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O tribunal, na sua ponderação, quando concluir que está perante um

circunstancialismo que fica aquém do ponto de vista do legislador pode lançar mão do 72º
e atenuar especialmente a pena.
Neste artigo o legislador usa a técnica dos exemplos padrão – ele usa-o quando
existirem circunstâncias que (…). O nº 2 exemplifica quais circunstâncias podem revelar
esta diminuição.
São exemplos padrão (como no art. 132º CP) porque nenhuma das circunstâncias
exemplificadas é suficiente para levar isto a cabo; são meras circunstâncias
exemplificativas dos casos de atenuação especial da pena, que por si só não levam a ela: o
juiz, num segundo juízo, tem que verificar que de facto aquela circunstância levou à
diminuição acentuada da ilicitude, da culpa ou da necessidade de pena.
Por outro lado, estes exemplos são só exemplos: pode haver outras circunstâncias não
previstas.
Portanto, nestas situações o tribunal, logo na primeira operação da determinação da
pena, pode atenuar especialmente de acordo com o art. 72º.
No nº 2 al. b, diz-se que pode revelar o facto de ter decorrido muito tempo da prática do crime – se
estivermos a julgar alguém 15 anos depois da prática do crime e a pessoa teve, nesse espaço de
tempo, sempre um comportamento fiel ao direito. O decurso do tempo faz diminuir de forma
acentuada as exigências de punição – quer do ponto de vista geral quer do ponto de vista
preventivo-geral.
O art. 73º é o artigo que nos diz quais os termos da atenuação especial. Aqui, chamamos
a atenção para o seguinte: o art. 72º tem autónoma relativamente as circunstâncias
modificativas atenuantes (tentativa ou cumplicidade).
Agora, sempre que haja uma circunstância modificativa atenuante e haja também um
caso especial de determinação da pena, os termos da atenuação são sempre os mesmos
(art. 73º). Ambas as operações se dão na primeira operação, mas são coisas diferentes.
O art. 73º diz-nos que o limite máximo da pena de prisão é reduzido de 1/3 (sempre que
houver atenuação especial da pena reduz-se um terço ao limite máximo), se houver várias
atenuações o seu cálculo é sucessivo.
Quanto a isto, ainda, chamamos a atenção para a al. d): se não for superior a 3 anos,
pode a mesma ser substituída por multa dentro dos limites legais. Quando há atenuação
geral da pena, o limite máximo da pena de prisão é reduzido de 1/3; mas, alem disso, há
sempre a possibilidade de substituir a pena de prisão aplicável por uma pena de multa.
Nesse caso, a pena de multa terá os limites do arr. 47º.
Ou seja, vamos supor que tenho duas circunstâncias modificativas atenuantes. Retiro 1/3 ao abrigo
da al. a) ao limite máximo, fico com 3 anos de pena de prisão. Nesse caso, o juiz pode substituir esta
moldura por moldura de pena de multa.
O critério do juiz é aquele que vamos estudar de seguida: escolha de penas não
privativas da liberdade em detrimento de penas privativas da liberdade.
Se o limite máximo for o limite máximo da pena de multa: al. c, é reduzido de um terço.

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