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Máximos e mı́nimos

Objetivos:

• Definir pontos extremos (máximos e mı́nimos relativos e absolutos);

• Entender a relação entre pontos extremos e pontos crı́ticos;

• Entender o Teorema de Rolle e o Teorema do Valor Médio.

1 Máximos e mı́nimos
A Figura 1 nos mostra o gráfico de uma função y = f (x), onde assinalamos pontos
de abscissas p2 , p3 , p4 , p5 . Esses pontos são chamados extremos da função f .
Os valores f (p3 ) e f (p5 ) são chamados de máximos relativos e f (p2 ) e f (p4 ) são
chamados mı́nimos relativos. Podemos formalizar da seguinte maneira.

Definição 1.1 Uma função f tem um máximo relativo em c, se existir um intervalo


aberto I, contendo c, tal que f (c) ≥ f (x) para todo x ∈ I ∩ D(f ).

Definição 1.2 Uma função f tem um mı́nimo relativo em c, se existir um intervalo


aberto I, contendo c, tal que f (c) ≤ f (x) para todo x ∈ I ∩ D(f ).

Agora vamos ver alguns exemplos.

Figura 1: Fonte: Livro [2].

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Figura 2: Fonte: do autor.

Exemplo 1.1 A função f (x) = x4 − 2x2 tem um máximo relativo em c1 = 0, pois


existe um intervalo aberto contendo c1 , por exemplo I = (−1, 1), onde

f (0) ≥ f (x) ∀ x ∈ I.

Observe na Figura 2, que f (0) é o maior valor que f assume no intervalo (−1, 1).
Note que não podemos (e nem precisamos) aumentar esse intervalo para ser
(−3, 3), pois 2 ∈ (−3, 3) e f (2) = 24 − 2 · 22 = 8, que significa f (0) < f (2).

Exemplo 1.2 Ainda considerando a função f (x) = x4 − 2x2 , observe que f tem
um mı́nimo relativo em c2 = −1, pois existe um intervalo aberto contendo c2 , por
exemplo I = (−3, 0), onde

f (−1) ≤ f (x) ∀ x ∈ I.

Observação 1.1 Perceba que, nas definições acima, podemos substituir a condição

existe um intervalo aberto I contendo c tal que f (c) ≥ f (x) ∀ x ∈ I.

pela condição

existe δ > 0 tal que f (c) ≥ f (x) ∀ x ∈ (c − δ, c + δ).

Observação 1.2 Além disso, destacamos que:

• Quando existe c ∈ D(f ) tal que f (c) ≥ f (x) ∀ x ∈ D(f ), dizemos que c é
máximo absoluto de f .

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• Quando existe c ∈ D(f ) tal que f (c) ≤ f (x) ∀ x ∈ D(f ), dizemos que c é
mı́nimo absoluto de f .

Em alguns textos, há também o uso dos termos local e global, respectivamente,
em lugar de relativo e absoluto.

Observe Figura 2, que a função f (x) = x4 − 2x2 possui dois mı́nimos relativos
(que são absolutos também) e um máximo relativo (que não é absoluto).

Exercı́cio 1.1 Examinando as funções f (x) = cos(x) e g(x) = ex , é possı́vel iden-


tificar máximos e mı́nimos dessas funções? Justifique sua resposta.

A tarefa de identificar pontos extremos pode ser facilitada através do seguinte


resultado.

Proposição 1.1 Considere uma função definida no intervalo (a, b) e com um ex-
tremo relativo c ∈ (a, b). Se f 0 (c) existe, então f 0 (c) = 0.

Exercı́cio 1.2 Demonstre a Proposição 1.1.

Exercı́cio 1.3 Verifique a validade da Proposição 1.1 nos pontos identificados no


Exercı́cio 1.1.

Observação 1.3 Do ponto de vista geométrico, a Proposição 1.1, nos diz que nos
pontos extremos que estão no interior do domı́nio, a reta tangente é horizontal
(claro no caso em que f é derivável nesses pontos).
Por outro lado, veja que podemos ter extremos em pontos onde a função não é
derivável. Veja por exemplo, que se f (x) = |x|, então c = 0 é um mı́nimo absoluto,
mas não podemos verificar a validade da Proposição 1.1, pois f não é derivável
em x = 0.

Definição 1.3 Os pontos c ∈ D(f ) para os quais f 0 (c) = 0 ou não existe f 0 (c) são
denominados pontos crı́ticos de f .

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Exercı́cio 1.4 Use o Geogebra para esboçar gráficos de funções que tenham ex-
tremos em pontos onde a derivada não exista (2 exemplos).

Para funções definidas em intervalos, podemos ter muitas situações diferentes


quanto à existência de valores extremos. Vejamos algumas possibilidades.

(a) f : [1, 6), f (x) = 2x.


f (1) ≤ f (x) ∀x ∈ [1, 6),

isto é, f possui mı́nimo absoluto c = 1, mas f não possui máximo relativo
(consequentemente, não tem máximo absoluto).

(b) f : [−1, 2], f (x) = −x2 + 2.

f (2) ≤ f (x) ∀ x ∈ [−1, 2],

e
f (0) ≥ f (x) ∀ x ∈ [−1, 2].

Exercı́cio 1.5 Dê exemplos de:

(a) função sem mı́nimo relativo

(b) função sem máximo relativo

(c) função sem extremo

(d) função com os mesmos valores de máximo e mı́nimo

(e) função com máximo relativo em ponto onde a função não seja derivável

Por último, apresentaremos um resultado sem a demonstração, mas que é


muito importante no que segue.

Teorema 1.1 Se f : [a, b] → R é uma função contı́nua, definida em um intervalo


fechado [a, b]. Então f assume máximo e mı́nimo absoluto em [a, b].

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Exercı́cio 1.6 Mostre que o conjunto A = { x e+5x
x : x ∈ [0, 2]} tem um maior ele-
mento.

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2 Teoremas sobre derivadas
Vamos apresentar o que entendemos como os principais resultados sobre funções
deriváveis em um curso de Cálculo 1.

Teorema 2.1 (Teorema de Rolle) Seja f uma função definida e contı́nua em [a, b]
e derivável em (a, b). Se f (a) = f (b) = 0, então existe pelo menos um ponto c
entre a e b tal que f 0 (c) = 0.

Exercı́cio 2.1 Demonstre o Teorema de Rolle e ilustre geometricamente casos


possı́veis.

Sob as mesmas hipóteses, o Teorema de Rolle pode ser estendido para funções
tais que f (a) = f (b) 6= 0.

Teorema 2.2 (Teorema do Valor Médio - TVM) Seja f uma função contı́nua em
[a, b] e derivável em (a, b). Então existe um ponto c entre a e b tal que:

f (b) − f (a)
f 0 (c) = .
b−a

Observação 2.1 Tente perceber o seguinte:

• Admitindo a validade do TVM, se assumirmos f (a) = f (b), então teremos


f 0 (c) = 0. Dessa forma, podemos enxergar o Teorema de Rolle como uma
consequência do TVM.

• Observando a demonstração do TVM, vemos que ela é uma aplicação do


Teorema de Rolle.

Do exposto nos itens acima, vemos que os dois teoremas são equivalentes.

3 Exercı́cios
1. Demonstre o TVM.

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2. Determine os pontos crı́ticos das seguintes funções, se existirem.
a) y = 3x + 4 b) y = x2 − 3x + 8 c) y = (x2 − 9)2/3
p
d) y = |2x − 3| e) y = |x| f ) y = x3 + 2x2 + 5x + 3

3. Em cada um dos seguintes casos, verificar se o TVM se aplica. Em caso


afirmativo, achar um número c tal que f 0 (c) = [f (b) − f (a)]/(b − a). Interpretar
geometricamente.
a) f (x) = 1/x, a = 2, b = 3 b) f (x) = x3 , a = 0, b = 4
c) f (x) = cos(x), a = 0, b = π/2 d) f (x) = tan x, a = 0, b = π/4.

4. Determinar os extremos das seguintes funções nos intervalos indicados.


a) f (x) = 1 − 3x, [−2, 2] b) f (x) = x2 − 4, [−1, 3]
x 2
c) f (x) = 1+x 2 x − 4, [−2, 2] d) f (x) = cosh(x), [−2, 2] .

Resumindo ...
Na aula de hoje, vimos definições muito importantes tanto para a continuidade
do curso quanto para a percepção de como a Matemática resolve problemas de
otimização. Além disso, apresentamos dois teoremas que são resultados centrais
no estudo de derivadas de funções com uma variável real.

Referências
[1] Flemming, D. M. & Gonçalves, M. B., Cálculo A, Pearson, 2011.

[2] Guidorizzi, H. L., Um curso de Cálculo, Vol. 1, LTC, 5a. Ed. 2001.

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