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De Volta A Roldand Barthes
De Volta A Roldand Barthes
Roland Barthes
Leyla Perrone-Moisés
Maria Elizabeth Chaves de Mello
(Organizadoras)
De volta a
Roland Barthes
Apresentação, 7
Leyla Perrone-Moisés e Maria Elizabeth Chaves de Mello
Um mundo enclausurado:
a polêmica entre Barthes e Camus, 69
Manuel da Costa Pinto
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pelas gerações mais jovens, independentemente das bibliografias
universitárias.
O que faz com que Barthes continue exercendo esse interesse, que
mais se parece com um encantamento? A influência de Barthes é
sutil, manifesta-se mais numa postura diante do saber do que numa
adesão conceitual. O principal de sua obra não contém uma teoria
forte, nem modelos analíticos aplicáveis. Mas tem o charme de sua
escritura e o atrativo de sua personalidade liberal, no sentido estrito
dessa palavra. Apesar de todos os seus deslocamentos, Barthes se
manteve sempre firme na luta contra as linguagens estereotipadas,
a ideologia disfarçada em natureza, a arrogância e o autoritarismo
discursivos. O saber presente em sua obra, embora vasto, nunca
se tornou pesado, mas foi por ele explorado como fonte infinita de
prazeres. Nos textos de Barthes encontramos essa coisa rara: a pre-
sença da sensualidade, do afeto e do humor no discurso acadêmico.
Um saber com sabor. Numa época como a que vivemos, de barbárie
política e cultural, a inteligência e a delicadeza de Barthes aparecem
como, ao mesmo tempo, anacrônicas e necessárias. E é por isso que,
hoje, voltamos a ele.
O presente livro é uma coletânea de trabalhos apresentados em dois co-
lóquios sobre o autor. O primeiro, intitulado Colóquio Roland Barthes
com Saber e Sabor, realizado na Universidade de São Paulo (USP),
de 29 de setembro a 10 de outubro de 2003, e o segundo, o Colóquio
Roland Barthes, que aconteceu no dia 3 de outubro de 2003, na Uni-
versidade Federal Fluminense (UFF/Niterói, Rio de Janeiro). Ambos
resultaram de parceria entre as pós-graduações das respectivas univer-
sidades e o Bureau du Livre da Embaixada da França, responsável pela
participação, nos dois colóquios, dos professores franceses Antoine
Compagnon, Françoise Gaillard e Philippe Roger, que apresentaram
seus trabalhos nas duas universidades. É graças a essa parceria que
este livro obteve os meios para ser publicado pela EdUFF.
O livro se abre com o texto da comunicação proferida por Antoine
Compagnon, da Columbia University e Paris IV, “Barthes moderno
e anti-moderno”, que propõe reflexões sobre a literatura, o romance
9
e a própria obra de Roland Barthes, a partir do seu último curso, “A
preparação do romance”, em que Barthes teria questionado todo o
seu percurso teórico, em busca de outros caminhos.
Do mesmo modo, “Barthes, Brecht e Marx”, o texto de Philippe
Roger, da École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, apresenta
o afastamento de Barthes do cientificismo e da militância, ao final da
vida, como formas de tentar novas vias de reflexão sobre a literatura,
a arte e a vida.
Ainda da École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, o texto de Fran-
çoise Gaillard, “Retrato de Roland Barthes em Don Juan”, persegue essa
mesma via dos múltiplos Barthes, estabelecendo relações entre Barthes e
Don Juan, pela colocação das razões do mundo longe de Deus e por um
suposto donjuanismo de espírito, que teria levado Roland Barthes a flertar
com inúmeros objetos e trocar de amor a cada livro.
Estudando essa troca permanente de amores, o jornalista João Batista
Natali, ex-orientando de pós-graduação de Barthes, no seu texto,
“O horror à estereotipia e o discurso político”, analisa a relação de
Barthes com o discurso do poder e da política em geral, insistindo na
“ausência ativa” barthesiana.
Por sua vez, o também jornalista e autor de um livro sobre Ca-
mus, Manuel da Costa Pinto, no texto “Um mundo enclausurado
– a polêmica entre Barthes e Camus”, apresenta reflexões sobre
a questão do engajamento, que, em Barthes, adquire curiosos aspectos,
quando se trata da ordem política e moral.
Ainda nessa linha, em “A paixão isenta (o pequeno Barthes)”, Evan-
do Nascimento insiste no permanente autoquestionamento do autor,
ao afirmar que, para Barthes, rever seus textos passados tratava-se
principalmente de não restaurar uma suposta verdade anterior, mas
ver-se como um sujeito que circula acompanhando a rotação per-
manente do simbólico. Evando Nascimento nos remete a Barthes
falando das múltiplas vozes que o habitam e que ele quer fazer ouvir
em sua multiplicidade.
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Multiplicidade que se faz presente também no texto de Marcelo
Jacques de Moraes, que apresenta uma reflexão sobre o modo como
a simulação do discurso amoroso empreendida nos Fragmentos or-
questra, com as vozes que os compõem, uma certa “experiência de
rumor”, por meio da qual se “[desenha] uma inteligência”, um estilo,
encenando e reconfigurando – com ou contra o próprio Barthes – a
noção de autoria.
Na área da semiótica, Lúcia Teixeira, estabelecendo uma relação
entre as fichas e a escritura plástica de Barthes, a partir de dois tex-
tos, O Roland Barthes por Roland Barthes e o catálogo da exposição
R/B: Roland Barthes, detém-se sobre a análise dos suportes dessas
escrituras e um certo modo de organização, pensando na relação entre
fragmentar e disciplinar, divagar e ordenar, brincar e conter, que se
expressa nesses dois tipos de escritura, tendo sempre presente a idéia
do que Barthes chama de “a estrutura como garantia de liberdade”.
Prosseguindo nessa questão da liberdade, encerrando o livro, o texto
de Leyla Perrone-Moisés, “A prática da aula nos cursos do Collège”,
apresenta os cursos como uma proposta da “linguagem refletindo
sobre a linguagem”. Essa concepção do método, segundo a autora,
estava expressa na Aula, quando Barthes dizia que, em seu ensino, o
método não seria heurístico, isto é, visando produzir deciframentos
e apresentar resultados, mas, como propunha Mallarmé, seria uma
ficção. Assim, o projeto utópico de Barthes seria o de uma pequena
comunidade móvel, na qual cada um dos membros pudesse viver ao
mesmo tempo em companhia e em liberdade.
Nosso livro oferece, assim, não só aos pesquisadores da área de
Letras, mas a todos os interessados em refletir sobre a linguagem,
material rico e diversificado tanto em informações e reflexões que
contém sobre Roland Barthes, quanto na rede teórica que o mobiliza.
Leyla Perrone-Moisés
Maria Elizabeth Chaves de Mello
(Organizadoras)
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Barthes moderno e antimoderno ou
o romance de Roland Barthes1
Antoine Compagnon
1
Traduzido do francês por Maria Elizabeth Chaves de Mello.
Antoine Compagnon
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Barthes moderno e antimoderno ou o romance de Roland Barthes
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Antoine Compagnon
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Antoine Compagnon
A morte da literatura
Logo à primeira vista, diante do “ramerrão” da sua vida, Barthes
entrevê duas soluções: o abandono, o silêncio, o Neutro no sentido
passivo, ou, então, a Vita Nova, um novo combate, um Neutro
ativo. Ora, quando ele escolhe o segundo termo, apesar da sedução
do primeiro, é por um “sentimento de perigo”, o “[s]entimento de
que é preciso se defender, que é uma questão de sobrevivência”
(BARTHES, 2003, p. 30). Qual seria o perigo iminente? O que
estaria morrendo e precisaria ser protegido? Barthes ainda não o
diz, mas o saberemos logo: “Alguma coisa ronda nossa História: a
morte da literatura; ela está errando a nosso redor; é preciso encarar
esse fantasma frente a frente” (BARTHES, 2003, p. 49). Se Bar-
thes renuncia à tentação Zen da abstinência, se ele se decide pelo
trabalho, trabalho “ao mesmo tempo inquieto e ativo, é porque “o
Pior não é certo”, a morte da literatura talvez possa ser retardada.
São incessantes os retornos desse tema durante os dois anos de
curso. Por exemplo, após a passagem sobre o haicai, Barthes,
descrevendo a passagem das notas ao romance, aborda o que ele
chama de processo da frase, da “Frase absoluta, depositária da
literatura”, e é novamente sobre a sua fragilidade que ele insiste,
sobre o seu ser-para-morrer (BARTHES, 2003, p. 150). Não so-
mente se fala hoje menos bem o francês, mas a textualidade e a
vanguarda destroem “as ‘leis’ da linguagem”. Estranho lamento
essa defesa da língua francesa, da frase francesa, inesperada da
parte de um homem de progresso, de um velho companheiro de
viagem das vanguardas, e do campeão da textualidade que aca-
bara de vir em socorro de Sollers écrivain (1979). E que evocara
“Flaubert, artista e metafísico da Frase absoluta, [que] sabia que
sua arte era mortal: “Escrevo [...], não para o leitor de hoje, mas
para todos os leitores que poderão surgir, enquanto a língua
for viva”. Oração – “enquanto a língua for viva” – que Barthes
considera realista, ou mesmo pessimista. Se a literatura vai mal,
é porque a língua e a frase estão se desmanchando; se Flaubert
está ameaçado, é porque ele uniu seu destino (bem como o da
literatura) à Frase (BARTHES, 2003, p. 150).
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A preocupação com a língua francesa já se manifestava em Le Neutre (2002b, p. 136):
“Les Paradis artificiels são um dos livros mais bem escritos do mundo, assim como os
Pensamentos de Pascal, e talvez também Montaigne”. Era no tempo em que o mundo
falava francês.
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A presença do poema
Nessas condições, qual poderia ser o romance da Vita Nova?
Barthes duvida logo da sua possibilidade. Escrevem-se romances,
é lógico, e “eles têm uma certa dificuldade para serem vendidos”,
mas, desde Proust, nenhum “parece ‘transpor’, alçar à categoria
do Grande Romance” (BARTHES, 2003, p. 38). Embora Barthes
chame o romance de uma “terceira forma”, covarde, heterogênea,
a morte da literatura parece arrastar consigo o fim do romance. Ele
intitulou o seu curso de La préparation du roman, e não voltará
atrás nesse título, mas a leitura reserva uma surpresa – ou a relei-
tura, uma vez que vimos que a palavra “romance” era um engano
e que as reflexões sobre o romance contavam entre as páginas
mais decididas –, pois a preparação do romance se revela, aos
poucos, uma busca do poema: “Poesia = prática da sutileza em um
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Barthes moderno e antimoderno ou o romance de Roland Barthes
*
Ao final da sua última aula, após lamentar não ter nenhuma obra
para produzir, Barthes esboçava, mesmo assim, como dizia, o
“perfil da Obra que eu queria – ou escrever, ou que alguém escreva
hoje para mim” (BARTHES, 2003, p. 377). Essa obra desejada,
ele a definia com três adjetivos: simples, filial e desejável, três
qualidades que desconcertam ou parecem uma provocação, se
percebermos que todo o curso, durante quatro anos, aproxima-se,
aos poucos, de uma poética antimoderna da presença.
Simples, a obra seria legível, não irônica, sem aspas nem dobras,
toda no primeiro grau, ao contrário dos textos modernos, difíceis,
retorcidos, que Barthes elogiara até então. Seria como um desses
haicai ou poemas cuja clareza até o limite da linguagem e do
silêncio ele louvará daí por diante.
Filial, ela se filiaria à tradição, transmitiria os antigos, marcando
diferença em relação às obras de ruptura valorizadas pelas van-
guardas; ela reconheceria sua dívida para com Pascal, Chateau-
briand, Proust, evocados incessantemente por Barthes, que não
mais teme retomar as palavras de Verdi em 1870: “Voltemo-nos
para o passado, isso será um progresso”, nem dizer adeus aos
seus aliados: “A filiação deve ocorrer por deslizamento. [...] O
deslizamento opõe-se a uma palavra de ordem vanguardista, da
qual precisamos recuar lucidamente (pois as vanguardas podem
se enganar): a desconstrução” (BARTHES, 2003, p. 381).
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Antoine Compagnon
Referências
BARTHES, Roland. La préparation du roman: notes de cours
et de séminaires au Collège de France, 1978-1979 e 1979-1980.
Texto estabelecido, anotado e apresentado por Nathalie Léger.
Paris: Seuil; Imec, 2003.
______. Comment vivre ensemble. Paris: Seuil; IMEC, 2002a.
______. Le neutre. Paris: Seuil; IMEC, 2002b.
______. Sollers écrivain. Paris: Seuil, 1979.
LE ROMAN de Roland Barthes. Revue des sciences humaines,
[S.l.], n. 266-267, 2002.
SCHEHADÉ, Georges. Anthologie du vers unique. Paris: Ramsay,
1977.
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Barthes, Brecht e Marx1
Philippe Roger
1
Traduzido do francês por Maria Ruth Machado Tellows.
Philippe Roger
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Philippe Roger
Referências
BARTHES, Roland ; LÉGER, Nathalie. La préparation du roman:
notes de cours et de séminaires au Collège de France, 1978-1979 e
1979-1980. Texto estabelecido, anotado e apresentado por Nathalie
Léger. Paris: Seuil; Imec, 2003.
______. Le degré zero de l’écriture. Paris: Seuil, 1953.
______. Le plaisir du texte. Paris: Seuil, 1973.
______. Leçon. In: ______. Oeuvres Complètes. Paris: Seuil,
2002a. t. 5.
______. Mythologies. Paris: Seuil, 1957.
______. Roland Barthes par Roland Barthes. In: ______. Oeuvres
Complètes. Paris: Seuil, 2002b. t. 4.
BLANCHOT, Maurice. L’Entretien infini. Paris: Gallimard, 1969.
DEULEUZE, G.; GATTARI, F. Mille Plateaux. Paris: Minuit,
1980.
LÉVY, B.-H. La baraire à visage humain. Paris: Grasset et Fas-
quelle,1997.
MERLIN-KAJMAN. La langue est-elle fasciste? Paris: Seuil,
2002.
SLAVOJ, Zizek. Le Spectre rôde toujours: actualité du Manifeste
communiste. Paris: Nautilus, 2002.
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Retrato de Roland Barthes em Don Juan1
Françoise Gaillard
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Retrato de Roland Barthes em Don Juan
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Mas, voltemos a Don Juan. Aquilo que ele recusa é menos este
ou aquele objeto de crença (no caso, Deus), do que a crença em
si mesma, e se seu catecismo reduz-se a dois e dois são quatro,
é que se trata de um dado fundado na convenção, e não em uma
profissão de fé, mesmo que esta estivesse assentada na razão.
Don Juan é um descrente na crença. Ele se recusa a crer que deve
(ou que possa) haver crença. Roland Barthes também recusa não
esse ou aquele conteúdo da crença (por exemplo, a crença na pos-
sibilidade de que o sabão Omo lave mais branco), mas a crença
como forma não crítica de adesão a um pensamento, a um mito,
a um objeto. Ele sabe, o que já sabia Hume quando criticava as
Luzes por ter substituído Deus pela Natureza e a Providência pelo
Progresso, que, como toda crença se define, não por um conteúdo,
mas por um modo de envolvimento, pode-se prever que qualquer
destruição de crença levará à substituição de uma crença nova que
terá a ver com um novo conteúdo/objeto, uma mesma maneira de
crer. (Quantos intelectuais de renome nos deram a prova disso,
trocando uma crença pela outra e mudando de causa, não ao sabor
das modas como poderíamos facilmente concluir, mas ao sa-
bor de sua novas certezas). É a razão pela qual Roland Barthes
não procura jamais destruir, mas sim subverter, impedir que ela
“pegue”, que se coagule, que se cristalize. A burrice, seu proble-
ma, não é um caso de falta de inteligência, ou de conteúdos de
pensamento burros, não, é um caso de modo de adesão. Um caso
de consistência, assim como a verdade. “Então, aquele que não
suporta a consistência, fecha-se em uma ética da verdade; solta a
palavra, a frase, a idéia, assim que eles a captam, e passam ao esta-
do sólido de estereótipo (stereos quer dizer sólido). Compreende-se
por que um tal ateísmo tenha sido incompatível com a militância.
E como a época pensava o engajamento político sob o signo da
militância, entendemos porque ele escreveu – não sem malícia, em
um dos fragmentos do Roland Barthes por Roland Barthes – que,
politicamente, ele amargou dificuldades a vida toda.
Isso leva a desenvolver uma outra estratégia: nunca entrar em
confronto direto com os objetos de crença de uma sociedade, pois
a crença ficaria salvaguardada, mas sim abalar seus modos de re-
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Françoise Gaillard
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Françoise Gaillard
Referências
BARTHES, R. Cours de Linguistique Générale. Paris: Payot, 1995.
______. Critique et vérité. Paris: Seuil, 1966.
_____. Le degré zéro de l’écriture. Paris: Seuil, 1953.
______. Le plaisir du texte. Paris: Seuil, 1982.
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O horror à estereotipia e o discurso político
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João Batista Natali
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O horror à estereotipia e o discurso político
Referências
NATALI, João Batista. L’humour politique brésilien: analyse
structurale des stéréotypes. 1973. 147p. Dissertação (Mestrado em
Ciências Sociais) – École des Hautes Études en Sciences Sociales,
Paris, 1973. mimeo.
______. Une approche sémiologique du discours révolutionnaire
(Robespierre). 1976. 176p. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) –
École dos Hautes Études en Science Sociales, Paris, 1976. mimeo.
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Um mundo enclausurado: a polêmica
entre Barthes e Camus
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Um mundo enclausurado: a polêmica entre Barthes e Camus
Referências
BARTHES, R. Política. São Paulo: Martins Fontes, 2005. (Iné-
ditos, 4)
______. O grau zero da escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
CAMUS, A. Actuelles II. In:______. Essais. Paris: Bibliothéque
de la Plêiade, 1981.
______. A peste. Rio de Janeiro: Record, 1997.
______. Caligula suivi de Le Malendendu. Paris: Gallimard, 1981.
______. O estrangeiro. Rio de Janeiro: Record, 2004.
______. O homem revoltado. Rio de Janeiro: Record, 1996.
______. O mito de Sísifo. Rio de Janeiro: Record, 2004.
JEANSON, F. Albert Camus ou L’âme revoltée. Les Temps Mo-
dernes, Paris, maio 1952.
ROGER, P. Roland Barthes: Roman. Paris: Grasset, 1986.
SARTRE, J.-P. Situations IV. Paris: Gallimard, 1964.
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A paixão isenta
(O “pequeno Barthes”)
Evando Nascimento
O legado de Barthes
Quando fui convidado por Leyla Perrone-Moisés a participar dos
colóquios sobre Roland Barthes, na USP, e por Maria Elizabeth
Chaves, na UFF, indaguei-me de imediato o que ainda tinha a
falar sobre o crítico, teórico, escritor, intelectual e semiólogo
francês. Tendo escrito uma dissertação de mestrado sob inspiração
barthesiana, e mais tarde, um ensaio intitulado “Lição de signos:
A Semiologia literária de Roland Barthes”,1 sentia-me como que
quitado em relação à imensa dívida que contraí muito cedo em
minha formação universitária para com essa obra. E, por isso
mesmo, os usos possíveis desse texto já teriam cumprido seu ciclo
na preparação intelectual. A inspiração para retornar a Barthes
veio com a releitura de um dos fragmentos de Roland Barthes
por Roland Barthes, quando ele fala justamente em voltar a tratar
de um assunto sobre o qual já se escreveu. Para Barthes, rever
seus textos passados tratava-se principalmente de não restaurar
uma suposta verdade anterior, mas ver-se como um sujeito que
circula acompanhando a rotação permanente do simbólico (2003,
p. 69-71). Do mesmo modo, para o leitor que já escreveu sobre
um crítico-escritor, há sempre algo a ser dito como suplemento
1
Publicado inicialmente na revista Contexto da UFBA e republicado no livro Ângulos:
literatura & outras artes (NASCIMENTO, 2002).
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A paixão isenta (O “pequeno Barthes”)
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Desnecessário dizer que todas as referências às leituras de Barthes devem ser
desvinculadas aqui da categoria da influência, cujo descrédito está justamente em causa
neste contexto. Por isso mesmo, esse diálogo ativo com seus pares mereceria mais de
uma análise detida, visando pôr em crise finalmente a própria noção de “paternidade”.
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A paixão isenta (O “pequeno Barthes”)
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A paixão isenta (O “pequeno Barthes”)
O pequeno Barthes
Indagaria neste ponto: é também possível renegar um legado? O
que seria uma herança cujos leitores abjurassem, deixando de se
interessar e, conseqüentemente, levando-a a se perder? Em sua
Aula inaugural, um dos manifestos críticos sobre a literatura mais
importantes do século XX, Roland Barthes defendia o direito e
mesmo a necessidade de um autor abjurar sua obra, caso ela se
tornasse objeto de involuntárias mitologias. A referência imediata
era Pasolini, que teria praticado tal gesto diante da apropriação
de sua Trilogia da vida pelo poder. Ali onde havia grande força
inaugural, uma parte da crítica e mesmo da mídia acabava por
criar um monumento e tornar o cineasta-escritor mais um mito
da cultura burguesa. O contexto dessa referência, em Aula, são
as estratégias de teimosia e de deslocamento, relativas à segunda
força de liberdade da literatura, a da representação impossível do
“real”: “Deslocar-se pode pois querer dizer: transportar-se para
onde não se é esperado, ou ainda e mais radicalmente, abjurar o
que se escreveu (mas não, forçosamente, o que se pensou), quando
o poder gregário o utiliza e serviliza” (BARTHES, [19—], p. 27).
A mistificação do autor é um risco tanto maior para quem, como
Barthes, escreveu ainda nos anos 50 – ou seja, antes da produção
que o tornaria mundialmente conhecido –, um livro-chave para
entender a produção de mitos culturais, as já referidas Mitologias.
Estamos diante de uma verdadeira aporia: por um lado, Barthes
não se cansou de multiplicar gestos no sentido de desmontar es-
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Ao propor de maneira lúcida, no posfácio de Aula, traduzir écriture como escritura –
ao contrário dos portugueses que optaram por escrita –, Leyla Perrone-Moisés tirou o
máximo proveito de uma palavra existente em nosso idioma. Os abusos daí decorridos
por parte de muitos leitores-escritores se deram em função dos equívocos inerentes ao
ato mesmo de herdar, ou seja, de interpretar. Cf. BARTHES, [19—], p. 74-79.
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A paixão isenta (O “pequeno Barthes”)
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A paixão isenta (O “pequeno Barthes”)
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Durante o Colóquio na USP, Antoine Compagnon qualificou o livro Roland Barthes
por Roland Barthes como o “pequeno Barthes”. Compagnon fez, no entanto, questão
de precisar que a designação tem um sentido apenas literal, tal como se diz Pequeno
Larousse ou, como diríamos, Pequeno Aurélio, para indicar a versão reduzida dos
dicionários. Sirvo-me aqui da mesma expressão, porém em sentido metafórico, como
instrumento teórico-crítico para evitar a mitificação de Barthes.
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A paixão isenta (O “pequeno Barthes”)
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Agradeço a Philippe Roger a informação de que Kafka: por uma literatura menor era
um dos livros de Deleuze que Barthes mais apreciava.
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Referências
BARTHES, Roland. Aula. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo:
Cultrix, [19—].
______. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Trad. Júlio Cas-
tañon Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
______. Comment vivre ensemble. Paris: Seuil, 2002a.
______. Crítica e verdade. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo:
Perspectiva, 1982a.
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A paixão isenta (O “pequeno Barthes”)
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O rumor do autor em Fragmentos de um discurso amoroso
1
“On a donc substitué à la description du discours amoureux sa simulation [...]” (1977,
p. 7).
2
“[...] ce que l’on pourrait appeler des expériences de bruissement [...]” (1984c,
p. 101).
3
“[...] le dessin d’une intelligence [...]” (1984c, p. 102).
Marcelo Jacques de Moraes
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O rumor do autor em Fragmentos de um discurso amoroso
101
Marcelo Jacques de Moraes
10
“Donner un Auteur à un texte, c’est imposer à ce texte un cran d’arrêt, c’est le pourvoir
d’un signifié dernier, c’est fermer l’écriture” (1984b, p. 68).
11
“[...] des recherches récentes [...] ont mis en lumière la nature constitutivement ambiguë
de la tragédie grecque; le texte y est tissé de mots à sens double, que chaque personnage
comprend unilatéralement [...]; il y a cependant quelqu’un qui entend chaque mot dans
sa duplicité, et entend de plus, si l’on peut dire, la surdité même des personnages qui
parlent devant lui: ce quelqu’un est précisément le lecteur (ou ici l’auditeur)” (1984b,
p. 69).
12
“[...] la naissance du lecteur doit se payer de la mort de l’Auteur” (1984b, p. 69).
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O rumor do autor em Fragmentos de um discurso amoroso
13
“[...] dans la littérature figurative [...] il me semble qu’on s’identifie plus ou moins
(je veux dire par moments) à l’un des personnages représentés; cette projection, je le
crois, est le ressort même de la littérature; mais dans certains cas marginaux, dès lors
que le lecteur est un sujet qui veut lui-même écrire une oeuvre, ce sujet ne s’identifie
plus seulement à tel ou tel personnage fictif, mais aussi et surtout à l’auteur même du
livre lu, en tant qu’il a voulu écrire ce livre et y a réussi [...]” (1984d, p. 333-334). Mais
adiante, nesta mesma conferência, Barthes alude novamente a essa projeção do leitor e
afirma que “on reconnaît mal le pathos comme force de lecture [...]” (1984d, p. 344).
14
“[...] l’oeuvre à faire (puisque je me définis comme ‘celui qui veut écrire’) [...]” (1984d,
p. 344).
15
“Je me mets en effet dans la position de celui qui fait quelque chose, et non plus de celui
qui parle sur quelque chose [...]” (1984d, p. 346).
16
“[...] la recherche, la découverte, la pratique d’une forme nouvelle, cela, je pense, est à
la mesure de cette Vita Nova [...]” (1984d, p. 343) .
17
“[...] l’oeuvre que je désire et dont j’attends qu’elle rompe avec la nature uniformément
intellectuelle de mes écrits passées [...]” (1984d, p. 345).
103
Marcelo Jacques de Moraes
18
“[...] il jouit de la consistance de son moi (c’est son plaisir) et recherche sa perte (c’est
sa jouissance).” (1973, p. 26).
19
Cf. 1964, p. 147-154.
20
“Il faut donc distinguer les auteurs sur lesquels on écrit [...] et les auteurs qu’on lit; mais
ceux-là, qu’est-ce qui me vient d’eux? Une sorte de musique, une sonorité pensive, un
jeu plus ou moins dense d’anagrammes. (J’avais la tête pleine de Nietzsche, que je venais
de lire; mais ce que je désirais, ce que je voulais capter, c’était un chant d’idées-phrases:
l’influence était purement prosodique)” (1975, p. 110-111). O grifo é meu.
21
“Le fragment a son idéal: une haute condensation, non de pensée, ou de sagesse, ou de
vérité (comme dans la Maxime), mais de musique: au ‘développement’, s’opposerait
le ‘ton’, quelque chose d’articulé et de chanté, une diction: là devrait régner le timbre”
(1975, p. 98).
22
“[...] une musique du sens [...]” (1984c, p. 101).
23
“[...] le sens, indivis, impénétrable, innommable, serait [...] posé au loin comme un
mirage, [...] le sens serait ici le point de fuite de la jouissance” (1984c, p. 101).
104
O rumor do autor em Fragmentos de um discurso amoroso
24
“Mais ce qui est impossible n’est pas inconcevable: le bruissement de la langue forme
une utopie” (1984c, p. 100-101).
25
“[...] un immense tissu sonore dans lequel l’appareil sémantique se trouverait irréalisé
[...]” (1984c, p. 101).
26
“[...] quelque chose comme un but [...]” (1984c, p. 102).
27
“[...] reporté à la langue, [le bruissement] serait ce sens qui fait entendre, une exemption
de sens, ou – c’est la même chose – ce non-sens qui ferait entendre au loin un sens
désormais libéré de toutes les agressions dont le signe, formé dans la ‘triste et sauvage
histoire des hommes’, est la boîte de Pandore” (1984c, p. 101).
28
“[...] il ne s’agit pas de retrouver un pré-sens, une origine du monde, de la vie, des faits,
antérieure au sens, mais plutôt d’imaginer un après-sens: il faut traverser, comme le
long d’un chemin initiatique, tout le sens, pou pouvoir l’exténuer, l’exempter” (1975,
p. 90).
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Marcelo Jacques de Moraes
29
“[...] le bruissement [...] implique une communauté de corps: dans les bruits du plaisir qui
‘marche’, aucune voix ne s’élève, ne guide ou ne s’écarte, aucune voix ne se constitue;
le bruissement, c’est le bruit même de la jouissance plurielle – mais nullement massive
(la masse, elle, tout au contraire, a une seule voix, et terriblement forte)” (1984c, p. 100).
106
O rumor do autor em Fragmentos de um discurso amoroso
30
No fragmento intitulado “L’écriture commence par le style”, Barthes refere-se aos “mille
traits d’un travail du style” presentes em sua obra. (1975, p. 80).
31
“Le fantasme, pas le rêve” (1975, p. 90).
32
“Le rêve me déplaît parce qu’on y est tout entier absorbé: le rêve est monologique; et
le fantasme me plaît parce qu’il reste concomitant à la conscience de la réalité (celle
du lieu où je suis); ainsi se crée un espace double, déboîté, échelonnée, au sein duquel
une voix (je ne saurais jamais dire laquelle, celle du café ou celle de la fable intérieure),
comme dans la marche d’une fugue, se met en position d’indirect: quelque chose se
tresse, c’est, sans plume ni papier, un début d’écriture” (1975, p. 90).
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Marcelo Jacques de Moraes
108
O rumor do autor em Fragmentos de um discurso amoroso
[...]
37
“Comme c’est vrai, ça! Je reconnais cette scène de langage” (1977, p. 8).
38
“[...] les moments de vérité sont comme les points de plus-value de l’anecdote” (1984d,
p. 344).
39
“J’aimerais un jour développer ce pouvoir du Roman – pouvoir aimant ou amoureux
[...] Je puis seulement lui demander de remplir à mes propres yeux trois missions. La
première serait de me permettre de dire ceux que j’aime. [...] La seconde [...] ce serait
de me permettre la représentation d’un ordre affectif, pleinement, mais indirectement.
[...] . Enfin et peut-être surtout, le Roman [...] ne fait pas pression sur l’autre (le lecteur);
son instance est la vérité des affects, non celle des idées” (1984d, p. 344-345).
109
Marcelo Jacques de Moraes
Referências
BARTHES, Roland. Écrivains et écrivants. In : _____. Essais
critiques. Paris: Seuil, 1964. p. 147-154.
______. Le plaisir du texte. Paris: Seuil, 1973.
______. Fragments d’un discours amoureux. Paris: Seuil, 1977.
BARTHES, Roland. Roland Barthes par Roland Barthes. Paris:
Seuil, 1975.
______. Écrire la lecture. In : ______. Le bruissement de la langue.
Paris: Seuil, 1984a. p. 33-36. (Essais critiques, 4).
40
“Depuis cent ans, la folie (littéraire) est réputée consister en ceci: ‘Je est un autre’: la
folie est une expérience de dépersonnalisation. Pour moi, sujet amoureux, c’est tout le
contraire: c’est de devenir un sujet, de ne pouvoir m’empêcher de l’être, qui me rend fou.
Je ne suis pas un autre: c’est ce que je constate avec effroi. [...] Je suis indéfectiblement
moi-même, et c’est en cela que je suis fou: je suis fou parce que je consiste” (1977, p.
142).
41
“[...] un grand roman, comme, hélas, on n’en fait plus [...]” (1984d, p. 343).
42
“La vérité est dans la consistance” (1975, p. 63).
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O rumor do autor em Fragmentos de um discurso amoroso
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O que existe para mim: fichas, cores, fragmentos
Lúcia Teixeira
Essa escolha não pode ser tomada como a única possível? Como
falar do que não existe “para mim”?
As fichas
Em 2003, no inverno parisiense, a exposição R/B: Roland Barthes,
no Centre Georges Pompidou,1 fartava o espectador de imagens e
1
Agradeço a Marcelo Jacques de Moraes por todos os comentários que trocamos, por
todos os interesses comuns e diversos que nos dispersaram e juntaram entre as vitrines
e paredes do Pompidou.
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As cores
A relação entre desenho, pintura e palavra obedece, em Barthes, ao
mesmo movimento de selecionar um ponto da dualidade estrutural,
para, em seguida, atravessar a oposição (pela deriva, pelo deslize)
e encontrar um terceiro termo, que empurre, por um tremor, um
abalo, a coerção da estrutura para um lugar de liberdade, uma
nova região de sentidos. Ainda uma vez, é a idéia da dispersão
que permite falar em adensamento. Transitar de um significante
a outro, testar diferentes experiências sensíveis de escritura, é
eliminar uma certa idéia de escolha que implica a ou b e afirmar
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Os fragmentos
Chantal Thomas, em texto publicado no catálogo da exposição do
Pompidou (THOMAS, 2002), toma aquilo que na obra de Barthes
é borda, margem, para analisar a função e o sentido do fragmento,
para ela um corte que quebra o avanço retórico do discurso, sua
tendência à ênfase. O corte abre abruptamente para uma dúvida,
uma questão, uma falta: o momento em que se pensa em outra
coisa, ou na mesma coisa, mas de outro modo; fragmentar, assim,
é permitir uma mobilidade, uma escolha entre várias disposições.
Romper a continuidade do ato de escrever com a ação de pintar, por
exemplo, é impor uma quebra, para respirar, aerar o pensamento e
retornar a ele de outro modo. Ao falar de sua pintura, dizia Barthes
(2003, p. 109): “tenho o gosto [...] do pormenor, do fragmento,
do rush”). Sobre o que escrevia: “a pertinência [...] vem apenas
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O que existe para mim: fichas, cores, fragmentos
2
“Porque eu quis dar um monograma que emblematizasse toda a novela de Balzac, sendo
S a inicial do escultor Sarrasine, Z a inicial de Zambinella, o travesti, o castrado. [...]
de um ponto de vista muito balzaqueano, um pouco esotérico, deve-se ter em conta os
malefícios da letra Z, que é a letra do desvio, a letra desviada” (BARTHES, 1995, p.
121).
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O que existe para mim: fichas, cores, fragmentos
Referências
ALPHANT, Marianne; LÉGER, Nathalie (Dir.). R/B: Roland
Barthes. Catalogue de l´exposition R/B. Paris: Seuil, 2002.
BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
______. Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
______. O óbvio e o obtuso: ensaios críticos III. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1990.
______. O grão da voz. Rio de Janeiro: F. Alves, 1995.
______. Roland Barthes por Roland Barthes. São Paulo: Estação
Liberdade, 2003.
CALVET, Louis-Jean. Roland Barthes: uma biografia. São Paulo:
Siciliano, 1993.
FLOCH, Jean-Marie. L´écriture et le dessin de Roland Barthes. In:
FLOCH, J.-M. Petites mythologies de l´oeil et de l´esprit: pour une
sémiotique plastique. Paris: Hadès ; Amsterdam: Benjamins, 1985.
DE LA FORTERIE, Maud. Roland Barthes: fragments savoureux.
Art Actuel, Paris, p.30-31, janv./févr. 2003.
GUÉGAN, Stéphane. Roland Barthes: mystique mytologue. Beaux
Arts, Paris, p. 35, févr. 2003.
SCHEFER, Jean Louis. Le bloc de crystal. In: ALPHANT, Ma-
rianne; LÉGER, Nathalie (Dir.). R/B: Roland Barthes. Catalogue
de l´exposition R/B. Paris: Seuil, 2002.
THOMAS, Chantal. L´orée de l´écriture. In: ALPHANT, Marian-
ne; LÉGER, Nathalie (Dir.). R/B: Roland Barthes. Catalogue de
l´exposition R/B. Paris: Seuil, 2002. p. 78-80.
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Lembro uma vez mais (porque criaram um caso a esse respeito) que é
nesse sentido que se pode falar de um fascismo da língua: a língua faz de
suas falhas nossa Lei, ela nos submete abusivamente às suas falhas [...] a
língua é lei e dura lex. Ora, o sed lex, o discurso (a literatura) o “revira”,
o desvia: é o suplemento, como ato de suplência: ’‡literatura = liberdade
(BARTHES, 2002b, p. 237-238).
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A prática da aula nos cursos do Collège de France
de um café (frango com purê, 16,50 francos – rins com creme de leite,
16,10 francos), um padre baixinho com batina subindo a rue de Médicis,
etc., tive a intuição viva [...] de que descer até o infinitamente fútil permitia
reconhecer a sensação da vida (BARTHES, 2002b, p. 79).
Referências
BARTHES, Roland. Aula. Trad. Leyla Perrone- Moisés. São Paulo:
Cultrix, 1980.
______. Au séminaire. ______. Le bruissement de la langue.
Paris: Seuil, 1984a.
______. Comment vivre ensemble. Paris: Seuil; IMEC, 2002a.
______. Como viver junto. São Paulo: Martins Fontes, 2003a.
______. Écrivains, intellectuels, professeurs. In: ______. Le
bruissement de la langue. Paris: Seuil, 1984b.
______. Leçon. Paris: Seuil, 1978.
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Colaboradores deste livro
Antoine Compagnon. É professor de literatura francesa na Sor-
bonne (Paris IV) e em Columbia University (NewYork). Suas
principais obras publicadas são La Seconde Main ou le travail de
la citation, Paris, Éd. du Seuil, 1979, rééd., 1987, 1992, 1998. Trad.
portuguesa (Belo Horizonte, Editora da Universidade Federal de
Minas Gerais, 1996) ; Nous, Michel de Montaigne, Paris, Éd. du
Seuil, 1980, rééd., 1992; La Troisième République des lettres, de
Flaubert à Proust, Paris, Éd. du Seuil, 1983, rééd., 1992; Proust
entre deux siècles, Paris, Éd. du Seuil, 1989; Les Cinq Paradoxes
de la modernité, Paris, Éd. du Seuil, 1990, rééd., 1997. Trad portu-
guesa (Belo Horizonte, Editora da Universidade Federal de Minas
Gerais, 1996); Chat en poche. Montaigne et l’allégorie, Paris, Éd.
du Seuil, coll. «La Librairie du XXe siècle», 1993; Connaissez-
-vous Brunetière? Enquête sur un antidreyfusard et ses amis, Paris,
Éd. du Seuil, coll. «LUnivers historique»,1997; Le Démon de la
théorie. Littérature et sens commun, Paris, Éd. du Seuil, coll. «La
couleur des idées», 1998, 2000. Trad. portuguesa (Belo Horizonte,
Editora da Universidade Federal de Minas Gerais, 1999). Além
das traduções para o português seus livros podem ser lidos em
muitas outras límguas, tais como inglês, espanhol, italiano, grego
etc. É autor, também, de inúmeros artigos em revistas acadêmicas.
Publicou recentemente Les antimodernes, de Joseph de Maistre à
Roland Barthes, Paris, Gallimard, 2005.
Evando Nascimento. É doutor pela UFRJ, com estágios na École
des Hautes Études en Sciences e na Sorbonne, sob orientação de
Jacques Derrida e de Sarah Kofman respectivamente. Em 2001, foi
publicada pela EdUFF a segunda edição de seu livro-tese Derrida
e a literatura. Publicou diversos outros livros, dentre os quais
Ângulos: literatura e outras artes (EdUFJF/Argos) e Literatura e
filosofia: diálogos (Org., EdUFJF e Imprensa Oficial do Estado de
São Paulo), bem como Jacques Derrida: pensar a desconstrução,
editada pela Estação Liberdade, com os textos do evento interna-
cional homônimo organizado em 2004. É pesquisador do CNPq
e professor adjunto de teoria da literatura na UFJF.
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