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Resumo
Em 2015 foi criada a Agenda 2030 com o objetivo de mitigar os impactos ambientais no planeta. O objetivo 15
tem como um dos temas a conservação dos solos e a redução da degradação por processos erosivos. Nesse
contexto, este trabalho busca identificar, analisar e quantificar as áreas afetadas por erosões hídricas do tipo
linear na Bacia Hidrográfica do Rio Pardo e relacionar esses processos com o tipo de uso da terra onde são
encontrados e a pedologia do local. Com a utilização do Software SPRING foi realizado a produção do mapa de
uso e cobertura da terra e com o Software QGis 3.10, foi realizado o cruzamento dos dados de pontos de erosão
linear, classe de uso e cobertura da terra e composição pedológica. Verificou-se que as áreas de cultivo
temporário e o manejo de pastagem concentram mais da metade dos 250 pontos identificados. O manejo de
pastagem representa uma maior preocupação devido a alta concentração de processos erosivos, evidenciando a
imediata necessidade de implantação de manejos que garantam a produção econômica associada a proteção e
conservação do sistema solo.
1. Introdução
Em 2015 foi firmado um compromisso entre os países que compõem a Organização das
Nações Unidas (ONU), no qual, assumiram as responsabilidades em atender os objetivos da
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Neste documento são descritos 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas a serem alcançadas até 2030
(ONU, 2015). O ODS número 15 assume a responsabilidade em combater a degradação do
solo e promover a recuperação de áreas já degradadas.
Segundo o relatório das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO / ONU),
realizado no ano de 2018, 33% de todo o solo do planeta apresenta-se degradado.
A classificação do solo, o uso e a cobertura da terra, a declividade do terreno e o clima,
são fatores relacionados aos processos erosivos e de degradação dos solos. Porém comumente
o processo erosivo se inicia por fatores antrópicos (GUERRA, 2014).
O processo erosivo hídrico caracteriza-se pelo transporte de material desagregado do
solo, ocasionado pelo escoamento superficial difuso, o qual pode concentrar-se nas
irregularidades do terreno e gerar processos de erosão acelerada de forma linear. A erosão
linear pode apresentar-se de três formas distintas a depender do quão avançado estejam tais
processos.
Inicia-se com o surgimento de pequenos sulcos, os quais podem, sob a ação do
escoamento d’água, evoluir para uma ravina e posteriormente boçorocas, estado mais
avançado do processo erosivo, no qual pode atingir vários metros e expor o aquífero livre
(LEPSCH, 2010), trazendo prejuízos econômicos, para recuperação da área, prejuízos
ambientais, com o assoreamento de corpos d’água e redução da qualidade da água, e prejuízos
sociais, quando ameaça uma área habitada.
Nesse contexto, este trabalho buscou-se identificar, analisar e quantificar as áreas
afetadas por erosões hídricas do tipo linear na Bacia Hidrográfica do Rio Pardo (BHRP)/SP e
relacionar esses processos com o tipo de uso da terra onde são encontrados e a pedologia do
local.
2. Área de Estudo
A Bacia Hidrográfica do Rio Pardo possui aproximadamente 4.988,663km² e está
inserida na UGRHI-17 (Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos - 17), também
conhecida como Bacia Hidrográfica do Médio Paranapanema (Figura 1).
4. Resultados
Foram identificadas 250 incidências de erosão linear na área de estudo. Dentre todos os
pontos identificados apenas 20 pontos foram classificados como ravinas, as quais podem
atingir alguns metros de profundidade no solo e sua extensão em comprimento pode superar
dezenas de metros (IPT, 2012).
Um dado preocupante diz respeito aos 230 processos erosivos que se encontram em
estado de voçorocas, ou seja, trata-se de processos erosivos bastante intensos podendo atingir
dezenas de metros de profundidade e largura, e centenas de metros de extensão em seu
comprimento (PICHLER, 1953). As voçorocas atingem o nível das águas subsuperficiais do
terreno o que resulta em acentuado aceleramento do processo erosivo. Os danos causados
pelas voçorocas vão desde a perda de solo agrícola, destruição de equipamentos urbanos,
como estradas, prédios e infraestrutura hidráulica, causam assoreamento dos corpos d’água,
além de outras perdas ambientais.
Foi identificado que a BHRP possui 372.851 ha com a presença de latossolos, o que
corresponde a 75% de toda a área (Figura 2). A classe Latossolo apresenta a maior quantidade
de processos erosivos, com 120 pontos de erosão, seguido pelas regiões com Argissolo que
apresentam 85 pontos, Nitossolos 27, Gleissolos 2, Neossolos apenas 1 ponto de erosão. Há
também regiões nas quais os solos não foram classificados, que correspondem a 15 pontos e
encontram-se todos inseridos nas áreas urbanizadas (Tabela 1).
Figura 2 - Mapa pedológico da BHRP
Já no mapa de uso e cobertura da terra (Figura 3) é possível identificar o predomínio das
áreas ocupadas pela classe de cultivo temporário, as quais estão associadas com o cultivo de
plantas perenes como a cana de açúcar, que abastece as usinas sucroalcooleiras da região.
Tabela 1 - Relação de pontos de erosão com dados de uso e cobertura da terra, e pedologia.
5. Conclusão
As áreas destinadas à pastagem são as mais afetadas por processos erosivos lineares,
apresentando três vezes mais processos erosivos por hectare do que as áreas de cultivo
temporário.
Relação semelhante pode ser observada quanto à pedologia da bacia. Embora os números
absolutos indiquem maior quantidade de processos erosivos em solos da ordem latossolos,
em termos proporcionais, a classe de solo mais afetada por esses processos é da ordem dos
argissolos, os quais apresentam um ponto de erosão para cada 991 hectares de área, enquanto
os latossolos, com um ponto de erosão para cada 3107 hectares, apresentam-se
proporcionalmente menos afetados por tais processos.
Conclui-se que as áreas de pastagem e de cultivo temporário necessitam de maior atenção
e aplicação de manejos mais conservacionistas em busca de mitigar a degradação ambiental,
bem como garantir a produtividade em longo prazo dessas áreas de grande interesse
econômico.
6. Referências
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