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TEORIA DO CRIME
1. Introdução:
- O que é crime?
II – Formal: sob o aspecto formal, crime seria toda conduta que atentasse, que
colidisse frontalmente contra a lei penal editada pelo Estado.
Na verdade, os conceitos formal e material não traduzem com precisão o que seja
crime.
- Fato típico, ilícito, culpável e punível (teoria quadripartida). Ver art. 107, CP.
1. Conduta:
- Não é possível penalizar um cavalo, uma máquina, uma pessoa jurídica (exceto
crime ambiental, ver art. 225, § 3º da CF/88).
- Ao autor da prática do fato podem ser imputados dois tipos de condutas: dolosa
ou culposa.
- Dolo: Há quando o agente quer diretamente o resultado ou assume o risco de
produzi-lo.
- Art. 18, § Ú: A regra do Código Penal é de que todo o crime seja doloso, somente
sendo punida a conduta culposa quando houver previsão legal expressa nesse sentido.
- O art. 18, I, assinala que o crime será doloso “quando o agente quis o resultado
ou assumiu o risco de produzi-lo”. Assim, o Código penal adotou a teoria da vontade,
ou seja, só há dolo quando o agente antevê e quer o resultado.
b. Dolo geral (erro sucessivo): Acredita já ter praticado o crime, mas consuma
com o ato seguinte. Ex.: Pensa já ter matado, mas morre na verdade afogado (ou pela
queda da janela do apartamento).
c. Aberratio causae (causalidade diversa): Pratica a conduta que levaria ao
resultado, mas o resultado se dá uma causa distinta. Ex.: Jogo na água para morre afogado,
mas morre por causa da batida da cabeça na pedra.
d. Dolo de dano: ocorre quando o agente quer ou assume o risco de causar lesão
a um bem jurídico;
- O art. 18, II, assinala que o crime será culposo quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Ou seja, houve uma inobservância
do dever objetivo de cuidado.
b. Culpa consciente: O agente penal prevê o resultado, mas não quer e nem
assume o risco de produzi-lo, acreditando (confia convictamente) que irá evita-lo ou que
o resultado não ocorrerá.
- Segundo a doutrina e a jurisprudência dominantes, a censurabilidade da conduta
é maior e deverá ser sopesada no momento da dosimetria.
c. tipicidade: É preciso que haja uma previsão legal para que uma conduta culposa
seja punível. Art. 18, § Ú.
- Exercitar a analogia in malam partem.
- Assim, enquanto a lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º) seria
preterdolosa, o aborto seguido da morte do agente (art. 125, 126 e 127) seria crime
qualificado pelo resultado.
a) Tenha ele, por lei, a obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância. Ex.:
a guarda dos pais; os policiais, salva-vidas e seguranças; o agente penitenciário com os
presos e etc.
- Exemplos de leis: arts. 1634 e 1566, IV, CC; arts. 384 e 231, CC. LEP.
- Conceito ontológico: o direito pertence ao mundo do ser, logo não pode criar
uma conduta artificial. Ex.: determinar que a gravidez deve se dar em 3 meses.
- Não pode mais conceber dolo e culpa fora da ação, pertencendo agora ao fato
típico.
2.1. Teoria:
- “Causa” é ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Isso
significa que todos os fatos que antecedem o resultado se equivalem, desde que
indispensáveis à ocorrência.
- Muitas vezes o agente tem um querer passivo, inapto ao dolo, não possuindo
sequer o domínio do fato para se falar em autoria.
1- Diminuição do risco.
2- Criação de um risco juridicamente relevante
3- Incrementação do risco permitido
4- Âmbito de proteção da norma
5- Princípio da autonomia da vítima (colocação em perigo).
6- Princípio da confiança
7- Atribuição do resultado a diversos âmbitos de responsabilidade
- Exemplos de julgados:
• STJ: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7165977/habeas-corpus-hc-
46525-mt-2005-0127885-1-stj/relatorio-e-voto-12897534
• TJ-MA: https://tj-ma.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/4705586/apelacao-
criminal-apr-226692006-ma/inteiro-teor-101733932?ref=juris-tabs
- Por si só: Neste último caso, surge outro processo causal que, isoladamente,
produz o evento, não obstante a causa seja relativamente independente, pois ela “por si
só” causou o resultado (art. 13, § 1º, do CP). Único positivado no CP.
- Ex.: Cidadão que, mortalmente ferido por outro, é transportado para um hospital
onde vem a falecer em consequência das queimaduras provocadas por um incêndio”. A
causa provocadora da morte é relativamente independente em relação à conduta anterior:
se a vítima não tivesse sido ferida, não seria levada ao hospital.
- STJ – deixar de ser atendido por falta de médico acaba respondendo por
homicídio.
4. Tipicidade formal
Ex.: Lei 11.343/06 – Lei de Drogas registra, no art. 28, “porte de droga”. Todavia,
a lista de substancias que são consideradas drogas não está na lei, e sim em uma portaria
da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, criada pela Lei 9782/99. Ver art.
66 da Lei de drogas.
- Atenção: Só tem cabimento nos crimes dolosos, não existindo nos delitos
culposos.
* Exaurimento: Ex.: 317, 158.
4.2.1.1. Consumação:
4.2.1.2. Tentativa: De acordo com o art. 14, II, do CP, se considera crime tentado
quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
- Espécies de tentativa:
c) Branca ou incongruente: ocorre quando a vítima não é atingida. Ex.: joga ácido
visando a lesão corporal mas não acerta a vítima.
5. Tipicidade material
Consiste numa efetiva lesão ou ameaça ao bem jurídico protegido. Esta Quando a
lesão ou ameaça não se der de forma intolerável, não há crime, pelo fato de estar afastada
a tipicidade material. Esta tipicidade pode ser afastada quando encontram-se presentes os
princípios da lesividade, insignificância, adequação social e alteridade, vejamos cada um
deles.
c) Princípio da lesividade:
d) Princípio da alteridade:
Ex.: O agente está em uma casa furtando e, depois de reunir todos os objetos na
sala, olha uma foto da família, escorre uma lágrima e resolve abortar a prática criminosa,
desistindo da empreitada. Responde, nesse caso, apenas por violação de domicílio (art.
150).
Outros exemplos: Tentar contaminar alguém com doença venérea que a suposta
vítima já possui.
Ex.: Ladrão, sabedor da quantia que José carregava no bolso, tenta roubar o
dinheiro no bolso esquerdo, mas se encontrava no direito. Nesse caso há tentativa.
- Seria absoluta impropriedade do objeto se José não carregasse nada no bolso.
Ex.: Caçador atira em arbusto durante um safári, pensando que ali havia um animal
e mata um colega. – Nesse caso o agente erra no que diz respeito à elementar “alguém”
do art. 121, CP.
- Exemplos clássicos: o agente toma coisa alheia como própria; relaciona-se com
menor de 14 anos, supondo-a maior; contrai casamento com esposa casada,
desconhecendo matrimônio anterior; tem relações sexuais coma alguém supondo-se
curado de doença venérea.
Ex. 1: homem mata desafeto que iria pegar um cigarro (legítima defesa).
Ex. 2: capiau se desespera em um filme 3d e causa lesões (estado de necessidade).
- Responde pelo crime o terceiro que criou a situação. Ex.: filho de Bruce Lee.
Alguém pede pra você pegar uma bolsa que não é dela só para furtar.
- Consequências:
a. dolo: se provocou o erro dolosamente, responde por dolo;
b. culpa: se tiver causado o erro por culpa, responde culposamente.
c. O provocado: analisa se era escusável ou inescusável.
- Ocorre o erro de tipo essencial quando o erro do agente recai sobre elementares,
circunstâncias, ou qualquer outro dado que se agregue à figura típica.
d) resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) – art. 74: Nesse caso o erro
deverá incidir de coisa para pessoa. Ex.: Quer destruir uma vitrine e acerta uma pessoa.
- Nesse caso se afasta a tentativa e reponde por culpa no resultado.
7. Tipicidade conglobante: