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Introdução
ampla distribuição geográfica desde a Nova Escócia até o sul do Brasil no oeste do Atlântico, incluindo Golfo
do México e Caribe. Também encontrado no lado leste do Atlântico da Mauritânia a Angola, com registros
para Portugal, Açores até o sul da França (FROESE & PAULY, 2018).
lagoas, e ainda capaz de migrar em rios de água doce. Sendo também capaz de tolerar uma ampla variedade
de salinidade e ambientes com baixa concentração de oxigênio, devido sua habilidade de exibir respiração
aérea (bexiga natatória fixada ao esôfago) (FROESE & PAULY, 2018). Exibe comportamento de migração
reprodutiva para áreas oceânicas ou recifes distantes das costas. Esta estratégia está diretamente associada
desenvolvimento (2-8 semanas), retornando para áreas estuarinas e lagoas onde completa seu ciclo de vida
se alimentando e crescendo até atingir a maturidade sexual (CABTREE et al., 1997; AULT et al., 2008).
Atinge a maturidade sexual após 100 cm com cerca de 6 a 10 anos de vida, podendo viver até
aproximadamente 60 anos, sendo considerada uma espécie de alta longevidade. O comprimento máximo
reportado é de 250 cm e peso de 160 kg, juvenis após 4 cm de comprimento e sub-adultos entre 70 e 90 cm
(CABTREE et al., 1995). Apresentam desovas parceladas, com indivíduos sendo encontrados capazes de
desovar ao longo de todo ano em ambientes tropicais (Costa Rica e Brasil), exceto para costa da Flórida onde
exibe desovas sazonais associadas ao período do verão, com registros de alta mortandade em água fria (DE
MENEZES & PAIVA, 1966; CABTREE et al., 1997; FROESE & PAULY, 2018). São geralmente encontrados em
agregações reprodutivas entre 25-200 indivíduos que liberam seus ovos externamente, com alta
sendo comumente mais piscívoro na fase adulta. Predados geralmente por tubarões cabeça-chata
Carcharhinus leucas e tubarões martelos (gênero Sphyrna), e até crocodilos (FROESE & PAULY, 2018).
A captura comercial desta espécie é proibida na costa da Flórida (EUA), sendo uma espécie
considerada como vulnerável na lista vermelha da IUCN. Atualmente apenas podendo ser pescada na pesca
esportiva, em caráter de pesque e solte, com poucos indivíduos sendo permitidos para desembarques (AULT
et al. 2008). No Brasil, nunca houve registro de proibição de sua captura em caráter comercial, comumente
conhecido pelos pescadores artesanais como parte do processo de capturas de sua atividade tradicional.
incluindo a ausência de dados, o camurupim foi incluído na lista de espécies ameaçadas no Brasil (Portaria
445). No Delta do Parnaíba o camurupim é capturado pela pesca na fase adulta frota artesanal de linha de
mão e espinhel (Pedra do Sal) com comprimentos entre 88 e 228 cm, e na fase jovem por tarrafa em lagoas
na Ilha Grande (PI) com comprimentos entre 8-46 cm (FERNANDES et al. 2017).
sua ontogenia a outras localidades ao longo do Caribe. Os comprimentos dos indivíduos variam de 60 a
Abaixo segue uma tabela com os comprimentos de vários estudos já realizados para espécie:
Tabela 1. Comparação de resultados de comprimento total (CT) máximo, comprimento furcal (CF) máximo e
peso total (PT) máximo para o camurupim (M. atlanticus) (SILVA, in prep.)
Vega-Rodríguez; Ayala-Pérez
México - 191 cm 57 kg
(2014)
O período reprodutivo de acordo com as gônadas parece ocorrer no período seco (agosto a
dezembro), atendendo as exigências do crescimento dos jovens nas lagoas (SILVA, in prep.).
O comprimento de maturidade sexual variou em torno de 100 cm para machos e fêmas, muito
0.00
60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160
Comprimento Total (cm)
A Tabela 2, apresenta a comparação de resultados do comprimento médio de primeira
maturação sexual (L50) do camurupim (M. atlanticus) da presente pesquisa com de vários outros
Referências
AULT, J.S., R. HUMSTON, M.F. LARKIN, E. PERUSQUIA, N. FARMER, J. LUO, N. ZURCHER, S.G. SMITH, L.R.
BARBIERI, & J.M. POSADA. 2008. Population dynamics and resource ecology of Atlantic tarpon and bonefish.
In: J. S. Ault, ed. Biology and Management of the World Tarpon and Bonefish.
CRABTREE, R.E., E.C. CYR, & J.M. DEAN. 1995. Age and growth of tarpon, Megalops atlanticus, from South
Florida waters. Fishery Bulletin, U.S. 93:619-628.
CRABTREE, R.E., E.C. CYR, D.C. CHACON-CHAVERRI, W.O. MCLARNEY, & J.M. DEAN. 1997. Reproduction of
tarpon, Megalops atlanticus, from Florida and Costa Rican waters and notes on their age and growth.
Bulletin of Marine Science 61:271-285.
DE MENEZES, M.F. AND M.P. PAIVA. 1966. Notes on the biology of tarpon, Megalops atlanticus (Cuvier and
Valenciennes), from coastal waters of Ceara State, Brazil. Arquivos da Estação de Biologia Marinha da
Universidade Federal do Ceará 6:83-98.
FERNANDES, C. A. F.; GÔNDOLO, G., MAGALHÃES, W. & EDNA CUNHA. 2017. The Artisanal Fisheries for
Tarpon (Megalops atlanticus) in Brazil: Conflicts between Social and Ecological Applications. Bonefish and
Tarpon Trust, 6th International Science Symposium, Weston, Flórida, 2017.
FROESE, R. & D. PAULY. Editors. 2018.FishBase. World Wide Web electronic publication.
www.fishbase.org, ( 02/2018 )
SILVA, C. E. L. dos S.. BIOLOGIA REPRODUTIVA DE DUAS DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PEIXES ÓSSEOS
CAPTURADAS NA PESCA ARTESANAL NO EXTREMO OESTE DO CEARÁ, BRASIL. Dissertação de Mestrado
apresentadoao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Pesca, do departamento de Engenharia de
Pesca da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em
Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca.
SMITH, D.G. 1980. Early larvae of the tarpon, Megalops atlanticus Valenciennes (Pisces: Elopidae), with notes
on spawning in the Gulf of Mexico and the Yucatan Channel. Bulletin of Marine Science 30:136-141.
A reunião foi realizada no dia 16 de fevereiro de 2019 na comunidade da Praia Pedra do
Sal, e teve por objetivo levantar informações acerca da dinâmica da pesca do camurupim
(Megalops atlanticus) para criação de um plano de manejo da espécie na área da APA Delta do
Parnaíba. Para isso foram convidados todos os representantes dos pescadores que estão
inseridos dentro dessa área: Chaval (CE), Cajueiro da Praia/Barra Grande, Pedra do Sal/Labino
(MA), Canárias e Tutóia/Paulino Neves (MA), além de órgãos ambientais, organizações não
governamentais e Universidade Federal do Delta do Parnaíba.
PROGRAMAÇÃO
Antigamente tinha uma pesca que quase acabou o camurupim. Pesca de rede vinha de
Natal, caçoeira. Com malha nylon 180, 200, diminuir muito. Fez a quantidade de camurupim
diminuir muito
Hoje a produção do camurupim cresce muito em todo Brasil – Bahia, Belém, Recife tem
muito, mas o camurupim não tem valor comercial lá. O que mata o camurupim em quantidade é
o curral.
Tem 65 anos. Nas áreas das Ilhas, próximo de Luís Correia tem produção grande de
camurupim e muitas lagoas com pema. O camurupim diminuiu muito com esta pesca de
grandes redes. As lagoas são lotadas de pema, que é o camurupim.
Fazem estudo no estrangeiro e querem dizer que está acabando. Mas tem muito
camurupim no mar. O camurupim nãoi está acabando no Piauí e pema nas lagoas. Tinha que ter
estudo e recurso sobre os pemas e camurupim para conhecer melhor a situação do Piauí.
A pesca de linha não mata todos os peixes. Pescador não tem tempo e recursos para
levar os pemas das lagoas para o mar.
Não tem a pesca de camurupim, nem de linha, arpão só quando cai no curral. Trm 1 ou 2
nos currais. Uma vez deu 11, mas é raro.
Mas tem muito pema. Onde tem buraco, os pemas ficam. Se passar uma tarrafa tem mais
de 100 pemas.
20 anos atrás o menor peixe tinha 30/40 kg. A produção era maior. O pessoal que
passava rede fez diminuir muito a quantidade de camurupim. A pesca que prejudica muito é a
groseira. Groseira com 300, 500 anzóis, pega 30, 40 peixes.
Temos uma Lagoa que tem muito pema, mas eles não tem como sair para fora no
período do verão.
TRABALHOS DE GRUPOS
1. Grupo Chaval
O grupo foi composto por pescadores que exercem a atividade na cidade de Chaval,
estado do Ceará, alunos do curso de Engenharia de Pesca, da Universidade Federal do Piauí e
representante do ICMBio.
Linha do Tempo
Foram citados alguns pontos que há a presença do camurupim na região, entre eles:
Pontal das Almas, Gamboa das Almas, Rio Muriçoca, Rio Carpina, Rio da Chapada, Ilha do Mota,
Ilha dos Preás, Ilha da Clemência.
Atividade da Pesca
De acordo com os pescadores presentes, a região que abrange a cidade de Chaval e áreas
adjacentes, a pesca de camurupim não ocorre, primeiro por não possuírem pescadores
direcionados para pescar o peixe e segundo os apetrechos de pesca não serem adequados para
capturar o animal, contudo os utilizam para pescar outras espécies, como a tainha.
Esporadicamente alguns exemplares (1 a 3 por ano) acabam sendo capturados nos currais
e/ou caçoeiras, como relatou o Sr. Ezequias.
“Não há pescador que saia com linha para pescar o camurupim em Chaval. Identificam
pemas em todo estuário (lagos, rios, etc) e todo ano. Camurupins adultos são raros e aparecem
entre outubro e janeiro. São capturados em currais e caçoeiras esporadicamente. Buracos e
barreiros abertos acumulam água e os pemas aparecem. (conteúdo do cartaz do grupo)”.
Mesmo não havendo captura dos indivíduos adultos na região, os pescadores
comentaram a presença dos jovens, conhecidos popularmente como “pema”, em lagoas, rios,
igarapés e poços d´água. Na região são chamados de pemas os indivíduos com peso entre 2 a 5
Kg. Estes são capturados como fauna acompanhante da pesca do camarão e devido possuírem
um tamanho pequeno, são devolvidos ao ambiente por não terem valor de mercado.
Comercialização do camurupim
Estratégias de conservação
2. Grupo Canárias
O presente grupo foi composto por pescadores que exercem a atividade da comunidade
de Canárias, estado do Ceará, alunos do curso de Engenharia de Pesca, da Universidade Federal
do Piauí, representante da Comissão Ilha Ativa e representante do ICMBio.
Locais de Ocorrência do Camurupim
Foram citados alguns pontos que há a presença do camurupim na região, entre eles:
Igarapé do Periquito; Igarapé do Galego; Igarapé da Salina; Lagoa Boca do Coqueiro, onde a
entrada dos pemas é pelo Lamarão (Teixeira); Lagoa Salgada; na área entre as comunidades do
Morro do Meio ao Torto; toda área da entrada do Igarapé dos Poldros até a comunidade de
Caiçaras; dentro da Ilha dos Cajus e, em poços d`água.
Atividade da Pesca
Estratégias de conservação
3) cada pescador se conscientizar e registrar sua produção durante o ano como forma de
gerar dados que garantam a presença da espécie na região.
Linha do Tempo
Relatam que os pescadores da comunidade realizam as pescarias de camurupim a pelo
menos 90 anos.
O presente grupo foi composto por pescadores que exercem a atividade da comunidade
de Pedra do Sal e Labino, alunos do curso de Engenharia de Pesca, da Universidade Federal do
Piauí, representante do Instituto Tartarugas do Delta, representante do Conselho Nacional de
Pescadores e Pescadoras e representante do ICMBio.
Em relação ao pema foram citadas as lagoas de maior ocorrência e de fácil acesso dos
pemas: Canto da Vieira; Igarapé Salgado; Lagoa dos Pemas; Lagoa da Tocão; Tanque do Tunico;
Lagoa dos Piaus; Lagoa do Cavalo Velho; Lagoa da Coronheira; Sangrador do Miltim; Goiabeira
e; Sangrador do Cutia.
Informaram que desde 2012 conseguem capturar Camurupim entre 300 e 660 metros
da costa em todo o litoral, principalmente nas áreas de pesca da praia da Pedra do Sal (Barra
do Igaraçu até as Ilha dos Poldros).
Atividade da Pesca
Comercialização do Camurupim
Os peixes são vendidos inteiros por R$ 15,00 reais/Kg para 4 atravessadores, sendo que
destes, 3 são nativos da comunidade da Pedra do Sal e 1 residente de Ilha Grande. Os
atravessadores revendem o camurupim, já eviscerado, para a cidade de Parnaíba e o
consumidor final compra no valor de R$ 25,00 reais na feira da quarenta e mercados.
Estratégia de Conservação
- Reunião dia 08/03 no ICMBio para fechar o documento do Plano de manejo. Cada
comunidade participará com um representante. Chaval – Ezequias; Canárias – Dedé; Pedra do
Sal – Pescada e, Labino – Sérgio.
- Equipe faz redação final do documento para que possa servir de subsídio nas discussões do
Plano de Manejo da APA Delta, antes de 18 de março.
LISTA DE PRESENÇA