22 dez. 2020.. Acesso em: 22 dez. 2020.
FORQUIN, J. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar.
Trad. de Guacira Lopes Louro. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
FREIRE, P. A importância do ato de ler. Em três artigos que se completam. 13 ed. São Paulo:
Cortez, 1992.
GABARITO
1. Com base na organização da administração escolar, Veiga (2010) subdivide em
atividades de gestão escolar e de acordo com a natureza do trabalho a ser executado,
podendo ser subdividido basicamente em técnica-administrativa, composta por
técnicos educacionais e de natureza pedagógico-curricular; essa subdivisão pode se
dar ainda em equipe gestora e pedagógica, responsáveis por funções de secretaria,
atendimento e suporte para a equipe gestora. Na prática, podem ser elencadas as
figuras dos técnicos administrativos e da equipe gestora, como direção escolar e
equipe pedagógica,composta por pedagogos, supervisores e orintadores escolares,
professores,que irão ministrar as mais diversas aulas e conteúdos.
44 Planejamento Institucional
3
Integração entre
planejamento e avaliação
institucional
Em termos de avaliação, muito se questiona sobre os princípios e
métodos. No entanto, além de permitirem saber o que e se o aluno
aprendeu, as práticas de avaliação podem se tornar um elemento-chave
do planejamento e o rumo das instituições diante de seus objetivos.
O objetivo neste capítulo é o de conhecer os princípios que
regem a ideia de avaliação institucional e debater estratégias da
sua aplicação para um melhor aproveitamento em relação ao pla-
nejamento, bem como conhecer os sistemas de avaliação interna
e externa e as forças e fraquezas da instituição e refletir sobre a
avaliação diagnóstica referencial frente a sistemas avaliativos e ní-
veis de planejamento estratégico.
Podemos dizer que em termos de avaliação institucional, na de-
pendência do conceito de planejamento, além da questão curricular,
temos as questões ligadas às práticas de avaliação tanto no ma-
crocontexto, no âmbito dos sistemas de ensino, quanto no micro-
contexto, em âmbito de sala de aula, que serão definidoras para as
práticas de gestão escolar.
Existem ainda as avaliações que serviram como diagnósticos
e marcos referenciais para as ações a serem implementadas no
planejamento institucional.
Que relações podemos estabelecer entre planejamento e ava-
liação institucional e de que forma podemos saber se o rumo do
que foi planejado está no caminho certo a ser percorrido? É o que
veremos neste capítulo.
Artigo
https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/REBES/article/download/1965/1560
46 Planejamento Institucional
Logo, a avaliação institucional pode ser vista como uma opor-
tunidade para redimensionar o processo de democratização da
educação, ganhar maior autonomia e prestar contas à comunidade.
É uma forma de conquistar maior credibilidade e reconhecimento
ao incentivar a participação de todos, além de demonstrar a aber-
tura de suas ações.
48 Planejamento Institucional
essa articulação entre o planejamento, o projeto político-pedagógico e a Atividade 1
avaliação institucional, pois a ausência de um deles ou sua dissociação Elabore uma síntese, baseada no
conteúdo visto na seção, sobre
pode resultar em falhas e prejuízos na sistemática da escola.
como se relacionam o planeja-
Há quase um consenso de que a avaliação institucional possibilita o mento, a avaliação institucional e
as questões curriculares e como
acompanhamento do projeto político-pedagógico da escola, ao passo que
esses elementos se articulam
este é construído e reconstruído coletivamente pelos dados da avalia- no projeto político-pedagógico
ção institucional, e é essa dinâmica que determinará a qualidade dos (PPP) da escola.
processos educacionais.
50 Planejamento Institucional
mento das metas de qualidade para a educação básica, previstas no
Plano Nacional de Educação. Além disso, essas ferramentas direcio-
nam as escolas para que estabeleçam suas próprias metas em suas
avaliações institucionais, com base nesses indicadores.
Conteúdo
AVALIAÇÃO
Professor Aluno
Por que tanto se pensou e escreveu sobre avaliação da aprendizagem e por que se
continua, quanto à metodologia utilizada pelo professor, tão distante da concepção de
avaliação com caráter diagnóstico, cumulativo e que ocorra ao longo do processo de
ensino e aprendizagem?
52 Planejamento Institucional
O que o professor está avaliando? O aluno?
1
A relação professor-aluno? O processo de
aprendizagem do aluno? O resultado das
aprendizagens do aluno? O ensino? O processo
de ensino e aprendizagem como um todo?
3
período letivo? Ao longo do processo de ensino
e aprendizagem? Ao final de um período e
ao longo do processo, há clareza quanto aos
critérios de avaliação?
54 Planejamento Institucional
Planejamento
Plano de ação
• Aspectos
• Situacional • Ações a
quantitativos Marco
Diagnóstico • Doutrinal Programação serem
• Aspectos referencial
• Operativo executadas
qualitativos
Figura 2
Relações entre as fases do planejamento
• Aspectos
• Situacional • Ações a
quantitativos Marco
Diagnóstico • Doutrinal Programação serem
• Aspectos referencial
• Operativo executadas
qualitativos
56 Planejamento Institucional
Para se construir esse marco de doutrinas, primeiro é necessário Livro
identificar e balizar os valores locais, quais se quer preservar e o que O autor Danilo Gandin
sistematizou os ele-
precisa mudar, discutindo o tipo de sociedade que se tem e qual se mentos necessários
quer construir. Com base nessas definições e opções, inicia-se a cons- para a construção do
planejamento como
trução do marco operativo, ou de operações, começando a analisar os prática educativa no livro
princípios que a escola quer seguir, tendo em vista o que se quer em Planejamento participativo
na escola: que é e como se
termos de instituição, ou seja, propondo as ações, metas, normas e faz. Vale conferir.
atividades a serem realizadas. GANDIN, D. 6. ed. São Paulo: Loyola,
2002.
Desse modo, o diagnóstico, o marco referencial e a programação es-
tão intimamente relacionados. Por meio desses preceitos, tem-se uma
concepção de planejamento que ultrapassa aquela ideia de planeja-
mento somente técnico, como algo estanque a ser seguido, passando-
-se a uma concepção de planejamento vivo e flexível, retroalimentável,
ou seja, que permite retomadas e redirecionamentos sempre que for
necessário.
Note que a elaboração desse plano de ação, que vai culminar na ela-
boração do projeto político-pedagógico da escola, ainda não é a ação
propriamente dita. O ato de planejar possibilita articulações entre a
realidade que se tem e a que se deseja, mas para se concretizar depen-
de das ações cotidianas de cada um dos envolvidos e das definições de Atividade 3
suas funções, as quais serão descritas no projeto político-pedagógico Procure conhecer uma proposta
da escola, que só depois de aprovado poderá ser posto em ação, pois ou um projeto político-peda-
gógico de alguma escola, seja
a formulação de um projeto político-pedagógico consiste na possibili- na própria escola escolhida
dade de planejar ações e intervenções na realidade escolar, com o en- para a atividade, seja em
algum site que disponibilize tal
volvimento de toda a comunidade e todos os segmentos, como alunos,
proposta. Nesse documento,
professores, funcionários, gestores e famílias, todos trabalhando e se identifique como foram feitas
dedicando para construir uma gestão democrática e participativa. e demarcadas as etapas do
marco referencial, apresenta-
Veiga (2010, p. 13) argumenta que o projeto político-pedagógico das no capítulo como marco
“busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido situacional, marco filosófico e
marco operativo, e como elas se
explícito, com um compromisso definido coletivamente”. Assim o pro- complementam entre si. Com
jeto político-pedagógico requer a clara definição do tipo de sociedade base nisso, sintetize os concei-
que a instituição pretende formar. tos pertinentes à elaboração de
um plano: diagnóstico, marco
Disso, pode-se concluir que, apesar de trabalhoso, seguir as etapas referencial e programação.
Feito isso, descreva qual o ideal
dos marcos referencias é imprescindível para se chegar a uma noção
de indivíduo e de sociedade
mais clara do que pretende ser um projeto político-pedagógico ou do a ser formado com base nas
que se espera encontrar numa proposta pedagógica curricular ou num definições apresentadas nessa
proposta.
planejamento institucional como um todo.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). 2020. Disponível em: https://
www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/ideb.
Acesso em: 21 dez. 2020.
DIAS SOBRINHO, J. Qualidade, avaliação: do SINAES a índices. Avaliação: Revista da
Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 13, n. 3, nov. 2008.
GANDIN, D.; GANDIN, L. A. Temas para um projeto político-pedagógico. 12. ed. Petrópolis:
Vozes, 2011.
SANCHES, R. C. F.; RAPHAEL, H. S. Projeto pedagógico e avaliação institucional: articulação
e importância. Avaliação: Revista da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior,
v. 11, n. 1, p. 103-113, mar. 2006.
SILVA, M. R. Alfabetização: pressupostos para a formação do professor. In: SILVA, M. R.
(org.). Ciências, ensino e formação de professores. Toledo, PR: EdT, 1996.
SOUZA, Â. R. et al. Gestão democrática da escola pública. Curitiba: Editora da UFPR, 2005.
VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto
político-pedagógico. 7. ed. São Paulo: Libertad, 2000.
VEIGA, I. P. A. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 20. ed.
Campinas: Papirus, 2010.
58 Planejamento Institucional
GABARITO
1. Deve-se elencar nessa questão a interdependência do planejamento com base no
que se pretende ensinar. Nesse caso, é de extrema importância abordar as questões
curriculares, que geralmente já existem nas tradições escolares; além disso, tais ques-
tões são pensadas e repensadas no início de cada ano letivo ou conforme a organi-
zação de cada escola, podendo ser semestral ou quando se julgar necessário, por
exemplo. Resolvidas as questões curriculares, são então realizadas as avaliações co-
tidianas, culminando nas avaliações de aprendizagem dos alunos; o resultado dessas
avaliações reflete na avaliação institucional, do que está ou não dando certo no am-
biente escolar, por exemplo, os conteúdos bases das disciplinas de Língua Portuguesa,
Matemática, História e Geografia e as avaliações ou provas realizadas ao final de cada
bimestre,trimestre ou semestre, conforme a organização do PPP. Essa formulação ou
reestruturação culmina na elaboração ou execução do projeto político-pedagógico
(PPP) da escola. O primordial é fazer essas articulações entre o planejamento, o proje-
to político-pedagógico e a avaliação institucional, pois a ausência de um deles ou sua
dissociação pode resultar em falhas e prejuízos na sistemática da escola. Conforme
explicitado no texto, deve ficar claro o consenso de que a avaliação institucional pos-
sibilita o acompanhamento do projeto político-pedagógico da escola, ao passo que
este é construído e reconstruído coletivamente pelos dados da avaliação institucional,
e é essa dinâmica que determinará a qualidade dos processos educacionais. Outro
exemplo ocorre quando existe dificuldade de aprendizagem em algum conteúdo es-
pecífico. Ao se fazer uma avaliação institucional, deve-se procurar equacionar essas
dificuldades.
2. O objetivo é rever que conceitos temos estabelecidos sobre avaliação e como pode-
mos mudar essas ideias fazendo uma meta-avaliação sobre o que, enquanto profis-
sionais da educação, pensamos sobre a avaliação. Esse exercício é interessante por
ser prático e lidar com alguns conceitos e possibilidades de rever como a avaliação
é percebida pelas tradições escolares, em que quase sempre quer dizer uma nota, e
como devemos redimensioná-la enquanto profissionais da área. Nessa medida, quan-
do o professor avalia, também está se autoavaliando e, portanto, assumindo suas
responsabilidades no processo.
60 Planejamento Institucional
4.1 Conceito e concepção de projeto
Vídeo político-pedagógico
Toda escola, independentemente de tamanho, localização ou se
é de administração pública ou privada, deve ter sua razão de ser, e
nessa razão deve constar seus princípios e valores, além de ter sua
identidade registrada num documento, popularmente conhecido
como projeto político-pedagógico (PPP) e, na Lei de Diretrizes e Ba-
ses da Educação – LDB, tratado como proposta pedagógica.
OksiOksi/Shutterstock
E a questão do político-pedagógico, por que entrou nessa seara?
Artigo
https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/viewFile/19144/11145
62 Planejamento Institucional
“político” à medida que a discussão avançou, sabendo que todo ato
educativo é essencialmente um ato político. Ao ganhar o compo-
nente político, surgem polêmicas em torno do que se concretiza
como projeto ou proposta pedagógica.
64 Planejamento Institucional
Figura 1
Concepções de inovação regulatória ou técnica e projeto
político-pedagógico
Figura 2
Concepções de inovação emancipatória ou edificante e
projeto político-pedagógico
66 Planejamento Institucional
a educação é o processo pelo qual a sociedade forma seus mem-
bros à sua imagem e em função de seus interesses. Por conse-
quência, educação é formação do homem pela sociedade, ou
seja, o processo pelo qual a sociedade atua constantemente
sobre o desenvolvimento do ser humano no intento de integrá-lo
no modo de ser social vigente e de conduzi-lo a aceitar e buscar
os fins coletivos. (PINTO, 2005, p. 29)
Por essa razão, nele deve conter um plano global enquanto insti-
tuição. Deve expressar o que é; como se vê; ter uma dimensão de pre-
sente, mas também uma ideia de se antecipar o futuro; definir rumos,
traçar metas, deixando claro onde se quer chegar.
Por isso, ao analisar por esse viés, o PPP nunca pode ser conside-
rado pronto e acabado, pois nunca é definitivo. Tem características de
inconcluso, é um documento que necessita desse movimento, pois se
aperfeiçoa e se concretiza no caminho. O seu aperfeiçoamento ocorre
durante sua implementação, devido às características de avaliação nes-
se processo.
reflexão
ação ação
reflexão
68 Planejamento Institucional
O PPP, como uma forma de planejamento em contexto educacional, Atividade 1
só faz sentido se compreendido como práxis, ou seja, como um proces- Investigue com alguns
professores que você conhece
so de ação-reflexão-ação, avaliando processualmente cada etapa des- sobre a proposta pedagógica da
se processo, recomeçando e modificando quando necessário. escola em que eles trabalham.
Perceba que concepções ele
Surge então a característica de movimento; de incompletude; incon- tem sobre a proposta da escola,
se ele conhece e se participou
cluso; em constante aperfeiçoamento. Dessa maneira, não faz sentido
de sua construção. Anote essas
dizer que finalmente terminamos ou concluímos o PPP da escola, pois considerações e estabeleça
reflexões com o que estudou
ele demanda esse movimento constante de ação-reflexão-ação.
neste capítulo.
70 Planejamento Institucional
muito contundente a necessidade de se debater esses princípios de di-
versidade, igualdade, identidade e diferença nos contextos educacionais.
uma visão inter e multicultural que acolha toda essa diversidade, Muito se tem discutido sobre os
processos de inclusão nas escolas
contribuindo assim para que a escola se torne efetivamente uma es-
e a necessidade de que a prática
cola inclusiva, sintonizada com um projeto de sociedade mais demo- de uma educação inclusiva seja
crático e, mais do que possibilitar uma educação inclusiva, combata contemplada no PPP da escola.
Diante dessa questão, como você
toda forma de discriminação e perpetuação de preconceitos. acha que a escola pode propiciar
Dessa forma, não basta que a escola acolha e integre os dife- uma educação, de fato, inclusiva,
e como ela pode garantir esses
rentes, como se convencionou no debate de educação especial, de espaços de participação e de
modo a integrar, mas que de fato reelabore práticas de educação valorização das diversidades no
espaço escolar?
inclusiva, visando a um ato educativo de toda comunidade escolar,
72 Planejamento Institucional
caminho ela deve seguir e recebe a resposta em forma de outro
questionamento. O gato responde que no caso de não saber para
onde quer ir, qualquer caminho servirá. Esse diálogo traduz bem o
que deve ser a essência ao tratar de planejamento. Se você não sabe
o que planejar, qualquer caminho que seguir vai servir!
Diagnóstico Marcos
Programação
real referenciais
74 Planejamento Institucional
Gandin e Gandin (2011) expõem uma metodologia de constru-
ção para propostas pedagógicas, o que eles chamam de definição
de marco referencial. Segundo os autores, deve-se considerar o
marco situacional, que se refere à realidade global existente; diz
respeito a como a comunidade percebe a realidade em seus pro-
blemas, desafios, esperanças, onde estamos e como vemos essa
realidade. Em seguida, deve-se expressar a utopia social, isto é, o
marco doutrinal, que tem a ver com a realidade global desejada;
o para onde queremos ir. Por fim, o marco operativo significa a
realidade desejada do campo de ação e, sobretudo, da instituição
em processo de planejamento, assim, o marco operativo expressa
a utopia do grupo.
MARCO REFERENCIAL
Marco
Marco Marco operativo:
situacional: doutrinal: realidade
realidade global realidade global desejada do
existente. desejada. campo de
ação.
Nessa parte deve ser descrito tudo que identifica e caracteriza a es-
cola, ou seja, sua identidade institucional, desde o nome – com o his-
tórico dessa escolha, endereço, fundação etc. Fazer um breve histórico
é importante para que todos ao ingressarem na escola conheçam o
contexto do nascimento e desenvolvimento dessa escola.
3 Diagnóstico
76 Planejamento Institucional
ainda como um diagnóstico de realidade, análise dos resultados no Livro
processo de ensino-aprendizagem, caso a escola os tenha, bem como
uma análise da proposta vigente se for o caso.
5
Campinas: Papirus. 2010.
Avaliação
78 Planejamento Institucional
Considerar a atualização da identificação do corpo docente e técnico-
-administrativo – formação, tempo de serviço na rede e na escola e
espaço de atuação – e deixar claro o conceito de avaliação expresso na Atividade 3
proposta pedagógica e os critérios de promoção adotados pela escola,
Com base no que você estudou
entre outras referências. neste livro, analise a proposta
pedagógica de uma escola e
Consideramos que as referências aqui apresentadas servem como verifique: qual a concepção de
base e toda escola possui sua cultura escolar já estabelecida. O impor- educação que ela apresenta?
tante é que ao fazer o planejamento escolar ou a atualização do PPP Como está organizada? Que
elementos para a organização do
da escola sejam registrados os avanços, o que deu certo e o que se trabalho pedagógico escolar ela
propõe melhorar a cada ano letivo, a cada necessidade de alterações e apresenta? Por fim, liste algumas
sugestões para a atualização
mudanças. É preciso entender a escola como um mecanismo vivo e em
dessa proposta, se for o caso.
constante transformação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo vimos por que a discussão conceitual de construção do
projeto político-pedagógico ou da proposta pedagógica curricular é bem
mais que um documento regulatório, mas que deve refletir a identidade
institucional da escola.
Aprendemos que ao incorporar em sua dimensão pedagógica a
noção política, ao possuir intencionalidades e refletir posicionamen-
tos e escolhas, todo projeto ou proposta pedagógica será sempre de
alguma forma um posicionamento político, pois em termos educacio-
nais, não existe neutralidade e todo projeto de escola está articulado
a um projeto de ser humano a ser formado e de sociedade, que é por
essência situado historicamente, tendo seu posicionamento cultural,
político e social.
Outro aspecto fundamental aliado a essa discussão é a relação es-
tabelecida entre escola e comunidade, e a forma como o PPP da escola
reflete sobre esses aspectos, tanto da participação da coletividade como
das questões de diversidade e da inclusão, presentes nos debates atuais.
Por fim, apresentamos os elementos que irão subsidiar a constru-
ção prática de uma proposta pedagógica, desde a definição da iden-
tidade da escola até as configurações de seus marcos referencias e a
proposição de ações concretas para que se cumpra com suas inten-
ções, metas e objetivos.
GABARITO
1. O objetivo dessa atividade é que você possa comparar com o que acontece na realida-
de escolar e como deveria um gestor agir diante de tal ideário na cultura escolar, de
pouca participação e envolvimento dos professores, se, por exemplo, vocêr ouvir dos
professores que conhecem a proposta mas que não participaram de sua construção,
refletindo como tornar esse movimento de elaboração da proposta pedagógica o mais
participativo possível. E se porventura se deparar com uma realidade de participação,
em que o professor relate como participa da elaboração da proposta, tem-se um mo-
delo a ser seguido e oportunidade de verificar na prática como pode ser realizado uma
proposta pedagógica.
2. O objetivo é que você analise como a escola produz e reproduz as questões de desi-
gualdades nas suas diversidades, apontando para a necessidade de se pensar uma
escola inclusiva que contemple a legislação específica conforme a Lei da Inclusão, e
mais do que isso, que a escola leve em conta os princípios de gestão democrática,
80 Planejamento Institucional
da participação e de acolhimento das diferentes vozes e práticas culturais de toda a
comunidade escolar. Nesse sentido, construir um projeto político-pedagógico nessa
perspectiva exige um reorientar das práticas de acessibilidade, uma concepção de currí-
culo com seleção dos conteúdos culturais e um reorientar das relações que se dão
nessa escola, a partir de práticas de acolhimento, respeito ao diferente, valorização
das diversidades, orientado por uma visão inter e multicultural que acolha toda essa
diversidade, contribuindo assim para que a escola se torne efetivamente uma escola
inclusiva, sintonizada com um projeto de sociedade mais democrática e que, mais
de que possibilitar uma educação inclusiva, combata toda forma de discriminação e
perpetuação de preconceitos.Você pode verificar como esses itens são contemplados
na proposta pedagógica, o que seria a título de projeto e, pode se verificar também
na prática escolar, se o ambiente tem acessibilidade e respeita as formas de inclusão.
3. A ideia é que você tenha contato com uma proposta pedagógica real e a partir dela
possa fazer suas análises com o que aprendeu aqui e como essa proposta se apre-
senta na realidade escolar, analisando como se dá a organização do trabalho peda-
gógico escolar e suas relações com o planejamento institucional. Você pode realizar
esse exercício de forma crítica, ao lançar um olhar sobre a proposta existente, pode-se
ainda se colocar no papel de gestor e elencar todas as mudanças viáveis e possíveis e
como você, enquanto gestor, faria para conduzir esse processo, imaginando que essa
obra contenha as orientações prévias de como conduzir a elaboração e atualização
de um PPP.