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Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar como a ex-presidente Dilma Rousseff
foi representada em seis capas da revista Veja dos anos de 2014, 2015 e 2016, observando o
contexto histórico-político do Brasil na época. Esse objetivo geral originou as seguintes
questões de pesquisa: (1) Como essa representação se materializou através das escolhas
verbais e visuais de elaboração dessas capas? (2) A Veja representou de forma diferente ou
semelhante, verbal e visualmente, a imagem da ex-presidente? (3) Como essas representações
foram impactadas pelos três períodos específicos? Essa análise se fundamenta na Gramática
Sistêmico-Funcional (GSF) e na Gramática do Design Visual (GDV). Adicionalmente,
utiliza-se também as contribuições de DeSouza (2015), com base em Fairclough (2001), sobre
o conceito de ideologia. A análise verbal foi desenvolvida de acordo com a metafunção
ideacional-experiencial, realizada pelo sistema de transitividade com base em Halliday e
Matthiessen (2014). No que se refere à análise visual, foi considerado o aparato teórico-
metodológico de análise de imagens proposto por Kress e van Leeuwen (2006). Ademais, os
resultados dessas análises são discutidos com base no conceito multiestratal de ideologia
proposto em DeSouza (2015). De forma geral, os resultados da análise dos significados
verbais e visuais apontam para uma representação negativa da imagem da ex-presidente
Dilma Rousseff, mas construídas de maneiras diferentes nos três períodos. Além disso, a
análise dos sentidos construídos na relação entre verbal e visual revelou que as escolhas não
são arbitrárias, e sim motivadas por interesses ideológicos próprios da revista.
1
Graduanda do curso de Licenciatura em Letras do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará (IFCE – Campus Crateús). Brasil. alineprr23@gmail.com
2
Possui doutorado em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente, atua como Professor no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE – Campus Crateús). Brasil.
vilmardesouza@unilab.edu.br
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1 INTRODUÇÃO
O Brasil, nos últimos anos, tem vivido uma complexa situação em sua conjuntura
política e econômica. Além dos recorrentes casos de corrupção e da crise econômica, o país
encarou, recentemente, o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O processo de
impeachment de Dilma Rousseff procedeu devido à denúncia por crime de responsabilidade e
às inúmeras manifestações populares ocorridas em 2013 e em 2015 contra o governo vigente,
resultando na cassação do mandato de Dilma em 2016. Com isso, tivemos, no Brasil, o
segundo caso de um Presidente da República que sofreu impeachment.
Nesse contexto, a mídia, enquanto instância social, exerce o importante papel de
informar o povo sobre os problemas que circulam na sociedade. Além disso, como é sabido,
os meios de comunicação de massa se tornaram a principal forma de disseminação de
informações e dos acontecimentos, uma vez que através deles os grandes eventos se tornam
públicos.
Assim, considerando que os textos circulados pelos grandes veículos de notícias são
socialmente situados, Van Dijk (2008) destaca que esses textos são determinados pelo
contexto específico dos participantes (jornalistas, repórteres, editores, etc.), bem como pelos
seus objetivos, conhecimentos e ideologias. Isso significa dizer que as informações veiculadas
não são imparciais.
A partir dessas considerações, o objetivo deste trabalho é analisar como a ex-
presidente Dilma Rousseff foi representada em seis capas da revista Veja dos anos de 2014,
2015 e 2016, observando o contexto histórico-político do Brasil na época. Esse objetivo geral
originou as seguintes questões de pesquisa: (1) Como essa representação se materializou
através das escolhas verbais e visuais de elaboração dessas capas? (2) A Veja representou de
forma diferente ou semelhante, verbal e visualmente, a imagem da ex-presidente? (3) Como
essas representações foram impactadas pelos três períodos específicos? Essa análise se
fundamenta na Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) e na Gramática do Design Visual
(GDV). Adicionalmente, utiliza-se também as contribuições de DeSouza (2015), com base em
Fairclough (2001), sobre o conceito de ideologia.
A metodologia do trabalho baseia-se na análise dos significados verbais e visuais das
capas da revista Veja. A análise verbal foi desenvolvida de acordo com a metafunção
ideacional-experiencial, realizada pelo sistema de transitividade proposto por Halliday e
Matthiessen (2014). No que se refere à análise visual, foi considerado o aparato teórico-
metodológico de análise de imagens proposto por Kress e van Leeuwen (2006). Ademais, os
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resultados dessas análises são discutidos com base no conceito multiestratal de ideologia
proposto em DeSouza (2015).
Para tanto, este artigo subdivide-se em cinco seções além da parte introdutória. Nas
seções 2 e 3, apresentamos os pressupostos teóricos que embasam esta pesquisa, a saber, a
Gramática Sistêmico-funcional e a Gramática do Design Visual, contextualizando ambas as
teorias e enfatizando os aspectos concernentes ao propósito da pesquisa. Adicionalmente,
exploramos o conceito multiestratal de ideologia proposto por DeSouza (2015). A seguir, na
seção 4, explicitamos a metodologia empreendida e o corpus a ser analisado. Na seção
seguinte, apresentamos a análise verbal, considerando o Sistema de transitividade. Em
seguida, esboçamos a análise das capas no âmbito visual, seguindo a proposta teórico-
metodológica de Kress e van Leeuwen (2006). Feito isso, discutimos os achados dessas
análises à luz do conceito multiestratal de ideologia, conforme DeSouza (2015). Por fim, na
última seção, fazemos breves considerações acerca desta pesquisa.
Fonte: Adaptada de Halliday e Matthiessen (2004, p. 25) por DeSouza (2011a, p. 50)
O termo ‘texto’ refere-se a qualquer instância de língua, em qualquer meio, que faça
sentido para alguém que conheça a língua; podemos caracterizar o texto como o
funcionamento da língua em contexto (...). A língua é, em primeira instância, um
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recurso para fazer sentido; então o texto é um processo de fazer sentido em contexto.
(HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, p. 3, tradução nossa 3)
O texto como entidade que materializa a língua pode ser inserido em dois contextos, a
saber, o contexto de cultura – o contexto geral que permite adaptar os significados para atingir
os propósitos do falante e o contexto de situação - que determina as escolhas linguísticas
realizadas a partir das variáveis: campo, relações e modo, que por sua vez são realizadas pelas
metafunções ideacional, interpessoal e textual, todas inerentes ao estrato semântico. A esse
respeito, Praxedes Filho (2014, p. 17) afirma que:
Desse modo, neste viés, a organização dos estratos linguísticos se configura pelas
relações de realização/ativação e realização/construção, em que os estratos que estão em cima
são ativos ou realizados pelos os que estão abaixo, e os estratos que estão abaixo constroem
ou realizam os que estão acima. O quadro abaixo elucida essa organização:
3
The term ‘text’ refers to any instance of language, in any medium, that makes sense to someone who knows the
language; we can characterize text as language functioning in context (...). Language is, in the first instance, a
resource for making meaning; so text is a process of making meaning in context.
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4
No texto-fonte: Field, tenor and mode are thus sets of related variables, with ranges of contrasting values.
Together they define a multi-dimensional semiotic space – the environment of meanings in which language,
other semiotic systems and social systems operate. The combinations of field, tenor and mode values determine
different uses of language – the different meanings that are at risk in a given type of situation.
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função ideacional envolve dois componentes, o experiencial – realizado pelas escolhas dentro
do sistema léxico-gramatical de transitividade e o lógico – realizado pelos sistemas das
relações tácticas e lógico-semânticas, os quais determinam as relações entre orações em
complexo oracionais (HALLIDAY; MATHIESSEN, 2014). Daqui em diante enfatizamos o
componente experiencial, pois ele fornece o embasamento necessário para atingir o objetivo
da presente pesquisa.
Sob a perspectiva experiencial, a experiência humana consiste em um fluxo de eventos
realizados léxico-gramaticalmente através de processos. Os processos (realizados por grupos
verbais) implicam a existência de participantes (pessoas ou coisas envolvidas no processo) e
de circunstâncias de modo, tempo, causa ou lugar em que o processo se desenrola (ibid.).
Halliday identifica três tipos principais de processos: materiais, mentais e relacionais e
nos limites entre os três principais, três secundários: verbais, comportamentais e existenciais.
Cada processo representa um tipo de experiência humana e os participantes são classificados
de acordo com os diferentes processos como sintetizado no quadro a seguir:
interação social (2006, p.2), logo, as composições visuais também se articulam para produzir
significados ideacionais, interpessoais e textuais.
Nesse viés, os autores adaptam as metafunções de Halliday para falar de significados
representacionais, interativos e composicionais, categorias usadas para analisar imagens,
como explicitado no quadro comparativo abaixo:
representados em uma composição visual (ALMEIDA, 2006). Kress e van Leeuwen (2006,
p.42) definem como “a capacidade dos sistemas semióticos para representar objetos e suas
relações em um mundo fora do sistema representacional ou em sistemas semióticos de uma
cultura”, e esses ‘objetos’ podem ser identificados como Participantes”.
De acordo com os autores, em cada ato semiótico há dois tipos de participantes
envolvidos, são eles: os participantes representados, aqueles “sobre quem ou que falamos ou
escrevemos ou produzimos imagens” e os participantes interativos, os “que falam ou escutam
ou escrevem ou leem, fazem imagens ou as veem” (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p. 48).
Os significados representacionais podem ser realizados por duas estruturas básicas: as
narrativas e as conceituais.
As estruturas narrativas descrevem os participantes fazendo algo ou realizando uma
ação. Elas são caracterizadas pela presença de um vetor que conecta os participantes. Os
vetores são as linhas de ação, que indicam os movimentos realizados pelos participantes,
representados por setas ou linhas (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006):
A B
Quando o vetor é formado por uma linha de olhar, pela direção fixa do olhar de um ou
mais participantes, o processo é chamado reacional. Nesse tipo de processo, os participantes
são: o Reator5 “participante que faz a ação de ver, e deve ser necessariamente humano, ou um
animal considerado quase humano” (ibid., p. 67), e o Fenômeno, participante para quem o
Reator olha. Assim como as ações, as reações podem ser Transacionais quando apresentam
Reator e Fenômeno ou Não-transacionais quando há apenas um participante, o Reator:
Fonte: Veja (Ed. 2407, 02/01/2015) Fonte: Veja (Ed. 2455, 09/12/2015)
5
Tradução adotada por Araújo (2015).
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Exemplos utilizados nesta seção foram retirados do acervo digital da revista Veja disponível em:
<http://acervo.veja.abril.com.br>
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Além dos recursos para representar pessoas, lugares e coisas nas imagens, a
comunicação visual também dispõe de recursos para construir uma interação entre o produtor
e o visualizador da imagem ou entre quem vê e o que é visto. Em outros termos, como já
mencionado, um ato semiótico envolve dois tipos de participantes, os participantes
representados (as pessoas, lugares e coisas retratadas nas imagens) e os participantes
7
Na fonte: Where conceptual patterns represent participants in terms of their class, structure or meaning, in
other words, in terms of their generalized and more or less stable and timeless essence [...].
8
[...] at least one set of participants will play the role of Subordinates with respect to at least one other
participant, the Superordinate.
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interativos (os produtores e espectadores das imagens). Assim sendo, esses participantes
estabelecem relações particulares entre si, observadas através de algumas dimensões
propostas por Kress e van Leeuwen (2006):
a) Contato (ou olhar): consiste no tamanho da interação entre participante
representado e participante interativo, podendo ser de demanda ou oferta. Almeida (2006, p.
104) explica que, por exemplo, quando o participante representado em uma proposição
imagética é apresentado olhando diretamente para os olhos do espectador, ele produz um tipo
de relação de demanda, como é possível observar na figura 10, capa da edição 2382, de 16 de
julho de 2014. De antemão, quando o participante representado é retratado sem olhar nos
olhos do espectador, tornando-se apenas um objeto para contemplação, temos uma imagem
dita de oferta, conforme retratado na figura 11, capa da edição 2399, de 12 de novembro de
2014.
Figura 10 – Contato de demanda Figura 11 – Contato de oferta
Fonte: Veja (Ed. 2382, 14/07/2014) Fonte: Veja (Ed. 2399, 12/09/2014)
No que diz respeito às atitudes objetivas, Kress e van Leeuwen (2006, p.143 apud
Fernandes, 2011, p. 31) ressaltam que atitudes objetivas são utilizadas na representação de
diagramas, mapas e tabelas, podendo ser retratadas com um ângulo frontal ou com um ângulo
de cima para baixo, com o objetivo de neutralizar distorções relativas à perspectiva.
Vale ressaltar que o nível interacional possui outras categorias de análise, como a
modalidade, que se refere à confiabilidade das mensagens. No entanto, optamos por explorar
com mais veemência as três categorias acima descritas, pois, considerando a natureza do
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corpus escolhido e os propósitos deste trabalho, elas fornecem uma melhor descrição da
relação entre os elementos das imagens e o observador/leitor, sobretudo, no que concerne aos
objetivos da revista ao fazer tais escolhas simbólicas.
Dito isto, depois de descrever os significados interativos mais relevantes para esta
pesquisa, buscamos na subseção 2.2.3 descrever os elementos concernentes aos significados
composicionais das imagens.
Fonte: Veja (Ed. 2397, 29/10/2014) Fonte: Veja (Ed. 2409, 21/01/2015)
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Segundo Kress e van Leeuwen (2006, p. 201), a composição de uma imagem também
envolve os diferentes graus de relevância dos elementos. A saliência sugere a importância
entre os elementos, elegendo alguns como mais relevantes. Essa relevância resulta da relação
entre alguns fatores como: tamanho, contraste de cores, nitidez, perspectiva (elementos em
primeiro plano ou que se sobrepõem são mais salientes), entre outros. Em suma, os
componentes que chamam mais atenção na imagem criando uma hierarquia no grau de
importância são ditos mais salientes.
A terceira categoria da composição é o enquadramento. O enquadramento marca o
nível de conexão ou desconexão entre os participantes ou grupos de participantes. Em
imagens que apresentam retratos de grupos, por exemplo, quanto mais forte o enquadramento
de um participante em relação aos outros, maior é sua desconexão. Enquanto a ausência de
enquadramento enfatiza a identidade do grupo (ibid., 2006, p. 203).
Como mencionado anteriormente, este trabalho tem como objetivo analisar as
representações da ex-presidente Dilma Rousseff em seis capas da Revista Veja, considerando
os diferentes contextos sócio-políticos do Brasil. Sendo assim, explicitados os aparatos
teóricos que embasam a análise verbal e a análise visual das capas, partimos agora aos pontos
referentes ao conceito de ideologia (DESOUZA, 2015), que serve de base para o exame dos
aspectos contextuais.
3 O CONCEITO DE IDEOLOGIA
Kress e van Leeuwen (2006) destacam que as imagens não reproduzem simplesmente
as estruturas da realidade. Ao contrário, elas estão ligadas aos interesses das instituições
sociais onde são produzidas, circuladas e lidas, e eles são ideológicos. Dito isso, nesse
trabalho, partimos da tentativa de sistematização do conceito de ideologia proposto por
DeSouza (2015) para estabelecermos a relação entre os potenciais significados verbais e
visuais acionados na composição das capas da revista e a posição político-ideológica
empreendida.
O conceito de ideologia é bastante complexo. A complexidade se dá pelas diferentes
visões que o termo adquiriu ao longo da história. A primeira concepção foi introduzida pelo
filósofo francês Destutt de Tracy que atribuía uma conotação positiva ao termo. Todavia, mais
tarde, especialmente em abordagens marxistas, o conceito ganhou uma conotação negativa,
relacionando-se com a ideia de Marx e Engels sobre a luta de classes.
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Para explicar a proposta gráfica construída, DeSouza (2015) apresenta como as seis
dimensões que materializam o conceito de ideologia contribuíram para análise das relações de
poder no discurso político do Padre Cícero em DeSouza (2011a). Assim, de acordo com o
autor, a dimensão antropológica serviu para a melhor compreensão da história de Juazeiro do
Norte. Focalizando a dimensão política, por sua vez, permitiu-o entender o contexto político
da região e os atores sociais mais relevantes. As outras dimensões colaboraram,
20
respectivamente, para o entendimento dos aspectos sociais e religiosos. E por fim, a dimensão
semiótico-discursiva serviu para indagar sobre como o conteúdo ideológico foi instanciado
nos textos. Nesta pesquisa, esse conceito nos permite situar os dados analisados como
ideológicos em relação aos seus contextos sócio-históricos específicos.
Dadas todas as considerações teóricas realizadas, na próxima seção explicitamos os
procedimentos metodológicos empreendidos para o exame das capas.
4 METODOLOGIA
Conforme observado por Kress e van Leeuwen (2006), podemos expressar o mesmo
significado no texto ou na imagem, entretanto, ele será realizado de forma diferente. Deste
modo, neste trabalho, optamos por fazer análises separadas dos dois modos semióticos. Por
conseguinte, nas análises das capas, o primeiro passo foi a descrição e separação das
informações verbais em orações9, feito isso, aplicamos o instrumental de análise do Sistema
de Transitividade com base em Halliday e Matthiessen (2014), observando-se os padrões das
escolhas de transitividade na construção dos significados ideacionais.
9
Textos presentes nos anexos deste artigo.
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Em seguida, deu-se início à análise visual das capas a partir de algumas categorias
elaboradas por Kress e van Leeuwen (2006) em Reading Images: the grammar of visual
design. Sendo assim, investigamos as estruturas representacionais utilizadas, o caráter
interacional entre os participantes representados e o espectador/leitor e, ao final, analisamos
aspectos relacionadas à disposição dos elementos na composição imagética. É importante
frisar que as duas análises seguem exatamente a ordem cronológica em que as capas foram
publicadas.
Por fim, para discutir os resultados da análise, utilizamos o conceito multiestratal de
DeSouza (2015), que possibilita a compreensão dos aspectos contextuais envolvidos na
elaboração das capas.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
10
A classificação completa dos processos está reproduzida em anexo.
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Além disso, pode-se observar também que as Metas são, em sua maioria, de teor
negativo. Supondo-se assim, a ineficiência do governo Dilma, uma vez que esse não ‘fez’
nada positivo para o Brasil. Na edição de 2015, por exemplo, a revista traz uma série de
‘ações negativas’ atribuídas à presidente:
histórica do Brasil de fazer uma limpeza na vida pública ao impeachment de Dilma Rousseff e
a queda de Cunha, e o primeiro revés de Temer à derrocada de Cunha, a revista demonstra
uma visão particular do cenário político do Brasil. Isso acontece porque segundo Charaudeau
(2006), as mídias impõem suas escolhas dos acontecimentos, manipulando assim os fatos a
partir de seus próprios interesses e de suas posições ideológicas.
Percebemos com a análise destes processos relacionais a atribuição de uma mudança
na política brasileira ao afastamento de políticos específicos. Ao passo que a representação
feita pelo processo material ‘Fazer’ atraía Metas negativas realizadas também por um político
especifico, no caso, a então presidente Dilma Rousseff. De forma geral, a revista constrói
uma imagem negativa da ex-presidente Dilma Rousseff, seja pelo fato da sua saída trazer
benefícios para o Brasil, ou quando ainda estava no cargo e com suas ações trouxe problemas
para os diferentes setores do país.
É importante frisar que devido à pouca ocorrência dos demais processos, e como nosso
objetivo foi analisar os padrões de escolhas de processos, não consideramos pertinentes trazê-
los para análise realizada nesta seção.
Nesta seção, analisamos a composição visual das seis capas da Veja. Para a melhor
compreensão das representações da ex-presidente Dilma Rousseff, analisamos as capas em
ordem cronológica, sendo as duas primeiras capas do ano de 2014, a terceira e a quarta de
2015 e a quinta e a sexta do ano de 2016.
a) A campanha presidencial em 2014
Figura 14 – Capa 1 (2014)
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11
[...] an action taking place between two parties.
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Fonte:https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/09/03/lula-inflado-percorre-2500-km-
em-protestos-e-criador-diz-ganhou-vida.htm.
No Brasil, o suposto combate à corrupção sempre foi essa muleta usada de modo
manipulador e falso. Como no caso recente do golpe de abril de 2016, desde que se
elimine o inimigo político tudo voltará a ser como antes, sem qualquer debate real e
sem nenhuma mudança estrutural.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, convém ressaltar que nenhuma análise é imparcial, as análises aqui esboçadas
são fruto de interpretações particulares, baseadas em linhas teóricas e a partir da observação
dos diferentes contextos que rodeiam os potenciais significados inferidos na análise das capas.
Abstract: This article aims at analyzing how the ex-President Dilma Rousseff was
represented in six covers of Veja magazine along the years 2014, 2015 and 2016, taking into
consideration the historical-political context of Brazil at the time. This general objective gave
rise the following research questions: (1) How this representation materialized through the
verbal and visual choices made during the elaboration of these covers; (2) Did Veja represent,
in a different or similar way, verbally and visually, the image of the ex-president; (3) How
were these representations impacted by the three specific periods. This analysis is based on
Systemic-Functional Grammar (SFG) and Grammar of Visual Design Grammar (GVD). In
addition, the contributions of DeSouza (2015), based on Fairclough (2001), on the concept of
ideology are also used. The verbal analysis was developed according to the ideational-
experiential metafunction, realized by the system of transitivity based on Halliday and
Matthiessen (2014). Regarding the visual analysis, it was considered the theoretical-
methodological apparatus of image analysis proposed by Kress and van Leeuwen (2006). In
addition, the results of these analyzes are discussed based on the multi-stractal concept of
ideology proposed in DeSouza (2015). In general, the results of the analysis of verbal and
visual meanings point to a negative representation of the image of the ex-President Dilma
Rousseff, but construed differently in the three periods. Moreover, the analysis of the senses
construed in the relationship between the verbal and visual texts revealed that the choices are
not arbitrary, but motivated by the ideological interests of the magazine.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Danielle Barbosa Lins de. Icons of contemporary childhood: a visual and
lexicogrammatical investigation of toy advertisements. 2006. 228 p. Tese (Doutorado em
Letras) – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, 2006.
KRESS, Gunther; VAN LEEUWEN, Theo. Reading Images: The Grammar of Visual
Design. London: Routledge, 2006.
SOUZA, J. A radiografia do golpe: entenda como e por que você foi enganado. Rio de
Janeiro: LeYa, 2016.
VAN DIJK, Teun A. News, Discourse and Ideology. In: HANITZSCH, T. ; WAHL-
JORGENSEN, K. (eds.). Handbook of Journalism Studies. (pp. 191-204). Hillsdale, NJ:
Erlbaum, 2008.
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ANEXOS
ANEXO A- ANÁLISE DE TRANSITIVIDADE NAS CAPAS DE 2014