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Livro- Texto 2
Capítulo 5- Comunicação na era digital
1. O computador
O mesmo ocorre com o computador: quando você nasceu, ele já era uma realidade.
Talvez por isso ele pareça tão natural para você – mas certamente não é assim para os seus
pais, menos ainda para os seus avós. Para quem viveu muito tempo sem esse aparelho, ele
não tem nada de natural: o mundo parecia funcionar muito bem sem ele.
É por isso que muitas vezes notamos que as pessoas mais velhas têm certa resistência
contra o computador ou precisam fazer esforço para integrá-lo em seu cotidiano; os jovens,
por sua vez, lidam muito melhor com ele e consideram tão normal aprender a usá-lo
quanto aprender a andar e a falar.
Como se costuma dizer, em geral só nos damos conta da importância de alguma coisa
quando somos privados dela: é difícil pensar o mundo de hoje sem a presença do
computador. Você não poderia mais mandar e-mails, por exemplo. Pode parecer que
também nesse caso não faria falta: o e-mail seria substituído por uma carta. Mas pense
nas diferenças entre a velocidade de um tipo de comunicação e a de outro: para mandar
um e-mail, não é preciso usar selo, ir ao correio, esperar a entrega – basta enviar o
conteúdo e esperar a resposta.
Se você é adepto das redes sociais, sabe que a conversa por telefone não substituiria
perfeitamente o computador: em primeiro lugar, porque não é possível falar ao mesmo
tempo com muitas pessoas, de muitos lugares diferentes , por tal meio ; em segundo ,
porque nas
redes sociais nossos pronunciamentos podem ser replicados por mais e mais pessoas,
atingindo indivíduos que estão muito além de nossas relações pessoais. Se você costuma
fazer pesquisas pela internet, imagine frequentar livrarias e bibliotecas atrás das
informações de que necessita: certamente gastaria muito mais tempo.
2. O mundo digital e a internet
Por isso a palavra “digital” está quase sempre associada a computador e significa, em
um sentido mais vasto, um modo de processar, transferir ou guardar informações.
A popularização da internet pelo mundo começou no fim do século passado, nos anos
1990. Com isso, surgiram novos gêneros: os e-mails vieram concorrer com as cartas; os
sites de busca, com as enciclopédias; mensagens instantâneas enviadas e recebidas por
computadores ou celulares, com as conversas telefônicas. Há quinze anos, ninguém
pensaria em acessar um boletim escolar pelo celular ou pelo computador de casa. Mas hoje
isso é possível, e essa revolução na comunicação humana implicou o aparecimento de
novos gêneros, que passaram a fazer parte do dia a dia das pessoas.
Por isso dizemos que os gêneros textuais são fenômenos históricos, que nascem e se
desenvolvem no seio de dada cultura, de certa sociedade: a “bula de remédio” é um tipo de
texto que não existe, por exemplo, em comunidades em que não há a alopatia.
Da mesma maneira, não se pode falar no gênero “e-mail” nas organizações sociais que
desconhecem o computador. Aliás, o surgimento de novas tecnologias é um fator que
impulsiona a eclosão de novos gêneros: se não houvesse o rádio, não haveria o gênero
radionovela (que praticamente desapareceu com o nascimento da televisão e da telenovela);
se não existisse o telefone, não existiria o gênero conversa telefônica; se não existisse a
internet, não haveria redes sociais e nem os grupos de trocas de mensagens por celular.
Na esteira do “internetês”, surgiu uma polêmica: até que ponto essa nova forma de
escrita seria uma ameaça à pureza do idioma? Até que ponto essas abreviaturas poderiam
representar uma descaracterização da língua? Até que ponto essa linguagem se espalharia
por outros gêneros?
A rigor, não existe polêmica nenhuma. Todo grupo social possui uma variante
linguística própria, com todas as suas particularidades: dos surfistas aos admiradores do
rap, dos adeptos dos movimentos políticos de esquerda aos estudantes de economia. A
origem do “internetês” é simples: os usuários da rede buscavam um modo mais prático de
se comunicar. Era uma tentativa de, simultaneamente, definir a identidade do grupo (por
meio de uma linguagem característica) e adequar a escrita à velocidade das conversas
virtuais.
O que não se deve é utilizar o “internetês” numa situação mais formal de comunicação
ou em um texto que simplesmente não faz parte das conversas virtuais – o que seria tão
inadequado quanto valer-se da linguagem jurídica fora dos tribunais ou recorrer a
conceitos da medicina para falar a quem não é estudioso da área.
Nada impede que um grande escritor venha a incorporar o “internetês” em seus textos.
O que não se pode fazer – repita-se – é empregar essa linguagem num contexto
inadequado. Isso, sim, pode causar grandes constrangimentos e mal-entendidos.
Pode-se então dizer que o suporte digital, comparado com o suporte impresso, exige
menos tempo, espaço e dinheiro. Não se pode, porém, esquecer que o computador ainda é
um artigo de luxo em muitas partes do mundo. É por isso que hoje existe um novo tipo de
exclusão social: a chamada exclusão digital.
A mudança de suportes teve impactos nas maneiras de ler e de escrever. Com novas
tecnologias, surgem novos suportes e, com eles, novos gêneros.
Você saberia dizer quais gêneros são exclusivos do suporte digital, ou seja, quais formas
de comunicação nasceram com o computador e a internet? Veja alguns exemplos:
O modo como as pessoas se relacionam por meio do computador não é igual ao modo
como elas se comunicavam face a face ou por meio de cartas. As novas tecnologias
propõem – ou, melhor dizendo, impõem – novas formas de relação entre as pessoas.
Você provavelmente conhece alguém que trocou o próprio telefone celular por um
modelo mais moderno apenas para poder ter acesso a determinado aplicativo de
comunicação – e, assim, conseguir comunicar-se mais rapidamente com amigos ou grupos.
Como se pode notar, o e-mail é um caso muito curioso: sob um aspecto é um meio; sob
outro, uma mensagem. Por isso, dependendo da perspectiva que adotamos para analisá-lo,
ele pode ser considerado tanto um gênero quanto um suporte de gêneros.
Em todo caso, mais importante do que conseguir defini-lo com precisão é saber utilizá-
lo com competência.
7. O e-mail e a “netiqueta”
Todo gênero tem suas regras: com o e-mail não é diferente. Para que a comunicação
seja bem-sucedida, é fundamental que o usuário da rede obedeça a certas normas típicas
dessa forma de interação. A chamada “netiqueta” (neologismo nascido da contração de net
(rede) + etiqueta) é o conjunto dessas regras de etiqueta na internet – isto é, normas de
“bom comportamento” no suporte digital. Elas podem ser assim resumidas:
• Evitar escrever a mensagem inteira em caixa alta. Letras maiúsculas indicam que se está
gritando ou enfatizando algum termo ou expressão.
• Sempre especificar o assunto da mensagem. Isso ajuda o destinatário a selecionar
criteriosamente as mensagens a serem lidas.
• Ser claro, breve e objetivo. Evite mandar mensagens muito grandes.
• Não mandar e-mails não solicitados: correntes, avisos de vírus, propagandas, etc., pois
elas geram tráfego inútil na rede.
• Usar os smileys (ícones que denotam emoções) para tentar demonstrar mais claramente o
tom de sua mensagem: na interação face a face, em uma conversa, é possível saber se a
pessoa está falando em tom de brincadeira, se está falando sério, etc.; mas no e-mail, por
se tratar de um texto escrito, nem sempre isso fica claro.
• Ao responder a um e-mail, apagar as linhas da mensagem recebida, deixando apenas as
partes essenciais da mensagem referenciada.
A temática pode variar bastante, como ocorre em uma carta: assuntos familiares,
amorosos, comerciais, etc. Claro que isso é determinado de acordo com a pessoa a quem
você escreve: numa relação de trabalho, por exemplo, não é pertinente tratar de assuntos
amorosos.
O estilo também pode variar muito: é mais formal nas relações comerciais, por exemplo,
e mais informal nas relações afetivas. Isso quer dizer que, se você for um empresário
escrevendo a outro empresário, para discutir assuntos relacionados ao trabalho, deverá ser
mais cuidadoso no uso da linguagem: o e-mail, nesse contexto, deve ser mais formal,
obedecendo à norma-padrão – um texto mal escrito pode prejudicar a sua relação com o
outro. Se, por outro lado, você estiver escrevendo a um amigo, para discutir assuntos
pessoais, poderá empregar uma linguagem mais informal. A sua amizade não será abalada
se o texto tiver abreviações ou algum problema gramatical.
• se a mensagem está completa; de preferência, revise-a – como se deve fazer com qualquer
texto a ser entregue para avaliação ou publicação;
• se o destinatário está correto – com as sugestões automaticamente geradas ao digitar as
primeiras letras do nome desejado, você corre o risco de enviar a mensagem para outra
pessoa de nome igual ou parecido;
• se você realmente anexou os arquivos que pretende enviar.
Como todo gênero, o e-mail tem suas virtudes e limitações, que decorrem em grande
parte do suporte em que se dá a comunicação. Veja a seguir algumas conveniências e
inconveniências dessa forma de comunicação em suporte digital:
11. O blog
O termo “blog” é uma aférese da expressão em inglês web log, que significa “registro na
rede” e deu origem à expressão weblog, que depois se tornou simplesmente blog.
Aliás, os blogs não podem ser tomados apenas como manifestações da linguagem
verbal, como era comum nos diários em papel. Uma das grandes características dos blogs é
que, além dos textos, eles podem apresentar imagens, áudios e vídeos. Atualmente, existe
um tipo de blog, o vlog, em que só vídeos são postados.
Outra diferença entre blog e diário é o tipo de informação que ele veicula: no blog, além
de informações pessoais, marcadas pela completa subjetividade, é comum publicar
também notícias, poemas, ideias soltas, relatos de viagem, piadas, imagens, charges,
fotografias e até links para outros sites considerados interessantes. Essa mudança no tipo
de informação ocorre principalmente pela diferença de leitor entre diário e blog: enquanto o
diário é escrito e lido pelo seu próprio autor, o blog fica disponível para qualquer leitor da
internet.
Os blogs claramente perderam espaço para as redes sociais como suporte para troca de
mensagens. Assim como eles, as redes sociais servem de veículo para a expressão de todo
tipo de opinião, das mais subjetivas e, às vezes, íntimas, até debates de alcance mais
abrangente.