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RESUMO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1Ingrid Arcari Perin, aluna da Pós-graduação em Direito Civil com ênfase em Direito de Família e
Sucessões, da Instituição de Ensino Verbo Jurídico. E-mail: ingrid.perin@hotmail.com.
Ainda, conforme estudo recente, realizado em julho deste ano de 2020, pelo
Portal EBC, Agência Brasil, os cartórios do Brasil registraram aumento de 18,7% nos
divórcios consensuais durante a época de pandemia do COVID-19 (AGÊNCIA
BRASIL, 2020).
Nesses casos em que o laço conjugal se desfaz, uma coisa é certa, havendo
filhos menores, estes devem ser protegidos, amparados e acolhidos pelos pais, da
melhor forma possível, a fim de resguardar o direito à uma vida digna, um crescimento
saudável, e uma saúde psicológica favorável para enfrentar as adversidades.
1. PODER FAMILIAR
O poder familiar é exercido pelo pai e pela mãe, estando eles juntos ou
separados, e em consonância com o princípio da igualdade familiar.
Outrossim, de acordo com o Código Civil Brasileiro (2002), disposição do artigo
1.631, na falta de um dos pais, o poder será exclusivo do outro e, ainda, conforme
artigo 1.633, não havendo nenhum dos pais, dar-se-á tutor ao menor.
Conforme a conceituação de Paulo Lôbo (2011, p. 295), o poder familiar é “o
exercício da autoridade dos pais sobre os filhos, no interesse destes. Configura uma
autoridade temporária, exercida até a maioridade ou emancipação dos filhos”.
Tendo por base o conceito dissertado, conclui-se que o poder familiar é o fato
de os pais (ou tutor) decidirem pelos seus filhos menores, os quais ainda não possuem
capacidade absoluta para a vida civil e, dessa forma, necessitam de alguém
plenamente capaz para lhes representar ou assistir.
De outro lado, como tudo o que se institui pode ser destituído, com o poder
familiar isso também ocorre. A destituição do poder familiar consiste em três espécies
previstas pelo ordenamento jurídico brasileiro: extinção, suspensão e perda.
Ambas as “sanções” estão previstas nos artigos 1.635 a 1.638 do Código Civil
(2002). A extinção ocorre por situações legais, pela emancipação, maioridade, adoção,
e pela morte dos pais ou do filho. A suspensão cabe nos casos em que os pais
abusarem da autoridade e faltarem aos seus deveres. Por fim, a perda se dá por atos
praticados pelos pais, como castigar imoderadamente o filho, abandonar, entregar o
filho à outros, bem como praticarem os crimes previstos no parágrafo único do artigo
1.638 do CC.
Conforme se depreende da análise acima, o poder familiar é autoridade dos
pais do menor, os quais são responsáveis por cuidar de seus interesses. Contudo,
esse mesmo poder pode ser destituído pelas formas destacadas, sendo a suspensão
temporária, quando não repetida, enquanto que a extinção e a perda são medidas
mais gravosas, uma vez que definitivas.
Tudo o que se faça após a ruptura de fato dos pais, desde a separação de
corpos, os trâmites judiciais ou extrajudiciais do divórcio ou dissolução de união
estável, até a volta à rotina do menor, deve considerar o seu melhor interesse.
A guarda exercida pelos pais da criança ou adolescente é necessária, e a
maneira como é desempenhada é fundamental para o desenvolvimento da pessoa.
Por isso, o ordenamento jurídico é exigente, batendo nesta tecla com firmeza, visando
garantir todos os cuidados necessários para a criação de homens e mulheres dignos.
3. MODALIDADES DE GUARDA
A guarda dos filhos menores pode ser exercida de três formas, duas previstas
pelo ordenamento jurídico brasileiro, guarda unilateral e guarda compartilhada, e a
terceira acrescida pela doutrina, a guarda exercida de forma alternativa.
3.1 Guarda unilateral
De outra forma, a guarda alternada não é bem vista por todos os olhos. Alguns
doutrinadores não a acolhem, e muitos profissionais psicólogos não indicam, pois
acreditam que tal modalidade não é benéfica para os menores, os quais ficam sem
referência e concretude em seu desenvolvimento.
Ainda, conforme estudo e estatística realizado pelo IBGE trazido acima, outro
aspecto que torna importante o compartilhamento de guarda é a presença do pai junto
à criação dos filhos, visto que, por motivo cultural, normalmente a mãe assume as
responsabilidades da criação dos filhos após a separação.
Nessa mesma esteira é o entendimento jurisprudencial adotado por diversos
Tribunais de Justiça do Brasil. Destaca-se o julgamento do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul:
6. DA ALIENAÇÃO PARENTAL
Muito se falou até agora sobre a proteção e busca pelo melhor interesse dos
filhos. Os filhos menores incapazes são totalmente amparados pelo nosso
ordenamento jurídico, o qual garante, em inúmeros dispositivos, os direitos daqueles
que, por si só, não conseguem se defender.
Na dissolução ou divórcio dos pais, os filhos se encontram em situação de
vulnerabilidade, à mercê da sociedade e, muitas vezes, das intenções egoístas de
seus próprios pais.
Os casais separam-se por diversos motivos, o que convém apenas a cada um.
O que deve ser entendido é que o término do relacionamento dos pais não é o fim da
família, e sim a alteração da convivência familiar.
A alienação parental é um problema enfrentado principalmente após a
separação dos pais, quando um dos genitores utiliza-se de falácias emocionais e
chantagistas a fim de entrar na psique de seus filhos e montar uma imagem negative
do outro genitor.
A alienação começa com pequenas frases como “sua mãe me fez sofrer muito”,
até chegar em expressões mais fortes como “seu pai nunca gostou de você, eu
sempre te defendi”. Ainda, em casos mais sérios, o alienador acusa o outro genitor de
ações graves, mesmo sem razão, criando na mente da criança ou adolescente uma
imagem totalmente distorcida e baixa de seu outro genitor, não querendo mais nem o
ver ou manter contato.
Ademais, configura-se como alienação parental todas as demais hipóteses
previstas na Lei 12.318/10.
Essas ações, provocam danos sérios à psique dos filhos e, muitas vezes,
irreversíveis. Ademais, a prática da alienação parental pode causar a perda da guarda.
REFERÊNCIAS
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compartilhada: perspectivas e desafios diante da responsabilidade parental, 2015.
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ALVES, Amanda P.; ARPINI, Dorian M.; CÚNICO, Sabrina Daiana. Guarda
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Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
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COSTA, Lila M. G.; FRIZZO, Giana B.; LOPES, Rita C. S.. A guarda compartilhada
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GOMIDE, Paula I. C.; GUIMARÃES, Ana Maria A.; MEYER, Patrícia. Análise de um
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<https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=
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https://jus.com.br/artigos/3533. Acesso em: 16 nov. 2020.