Projeto de integração de catadores

Sobre catadores e cooperativas

No momento em que foi introduzido um método de reciclagem sustentável, surgiu também
uma nova maneira de se gerar renda, logo, não demorou para que muitas pessoas passassem
a exercer a função de catadores informais, e tempos depois passassem a se organizar em
cooperativas e associações.

Apesar dos serviços prestados por catadores informais muitas vezes garantir a coleta e a
triagem, a atuação irregular no processo de seleção e coleta acaba por colocar suas vidas em
risco.

Por outro lado, o trabalho em cooperativas costuma ser mais organizado, seguro, bem
estruturado, tende a ter maior garantia de renda e muitas vezes necessita da mão de obra
experiente no que se diz respeito aos materiais recicláveis. Um lugar adequado para a
prestação de serviços de catadores.

Mas existem pontos a serem analisados. Em nossa cooperativa (COOPERAAB) pudemos

observar através de experiências passadas, que na integração de catadores informais
houveram algumas inconveniências -principalmente da parte dos catadores integrados - como
a “tomada” de pontos de coleta, e tentativas traiçoeiras de prejudicar a cooperativa em
benefício próprio.

Tomado o conhecimento da possibilidade de mais dessas inconveniências, é necessário pensar

em maneiras de fazer uma integração melhor estruturada, que prese pela segurança da
cooperativa e que seja realizada em fases.

Sendo assim, é possível continuar a imaginar que a integração dos catadores informais em
cooperativas seja proveitosa tanto para o catador informal quanto para os membros da
cooperativa, desde que seja feita de uma maneira estratégica, cuidadosa e executada em
fases.

Sobre os benefícios da integração direta de catadores na cooperativa

A criação de um projeto de integração de catadores tende a ser benéfica não somente ao
catador integrado, mas também a própria cooperativa, aqui vai alguns dos possíveis benefício
da criação do projeto:

 Melhora na imagem da cooperativa perante órgãos públicos e a sociedade no geral.

 Maior noção e parcial controle sobre as atividades dos catadores de Botucatu.
 Possibilidade de acréscimo à experiência dos cooperados não inseridos no programa.
 Diminuição na “disputa” por materiais recicláveis.
 Dar o primeiro passo rumo à possíveis parcerias com os catadores informais.
 Os benefícios gerais da realização de um projeto humanitário.
Sobre um modelo de projeto
Um dos possíveis modelos aplicáveis no projeto consistiria em apenas 4 fases.

1- Identificação de catadores que poderiam ser inseridos no projeto.

2- Pré-seleção de catadores que podem ou não serem inseridos no projeto.
3- Entrevista de catadores que passaram pela pré-seleção.
4- Semana de teste de catadores que passaram na entrevista.

Identificação
Um dos cooperados da administração faria uma busca por catadores dispostos e aceitáveis no
projeto.

Pré-seleção
Esse é um dos principais pontos que diferencia o projeto do método tradicional de integração
de novo cooperado. Um dos cooperados da administração realizara uma pesquisa informal
sobre o catador buscando por todos os pré-requisitos para a inserção do catador no projeto.

(Pré-requisitos)

1- Renda abaixo de 800 reais ao mês.

2- Não possuir veículo próprio.
3- Evidenciar necessidade de ajuda e acolhimento da cooperativa.
4- Ausência de histórico de má índole.
5- Estar disposto a destinar todo material reciclável à cooperativa.

Entrevista
Um dos cooperados da administração e da diretoria realizara uma entrevista com os catadores
que passaram pelo processo de pré-seleção para saber sobre os objetivos, qualidades e
defeitos do catador.

Semana de teste
O catador selecionado passará por uma semana de teste onde será avaliado pela diretoria e
presidência da cooperativa.

Sobre a recente oportunidade de inserção do projeto

Recentemente nossa cooperativa deu início a montagem da nova esteira de seleção de
materiais, logo, em um futuro próximo será necessário a integração de novos cooperados,
abrindo espaço para um possível teste de modelo de projeto integração de catadores.

Para o experimento do projeto seria necessário apenas 10% das vagas disponíveis para
cooperados, ou seja, 1 vaga a cada 10 novos cooperados.
Durante parte do período de trabalho, o catador inserido no projeto será observado pelo
idealizador para anotar e analisar os resultados do projeto, não necessariamente exercendo
qualquer influência sobre o catador observado.

Pós teste
Após a fase de testes, se a análise feita apresentar resultados positivos, o projeto poderá ser
executado em maior escala se assim for a vontade da diretoria e presidência da cooperativa,
bastando apenas aumentar o número de vagas disponíveis para o projeto tanto quanto o número
de cooperados engajados no mesmo.

Nota do idealizador
50% do projeto dependerá das nossas ações, de nosso planejamento e comprometimento para
com ele, já os outros 50% dependera das atitudes e desempenho do catador selecionado. Assim
sendo, não iremos ter total controle sobre toda a situação, tanto quanto não iremos apenas
assistir tudo acontecer diante dos nossos olhos.