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Alterações Eleitorais – 2017

Olá amigos do Dizer o Direito,

Foi publicada no último dia 05/10, a EC 97/2017, que altera a Constituição


Federal para:
• vedar as coligações partidárias nas eleições proporcionais;
• estabelecer normas sobre acesso dos partidos políticos aos recursos do fundo
partidário e ao tempo de propaganda gratuito no rádio e TV.

PROIBIÇÃO DE COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS NAS ELEIÇÕES


PROPORCIONAIS

Sistema eleitoral
Sistema eleitoral é o conjunto de regras e técnicas previstas pela CF e pela lei
para disciplinar a forma como os candidatos ao mandato eletivo serão
escolhidos e eleitos.
No Brasil, atualmente, existem dois sistemas eleitorais:
a) MAJORITÁRIO b) PROPORCIONAL

O mandato eletivo fica com o candidato Terminada a votação, divide-se o total


ou partido político que obteve a maioria de votos válidos pelo número de cargos
dos votos. em disputa, obtendo-se assim o
quociente eleitoral. Ex: na eleição para
Ganha o candidato mais votado, vereador houve 100 mil votos válidos e
independentemente dos votos de seu eram 20 vagas. Logo, o quociente
partido. eleitoral será 5 mil (100.000 : 20 =
5.000).

Em seguida, pega-se os votos de cada


partido ou coligação* e divide-se pelo
quociente eleitoral, obtendo-se assim o
número de eleitos de cada partido
(quociente partidário). Ex: o Partido X
e seus candidatos tiveram 20 mil
votos. Esses 20 mil serão divididos pelo
quociente eleitoral (5 mil). Logo, esse
partido terá direito a 4 vagas de
Vereador (20.000 : 5.000 = 4).

Os candidatos mais bem votados desse


partido irão ocupar tais vagas.

No Brasil, é o sistema adotado para a No Brasil, é o sistema adotado para a


eleição de Prefeito, Governador, escolha de Vereador, Deputado
Senador e Presidente. Estadual e Deputado Federal.

* antes da EC 97/2017.

Eleições proporcionais
Quando se fala em “eleições proporcionais” está se referindo às eleições que
adotam o sistema proporcional acima explicado. É o caso das eleições para
Vereador, Deputado Estadual e Deputado Federal.

Coligações partidárias
Coligação partidária consiste na aliança (acordo) feita entre dois ou mais
partidos para que eles trabalhem juntos em uma eleição apresentando o
mesmo candidato.
Ex: nas eleições presidenciais de 2014, foi feita uma coligação denominada
“Coligação com a força do povo” para apresentar a candidatura de Dilma
Rousseff à Presidência da República. Esta coligação era formada por 9 partidos
(PT, PMDB, PSD, PP, PR, PROS, PDT, PC do B e PRB).

É possível a realização de coligações partidárias tanto para eleições


majoritárias como também proporcionais?
Antes da EC 97/2017 Depois da EC 97/2017 (ATUALMENTE)
SIM. Era permitida a realização de NÃO. Atualmente só se permite
coligações partidárias tanto para coligação partidária para eleições
eleições majoritárias como também majoritárias.
proporcionais.
Essa era a redação vigente da Lei nº O § 1º do art. 17 da CF/88 foi alterado
9.504/97: pela EC 97/2017 e passou a prever que
Art. 6º É facultado aos partidos é vedada a celebração de coligações
políticos, dentro da mesma nas eleições proporcionais.
circunscrição, celebrar coligações para Com isso, o art. 6º da Lei nº 9.504/97
eleição majoritária, proporcional, ou não foi recepcionado pela EC 97/2017.
para ambas, podendo, neste último Em linguagem comum, mas atécnica,
caso, formar-se mais de uma coligação diz-se que o referido art. 6º foi
para a eleição proporcional dentre os “revogado” pela EC 97/2017.
partidos que integram a coligação para
o pleito majoritário.

Qual foi o grande objetivo por trás dessa mudança?


A intenção foi a de fortalecer os grandes partidos. Isso porque não sendo
permitida a coligação em eleições proporcionais, dificilmente partidos muito
pequenos irão conseguir atingir um quociente partidário que supere o quociente
eleitoral. Significa dizer que, sozinhos, ou seja, sem coligações, partidos
pequenos terão muito dificuldade de eleger Vereadores e Deputados.
Além da dificuldade de atingir o quociente eleitoral, os partidos pequenos terão
poucos segundos no horário eleitoral, diminuindo sua visibilidade.

Essa proibição de coligações para eleições proporcionais já irá valer no


próximo pleito (2018)?
NÃO. A EC 97/2017 adiou a produção dos efeitos para as eleições de 2020.
Veja:
Art. 2º A vedação à celebração de coligações nas eleições proporcionais,
prevista no § 1º do art. 17 da Constituição Federal, aplicar-se-á a partir das
eleições de 2020.

Dessa forma, em 2018 ainda serão permitidas coligações para eleições


proporcionais.

Houve alguma mudança no regime das coligações para eleições


majoritárias?
NÃO. As coligações para eleições majoritárias continuam sendo permitidas sem
qualquer alteração.

Compare as mudanças operadas pela EC 97/2017 no texto


constitucional:
Redação anterior Redação ATUAL (dada pela EC
97/2017)
Art. 17. (...) Art. 17 (...)
§ 1º É assegurada aos partidos § 1º É assegurada aos partidos
políticos autonomia para definir sua políticos autonomia para definir sua
estrutura interna, organização e estrutura interna e estabelecer regras
funcionamento e para adotar os sobre escolha, formação e duração de
critérios de escolha e o regime de suas seus órgãos permanentes e
coligações eleitorais, sem provisóriose sobre sua organização e
obrigatoriedade de vinculação entre as funcionamento e para adotar os
candidaturas em âmbito nacional, critérios de escolha e o regime de suas
estadual, distrital ou municipal, coligações nas eleições
devendo seus estatutos estabelecer majoritárias,vedada a sua celebração
normas de disciplina e fidelidade nas eleições proporcionais, sem
partidária. obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer
normas de disciplina e fidelidade
partidária.

Repare que, além de proibir a realização de coligações em eleições


proporcionais, o novo § 1º do art. 17 prevê expressamente que os partidos
políticos gozam de autonomia para estabelecer regras sobre escolha, formação
e duração de seus órgãos permanentes e provisórios.

FUNDO PARTIDÁRIO E ACESSO GRATUITO AO RÁDIO E À TELEVISÃO

O que é o fundo partidário?


Trata-se de um Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos
que tenham seu estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral e prestação
de contas regular perante a Justiça Eleitoral.
O “Fundo Partidário” é constituído por dotações orçamentárias da União,
multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros previstos no art. 38
da Lei nº 9.096/95.
Os valores contidos no Fundo Partidário são repassados aos partidos políticos
por meio de um cálculo previsto no art. 41-A, da Lei nº 9.096/95.
Consiste na principal fonte de verbas dos partidos.

Para que serve o dinheiro do fundo partidário?


Segundo o art. 44 da Lei nº 9.096/95, os recursos oriundos do Fundo Partidário
serão utilizados pelos partidos políticos para:
I - manutenção das sedes e serviços do partido, permitido o pagamento de
pessoal, a qualquer título, observado neste último caso o limite máximo de
50% (cinquenta por cento) do total recebido;
II - a propaganda doutrinária e política;
III - o alistamento e campanhas eleitorais;
IV - a criação e manutenção de instituto ou fundação de pesquisa e de
doutrinação e educação política, sendo esta aplicação de, no mínimo, vinte por
cento do total recebido.
V - a criação e manutenção de programas de promoção e difusão da
participação política das mulheres conforme percentual que será fixado pelo
órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 5% (cinco por
cento) do total.
Direito dos partidos políticos de acesso gratuito ao rádio e à TV
(“direito de antena”)
Direito de antena consiste no direito dos partidos políticos de terem acesso
gratuito aos meios de comunicação. Encontra-se previsto constitucionalmente
no § 3º do art. 17 da CF/88.

Cláusula de barreira imposta pela EC 97/2017


A EC 97/2017 criou uma cláusula de barreira (ou de desempenho) prevendo
que os partidos somente terão acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao
tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão se atingirem um patamar
mínimo de candidatos eleitos. Confira:
Redação anterior Redação ATUAL (dada pela EC
97/2017)
Art. 17. (...) Art. 17 (...)
§ 3º - Os partidos políticos têm direito § 3º Somente terão direito a recursos
a recursos do fundo partidário e acesso do fundo partidário e acesso gratuito
gratuito ao rádio e à televisão, na ao rádio e à televisão, na forma da lei,
forma da lei. os partidos políticos que
alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a
Câmara dos Deputados, no mínimo,
3% (três por cento) dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço
das unidades da Federação, com um
mínimo de 2% (dois por cento) dos
votos válidos em cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze
Deputados Federais distribuídos em
pelo menos um terço das unidades da
Federação.

Os requisitos acima são muito rigorosos e praticamente asfixiam partidos


pequenos. No caso do inciso II, a grande maioria dos partidos atualmente não
possui 15 Deputados Federais. É o caso, por exemplo, do Solidariedade, do PC
do B, do PSC, do PPS, PHS, PV, PSOL, REDE e PEN. Logo, em tese, eles terão
que se valer do inciso I.
Chamo a atenção para o fato de que os requisitos são alternativos.

Mudança de partido do candidato eleito por uma agremiação que não


atingiu os requisitos
A EC 97/2017 trouxe, ainda, uma regra peculiar dizendo que se um candidato
for eleito por um partido que não preencher os requisitos para obter o fundo
partidário e o tempo de rádio e TV, este candidato tem o direito de mudar de
partido, sem perder o mandato por infidelidade partidária:
Art. 17 (...)
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º
deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do
mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação
considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de
acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.

Ex: João é eleito Deputado Federal pelo PNCO (Partido Nanico). Ocorre que o
PNCO não elegeu 15 Deputados Federais. Logo, João poderá mudar para o
PMDB, por exemplo, não levando consigo essa filiação para fins de aumentar os
recursos do fundo partidário e do tempo de rádio e TV para o partido de
destino.

Regra de transição
Vale ressaltar que essa restrição do novo § 3º do art. 17 somente vai produzir
todos os seus efeitos a partir das eleições de 2030.
Enquanto isso, a Emenda previu uma regra de transição de forma que, a cada
eleição, os requisitos vão se tornando mais rigorosos até que atinja os critérios
do § 3º do art. 17 em 2030.
Veja:

Na legislatura seguinte às eleições de 2018:


Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio
e na televisão os partidos políticos que:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 1,5%(um
e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação, com um mínimo de 1% (um por cento) dos votos
válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação;

Na legislatura seguinte às eleições de 2022:


Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio
e na televisão os partidos políticos que:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2%(dois
por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação, com um mínimo de 1% (um por cento) dos votos
válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação;

Na legislatura seguinte às eleições de 2026:


Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio
e na televisão os partidos políticos que:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2,5%
(dois e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço
das unidades da Federação, com um mínimo de 1,5% (um e meio por cento)
dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação.

Na legislatura seguinte às eleições de 2030:


Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio
e na televisão os partidos políticos que:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3%(três
por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos
válidos em cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação.

Márcio André Lopes Cavalcante


Professor e Juiz Federal

INTRODUÇÃO
Foram publicadas no dia 06/10/2017, as Leis nº 13.487/2017 e 13.488/2017,
que alteraram:
• a Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições);
• a Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos); e
• a Lei nº 4.737/65 (Código Eleitoral).

Trata-se de mais uma minirreforma do ordenamento político-eleitoral.

ALTERAÇÕES NA LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


A Lei nº 9.504/97 é uma das mais importantes do Direito Eleitoral porque é ela
quem estabelece, junto com o Código Eleitoral, as normas aplicáveis às
eleições. Tanto que ela é conhecida como Lei das Eleições.

ALTERAÇÃO 1: TEMPO DE ANTERIORIDADE DO REGISTRO PARTIDÁRIO


Tempo mínimo de existência do partido para concorrer às eleições
ANTES: o art. 4º exigia que o partido político tivesse no mínimo um ano de
existência para que pudesse concorrer nas eleições.
AGORA: esse prazo foi reduzido para seis meses.

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 4º Poderá participar das eleições o Art. 4º Poderá participar das eleições o
partido que, até um ano antes do partido que, até seis meses antes do
pleito, tenha registrado seu estatuto no pleito, tenha registrado seu estatuto no
Tribunal Superior Eleitoral, conforme o Tribunal Superior Eleitoral, conforme o
disposto em lei, e tenha, até a data da disposto em lei, e tenha, até a data da
convenção, órgão de direção convenção, órgão de direção
constituído na circunscrição, de acordo constituído na circunscrição, de acordo
com o respectivo estatuto. com o respectivo estatuto.

ALTERAÇÃO 2: TEMPO DE DOMICÍLIO ELEITORAL


Domicílio eleitoral
Uma das condições para que a pessoa possa concorrer nas eleições é que ela
tenha domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3º, IV, da CF/88).
Assim, o candidato possuir domicílio eleitoral no local onde quer se candidatar
pelo período mínimo previsto na legislação infraconstitucional.

O que é o domicílio eleitoral?


Domicílio eleitoral é o lugar onde a pessoa tem vínculos políticos (ex: participa
do diretório do partido no local), sociais (ex: é líder comunitário), profissionais
(ex: trabalha na cidade), econômicos (ex: possui empresa no Município) ou até
mesmo afetivos.
Enfim, mesmo que a pessoa não more naquele Município ou Estado, ela, em
tese, pode ter domicílio eleitoral ali, desde que possua um dos vínculos acima
expostos.
Trata-se de uma interpretação bem mais ampla que o domicílio civil.
Nesse sentido:
“Para o Código Eleitoral, domicílio é o lugar em que a pessoa mantém vínculos
políticos, sociais e econômicos. A residência é a materialização desses
atributos. Em tal circunstância, constatada a antiguidade desses vínculos,
quebra-se a rigidez da exigência contida no art. 55, III”. (TSE. Ac. 4.769,
2.10.2004)

Qual é o prazo mínimo de domicílio eleitoral necessário?


ANTES: para concorrer às eleições, o candidato deveria possuir domicílio
eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes
do pleito.
AGORA: esse prazo mínimo de domicílio eleitoral foi reduzido para 6 meses.

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 9º Para concorrer às eleições, o Art. 9º Para concorrer às eleições, o
candidato deverá possuir domicílio candidato deverá possuir domicílio
eleitoral na respectiva circunscrição eleitoral na respectiva circunscrição
pelo prazo de, pelo menos, um ano pelo prazo de seis meses e estar com a
antes do pleito, e estar com a filiação filiação deferida pelo partido no mesmo
deferida pelo partido no mínimo seis prazo.
meses antes da data da eleição.

ALTERAÇÃO 3: PARCELAMENTO DAS MULTAS ELEITORAIS


Regularização das multas deve ser comprovada até a data do registro
de candidatura
Para que uma pessoa possa ser candidata ela precisa pagar as multas que
tenham sido impostas contra ela até a data da formalização do seu pedido de
registro de candidatura.
É possível também que ela faça o parcelamento da multa.

Parcelamento da multa
A Lei nº 13.488/2017 trouxe as seguintes novidades em termos de
parcelamento de multas:
• Incluiu a possibilidade de parcelamento das multas eleitorais também para as
pessoas jurídicas (a possibilidade de parcelamento das multas para pessoas
físicas já existia);
• O valor máximo da prestação do parcelamento para pessoas físicas, que era
de 10%, passou para 5% do rendimento do devedor. Para as pessoas jurídicas
foi estabelecido o limite máximo da parcela em 2% do faturamento bruto e as
parcelas dos débitos dos partidos políticos não podem ultrapassar 2% do valor
recebido do Fundo Partidário;
• Em relação aos partidos políticos foi prevista a possibilidade de parcelamento
de débitos públicos de “natureza não eleitoral”.

Confira as mudanças no texto da Lei:

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 11 (...) Art. 11 (...)
§ 8º Para fins de expedição da certidão § 8º Para fins de expedição da certidão
de que trata o § 7º (certidão de de que trata o § 7º (certidão de
quitação eleitoral), considerar-se-ão quitação eleitoral), considerar-se-ão
quites aqueles que: quites aqueles que:
(...) (...)
III - o parcelamento das multas III - o parcelamento das multas
eleitorais é direito do cidadão, seja ele eleitorais é direito dos cidadãos e das
eleitor ou candidato, e dos partidos pessoas jurídicas e pode ser feito em
políticos, podendo ser parceladas em até sessenta meses, salvo quando o
até 60 (sessenta) meses, desde que valor da parcela ultrapassar 5% (cinco
não ultrapasse o limite de 10% (dez por cento) da renda mensal, no caso de
por cento) de sua renda. cidadão, ou 2% (dois por cento) do
faturamento, no caso de pessoa
jurídica, hipótese em que poderá
estender-se por prazo superior, de
modo que as parcelas não ultrapassem
IV – não havia inciso IV. os referidos limites; 

IV - o parcelamento de multas
eleitorais e de outras multas e débitos
de natureza não eleitoral imputados
pelo poder público é garantido também
aos partidos políticos em até sessenta
meses, salvo se o valor da parcela
ultrapassar o limite de 2% (dois por
cento) do repasse mensal do Fundo
Partidário, hipótese em que poderá
estender-se por prazo superior, de
modo que as parcelas não ultrapassem
o referido limite.

ALTERAÇÃO 4: VEDAÇÃO DAS CANDIDATURAS AVULSAS


Candidaturas avulsas
Candidatura avulsa é aquela apresentada por um indivíduo que não é filiado a
partido político ou que, mesmo sendo filiado, o partido não o escolhe como
sendo candidato oficial da agremiação.
Ex1: João não é filiado a partido político, mas deseja ser candidato a Presidente
da República. Se o ordenamento jurídico permitisse, ele poderia apresentar
uma “candidatura avulsa”, ou seja, sem que tenha partido político o apoiando.
Ex2: Pedro é filiado ao Partido da Esperança. Na convenção partidária, a
agremiação escolhe Carlos como sendo o candidato do partido à Presidência da
República. Pedro não se conforma e lança sua “candidatura avulsa” ao cargo de
Presidente.

As candidaturas avulsas são permitidas no Brasil?


NÃO. Ao contrário de outros países, o Brasil não admite a existência de
candidaturas avulsas. Isso porque a Constituição Federal exige, como um dos
requisitos de elegibilidade, a filiação partidária:
Art. 14 (...)
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
(...)
V - a filiação partidária;
No mesmo sentido é o Código Eleitoral:
Art. 87. Somente podem concorrer às eleições candidatos registrados por
partidos.

O que fez a Lei nº 13.488/2017?

Acrescentou o § 14 ao art. 11 da Lei nº 9.504/97 proibindo expressamente


candidaturas avulsas.

Veja o dispositivo acrescentado:

Art. 11 (...)

§ 14. É vedado o registro de candidatura avulsa, ainda que o requerente tenha


filiação partidária.

Se a CF/88 e o Código Eleitoral já exigem a filiação partidária como


condição para a candidatura, por que esse § 14 foi acrescentado
reafirmando isso?

Porque há um recurso extraordinário em curso no STF em que se busca


rediscutir a possibilidade de candidaturas avulsas no Brasil (ARE 1054490).

Neste recurso, determinado indivíduo tentou concorrer, em 2016, à Prefeitura


do Rio de Janeiro sem partido político.

A sua candidatura avulsa foi indeferida pela Justiça Eleitoral sob o


entendimento de que o art. 14, § 3º, V, da CF/88 veda candidaturas avulsas ao
estabelecer que a filiação partidária é condição de elegibilidade.

O candidato levou a questão até o STF sustentando a tese de que essa norma
constitucional deve ser reinterpretada agora à luz da Convenção Americana de
Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), que estabelece como
direito de todos os cidadãos “votar e ser eleitos em eleições periódicas
autênticas, realizadas por sufrágio universal e igual e por voto secreto que
garanta a livre expressão da vontade dos eleitores”.

Assim, argumenta-se que as candidaturas avulsas teriam sido permitidas pelo


Pacto de San Jose da Costa Rica.

Diante desse contexto, a inserção do § 14 pelo Congresso Nacional teve como


objetivo “reforçar” os argumentos contrários a essa tese que está sendo
discutida no STF.

ALTERAÇÃO 5: FUNDO ESPECIAL DE FINANCIAMENTO DE CAMPANHA


(FEFC)
A Lei nº 13.487/2017 e a Lei nº 13.488/2017 criaram um fundo para custear as
campanhas eleitorais.
Ele foi previsto nos arts. 16-C e art. 16-D, dispositivos acrescentados na Lei nº
9.504/97:

Art. 16-C. O Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) é


constituído por dotações orçamentárias da União em ano eleitoral, em valor ao
menos equivalente:
I - ao definido pelo Tribunal Superior Eleitoral, a cada eleição, com base nos
parâmetros definidos em lei;
II - a 30% (trinta por cento) dos recursos da reserva específica de que trata o
inciso II do § 3º do art. 12 da Lei nº 13.473, de 8 de agosto de 2017.

§ 1º (VETADO).

§ 2º O Tesouro Nacional depositará os recursos no Banco do Brasil, em conta


especial à disposição do Tribunal Superior Eleitoral, até o primeiro dia útil do
mês de junho do ano do pleito.

§ 3º Nos quinze dias subsequentes ao depósito, o Tribunal Superior Eleitoral:


I - divulgará o montante de recursos disponíveis no Fundo Eleitoral; e
II - (VETADO).

§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).
§ 6º (VETADO).

§ 7º Os recursos de que trata este artigo ficarão à disposição do partido político


somente após a definição de critérios para a sua distribuição, os quais,
aprovados pela maioria absoluta dos membros do órgão de direção executiva
nacional do partido, serão divulgados publicamente.

§ 8º (VETADO).
§ 9º (VETADO).
§ 10. (VETADO).

§ 11. Os recursos provenientes do Fundo Especial de Financiamento de


Campanha que não forem utilizados nas campanhas eleitorais deverão ser
devolvidos ao Tesouro Nacional, integralmente, no momento da apresentação
da respectiva prestação de contas.

§ 12. (VETADO).
§ 13. (VETADO).
§ 14. (VETADO).

§ 15. O percentual dos recursos a que se refere o inciso II do caput deste artigo
poderá ser reduzido mediante compensação decorrente do remanejamento, se
existirem, de dotações em excesso destinadas ao Poder Legislativo.

Art. 16-D. Os recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha


(FEFC), para o primeiro turno das eleições, serão distribuídos entre os partidos
políticos, obedecidos os seguintes critérios:
I - 2% (dois por cento), divididos igualitariamente entre todos os partidos com
estatutos registrados no Tribunal Superior Eleitoral;
II - 35% (trinta e cinco por cento), divididos entre os partidos que tenham pelo
menos um representante na Câmara dos Deputados, na proporção do
percentual de votos por eles obtidos na última eleição geral para a Câmara dos
Deputados;
III - 48% (quarenta e oito por cento), divididos entre os partidos, na proporção
do número de representantes na Câmara dos Deputados, consideradas as
legendas dos titulares;
IV - 15% (quinze por cento), divididos entre os partidos, na proporção do
número de representantes no Senado Federal, consideradas as legendas dos
titulares.
§ 1º (VETADO).
§ 2º Para que o candidato tenha acesso aos recursos do Fundo a que se refere
este artigo, deverá fazer requerimento por escrito ao órgão partidário
respectivo.

Em 2018, para fins do disposto nos incisos III e IV do caput do art. 16-D acima
transcrito, a distribuição dos recursos entre os partidos terá por base o número
de representantes titulares na Câmara dos Deputados e no Senado Federal,
apurado em 28 de agosto de 2017 e, nas eleições subsequentes, apurado no
último dia da sessão legislativa imediatamente anterior ao ano eleitoral (art. 4º
da Lei nº 13.488/2017).

ALTERAÇÃO 6: LIMITES DE GASTOS COM CAMPANHAS SÃO DEFINIDOS


POR LEI
ANTES: os limites de gastos de campanha, em cada eleição, eram definidos
pelo TSE com base nos parâmetros definidos em lei.
AGORA: os limites de gastos de campanha são agora definidos pela lei e cabe
ao TSE apenas a tarefa de divulgá-los.

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 18.  Os limites de gastos de Art. 18.  Os limites de gastos de
campanha, em cada eleição, são os campanha serão definidos em lei e
definidos pelo Tribunal Superior divulgados pelo Tribunal Superior
Eleitoral com base nos parâmetros Eleitoral.
definidos em lei.

E quais são esses limites?


Eles foram fixados pelos arts. 6º e 7º da Lei nº 13.488/2017:

Presidente da República
1º turno: nas eleições para Presidente da República em 2018, o limite de
gastos de campanha de cada candidato será de R$ 70 milhões.
2º turno: na campanha para o segundo turno, se houver, o limite de gastos de
cada candidato será de 50% do limite do 1º turno, ou seja, R$ 35 milhões.

Governador
O limite de gastos nas campanhas dos candidatos às eleições de Governador
em 2018 será definido de acordo com o número de eleitores de cada unidade
da Federação apurado no dia 31 de maio de 2018.
Os limites de gastos de campanha de cada candidato serão os seguintes:
I - nas unidades da Federação com até um milhão de eleitores: R$ 2,8 milhões;
II - nas unidades da Federação com mais de um milhão de eleitores e de até
dois milhões de eleitores: R$ 4,9 milhões;
III - nas unidades da Federação com mais de dois milhões de eleitores e de até
quatro milhões de eleitores: R$ 5,6 milhões;
IV - nas unidades da Federação com mais de quatro milhões de eleitores e de
até dez milhões de eleitores: R$ 9,1 milhões;
V - nas unidades da Federação com mais de dez milhões de eleitores e de até
vinte milhões de eleitores: R$ 14 milhões;
VI - nas unidades da Federação com mais de vinte milhões de eleitores: R$ 21
milhões.

No caso de 2º turno, o limite de gastos de cada candidato será de 50% dos


limites acima.

Senador
O limite de gastos nas campanhas dos candidatos às eleições de Senador em
2018 será definido de acordo com o número de eleitores de cada unidade da
Federação apurado no dia 31 de maio de 2018.
Os limites de gastos de campanha de cada candidato serão os seguintes:
I - nas unidades da Federação com até dois milhões de eleitores: R$ 2,5
milhões;
II - nas unidades da Federação com mais de dois milhões de eleitores e de até
quatro milhões de eleitores: R$ 3 milhões;
III - nas unidades da Federação com mais de quatro milhões de eleitores e de
até dez milhões de eleitores: R$ 3,5 milhões;
IV - nas unidades da Federação com mais de dez milhões de eleitores e de até
vinte milhões de eleitores: R$ 4,2 milhões;
V - nas unidades da Federação com mais de vinte milhões de eleitores: R$ 5,6
milhões.

Deputados
Em 2018, o limite de gastos será de: 
I - R$ 2,5 milhões para as campanhas dos candidatos às eleições de Deputado
Federal; 
II - R$ 1 milhão para as campanhas dos candidatos às eleições de Deputado
Estadual e Deputado Distrital.

Se a arrecadação for maior que o limite máximo de gastos


Se as doações de pessoas físicas a candidatos, somadas aos recursos públicos,
excederem o limite de gastos permitido para a respectiva campanha, o valor
excedente poderá ser transferido para o partido do candidato (art. 8º da Lei nº
13.488/2017).

ALTERAÇÃO 7: CROWDFUNDING E COMERCIALIZAÇÃO DE BENS E


SERVIÇOS
Arrecadação de recursos para campanha por meio de “vaquinhas” na
internet
Atento às novas tecnologias, o legislador alterou a Lei nº 9.504/97 para prever
expressamente a possibilidade de que os partidos políticos e candidatos
arrecadem recursos por meio de websites que organizam “vaquinhas virtuais”
pela internet. Isso é chamado de crowdfunding e existem sites especializados
nesta prática, como é o caso do Kickante, Kickstarter, Indiegogo, StartMeUp,
entre outros.
O crowdfunding, ou seja, esse financiamento coletivo existe para diversas
áreas, como artistas, novos empresários etc, e agora foi permitido
expressamente para candidatos em campanhas políticas.

Antes da Lei nº 13.488/2017 o crowdfundig era permitido em


campanhas eleitorais?
Não. Em 2014, o TSE, em uma consulta formulada pelo Deputado Federal Jean
Wyllys (PSOL-RJ) respondeu que a arrecadação de recursos para campanhas
eleitorais através de websites de financiamento coletivo não era permitida
porque tais doações seriam concentradas em uma única pessoa que repassaria
ao candidato como se fosse uma única doação, ou seja, não haveria como
individualizar os doadores.
A Lei nº 13.488/2017 resolveu esta questão ao permitir o crowdfundig em
campanhas eleitorais exigindo a “identificação obrigatória, com o nome
completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) de cada
um dos doadores e das quantias doadas”.
Veja o dispositivo que foi acrescentado:
Art. 23 (...)
§ 4º As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetuadas (...)
por meio de:
(...)
IV - instituições que promovam técnicas e serviços de financiamento
coletivopor meio de sítios na internet, aplicativos eletrônicos e outros recursos
similares, que deverão atender aos seguintes requisitos:
a) cadastro prévio na Justiça Eleitoral, que estabelecerá regulamentação para
prestação de contas, fiscalização instantânea das doações, contas
intermediárias, se houver, e repasses aos candidatos;
b) identificação obrigatória, com o nome completo e o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) de cada um dos doadores e das quantias
doadas;
c) disponibilização em sítio eletrônico de lista com identificação dos doadores e
das respectivas quantias doadas, a ser atualizada instantaneamente a cada
nova doação;
d) emissão obrigatória de recibo para o doador, relativo a cada doação
realizada, sob a responsabilidade da entidade arrecadadora, com envio
imediato para a Justiça Eleitoral e para o candidato de todas as informações
relativas à doação;  
e) ampla ciência a candidatos e eleitores acerca das taxas administrativas a
serem cobradas pela realização do serviço;
f) não incidência em quaisquer das hipóteses listadas no art. 24 desta Lei;
g) observância do calendário eleitoral, especialmente no que diz respeito ao
início do período de arrecadação financeira, nos termos dispostos no § 2º do
art. 22-A desta Lei;
h) observância dos dispositivos desta Lei relacionados à propaganda na
internet;

Novidade. A arrecadação de recursos com base nesse inciso IV pode começar


desde o dia 15 de maio do ano eleitoral. Vale ressaltar que nesta época do
calendário eleitoral somente existem pré-candidatos uma vez que as
convenções partidárias (onde os candidatos de cada partido são escolhidos)
ainda não aconteceram.
Assim, a partir de 15 de maio os pré-candidatos podem iniciar a arrecadação
prévia de recursos na modalidade prevista no inciso IV do § 4º do art. 23,
mas a liberação de recursos por parte das entidades arrecadadoras fica
condicionada ao registro da candidatura, e a realização de despesas de
campanha deverá observar o calendário eleitoral.
Se por algum motivo não for efetivado o registro da candidatura, ou seja, o
pré-candidato não virar candidato, as entidades arrecadadoras deverão
devolver os valores arrecadados aos doadores (art. 22-A, §§ 3º e 4º).

Arrecadação de recursos para campanha por meio da venda de bens e


serviços
A Lei também previu expressamente a possibilidade de que os candidatos e
partidos vendam bens (ex: venda de camisas) ou serviços ou realizem eventos
pagos (ex: jantar com adesão) para a arrecadação de recursos.
Veja o dispositivo que foi acrescentado:
Art. 23 (...)
§ 4º As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetuadas (...)
por meio de:
(...)
V - comercialização de bens e/ou serviços, ou promoção de eventos de
arrecadação realizados diretamente pelo candidato ou pelo partido político.

ALTERAÇÃO 8: DOAÇÕES DE VALORES PARA CAMPANHAS ELEITORAIS


O art. 23 da Lei nº 9.504/97 trata sobre as doações feitas por pessoas físicas
para campanhas eleitorais.
O § 4º do art. 23 prevê que as doações dos recursos financeiros somente
poderão ser efetuadas em conta bancária específica aberta pelo partido e pelos
candidatos para registrar todo o movimento financeiro da campanha:
§ 4º As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetuadas na
conta mencionada no art. 22 desta Lei por meio de:
I - cheques cruzados e nominais ou transferência eletrônica de depósitos;
II - depósitos em espécie devidamente identificados até o limite fixado no inciso
I do § 1º deste artigo.
III - mecanismo disponível em sítio do candidato, partido ou coligação na
internet, permitindo inclusive o uso de cartão de crédito, e que deverá atender
aos seguintes requisitos:
a) identificação do doador;
b) emissão obrigatória de recibo eleitoral para cada doação realizada.
Obs: este § 4º não foi alterado pela Lei nº 13.488/2017.

A Lei nº 13.488/2017 acrescentou dois parágrafos dispondo sobre a prestação


de contas:
§ 4º-A Na prestação de contas das doações mencionadas no § 4º deste artigo,
é dispensada a apresentação de recibo eleitoral, e sua comprovação deverá ser
realizada por meio de documento bancário que identifique o CPF dos doadores. 
§ 4º-B As doações realizadas por meio das modalidades previstas nos incisos
III e IV do § 4º deste artigo devem ser informadas à Justiça Eleitoral pelos
candidatos e partidos no prazo previsto no inciso I do § 4º do art. 28 desta Lei,
contado a partir do momento em que os recursos arrecadados forem
depositados nas contas bancárias dos candidatos, partidos ou coligações.

A Lei nº 13.488/2017 inseriu, ainda, um novo § 8º ao art. 23 prevendo a


possibilidade de que esses pagamentos sejam feitos em qualquer instituição
financeira:
§ 8º Ficam autorizadas a participar das transações relativas às modalidades de
doações previstas nos incisos III e IV do § 4º deste artigo todas as instituições
que atendam, nos termos da lei e da regulamentação expedida pelo Banco
Central, aos critérios para operar arranjos de pagamento. 

Outra novidade foi a inserção do § 9º dispondo expressamente que poderão ser


utilizados cartões de débito e de crédito forma de instrumentalização das
doações:
§ 9º As instituições financeiras e de pagamento não poderão recusar a
utilização de cartões de débito e de crédito como meio de doações eleitorais de
pessoas físicas.

ALTERAÇÃO 9: MULTA EM CASO DE DOAÇÕES ACIMA DOS LIMITES


O art. 23 da Lei nº 9.504/97 prevê que as pessoas físicas poderão fazer
doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para as campanhas eleitorais.
Ocorre que a lei estipula os seguintes limites para doação:
A) Se o doador não for o candidato, o máximo que ele poderá doar é o
equivalente a 10% dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano
anterior à eleição; ou R$ 40 mil, se a doação for estimável em dinheiro. (obs:
esse valor de R$ 40 mil é uma novidade da Lei nº 13.488/2017; antes o limite
era de R$ 80 mil).
B) se a pessoa doadora for o próprio candidato: ela poderá doar até o limite de
gastos estabelecido para o cargo ao qual concorre.

O que mudou:
ANTES: em caso de doações acima dos limites, o doador deverá pagar multa no
valor de 5 a 10 vezes a quantia em excesso.
AGORA: a doação de quantia acima dos limites fixados neste artigo sujeita o
infrator ao pagamento de multa no valor de até 100% da quantia em excesso.

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 23 (...) Art. 23 (...)
§ 3º A doação de quantia acima dos § 3º A doação de quantia acima dos
limites fixados neste artigo sujeita o limites fixados neste artigo sujeita o
infrator ao pagamento de multa no infrator ao pagamento de multa no
valor de cinco a dez vezes a quantia valor de até 100% (cem por cento) da
em excesso. quantia em excesso.

Vale ressaltar que, como houve uma redução da multa, essa alteração
legislativa possui caráter retroativo e poderá ser aplicada para multas ainda
não pagas em atenção ao princípio da retroatividade da lei sancionadora mais
benéfica (art. 5º, XL, da CF/88).

ALTERAÇÃO 10: DESPESAS QUE SÃO CONSIDERADAS GASTOS


ELEITORAIS PARA FINS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS

Gastos eleitorais
O art. 26 da Lei nº 9.504/97 prevê uma lista de despesas que os partidos e
candidatos fazem durante a campanha e que deverão ser obrigatoriamente
incluídas como gastos eleitorais. Em outras palavras, são despesas que deverão
ser objeto de prestação de contas junto à Justiça Eleitoral.

Despesas com transporte e deslocamento


As despesas feitas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal
a serviço das candidaturas podem ser enquadradas como gastos eleitorais. Isso
já estava previsto no inciso IV do art. 26 da Lei nº 9.504/97.

O que mudou?
A Lei nº 13.488/2017 criou exceções, ou seja, situações nas quais os gastos
com transporte e deslocamento não poderão ser computados como gastos
eleitorais (novo § 3º do art. 26).

REGRA: as despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de


pessoal a serviço das candidaturas são considerados gastos eleitorais.

EXCEÇÕES:
Não são consideradas gastos eleitorais nem se sujeitam a prestação de contas
as seguintes despesas de natureza pessoal do candidato:
a) combustível e manutenção de veículo automotor usado pelo candidato na
campanha;
b) remuneração, alimentação e hospedagem do condutor do veículo usado pelo
candidato na campanha;
c) alimentação e hospedagem própria;
d) uso de linhas telefônicas registradas em seu nome como pessoa física, até o
limite de três linhas.

ALTERAÇÃO 11: CAMPANHA ELEITORAL POR MEIO DE POSTS


IMPULSIONADOS
Publicidade on line
Tem sido cada vez mais comum que os candidatos façam propaganda eleitoral
pela internet. A Lei nº 13.488/2017 atenta a esta realidade, permitiu
expressamente que os candidatos e partidos políticos façam propaganda
eleitoral por meio de “posts impulsionados”:

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 57-C.  Na internet, é vedada a Art. 57-C. É vedada a veiculação de
veiculação de qualquer tipo de qualquer tipo de propaganda eleitoral
propaganda eleitoral paga. paga na internet, excetuado o
impulsionamento de conteúdos, desde
que identificado de forma inequívoca
como tal e contratado exclusivamente
por partidos, coligações e candidatos e
seus representantes.

Nos posts impulsionados, o candidato, partido ou coligação paga um


determinado valor para o Facebook, Instagram ou outras redes sociais para que
o post divulgando o candidato apareça em destaque na timeline dos usuários
daquela rede social. Assim, quando você estiver vendo fotos de comidas no
Instagram, não se assuste se aparecer um post de determinado candidato da
sua cidade.
Vale ressaltar que também é considerado “impulsionamento”, o valor pago para
que o anúncio com o nome do candidato apareça com destaque nos resultados
da busca no Google.

Multa para o caso de violação à proibição de propaganda paga na


internet
Art. 57-C (...)
§ 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação
da propaganda ou pelo impulsionamento de conteúdos e, quando comprovado
seu prévio conhecimento, o beneficiário, à multa no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) ou em valor equivalente ao
dobro da quantia despendida, se esse cálculo superar o limite máximo da
multa.

Regras para contratação do impulsionamento


Art. 57-C (...)
§ 3º O  impulsionamento de que trata o caput deste artigo deverá ser
contratado diretamente com provedor da aplicação de internet com sede e foro
no País, ou de sua filial, sucursal, escritório, estabelecimento ou representante
legalmente estabelecido no País e apenas com o fim de promover ou beneficiar
candidatos ou suas agremiações.

A parte final deste § 3º é muito importante porque deixa claro que os posts
impulsionados somente podem ser utilizados para destacar aspectos positivos
do candidato ou do partido. Assim, a contrario sensu, deve-se interpretar que
são proibidos posts impulsionados para fazer críticas ou outros comentários
negativos a respeito dos candidatos adversários. Trata-se, contudo, de tema
que certamente gerará polêmica, mas penso que esta é a melhor exegese do
dispositivo.

Gastos eleitorais
As despesas com anúncios impulsionados na internet também são considerados
gastos eleitorais, sujeitos, portanto, à prestação de contas. Veja:
             

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL

Art. 26. São considerados gastos Art. 26. São considerados gastos
eleitorais, sujeitos a registro e aos eleitorais, sujeitos a registro e aos
limites fixados nesta Lei: limites fixados nesta Lei:
(...) (...)
XV - custos com a criação e inclusão XV - custos com a criação e inclusão de
de sítios na Internet; sítios na internet e com o
impulsionamento de conteúdos
contratados diretamente com provedor
da aplicação de internet com sede e
Não havia § 2º. foro no País;

§ 2º Para os fins desta Lei, inclui-se


entre as formas de impulsionamento de
conteúdo a priorização paga de
conteúdos resultantes de aplicações de
busca na internet.

Direito de resposta em caso de ofensas praticadas por meio de post


impulsionados
A Lei nº 13.488/2017 prevê, de forma acertada, que em caso de ofensa
realizada por meio de posts impulsionado, o ofendido possui direito de resposta
e esta, caso seja deferida pela Justiça Eleitoral, deverá ser veiculada com igual
impulsionamento e iguais características, devendo o ofensor arcar com os
custos. Veja:

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 58 (...) Art. 58 (...)
§ 3º Observar-se-ão, ainda, as § 3º Observar-se-ão, ainda, as
seguintes regras no caso de pedido de seguintes regras no caso de pedido de
resposta relativo a ofensa veiculada: resposta relativo a ofensa veiculada:
(...) (...)
IV - em propaganda eleitoral na IV - em propaganda eleitoral na
internet: internet:
a) deferido o pedido, a divulgação da a) deferido o pedido, o usuário ofensor
resposta dar-se-á no mesmo veículo, deverá divulgar a resposta do ofendido
espaço, local, horário, página em até quarenta e oito horas após sua
eletrônica, tamanho, caracteres e entrega em mídia física, e deverá
outros elementos de realce usados na empregar nessa divulgação o mesmo
ofensa, em até quarenta e oito horas impulsionamento de conteúdo
após a entrega da mídia física com a eventualmente contratado nos termos
resposta do ofendido; referidos no art. 57-C desta Lei e o
mesmo veículo, espaço, local, horário,
página eletrônica, tamanho, caracteres
e outros elementos de realce usados na
ofensa;

Publicação na internet de novos conteúdos ou impulsionamento no dia


da eleição: crime
O § 5º do art. 39 da Lei nº 9.504/97 prevê condutas que, se praticadas no dia
da eleição, configuram crime.
A Lei nº 13.488/2017 acrescenta mais uma hipótese e diz que configura crime
quando, no dia da eleição, é publicado na internet ou é impulsionado algum
novo post, anúncio ou qualquer outro tipo de propaganda.
Desse modo, qualquer nova forma de propaganda pela internet feita no dia da
eleição configura crime. Vale ressaltar que não há nenhum problema em se
manter as propagandas que já existiam. Ex: o candidato João tinha uma página
no Facebook. Ele não precisa retirar a página no dia da eleição, podendo ela
continuar normalmente. No entanto, caso seja publicado algum novo conteúdo
ou se algum post que já existia ali for impulsionado (pago um valor para ele
ficar em destaque no dia da eleição), aí sim haverá o crime do art. 39, § 5º, IV,
da Lei nº 9.504/97.
Confira o inciso IV que foi acrescentado:
Art. 39 (...)
§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis
meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo
mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:
IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas
aplicações de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos
em funcionamento as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente.

ALTERAÇÃO 12: OUTRAS REGRAS SOBRE PROPAGANDA NA INTERNET


Propaganda na Internet por meio de blogs, redes sociais etc pode ser
feita por qualquer pessoa física, mas o impulsionamento somente pode
ser contratado pelo candidato, partido ou coligação

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 57-B. A propaganda eleitoral na Art. 57-B. A propaganda eleitoral na
internet poderá ser realizada nas internet poderá ser realizada nas
seguintes formas: seguintes formas:
(...) (...)
IV - por meio de blogs, redes sociais, IV - por meio de blogs, redes sociais,
sítios de mensagens instantâneas e sítios de mensagens instantâneas
assemelhados, cujo conteúdo seja eaplicações de internet
gerado ou editado por candidatos, assemelhadascujo conteúdo seja
partidos ou coligações ou de iniciativa gerado ou editado por:
de qualquer pessoa natural. a) candidatos, partidos ou coligações;
ou 
b) qualquer pessoa natural, desde que
não contrate impulsionamento de
conteúdos.

Novas regras que foram inseridas no art. 57-B:


Art. 57-B (...)
§ 1º Os endereços eletrônicos das aplicações de que trata este artigo, salvo
aqueles de iniciativa de pessoa natural, deverão ser comunicados à Justiça
Eleitoral, podendo ser mantidos durante todo o pleito eleitoral os mesmos
endereços eletrônicos em uso antes do início da propaganda eleitoral.
§ 2º Não é admitida a veiculação de conteúdos de cunho eleitoral mediante
cadastro de usuário de aplicação de internet com a intenção de falsear
identidade.
§ 3º É vedada a utilização de impulsionamento de conteúdos e ferramentas
digitais não disponibilizadas pelo provedor da aplicação de internet, ainda que
gratuitas, para alterar o teor ou a repercussão de propaganda eleitoral, tanto
próprios quanto de terceiros.
§ 4º O provedor de aplicação de internet que possibilite o impulsionamento
pago de conteúdos deverá contar com canal de comunicação com seus usuários
e somente poderá ser responsabilizado por danos decorrentes do conteúdo
impulsionado se, após ordem judicial específica, não tomar as providências
para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo
assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente pela
Justiça Eleitoral.
§ 5º A violação do disposto neste artigo sujeita o usuário responsável pelo
conteúdo e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário, à
multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil
reais) ou em valor equivalente ao dobro da quantia despendida, se esse cálculo
superar o limite máximo da multa.
Suspensão do conteúdo na internet

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 57-I. A requerimento de candidato, Art. 57-I. A requerimento de candidato,
partido ou coligação, observado o rito partido ou coligação, observado o rito
previsto no art. 96, a Justiça Eleitoral previsto no art. 96 desta Lei, a Justiça
poderá determinar a suspensão, por Eleitoral poderá determinar, no âmbito
vinte e quatro horas, do acesso a todo e nos limites técnicos de cada aplicação
conteúdo informativo dos sítios da de internet, a suspensão do acesso a
internet que deixarem de cumprir as todo conteúdo veiculado que deixar de
disposições desta Lei. cumprir as disposições desta
Lei,devendo o número de horas de
suspensão ser definida
proporcionalmente à gravidade da
infração cometida em cada caso,
observado o limite máximo de vinte e
quatro horas.

Regulamentação do TSE sobre propaganda eleitoral na internet


Foi inserido o art. 57-J prevendo que o TSE irá regulamentar a propaganda
eleitoral pela internet:
Art. 57-J.  O Tribunal Superior Eleitoral regulamentará o disposto nos arts. 57-A
a 57-I desta Lei de acordo com o cenário e as ferramentas tecnológicas
existentes em cada momento eleitoral e promoverá, para os veículos, partidos
e demais entidades interessadas, a formulação e a ampla divulgação de regras
de boas práticas relativas a campanhas eleitorais na internet.

ALTERAÇÃO 13: PROPAGANDA POR MEIO DE BANDEIRAS E ADESIVOS


Propaganda por meio de bandeiras nas ruas
Tem sido muito comum nas últimas eleições as propagandas por meio de
pessoas segurando bandeiras com os nomes dos candidatos nas vias públicas.
A Lei nº 13.488/2017 tratou sobre o tema prevendo expressamente a
possibilidade deste tipo de propaganda.
Além disso, a Lei disciplinou melhor a propaganda feito por meio de adesivos
colados em automóveis e janelas. Veja:

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 37.  Nos bens cujo uso dependa de Art. 37.  Nos bens cujo uso dependa de
cessão ou permissão do poder público, cessão ou permissão do poder público,
ou que a ele pertençam, e nos bens de ou que a ele pertençam, e nos bens de
uso comum, inclusive postes de uso comum, inclusive postes de
iluminação pública, sinalização de iluminação pública, sinalização de
tráfego, viadutos, passarelas, pontes, tráfego, viadutos, passarelas, pontes,
paradas de ônibus e outros paradas de ônibus e outros
equipamentos urbanos, é vedada a equipamentos urbanos, é vedada a
veiculação de propaganda de qualquer veiculação de propaganda de qualquer
natureza, inclusive pichação, inscrição natureza, inclusive pichação, inscrição
a tinta e exposição de placas, a tinta e exposição de placas,
estandartes, faixas, cavaletes, bonecos estandartes, faixas, cavaletes, bonecos
e assemelhados. e assemelhados.
(...) (...)
§ 2º Em bens particulares, independe § 2º  Não é permitida a veiculação de
de obtenção de licença municipal e de material de propaganda eleitoral em
autorização da Justiça Eleitoral a bens públicos ou particulares, exceto
veiculação de propaganda eleitoral, de:
desde que seja feita em adesivo ou I - bandeiras ao longo de vias públicas,
papel, não exceda a 0,5 m² (meio desde que móveis e que não dificultem
metro quadrado) e não contrarie a o bom andamento do trânsito de
legislação eleitoral, sujeitando-se o pessoas e veículos;
infrator às penalidades previstas no § II - adesivo plástico em automóveis,
1º. caminhões, bicicletas, motocicletas e
janelas residenciais, desde que não
exceda a 0,5 m² (meio metro
quadrado).

ALTERAÇÃO 14: PROPAGANDA POR MEIO DE CARROS DE SOM E


MINITRIOS SOMENTE EM CARREATAS E ASSIMILADOS
É muito comum, especialmente, em cidades do interior, a propaganda eleitoral
por meio de “carros de som” ou mintrios.
Esses carros de som passam pelas ruas da cidade anunciando o nome do
candidato, seu número e/ou suas propostas.
A Lei nº 13.488/2017 trouxe novas restrições a esse tipo de propaganda e
passou a dizer que ela somente será permitida “em carreatas, caminhadas e
passeatas ou durante reuniões e comícios”.
Assim, não é mais possível a realização de propagandas por meio de carros de
som ou minitrios por meio de uma única pessoa contratada para passar todos
os dias dirigindo pelas ruas e anunciando o candidato.
Agora a propaganda feita em carros de som e minitrios só será permitida
durante a realização de carreatas, caminhadas, passeatas ou reuniões e
comícios que são eventos esporádicos durante uma campanha e envolvem uma
coletividade de pessoas.

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 39 (...) Art. 39 (...)
§ 11.  É permitida a circulação de § 11.  É permitida a circulação de
carros de som e minitrios como meio carros de som e minitrios como meio
de propaganda eleitoral, desde que de propaganda eleitoral, desde que
observado o limite de 80 (oitenta) observado o limite de oitenta decibéis
decibéis de nível de pressão sonora, de nível de pressão sonora, medido a
medido a 7 (sete) metros de distância sete metros de distância do veículo, e
do veículo, e respeitadas as vedações respeitadas as vedações previstas no §
previstas no § 3º deste artigo. 3º deste artigo, apenas em carreatas,
caminhadas e passeatas ou durante
reuniões e comícios.

ALTERAÇÃO 15: REDUÇÃO NA EXIGÊNCIA PARA PARTICIPAR DOS


DEBATES
Debates
As emissoras de rádio e TV têm por costume realizar debates entre os
candidatos. Algumas emissoras convidam todos os candidatos enquanto que
outras optam por não chamar aqueles que são filiados a partidos menores.

A emissora é obrigada a chamar todos os candidatos para os debates


de rádio e TV?
Não. Existe uma regra sobre isso e ela foi alterada pela Lei nº 13.488/2017:

ANTES:
As emissoras eram obrigadas a convidar todos os candidatos dos partidos que
tivessem representação na Câmara superior a 9 Deputados.
Desse modo, para que a emissora seja obrigada a convidar o candidato, ele
deve fazer parte de um partido político que tenha, no mínimo, 10 Deputados
Federais.

AGORA:
Esse número foi reduzido.
Agora, as emissoras são obrigadas a convidar todos os candidatos dos partidos
que tenham representação no Congresso Nacional, de, no mínimo, 5
parlamentares.
Assim, o partido deverá ter 5 Deputados Federais, 5 Senadores, 3 Deputados e
2 Senadores etc. O que importa é um número mínimo de 5 parlamentares no
Congresso Nacional (Deputados Federais e/ou Senadores).

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 46.  Independentemente da Art. 46.  Independentemente da
veiculação de propaganda eleitoral veiculação de propaganda eleitoral
gratuita no horário definido nesta Lei, é gratuita no horário definido nesta Lei, é
facultada a transmissão por emissora facultada a transmissão por emissora
de rádio ou televisão de debates sobre de rádio ou televisão de debates sobre
as eleições majoritária ou proporcional, as eleições majoritária ou proporcional,
sendo assegurada a participação de assegurada a participação de
candidatos dos partidos com candidatos dos partidos com
representação superior a nove representação no Congresso Nacional,
Deputados, e facultada a dos demais, de, no mínimo, cinco parlamentares, e
observado o seguinte: facultada a dos demais, observado o
seguinte:

ALTERAÇÃO 16: REDUÇÃO DO TEMPO DE PROPAGANDA ELEITORAL


GRATUITA NO SEGUNDO TURNO
Tempo dos blocos diários foi reduzido
O art. 49 da Lei nº 9.504/97 trata sobre o tempo de propaganda eleitoral
gratuita nas emissoras de rádio e TV.
O tempo diário do horário político no rádio e TV para o segundo turno foi
reduzido em 10 minutos. Compare:

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 49. Se houver segundo turno, as Art. 49.  Se houver segundo turno, as
emissoras de rádio e televisão emissoras de rádio e televisão
reservarão, a partir de quarenta e oito reservarão, a partir da sexta-feira
horas da proclamação dos resultados seguinte à realização do primeiro turno
do primeiro turno e até a antevéspera e até a antevéspera da eleição, horário
da eleição, horário destinado à destinado à divulgação da propaganda
divulgação da propaganda eleitoral eleitoral gratuita, dividida em dois
gratuita, dividido em dois períodos blocos diários de dez minutos para
diários de vinte minutos para cada cada eleição, e os blocos terão início às
eleição, iniciando-se às sete e às doze sete e às doze horas, no rádio, e às
horas, no rádio, e às treze e às vinte treze e às vinte horas e trinta minutos,
horas e trinta minutos, na televisão. na televisão.

Tempo das inserções diárias também foi reduzido


O art. 51 da Lei nº 9.504/97 trata sobre o tempo das propagandas eleitorais
feitas mediante inserções diárias na programação das rádios e TVs. Em outras
palavras, são aqueles "comerciais" que passam dos candidatos ao longo da
programação.

ANTES: as emissoras de rádio e de televisão e os canais de televisão por


assinatura eram obrigadas a reservar 70 minutos diários a serem usados em
inserções de 30s e 60s para a propaganda eleitoral gratuita tanto no primeiro
como no segundo turno.
AGORA: no primeiro turno esse tempo continua o mesmo. No segundo turno,
contudo, esse prazo caiu para 25 minutos por cada cargo em disputa.

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 51.  Durante os períodos previstos Art. 51.  Durante o período previsto no
nos arts. 47 e 49, as emissoras de art. 47 desta Lei, as emissoras de rádio
rádio e televisão e os canais por e televisão e os canais por assinatura
assinatura mencionados no art. 57 mencionados no art. 57 desta Lei
reservarão, ainda, setenta minutos reservarão setenta minutos diários
diários para a propaganda eleitoral para a propaganda eleitoral gratuita, a
gratuita, a serem usados em inserções serem usados em inserções de trinta e
de trinta e sessenta segundos, a de sessenta segundos, a critério do
critério do respectivo partido ou respectivo partido ou coligação,
coligação, assinadas obrigatoriamente assinadas obrigatoriamente pelo
pelo partido ou coligação, e partido ou coligação, e distribuídas, ao
distribuídas, ao longo da programação longo da programação veiculada entre
veiculada entre as cinco e as vinte as cinco e as vinte quatro horas, nos
quatro horas, nos termos do § 2º do termos do § 2º do art. 47 desta Lei,
art. 47, obedecido o seguinte: obedecido o seguinte:
(...) (...)
Não havia § 2º § 2º Durante o período previsto no art.
49 desta Lei, onde houver segundo
turno, as emissoras de rádio e televisão
e os canais de televisão por assinatura
mencionados no art. 57 desta
Lei reservarão, por cada cargo em
disputa, vinte e cinco minutos para
serem usados em inserções de trinta e
de sessenta segundos, observadas as
disposições deste artigo.
ALTERAÇÃO 17: FOMENTO DA PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS E NEGROS
NA POLÍTICA
O TSE, além de realizar propagandas para incentivar a participação feminina na
política, deverá também fazer campanhas institucionais para promover a
participação dos jovens e da comunidade negra.

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 93-A. O Tribunal Superior Eleitoral, Art. 93-A. O Tribunal Superior Eleitoral,
no período compreendido entre 1º de no período compreendido entre 1º de
abril e 30 de julho dos anos eleitorais, abril e 30 de julho dos anos eleitorais,
promoverá, em até cinco minutos promoverá, em até cinco minutos
diários, contínuos ou não, requisitados diários, contínuos ou não, requisitados
às emissoras de rádio e televisão, às emissoras de rádio e televisão,
propaganda institucional, em rádio e propaganda institucional, em rádio e
televisão, destinada a incentivar a televisão, destinada a incentivar a
participação feminina na política, bem participação feminina, dos jovens e da
como a esclarecer os cidadãos sobre as comunidade negra na política, bem
regras e o funcionamento do sistema como a esclarecer os cidadãos sobre as
eleitoral brasileiro. regras e o funcionamento do sistema
eleitoral brasileiro.

ALTERAÇÕES NA LEI 9.096/95 (LEI DOS PARTIDOS


POLÍTICOS)
A Lei nº 9.096/95 dispõe sobre os partidos políticos.
Vejamos as alterações que foram nela promovidas pela Lei nº 13.488/2017.

ALTERAÇÃO 1: VEDAÇÕES AO RECEBIMENTO DE AUXÍLIO FINANCEIRO


O art. 31 da Lei nº 9.096/95 prevê que os partidos políticos não podem receber
ajuda financeira de determinadas pessoas (físicas ou jurídicas). Ex: não podem
receber auxílio pecuniário de governos estrangeiros.
A Lei nº 13.488/2017 promove três mudanças na lista do art. 31. Veja o que
mudou:

LEI 9.096/95 (LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS)


 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 31. É vedado ao partido receber, Art. 31. É vedado ao partido receber,
direta ou indiretamente, sob qualquer direta ou indiretamente, sob qualquer
forma ou pretexto, contribuição ou forma ou pretexto, contribuição ou
auxílio pecuniário ou estimável em auxílio pecuniário ou estimável em
dinheiro, inclusive através de dinheiro, inclusive através de
publicidade de qualquer espécie, publicidade de qualquer espécie,
procedente de: procedente de:
(...) (...)

II - autoridade ou órgãos públicos, II - entes públicos e pessoas jurídicas


ressalvadas as dotações referidas no de qualquer natureza, ressalvadas as
art. 38; dotações referidas no art. 38 desta Lei
e as proveniente do Fundo Especial de
Financiamento de Campanha;

III - autarquias, empresas públicas ou Esse inciso III foi revogado.


concessionárias de serviços públicos,
sociedades de economia mista e
fundações instituídas em virtude de lei
e para cujos recursos concorram
órgãos ou entidades governamentais; V - pessoas físicas que exerçam função
ou cargo público de livre nomeação e
Não havia inciso V.
exoneração, ou cargo ou emprego
público temporário, ressalvados os
filiados a partido político.

ALTERAÇÃO 2: FUNDAÇÕES CRIADAS POR PARTIDOS POLÍTICOS


O art. 53 da Lei nº 9.096/95 prevê a possibilidade de que os partidos políticos
criem fundações ou institutos de direito privado para estudo, pesquisa,
doutrinação e educação política:
Art. 53. A fundação ou instituto de direito privado, criado por partido político,
destinado ao estudo e pesquisa, à doutrinação e à educação política, rege-se
pelas normas da lei civil e tem autonomia para contratar com instituições
públicas e privadas, prestar serviços e manter estabelecimentos de acordo com
suas finalidades, podendo, ainda, manter intercâmbio com instituições não
nacionais.

A Lei nº 13.487/2017 inseriu alguns parágrafos a esse art. 53 prevendo novas


regras para essas fundações:
§ 1º O instituto poderá ser criado sob qualquer das formas admitidas pela lei
civil.
§ 2º O patrimônio da fundação ou do instituto de direito privado a que se
referem o inciso IV do art. 44 desta Lei e o caput deste artigo será vertido ao
ente que vier a sucedê-lo nos casos de:
I - extinção da fundação ou do instituto, quando extinto, fundido ou
incorporado o partido político, assim como nas demais hipóteses previstas na
legislação;
II - conversão ou transformação da fundação em instituto, assim como deste
em fundação.
§ 3º Para fins do disposto no § 2º deste artigo, a versão do patrimônio implica
a sucessão de todos os direitos, os deveres e as obrigações da fundação ou do
instituto extinto, transformado ou convertido.
§ 4º A conversão, a transformação ou, quando for o caso, a extinção da
fundação ou do instituto ocorrerá por decisão do órgão de direção nacional do
partido político.

ALTERAÇÃO 3: FIM DA PROPAGANDA PARTIDÁRIA GRATUITA NO


RÁDIO E TV

PROPAGANDA EM DIREITO ELEITORAL


Propaganda, em direito eleitoral, é um gênero, que se divide nas seguintes
espécies (classificação proposta pelo Min. Luiz Fux):
Tem por objetivo promover o pretenso
Propaganda INTRAPARTIDÁRIA
candidato perante os demais filiados ao
ou PRÉ-ELEITORAL:
partido político;
Propaganda ELEITORAL Tem por objetivo conseguir a captação de
STRICTO SENSU: votos perante o eleitorado;
Possui conteúdo educativo, informativo ou
de orientação social, sendo promovida
Propaganda INSTITUCIONAL:
pelos órgãos públicos, nos termos do art.
37, § 1º, da CF;
É aquela organizada pelos partidos políticos,
com o intuito de difundir suas ideias e
propostas, o que serviria para cooptar
Propaganda PARTIDÁRIA: filiados para as agremiações, bem como para
enraizar suas plataformas e opiniões na
consciência da comunidade. Era disciplinada
no art. 45 da Lei nº 9.096/95.

A Lei nº 9.096/95 dispõe sobre os partidos políticos e, em seu art. 45, tratava
sobre a “propaganda partidária”, quarta espécie de propaganda, conforme visto
acima. Veja o que dizia o caput do art. 45:
Art. 45. A propaganda partidária gratuita, gravada ou ao vivo, efetuada
mediante transmissão por rádio e televisão será realizada entre as dezenove
horas e trinta minutos e as vinte e duas horas para, com exclusividade:
I - difundir os programas partidários;
II - transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário,
dos eventos com este relacionados e das atividades congressuais do partido;
III - divulgar a posição do partido em relação a temas político-comunitários;
IV - promover e difundir a participação política feminina, dedicando às
mulheres o tempo que será fixado pelo órgão nacional de direção partidária,
observado o mínimo de 10% (dez por cento).

A propaganda partidária era aquela veiculada fora do período eleitoral e na qual


o objetivo era divulgar as ideias do partido. Normalmente, terminava com a
pessoa dizendo: “Filie-se ao partido...”

A Lei nº 13.487/2017 acabou com a propaganda partidária no rádio e na


televisão revogando os dispositivos da Lei nº 9.504/97 que tratavam sobre o
tema:
Art. 5º Ficam revogados, a partir do dia 1º de janeiro subsequente à publicação
desta Lei, os arts. 45, 46, 47, 48 e 49 e o parágrafo único do art. 52 da Lei nº
9.096, de 19 de setembro de 1995.

O fim da propaganda partidária era um antigo pleito das emissoras de rádio e


TV.
Importante esclarecer que a propaganda eleitoral, ou seja, aquela veiculada no
período das eleições para pedir votos para os candidatos, continua existindo.

ALTERAÇÕES NO CÓDIGO ELEITORAL


A Lei nº 4.737/65 é o Código Eleitoral brasileiro.
Vejamos as alterações que foram nela promovidas pela Lei nº 13.488/2017.

ALTERAÇÃO 1: VAGAS NÃO PREENCHIDAS COM A APLICAÇÃO DOS


QUOCIENTES PARTIDÁRIOS
O art. 109 do Código Eleitoral trata sobre os lugares não preenchidos com a
aplicação dos quocientes partidários e em razão da exigência de votação
nominal mínima.
A Lei nº 13.488/2017 promoveu uma mudança no § 2º deste artigo:

CÓDIGO ELEITORAL
 
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 109 (...) Art. 109 (...)
§ 2º Somente poderão concorrer à § 2º Poderão concorrer à distribuição
distribuição dos lugares os partidos ou dos lugares todos os partidos e
as coligações que tiverem obtido coligações que participaram do pleito.
quociente eleitoral.

ALTERAÇÃO 2: APROPRIAÇÃO INDÉBITA ELEITORAL


A Lei nº 13.488/2017 criou um novo crime previsto no art. 354-A do Código
Eleitoral:
Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha,
ou quem de fato exerça essa função, de bens, recursos ou valores destinados
ao financiamento eleitoral, em proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

VIGÊNCIA
As Leis nº 13.487/2017 e 13.488/2017 não possuem vacatio legis e, por essa
razão, já estão em vigor desde o dia 06/10/2017.
Os partidos deverão adequar seus estatutos aos termos da Lei nº 13.488/2017
até o final do exercício de 2017.

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