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INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO – IFMA MTC

DEPARTAMENTO DE ELETROELETRÔNICA
CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA

ANDRÉ VINICIUS NASCIMENTO DOS ANJOS

SUBESTAÇÕES DE POTÊNCIA: principais equipamentos e suas funções

São Luís
2021
ANDRÉ VINICIUS NASCIMENTO DOS ANJOS

SUBESTAÇÕES DE POTÊNCIA: principais equipamentos e suas funções

Trabalho de conclusão de curso (TCC) apresentado ao


Departamento de Eletroeletrônica do Instituto Federal do
Maranhão – Campus Monte Castelo, para obtenção do grau
de Técnico(a) em Eletrotécnica.

Orientador: Prof. Rodrigo José Albuquerque Frazão

São Luís
2021
Dos Anjos, André Vinicius Nascimento
Subestações de Potência: principais equipamentos e suas funções / André Vinicius
Nascimento dos Anjos. – São Luís, 2021.
N° de folhas f. 50
Impresso por computador (fotocópia).
Orientador: Rodrigo José Albuquerque Frazão.
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC-Técnico) – Instituto Federal do Maranhão,
Curso técnico de Eletrotécnica, 2021.
1. Subestação de Potência. 2. Equipamentos – Funcionamento. I. Título
1

“A persistência é o caminho do êxito.”


Charles Chaplin
2

RESUMO

A subestação de potência é uma instalação com um conjunto de equipamentos elétricos


conectados em uma sequência definida, que tem, em essência, 2 (dois) objetivos: o primeiro é
garantir os fluxos de potência entre as diversas partes de um Sistema de Energia Elétrica (SEE);
e o segundo é protegê-lo face às contingências que podem surgir, em especial, curtos-circuitos.
Tendo em mente o primeiro objetivo, uma subestação pode ser interpretada como o elo de
ligação entre as partes do SEE, sendo responsável, por exemplo, pela interligação entre as
usinas de geração de energia elétrica e o sistema de transmissão, que por sua vez será interligado
ao sistema de subtransmisão, e este, por fim, será interligado ao sistema de distribuição. Acerca
do segundo objetivo, a subestação dispõe de equipamentos responsáveis por identificar e
eliminar curtos-circuitos que podem comprometer a operação do SEE. Devido a sua
importância, o estudo das subestações é um dos campos mais desafiadores e instigantes da
engenharia elétrica. Face ao exposto, o presente trabalho apresenta os principais equipamentos
encontrados em uma subestação, bem como as funções que desempenham, de modo a garantir
um fornecimento de energia seguro e confiável aos consumidores finais.

Palavras-chave: Sistema de Energia Elétrica. Subestação de Potência. Equipamentos. Fluxo


de Potência. Proteção.
3

ABSTRACT

An electric power substation is an assemblage of electrical equipment properly connected in a


defined sequence, in order to reach 2 (two) main goals: the first one is to guarantee the power
flows between several parts in an Electric Power System (EPS); and the second one is to protect
it against the contingencies that may arise, especially short circuits. Keeping in mind the first
goal, a substation could be interpreted as the link between EPS’s parts, being responsible for
the interconnection between power generation plants and the transmission systems, which in
turn will be interconnected to the subtransmission systems, which in turn will be interconnected
to the distribution systems. Regarding the second one goal, the substation has equipment able
to identify and eliminate short circuits that could disturb the EPS’s operation. Due to its
paramount importance, the study concerning power substation is one of the most challenging
and exciting fields of electrical engineering. Given the aforementioned, this work presents the
main equipment found in an electric power substation, as well as the functions they perform, in
order to ensure a safe and reliable energy supply to final customers.

Keywords: Electric Power System. Electric Power Substation. Equipment. Power Flows.
Protection.
4

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Transformador de potência............................................................................. 09


Figura 2 Transformador elementar ideal ....................................................................... 10
Figura 3 Transformador trifásico................................................................................... 11
Figura 4 Sistema de Energia Elétrica genérico.............................................................. 12
Figura 5 Partes integrantes do transformador de potência.............................................. 12
Figura 6 Barreira corta-fogo para proteção de dois transformadores adjacentes............ 14
Figura 7 Estrutura do sistema de proteção..................................................................... 15
Figura 8 Transformador de corrente (TC)...................................................................... 16
Figura 9 (a) Conexão no secundário do TC; (b) Uso de TC auxiliar........................ 17
Figura10 Transformador de potencial indutivo (TPI)..................................................... 18
Figura 11 Transformador de potencial capacitivo (TPC)................................................. 19
Figura 12 Disjuntor tipo Y............................................................................................... 20
Figura 13 Disjuntor tipo T............................................................................................... 20
Figura 14 Relé de sobrecorrente...................................................................................... 22
Figura 15 Relé diferencial............................................................................................... 22
Figura 16 Relé Buchholz................................................................................................. 22
Figura 17 Dupla abertura lateral...................................................................................... 23
Figura 18 Abertura vertical.............................................................................................. 23
Figura 19 Abertura central.............................................................................................. 23
Figura 20 Abertura semi-pantográfica............................................................................. 23
Figura 21 Banco de capacitores shunt.............................................................................. 24
Figura 22 Arranjo simples e seccionado.......................................................................... 25
Figura 23 Arranjo com barramento principal e de transferência.................................... 26
Figura 24 Arranjos de barramentos duplos...................................................................... 26
Figura 25 Arranjo de barramento triplo........................................................................... 27
Figura 26 Arranjos de barramento em anel..................................................................... 28
Figura 27 Isolador de vidro.............................................................................................. 28
Figura 28 Cadeia de isoladores de porcelana................................................................... 29
Figura 29 Ilustração da malha de aterramento de uma subestação................................... 30
5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................06
1.1 Generalidades.................................................................................................................06
1.2 Objetivos........................................................................................................................06
1.3 Estrutura da trabalho......................................................................................................06
2 SUBESTAÇÕES DE POTÊNCIA......................................................................................08
2.1 Introdução.................................................................................................................08
2.2 Transformador de Potência...................................................................................09
2.2.1 Princípio de funcionamento..............................................................................09
2.2.2 Partes Integrantes..............................................................................................12
2.2.3 Localização abrigada através de barreiras corta-fogo.......................................13
2.3 Equipamentos da Estrutura do Sistema de Proteção..........................................14
2.3.1 Transformador de Corrente(TC).......................................................................15
2.3.2 Transformador de Potencial (TP)......................................................................17
2.3.2.1 TP indutivo (TPI)..................................................................................18
2.3.2.2 TP capacitivo (TPC)..............................................................................18
2.3.3 Disjuntores de potência (DP)............................................................................19
2.3.4 Relés de proteção..............................................................................................21
2.4 Equipamentos de Manobra....................................................................................23
2.4.1 Chaves seccionadoras.......................................................................................23
2.5 Outros componentes e/ou equipamentos...............................................................24
2.5.1 Banco de capacitores.........................................................................................24
2.5.2 Barramentos......................................................................................................25
2.5.3 Cadeia de isoladores..........................................................................................28
2.5.4 Malha de aterramento........................................................................................29
3 CONCLUSÃO......................................................................................................................31
REFERÊNCIAS...............................................................................................................32
6

1 INTRODUÇÃO

1.1 Generalidades

A eletricidade move o mundo moderno, uma vez que ela está diretamente associada
às nossas ações cotidianas. A história da civilização moderna começou há alguns séculos
atrelada ao surgimento dos geradores síncronos e de toda uma infraestrutura de transmissão de
energia elétrica, infraestrutura essa em que as subestações de potência são partes integrantes.
A subestação de potência é uma instalação com um conjunto de equipamentos elétricos
conectados em uma sequência definida, utilizados para direcionar o fluxo de potência para
diversas partes de um Sistema de Energia Elétrica (SEE) e para protegê-lo face às contingências
que podem surgir, em especial, curtos-circuitos.
Na medida em que a demanda por energia elétrica aumenta cada vez mais, as
subestações de potência precisam ser expandidas e suas complexidades operativas aumentam
na mesma proporção. Nesse contexto, há uma necessidade contínua por inovação, de modo que
os principais equipamentos encontrados nas subestações possam ser mais eficientes e
confiáveis. Face ao exposto, é de suma importância conhecer e caracterizar esses equipamentos,
assim como as funções que desempenham, uma vez que este campo de pesquisa é considerado
como um dos mais desafiadores e instigantes da engenharia elétrica.

1.2 Objetivos

O presente trabalho tem por objetivo apresentar, de forma didática, os principais equipamentos
encontrados em subestações de potência, mostrar suas características e particularidades no que
tange o princípio de operação, além de caracterizar as funções que desempenham.

1.3 Estrutura do trabalho

Este trabalho contém 03 (três) capítulos:

a) O capítulo 01 (um) tem por objetivo fornecer informações pertinentes sobre o trabalho
apresentado.
7

b) No capítulo 02 (dois), apresentam-se embasamentos teóricos aprofundados sobre os


principais equipamentos encontrados em uma subestação de potência, assim como as
funções que desempenham.

c) No capítulo 03 (três), é apresentada a conclusão do trabalho.


8

2 SUBESTAÇÕES DE POTÊNCIA

2.1 Introdução

De acordo com os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema


Elétrico Nacional (PRODIST), uma subestação é caracterizada como sendo uma instalação
elétrica que agrupa os equipamentos, condutores e acessórios, destinados à proteção, medição,
manobra e transformação de grandezas elétricas. Quanto ao nível de tensão, as subestações
podem ser classificadas como sendo de baixa, média e alta tensão, sendo essa última o objeto
do presente trabalho. Com relação à função, as subestações de alta tensão podem ser
classificadas como:
➢ Subestação de Manobra
Permite manobrar partes do sistema, inserindo ou retirando-as de serviço, em um
mesmo nível de tensão.
➢ Subestação de Transformação
1. Subestação Elevadora:
• Localizadas na saída das usinas geradoras.
• Elevam a tensão dos geradores síncronos para níveis de transmissão,
de modo que a transmissão de energia seja economicamente viável
a longas distâncias. No Sistema Interligado Nacional (SIN), os
padrões de tensão ssumem os seguintes valores: 138, 230, 345, 440,
500 e 750 kV.
2. Subestação Abaixadora:
• Diminuem os níveis de tensão de transmissão para níveis de
subtranmissão, cujos valores de tensão variam de 34,5, 69, 88 e 138
kV. As subestações abaixadoras de subtransmissão representam o
elo de ligação entre o sistema de transmissão e o de distribuição.
➢ Subestação de Regulação de Tensão
Através do emprego de equipamentos de compensação tais como reatores,
capacitores e compensadores estáticos, o nível de tensão é regulado para valores
previamente estabelecidos.

Nas subseções subsequentes, serão elencados os principais equipamentos encontrados nessas


subestações, assim como as funções que desempenham.
9

2.2 Transformador de Potência

2.2.1 Princípio de funcionamento

O transformador de potência, Figura 1, considerado por muitos como o componente


mais importante de uma subestação, é um equipamento composto por bobinas de N voltas
(enrolamentos) acopladas magneticamente, ou seja, não há ligação física (elétrica) entre elas.
Todavia, a energia é transferida sem alterar a frequência do sinal de tensão. É de suma
importância salientar que a energia transferida reflete a potência do transformador ao longo do
tempo. Com base no Princípio da Conservação da Energia, pode-se afirmar que a potência de
entrada do transformador é igual à sua potência de saída (omitindo-se as perdas internas).

Figura 1: Transformador de potência


(Fonte: ABB, 2021)

O princípio de funcionamento do transformador de potência é regido pela lei de


Faraday, também conhecida como lei da indução eletromagnética, que exprime:
“A força eletromotriz (fem) induzida num circuito é igual (exceto por uma troca de sinal)
à taxa pela qual o fluxo magnético através do circuito está variando com o tempo”
(ALVES & FERRAREZI, apud HALLIDAY, 1994; 3 ed.; Pg 191)

Para uma interpretação compreensiva e didática desta citação, seja um


transformador elementar ideal (sem perdas) formado por dois enrolamentos com N1 e N2
espiras, como ilustra a Figura 2.
10

Figura 2: Transformador elementar ideal


(Fonte: Adaptado de ALBUQUERQUE, 2021)

Se uma corrente alternada i(t) circular pelo enrolamento 1 (primário), haverá o


surgimento de um campo alternado. Caso um voltímetro seja conectado ao enrolamento 2
(secundário), o mesmo acusará um valor de tensão proporcional ao número de espiras N2 e à
taxa de variação do fluxo enlaçado pelo enrolamento 2. Portanto, tem-se

𝑑
𝑣2 (𝑡) = 𝑁2 𝜆(𝑡). (1)
𝑑𝑡

Como o transformador é ideal, se uma tensão alternada v1(t) é aplicada ao


enrolamento 1 (N1 espiras), estabelece-se um campo magnético Φ, que ficará totalmente
confinado no núcleo ferromagnético. Como não há perdas, então 𝜆 = Φ, dessa forma as linhas
de campo magnético são enlaçadas pelo enrolamento 2 (N2 espiras) e uma tensão é induzida em
seus terminais, assim, a Equação (2) rege a tensão aplicada no enrolamento primário, enquanto
que a Equação (3) define a tensão induzida no enrolamento secundário

𝑑
𝑣1 (𝑡) = 𝑁1 Φ(𝑡) (2)
𝑑𝑡

𝑑
𝑣2 (𝑡) = 𝑁2 Φ(𝑡). (3)
𝑑𝑡

A razão entre as Equações (2) e (3) gera a Equação (4) que expressa a relação entre
a tensão aplicada no primário e a tensão induzida no secundário

𝑣1 (𝑡) 𝑁1
= .
𝑣2 (𝑡) 𝑁2 (4)

Ao conectar uma impedância no secundário, haverá um fluxo de corrente fluindo


por ela, sendo a relação entre a corrente do primário e a corrente do secundário dada por
11

𝑖1 (𝑡) 𝑁2
= .
𝑖2 (𝑡) 𝑁1 (4)

As equações apresentadas são generalizadas e podem ser aplicadas, guardadas as


devidas características, aos transformadores trifásicos das subestações de potência, haja vista
que um transformador trifásico consiste em 3 (três) transformadores monofásicos, como mostra
a Figura 3, que podem ser convenientemente conectados para obter conexões Y-Δ ou Y-Δ.

Figura 3: Transformador trifásico


(Fonte: ELECTRICAL ENGINNERING PORTAL (1), 2021)

Dependendo da subestação em que o transformador de potência se encontra, ele


pode caracterizá-la como elevadora ou abaixadora. Por exemplo, na Figura 4, o transformador
que se localiza na subestação entre a estação de geração (usina) e o sistema de transmissão é
denominado elevador, portanto, essa subestação será caracterizada como elevadora. O objetivo
em elevar o nível de tensão é reduzir o fluxo de corrente nos condutores e, por conseguinte,
reduzir as perdas na transmissão. Em suma, eleva-se a tensão em centenas de quilovolts (padrão
brasileiro: 138, 230, 345, 440, 500 e 750 kV), visando reduzir a intensidade do fluxo de corrente
para algumas centenas de ampères, ou seja, quanto menor a intensidade de corrente menor será
as perdas nas linhas de transmissão por efeito joule (aquecimento), assim, tem-se uma
transmissão de energia eficiente e economicamente viável a longas distâncias. O transformador
que se localiza na subestação que interconecta o sistema de subtransmissão e o de distribuição
12

primária é chamado abaixador, portanto, essa subestação será denominada abaixadora, haja
vista que nela as elevadas tensões de transmissão são reduzidas para níveis de subtransmissão.
A partir dessa subestação, a tensão é reduzida gradativamente até os níveis de distribuição
secundária.

Figura 4: Sistema de Energia Elétrica genérico


(Fonte: Adaptado de ALBUQUERQUE, 2021)

2.2.2 Partes integrantes

Com base na Figura 5, as partes integrantes de um transformador de potência, assim


como suas características e particularidades, são elencadas a seguir:

Figura 5: Partes integrantes do transformador de potência


(Fonte: SMEDUNIA, 2021)
13

➢ Enrolamentos (bobinas): Parte ativa do transformador responsável pela transformação


da tensão através da indução eletromagnética;
➢ Buchas de alta tensão: Terminais onde os enrolamentos primários do transformador
terminam e servem como um isolante entre as linhas energizadas e o tanque do
transformador. A distância entre as buchas depende da tensão de trabalho do
transformador;
➢ Buchas de baixa tensão: Terminais onde os enrolamentos secundários do
transformador terminam e servem como isolante entre as linhas energizadas e o tanque
do transformador. A bucha de baixa tensão pode ser facilmente distinguida da de alta,
haja vista que as buchas de baixa tensão são geralmente menores;
➢ Tanque: Estrutura que resguarda os enrolamentos do transformador e seu meio isolante
(óleo mineral). Deve ser hermeticamente fechado para isolar seu conteúdo de quaisquer
contaminantes externos;
➢ Reservatório de expansão: Tanque auxiliar parcialmente preenchido com óleo e
conectado ao tanque principal. Tem a finalidade de abrigar óleo em expansão na medida
em que a temperatura interna do tanque principal aumenta;
➢ Atuador do Tap: Sistema comandado remotamente responsável por acionar o
comutador de Tap;
➢ Comutador de Tap: Mecanismo responsável por comutar (alterar) a relação de
transformação do transformador através do ajuste do número de espiras no enrolamento
secundário;
➢ Radiador: Aletas normalmente conectadas ao tanque do transformador para dissipar o
calor gerado em seu interior. Em geral, ventilação forçada é anexada ao radiador para
aumentar o desempenho e a eficiência da refrigeração.

2.2.3 Localização abrigada através de barreiras corta-fogo

Devido aos níveis de tensão e corrente a que o transformador de potência está


sujeito, caso alguma falha grave ocorra em seu interior a probabilidade que o mesmo entre em
combustão é elevada. Caso um transformador esteja envolvido em um incêndio, muito
provavelmente, ele será completamente destruído em um curto intervalo de tempo, porém, o
efeito e a propagação do incêndio nos equipamentos adjacentes da subestação devem ser
contidos. Em subestações de potência, a barreira corta-fogo surge como uma forma simples,
eficaz, prática e de baixo custo para realizar tal tarefa. Barreiras corta-fogo são tipicamente
14

construídas em concreto armado, porém, elas também podem ser construídas em metal
combinado com material anti-chama. É de suma importância comentar que, independentemente
do material empregado na construção, a barreira corta-fogo deve suportar, no mínimo, 2 horas
de incêndio sem perder suas características de proteção contra a propagação das chamas e
irradiação do calor. Visando fomentar a compreensão, a Figura 6 ilustra como uma barreira
corta-fogo é usada para proteger dois transformadores adjacentes. Na prática, ela deve se
estender pelo menos 60 cm horizontalmente (“d”) e 30 cm verticalmente (“e”) além de qualquer
componente do transformador, incluindo as buchas e o sistema de refrigeração
(ALBUQUERQUE, 2017 apud CIGRE, 2013).

Figura 6: Barreira corta-fogo para proteção de dois transformadores adjacentes.


(Fonte: ALBUQUERQUE, 2017 apud CIGRE, 2013)

2.3 Equipamentos da Estrutura do Sistema de Proteção

De acordo com (ALBUQUERQUE, 2017), a função do sistema de proteção de uma


subestação é retirar de operação, de forma imediata, os elementos acometidos por curtos-
circuitos, assim como elementos que operam de modo anormal, interferindo na operação e
segurança do Sistema de Energia Elétrica (SEE) como um todo. Nessa conjuntura, a seguinte
questão emerge: Qual a estrutura básica de um sistema de proteção e quais equipamentos a
representam? Em síntese, a estrutura do sistema de proteção é formada por uma organização de
equipamentos com funções bem definidas e que se interrelacionam para a execução de um
objetivo comum. Para facilitar o entendimento, a Figura 7 ilustra a estrutura básica de um
sistema de proteção.
Primeiramente, é necessário medir os sinais de corrente e tensão do sistema elétrico.
Sabe-se que não é possível lidar diretamente com sinais oriundos do sistema de alta tensão
15

como, por exemplo, os de uma linha de transmissão de 500 kV, para tanto, faz-se o uso
obrigatório dos transformadores de instrumentação de corrente (TC) e de potencial (TP) para a
aquisição, redução da magnitude e condicionamento desses sinais. Posteriormente, os sinais
oriundos dos TCs e TPs são enviados aos elementos centrais do sistema de proteção, os relés
de proteção, sobretudo digitais.

Figura 7: Estrutura do sistema de proteção.


(Fonte: ALBUQUERQUE, 2017)

Os dados oriundos dos relés são tratados e processados por uma poderosa
ferramenta computacional denominada Supervisório de Controle e Aquisição de Dados
(SCADA), cuja função é proporcionar soluções funcionais e completamente integradas para o
sistema elétrico. Os disjuntores são dispositivos de atuação alocados de modo a assegurar que
cada gerador, transformador de potência, barramento, linha de transmissão, etc., possam ser
completamente desconectados do resto do sistema uma vez que um dado relé dê o comando
para tal desligamento. Essa constatação evidencia que TCs, TPs, relés, SCADA e disjuntores
trabalham em conjunto para minimizar os efeitos do curto-circuito e maximizar a qualidade dos
serviços. De posse da explanação sobre a estrutura do sistema de proteção, cada equipamento
será apresentado em detalhes nas subseções subsequentes.

2.3.1 Transformador de Corrente (TC)

O transformador de corrente, Figura 8, é o equipamento que auxilia o processo de


medição da corrente elétrica pelo relé digital, em outras palavras, ele reduz a intensidade da
corrente no primário, de modo que o sinal do secundário possa ser tratado pela placa eletrônica
do relé. Face ao exposto, o TC é classificado como um transformador de instrumentação. Na
prática, os TCs são equipamentos que fornecem uma corrente secundária de reduzida magnitude
16

que é proporcional à corrente primária de elevada magnitude, cuja Relação de Transformação


de Corrente (RTC) é igual à razão entre a corrente no primário (I P) e a do secundário (IS), ou
seja, IP/IS. Para tanto, secciona-se o condutor do circuito e suas extremidades são conectadas
aos terminais primários do TC, como ilustra a Figura 8. Adicionalmente, pode-se notar que o
TC é monofásico, ou seja, para um sistema trifásico, deve-se ter um transformador para cada
fase (condutor). Como o primário do TC está ligado a um condutor cuja diferença de potencial,
em relação à malha de aterramento da subestação, pode chegar a algumas centenas de
quilovolts, torna-se indispensável um isolamento seguro entre os enrolamentos primários e
secundários envoltos no núcleo magnético do TC.

Figura 8: Transformador de corrente (TC).


(Fonte: DIRECTINDUSTRY (1), 2021)

Em tese, a tensão entre os enrolamentos deve ser praticamente desprezível,


portanto, a tensão no secundário depende, única e exclusivamente, da impedância (carga)
aplicada (MAMEDE, 2011). Para facilitar a compreensão, vamos considerar um TC com
relação de transformação (RTC) de 500 A / 5A. Assumindo que a corrente que atravessa o
primário seja igual a 240 A e uma carga 𝑍𝑆𝑇𝐶 = 0,7 W é aplicada ao seu secundário, a corrente
e a tensão secundárias resultantes são iguais a 2,4 A e 1,68 V, respectivamente. Salienta-se que
sempre será necessária uma corrente (pré-especificada) no secundário do TC, para garantir que
17

o seu núcleo seja magnetizado corretamente. Portanto, nunca, jamais, em tempo algum o
secundário do TC deve operar em aberto (sem impedância) (ALBUQUERQUE, 2017).
Ainda de acordo com (ALBUQUERQUE, 2017), uma impedância vista no
secundário assegura uma correta operação do TC, contudo, ela também pode ser usada para fins
de condicionamento do sinal que será enviado ao relé digital. Para tanto, vamos considerar a
Figura 9 (a). Podemos observar que a corrente secundária (|𝐼𝑆𝐸𝐶 |) atravessa impedâncias
puramente resistivas (Z) conectadas em série, assim, com base na 1a lei de Ohm e na regra do
divisor de tensão, adequadas relações de tensão podem ser obtidas. Caso a corrente secundária
seja elevada, de modo que simples relações de tensão não assegurem uma conformidade
adequada, transformadores de corrente auxiliares (𝑇𝐶𝑎𝑢𝑥 ) são empregados, como mostra a
Figura 9 (b). Claramente, pode-se observar que o sinal medido pelo relé é de tensão. Uma vez
que o relé infere esse valor e é conhecido previamente o valor da impedância resistiva no
secundário do TC, o relé pode determinar com precisão o valor da corrente elétrica no
secundário e, posteriormente, inferir a corrente no primário através da RTC do transformador.

Figura 9: (a) Conexões no secundário do TC; (b) Uso de TC auxiliar.


(Fonte: Adaptado de ALBUQUERQUE, 2017 apud PHADKE & THORP, 2009).

2.3.2 Transformador de Potencial (TP)

O transformador de potencial (TP) é o equipamento que auxilia o processo de


medição da tensão elétrica pelo relé digital, em outras palavras, ele reduz a intensidade da tensão
no lado primário, de modo que o sinal obtido no secundário possa ser tratado pela placa
eletrônica do relé digital. Assim como o TC, o TP também é caracterizado com um
transformador de instrumentação. Em resumo, o TP reproduz uma tensão reduzida no seu
secundário que é proporcional à tensão de entrada do primário, cuja Relação de Transformação
18

de Potencial (RTP) é igual à razão entre a tensão do primário (VP) e a do secundário (VS), ou
seja, VP/VS. A seguir, será mostrado os tipos de TPs encontrados em subestações de potência.

2.3.2.1 Transformador de Potencial indutivo (TPI)

Segundo (SUPERWATTS, 2021), os TPIs apresentam alta exatidão no processo de


medição, por esse motivo são empregados no monitoramento da qualidade da forma de onda
de tensão, em especial, face à presença de harmônicas. Na base do TPI encontra-se sua parte
ativa, com isolação à base de óleo mineral. No topo do TPI encontra-se a câmara de expansão,
cuja finalidade é compensar o nível do óleo com as variações de temperatura, como mostra a
Figura 10. Em outras palavras, quando o TPI está em operação, há o aquecimento da sua parte
ativa e, consequentemente, do óleo mineral, que por sua vez tende a se expandir. Assim, a
câmara de expansão realiza essa compensação para garantir que o nível do óleo sempre fique
em condições adequadas de volume e pressão.

Figura 10: Transformador de Potencial Indutivo (TPI).


(Fonte: SUPERWATTS, 2021)

2.3.2.2 Transformador de Potencial Capacitivo (TPC)

De acordo com (ARTECHE, 2021), o TPC também é considerado com um


transformador de precisão, todavia, em geral, ele é encontrado em subestações de extra-alta
19

tensão, como mostra a Figura 11. Na prática, o seu princípio de funcionamento baseia-se no
efeito capacitivo, ou seja, pode-se fazer uma analogia com diversas “impedâncias capacitivas”
conectadas em série, de tal forma a reduzir a tensão no primário a níveis tratáveis pelos relés
digitais conectados no seu secundário. É de suma importância salientar que existem tipos de
TPCs que não são aplicados necessariamente no processo de medição, mas sim para fins de
comunicação. Em outras palavras, pode-se enviar sinais de comunicação entre subestações
através desses TPCs especiais, todavia, a abordagem desse tipo de TPC foge do escopo do
presente trabalho.

Figura 11: Transformador de Potencial Capacitivo.


(Fonte: ARTECHE, 2021)

2.3.3 Disjuntor de Potência

De acordo com (MAMEDE, 2011), o disjuntor de potência é um equipamento de


atuação eletromecânica cuja finalidade é isolar correntes elétricas sob condições normais e
anormais de operação. Todavia, a sua principal finalidade é interromper correntes de curto-
circuito, de modo a isolar equipamentos e/ou de partes do sistema sob sua responsabilidade.
Segundo (ALBUQUERQUE, 2017), a interrupção da corrente ocorre no momento em que o
20

relé digital envia um sinal de comando que ativa as bobinas de abertura e fechamento do
mecanismo de ruptura alocado dentro das câmaras de extinção do disjuntor.
Esse mecanismo é operado através de um sistema de molas altamente tensionadas,
cujo tempo de atuação é da ordem de frações de segundo. Todavia, por mais que a operação
desse mecanismo seja extremamente rápida, a intensidade da corrente de curto-circuito pode
ser tão elevada que no momento da sua interrupção, perigosos arcos elétricos surgem nas
câmaras de extinção que recebem esse nome justamente pelo fato de extingui-los usando meios
isolantes. Face ao exposto, o que caracteriza um tipo de disjuntor é a forma como o arco elétrico
é extinto dentro de suas câmaras, assim, os principais tipos são: a vácuo, a óleo, a ar
comprimido, e a gás hexafluoreto de enxofre (SF6).
Os disjuntores a gás SF6 apresentam desempenho elevado no que tange a
eliminação dos arcos elétricos, pois esse gás possui melhores propriedades isolantes (inerte,
inodoro, não inflamável e quimicamente estável). Contudo, embora seja uma possibilidade
remota, o gás SF6 pode ser potencialmente perigoso para os operadores de subestações, pois,
na ocorrência de vazamento em instalações fechadas, ele tende a se acumular nas partes mais
baixas do local ocasionando níveis baixíssimos de oxigênio, podendo ocasionar asfixia. A
probabilidade de ocorrência de um evento dessa natureza é extremamente baixa, porém, ela
deve ser considerada, pois, é nas baixas probabilidades onde ocorrem os piores acidentes. Nas
Figuras 12 e 13 são mostrados disjuntores Y e T (jargão técnico), claramente denominados
dessa forma por causa dos seus formatos. Salienta-se que disjuntores a vácuo, a óleo, a ar
comprimido ou a gás SF6 podem ter qualquer um desses formatos.

Figura 12: Disjuntor tipo Y. Figura 13: Disjuntor tipo T.


(Fonte: WIKIMEDIA (1), 2021) (Fonte: ONS, 2021)
21

2.3.4 Relés de proteção

Os relés digitais são os equipamentos mais importantes na estrutura do sistema de


proteção, haja vista que ele é responsável por detectar, a partir dos sinais de tensão e corrente
oriundos dos TPs e TCs, respectivamente, se há ou não a ocorrência de curtos-circuitos. Caso
haja, o relé envia um sinal de controle para que o disjuntor, sob sua responsabilidade, possa
abrir o circuito. De posse dos sinais de tensão e corrente, o relé é capaz de inferir outras
grandezas elétricas, tais como: potência ativa, potência reativa, potência aparente, potência
complexa, fator de potência. Na prática, o relé pode ser caracterizado pelo tipo de grandeza
elétrica para a qual ele deve atuar quando ocorre um curto-circuito. Com base na Tabela ANSI
C37-2 1991, os tipos de relés mais utilizados em subestações são:

• Relé de Sobrecorrente (50/51): Relé que opera quando o valor da corrente


elétrica do circuito a ser protegido supera o valor de corrente pré-
estabelecido para a operação segura e confiável do sistema. O seu modo de
operação pode ser instantâneo ou temporizado, ou seja, a atuação pode ser
de forma imediata (instantâneo - 50) ou pode levar algumas frações de
segundo (temporizado - 51) – Figura 14.
• Relé de Proteção Diferencial (87): Relé que opera através da diferença
quantitativa entre duas correntes elétricas, ou algumas outras grandezas
elétricas (tensão, potência, etc) – Figura 15.
• Relé de Distância (21): Relé que opera quando o valor da admitância, da
impedância ou da reatância do circuito a ser protegido, aumenta ou diminui
fora de limites pré-estabelecidos para a operação segura e confiável do
sistema.
• Relé Direcional de Potência (32): Relé que opera quando se atinge um
valor pré-estabelecido de fluxo de potência em uma dada direção ou em um
fluxo de potência reverso. Salienta-se que também existem relés
direncionais de sobrecorrente (67) e de tensão (91).
• Relé de Sobretensão (59): Relé que opera quando o valor da tensão supera
o limite pré-estabelecido para operação segura e confiável do sistema.
• Relé de Subtensão (27): Relé que opera quando o valor da tensão é inferior
ao limite pré-estabelecido para a operação segura e confiável do sistema.
22

Figura 14: Relé de Sobrecorrente. Figura 15: Relé Diferencial.


(Fonte: SELINC, 2021) (Fonte: SELINC, 2021)

É de suma importância salientar que, apesar dos relés digitais serem amplamente
utilizados, relés analógicos ainda estão presentes nas subestações de potência, sendo o relé
Buchholz um dos mais eminentes. Sua função consiste na proteção dos transformadores de
potência (ver Subseção 2.2.2). Na prática, o objetivo do relé Buchholz, mostrado na Figura 16,
é monitorar continuamente o transformador, para detectar condições anormais de formação de
gás quando ocorre falhas internas ao transformador. Os relés Buchholz são conectados em série
com o duto de óleo que conecta o tanque principal ao reservatório de expansão, de forma que o
gás gerado possa ser capturado e retido na câmara do relé. Ao atingir um dado volume, boias
no interior do relé acionam tanto um contato de alarme, assim como os contatos do disjuntor
que protege o transformador (ALBUQUERQUE, 2017).

Figura 16: Relé Buchholz.


(Fonte: WIKIPEDIA (2), 2021)
23

2.4 Equipamentos de manobra

2.4.1 Chaves seccionadoras

As chaves seccionadoras são responsáveis por alterar o layout do circuito da


subestação. Em suma, possuem a finalidade de manobrar, seccionar, isolar e reconfigurar um
dado circuito. Ao contrário do disjuntor que opera em circuito energizado, uma chave
seccionadora nunca, jamais, em tempo algum pode ser aberta em circuito energizado, sob
pena de destruição da chave e formação de perigosos arcos elétricos que podem atingir
equipamentos próximos. Segundo (WEG, 2021), as chaves seccionadoras são caracterizadas
pelo tipo de abertura, sendo as principais mostradas nas Figuras 17-20.

Figura 17: Dupla abertura lateral. Figura 18: Abertura vertical.

Figura 19: Abertura central. Figura 20: Abertura semi-pantográfica.


24

2.5 Outros componentes e/ou equipamentos

2.5.1 Banco de capacitores

Um banco de capacitores, como o próprio nome sugere, é um agrupamento de


capacitores, de mesma capacitância, propriamente conectados. Os capacitores do banco podem
ser conectados em série e/ou paralelo, de modo a obter os valores desejados de tensão e
capacitância. Assim como um capacitor individual, bancos de capacitores são usados para
armazenar energia elétrica e condicionar o fluxo desse energia. Em essência, o aumento do
número de capacitores em um banco implica no aumento da capacidade de energia que pode
ser armazenada. A questão que emerge é: qual a aplicação do banco de capacitores em uma
subestação? Na prática, o banco de capacitores é empregado como elemento shunt (de desvio).
Entende-se como elemento shunt, todo elemento que permite o fluxo de corrente elétrica
de um ponto a outro do circuito através de um caminho de baixa resistência elétrica. Em
aplicações envolvendo o desvio do ruído de alta frequência no circuito, o banco é usado
para redirecionar o ruído para a terra antes que ele se propague pelo sistema em direção
às cargas. Em essência, bancos de capacitores shunts são usados para melhorar a
qualidade do fornecimento de energia elétrica e, por consequência, para melhorar a
eficiência do sistema como um todo. A Figura 21 mostra um banco de capacitores shunt.
Bancos de capacitores convencionais (não-shunts) são usados na correção do fator de
potência para reduzir as perdas na transmissão de energia (ALBUQUERQUE, 2017).

Figura 21: Banco de capacitores shunt.


(Fonte: ELECTRICAL ENGINEERING PORTAL (2), 2021)
25

2.5.2 Barramentos

Um barramento elétrico é definido como uma estrutura usada como ponto de


conexão dos demais equipamentos da subestação. Em outras palavras, é um ponto de junção
dos equipamentos por onde a corrente elétrica irá entrar e posteriormente fluir. O barramento
de uma subestação pode ter vários formatos: redondo, retangular, transversal, dentre outros. Na
prática, o formato retangular é comumente empregado. Em geral, eles são fabricados em cobre
ou alumínio, sendo esse último o mais recorrente. A configuração do barramento na subestação
afeta sua flexibilidade no que tange a operação e a manutenção, dessa forma, barramentos são
convenientemente arranjados para maximizar essa flexibilidade. De acordo com (USP, 2021),
a seguir são mostrados arranjos frequentemente encontrados em subestações.

➢ Arranjos de barramentos simples


Arranjos com baixa confiabilidade, uma vez que na ocorrência de contingências ou
manutenções de equipamentos há a perda total do sistema, haja vista que o barramento
precisa ser obrigatoriamente desconectado. Contudo, salienta-se que com o aumento da
segurança operativa dos atuais sistemas de energia, onde a redundância é fator
preponderante, na prática, busca-se evitar tal tipo de arranjo. Na Figura 22, são ilustrados
os tipos de arranjos simples.

Figura 22: Arranjos simples e seccionado.


(Fonte: USP, 2021)

➢ Arranjos de barramento principal e de transferência


Oferecem bom plano de manutenção e boa flexibilidade, haja vista que é possível realizar
a manutenção em um dos barramentos ao passo em que se mantém a alimentação das
cargas pelo outro barramento, mesmo com limitações de proteção. A energização do
26

barramento de transferência é realizada por um disjuntor de interligação. Na Figura 23, é


mostrado o arranjo com barramento principal e de transferência.

Figura 23: Arranjo com barramento principal e de transferência.


(Fonte: USP, 2021)

➢ Arranjos de barramento duplo


Esquema que apresenta 2 (dois) barramentos principais ligados a cada uma das linhas de
transmissão de entrada. Caso haja a necessidade de realizar a manutenção em um dos
barramentos, as cargas conectadas a ele podem ser reconectadas ao outro barramento. Isto
garante um aumento da confiabilidade do sistema, haja vista que até mesmo falhas
simples em um dos barramento não afeta o outro. Na Figura 24, são mostrados os
esquemas de arranjos de barramentos duplos.

Figura 24: Arranjos de barramentos duplos.


(Fonte: USP, 2021)
27

➢ Arranjos de barramento triplo


Esquema que apresenta 3 (três) barramentos o que garante uma alta redundância na
alimentação das cargas. Através da combinação simbiótica entre chaves e disjuntores é
possível remanejar as cargas para serem alimentadas por qualquer um dos barramentos.
Boa flexibilidade é sua característica remarcável desse esquema. A Figura 25 ilustra o
arranjo de barramento triplo.

Figura 25: Arranjo de barramento triplo.


(Fonte: USP, 2021)

➢ Arranjos de barramento em Anel


Esquema mais robusto dentre os apresentados. Alta confiabilidade e redundância no que
tange a alimentação das cargas. Permite realizar manutenção em qualquer dos
barramentos presentes no esquema, pois é possível reconfigurar o arranjo pela
combinação entre as diversas chaves e disjuntores. No caso de falhas simples, apenas o
circuito em falha é isolado e o restante do anel continua a operar normalmente. Esse
esquema é amplamente utilizado nas principais subestações de potência encontradas no
sistema elétrico nacional. Uma desvantagem potencial está associada à expansão do
arranjo, uma vez que podem surgir entraves da disposição dos barramentos gerados pelas
rotas das linhas de transmissão, assim como a localização dos transformadores.
Adicionalmente, o custo de implantação do arranjo em anel é bem maior se comparado
aos demais arranjos. Apesar dessas “desvantagens”, os benefícios aportados por esse
arranjo compensam sua implantação. Na Figura 26, são mostrados os arranjos de
barramentos em Anel.
28

Figura 26: Arranjos de barramentos em anel.


(USP, 2021)

2.5.3 Cadeia de isoladores

Cadeias de isoladores são usadas como isolantes entre o circuito energizado e suas
estruturas de sustentação. Segundo (PEREIRA, 2017), os principais tipos de materiais
dielétricos utilizados nos isoladores são a porcelana vitrificada, vidro temperado, e poliméricos,
podendo assumir diversos formatos e tamanhos de acordo com o uso a que se destinam.
Na Figura 27, é mostrado o corte transversal de um isolador de vidro, sendo composto
basicamente por materiais dielétricos e ferragens para fins de suspensão e conexão.

Figura 27: Isolador de vidro.


(Fonte: PEREIRA, 2017)
29

Claramente, pode-se observar que os isoladores podem ser conectados entre si


através de seus pinos, formando uma cadeia de isoladores. Na medida em que são conectados
mais isoladores na cadeia, aumenta-se o nível de isolamento para uma dada tensão de trabalho.
Ainda de acordo com (PEREIRA, 2017), os isoladores são equipamentos indispensáveis, assim,
deve-se ter o cuidado em mantê-los limpos para evitar que poluição excessiva se aloje na
superfície dielétrica. A poluição nos isoladores acontece através de diversos contaminantes,
todavia, o salitre, presente em regiões litorâneas, é um dos mais nocivos. Os depósitos de salitre
fazem surgir pequenos arcos elétricos, também conhecidos como descargas superficiais, que
podem progredir para descargas maiores com potencial para provocar interrupções no
fornecimento de energia. Para evitar tal situação, a manutenção preventiva deve ser posta em
prática, para tanto, as cadeias de isoladores devem ser limpas com jatos de água
desmineralizada. Como a água empregada na limpeza é livre de sais, então não há risco para o
operador no que tange o fechamento do circuito entre ponta energizada da cadeia de isoladores
e a terra. Em geral, cadeias de isoladores de vidro têm ampla utilização em linhas de
transmissão, ao passo que cadeias de porcelana e poliméricos são amplamente utilizadas em
subestações. Na Figura 28, são mostradas cadeias de isoladores de porcelana.

Figura 28: Cadeia de isoladores de porcelana.


(Fonte: DIRECTINDUSTRY (2), 2021)

2.5.4 Malha de aterramento

Segundo (GUIMARÃES, 2020), existem diversas formas de aterrar um circuito


elétrico, com configurações usando postes, placas e/ou cabos enterrados. No caso das
30

subestações, é utilizada uma rede de aterramento, ou seja, um conjunto de cabos de cobre que
formam uma malha elétrica. O tamanho e a configuração exata da malha variam de subestação
para subestação, pois, é necessário o conhecimento de dados específicos, tais como:
✓ Resistividade do solo;
✓ Corrente máxima de curto-circuito entre fase e terra;
✓ Resistência máxima do solo;
Algumas curiosidade sobre a malha de aterramento, em geral, são desconhecidas,
como por exemplo:
✓ A sua área deve ser maior que a da subestação;
✓ É aconselhado que os cantos da malha sejam arredondados para facilitar o fluxo da
corrente de curto-circuito nesse entorno;
✓ Hastes de cobre precisam ser instaladas perto da rede de aterramento para facilitar o
fluxo da corrente de curto-circuito em direção à terrra.

Salienta-se que essas hastes devem ser alocadas ao longo de toda a periferia da
malha e também no entorno do aterramento dos equipamentos, como transformadores de
instrumentação, disjuntores, chaves seccionadoras e transformadores de potência. A Figura 29
ilustra a malha de aterramento de uma subestação de potência.

Figura 29: Ilustração da malha de aterramento de uma subestação.


(Fonte: Adaptado de GUIMARÃES, 2020)
31

3. CONCLUSÃO

O trabalho apresentou os principais equipamentos encontrados em subestações de


potência, bem como as funções que eles desempenham. Inicialmente, foi mostrado a
classificação dessas subestações (manobra, transformação e regulação de tensão), classificação
essa atrelada aos equipamentos empregados. Posteriormente, foram apresentadas as
características e particularidades dos transformadores de potência, desde o princípio básico de
funcionamento, suas partes integrantes, assim como sua localização abrigada através de
barreiras-corta fogo. Os equipamentos integrantes da estrutura do sistema de proteção foram
igualmente apresentados. O princípio de operação e a função dos transformadores de corrente
(TC), de potencial (TP), relés de proteção e disjuntores de potência foram mostrados de forma
objetiva, visando garantir uma compreensão generalista dessa tão importante estrutura. Outros
componentes e/ou equipamentos também foram apresentados, como, por exemplo, as chaves
seccionadoras que são responsáveis por alterar o layout do circuito da subestação, cuja
finalidade é manobrar, seccionar, isolar e reconfigurar um dado circuito; os bancos de
capacitores shunts e convencionais responsáveis por melhorar a qualidade do fornecimento
de energia elétrica e, por consequência, para melhorar a eficiência do sistema como um
todo; os barramentos e seus arranjos; as cadeias de isoladores (porcelana, vidro ou
poliméricos) usadas como isolantes entre o circuito energizado e as estruturas de sustentação;
e por fim, a malha de aterramento da subestação que garante o correto escoamento da corrente
de curto-circuito para a terra. Face à pesquisa realiza, o presente trabalho buscou compilar e
organizar diversas informações encontradas na literatura especializada sobre as subestações de
potência, visando ajudar os futuros profissionais em eletrotécnica a enfrentarem o promissor
mercado de trabalho voltado para as subestações elétricas.
32

REFERÊNCIAS

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Disponível online: https://new.abb.com/news/detail/49379/abb-lowers-environmental-
impact-of-high-voltage-transformers

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IFMA – CAMPUS MTC, 2021.

3. ALBUQUERQUE, Rodrigo. Material didático sobre Proteção do Sistema Elétrico de


Potência, 2017.

4. ALVES, Bianca e FERRAREZI, Rosivaldo. Eletromagnestismo: Uma revisão sobre


conceitos e aplicação de indutores. Brazilian Technology Symposium, 2017.

5. ARROW, 2021.
Disponível online: https://www.arrow.com/en/research-and-events/articles/capacitor-
banks-benefit-an-energy-focused-world

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8. DIRECTINDUSTRY (1), 2021.


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9. DIRECTINDUSTRY (2), 2021.


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10. ELECTRICAL ENGINEERING PORTAL (1), 2021.


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11. ELECTRICAL ENGINEERING PORTAL (2), 2021.


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12. GUIMARÃES, P. Aterramento de subestação. 2020.


Disponível online: https://www.pabloguimaraes-professor.com.br/post/aterramento-de-
subesta%C3%A7%C3%A3o

13. MAMEDE, J. & MAMEDE, D. Proteção de Sistemas Elétricos de Potência. LTC, 2011.
33

14. OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA (ONS), 2021.


Disponível online:
http://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/Criterios_Superacao_Equi
pamentos_AltaTensao.pdf

15. PEREIRA, A. A. Estudo da aplicação de isoladores elétricos em linhas de transmissão e


subestações de acordo com o grau de poluição do ambiente. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. Monografia de Especialização, 2017.

16. PHADKE, A. G. and THORP, J. S. Synchronized Phasor Measurements and Their


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17. PROCEDIMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO SISTEMA


ELÉTRICO NACIONAL (PRODIST)
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18. SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES (SELINC), 2021.


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21. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP). Subestações elétricas. 2021.


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23. WIKIMEDIA (1), 2021.


Disponível online:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Circuit_breakers_at_substation_near_Denver_Int
ernational_Airport,_Colorado.jpg

24. WIKIPEDIA (2), 2021


Disponível online: https://pt.wikipedia.org/wiki/Relé_de_Buchholz

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