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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

CURSO: Arquitetura e Urbanismo – Praça da Liberdade


DISCIPLINA: Cultura religiosa: Fenômeno religioso
PROFESSOR: Paulo Agostinho N. Baptista
ALUNOS: Alice Costa e Glória, Leticia Lagares Ferreira Silva e Rodolfo Silva Neiva

EXERCÍCIO AVALIATIVO – 10 pontos

1. O que é: Mito, rito, hierofania, sagrado e profano, espaço e tempo sagrado para
Mircea Eliade?

Resposta:

• Mito: Mito significa verdade, pois conta uma história sagrada e aquilo que é sagrado
é certeza, realidade máxima. Além de ser a fonte da verdade, o mito é a fonte do início
de tudo, ele declara a primeira manifestação de uma situação, do inédito, explica
como as coisas são e como aconteceram e a criação do universo, por isso o mito é o
que antecede o mundo. Quando se conta como uma coisa se iniciou no mundo, se fala
do sagrado.
• Rito: O rito está relacionado ao mito, sendo assim sua estrutura significativa. Rito e
mito são duas faces de uma mesma realidade. Mais que isso, o rito se liga ao sagrado
e expressa ordem nas religiões, concretizando a cultura enquanto culto. Ritos são atos
primordiais, uma experienciação do sagrado, não uma mera experiência sensorial ou
intelectual, são as narrações míticas da presença do sagrado.
• Hierofania: A hierofania é quando o sagrado se manifesta, desde a incorporação do
sagrado num objeto, até a maior das hierofanias: Deus encarnado em Jesus Cristo.
Esse processo é uma incógnita, tendo em vista a manifestação de algo sagrado, que
não é comum ao nosso campo, em bens normais do nosso cotidiano, transformando
aquele objeto em não mais um simples objeto, mas o sagrado, e só aquele com o olhar
religioso consegue aceitar facilmente esse fato, pois sabe que a natureza é propensa
a essas transformações sobrenaturais. Além disso, para o religioso, o mundo não é
homogêneo, pois existem partes sagradas que devem ser diferenciadas do “normal”
e quando ocorre uma hierofania, se tem a ruptura do mundo homogêneo e o ponto
fixo do mesmo.
• Sagrado e Profano: Resumidamente, sagrado e profano são dois modos de viver a vida
e de ser. O sagrado é a verdade, a realidade absoluta, o poder, é tudo aquilo que é
especial e importante para uma pessoa ou um grupo, é a vontade de viver na realidade
e não na mentira. O profano é o oposto, é tudo aquilo que não é sagrado, o que é
comum para nós no dia a dia, o que deixa o mundo homogêneo. Essa relação entre
sagrado e profano se dá através da experiência religiosa de cada um, pois o que é
sagrado para um pode ser profano para outro, e vice-versa.
• Espaço sagrado: Para o homem religioso, o espaço é heterogêneo, ou seja, não é
uniforme, é feito de brechas que diferenciam o sagrado do profano. O espaço sagrado
é a realidade, o concreto e o especial a partir da visão religiosa. Ao construir um espaço
sagrado, o homem reproduz as ações dos deuses. Além disso, quando se dá a ruptura
do mundo homogêneo, ou seja, o espaço sagrado, é que se revela o eixo central das
orientações que virão, o sagrado marca o início do mundo, sua fundação, revelando
uma realidade absoluta.
• Tempo sagrado: O tempo sagrado é o momento em que uma realidade foi criada, em
que ela se manifestou pela primeira vez, ou seja, o tempo sagrado é o momento da
criação e da origem. Contudo, este tempo é reversível, as festas religiosas são
reatualizações de um evento sagrado que aconteceu num passado originário, uma
reafirmação de um pacto de criação. Nessas festas encontramos o mesmo tempo
sagrado do passado que é propenso a se tornar presente pela comemoração.

2. Como Antonio Gouvêa Mendonça pensa a diferença entre sagrado instituinte e


sagrado instituído. Que exemplos ele utiliza para isto?
Resposta: Antonio Gouvêa aborda em seu texto ´´A experiência religiosa e a
institucionalização da religião´´ sobre como o sagrado selvagem, ou instituinte, representa a
desordem ao ameaçar sistemas de poder religioso ou político, enquanto o sagrado instituído,
ou seja, dominado, é considerado controlado, impedindo discursos diferentes daqueles
aceitos pela ortodoxia. Sendo assim, a ordem provém do sagrado dominado, e a desordem é
impulsionada pela esperança de uma ordem nova promovida pelo sagrado não dominado, ou
seja, o sagrado instituinte. Como exemplo, Gouvêa cita a Assembleia de Deus e a Congregação
Cristã no Brasil, ambas fazendo parte do que o autor chama de pentecostalismo clássico. No
primeiro exemplo, há um espaço limitado e controlado para o sagrado mais livre, enquanto
no segundo, a forte institucionalização dessa igreja, reduziu mais ainda o espaço para a ação
livre do sagrado.

3. Leonardo Boff explica o conceito experiência e trata da experiência religiosa e da


experiência de Deus. Faça breve texto sintetizando essa visão do autor.

Resposta: A experiência se dá pelo contato entre o objeto que se experimenta e suas


suposições pré-formadas a partir da sua existência no mundo, pois sempre andamos com uma
carga acumulada pela caminhada pessoal e conexão com a sociedade. A partir desse contato
os objetos e as opiniões podem mudar, ser verificados, confirmados, destruídos e corrigidos.
Sendo assim, a experiência é, de acordo com Leonardo Boff: “o modo como interiorizamos a
realidade e a forma que encontramos para nos situar no mundo junto com os outros”. A
experiência é como nos situamos no mundo e o mundo em nós, assim a experiência detém
uma natureza de horizonte, ou seja, uma forma de enxergar o mundo com clareza,
entretanto, não podemos ver Deus literalmente, mas podemos experimentar nossas imagens
de Deus, identificar sinais de sua presença. Para isso, é preciso sentir Deus com o coração e
prestar atenção na nossa sensibilidade com Ele.
4. Para Rudolf Otto o que é experiência religiosa?
Resposta: Rudolf Otto trata a experiência religiosa como sendo algo irracional, não submetido
à razão, e entendido como um evento que foge à interpretação inteligente. Além disso, a
experiência religiosa é entendida por Otto como sendo sempre fática, uma vez que faz até
mesmo da história um momento único. Sendo assim, a compreensão da experiência religiosa
é dada pelo autor como mística, sendo entendida por dois lados. De um lado tendo como um
de seus principais traços a depreciação de si mesmo, enquanto do outro lado existe a
valorização do transcendente como superior. Desse modo, a mística é um processo de
aprofundamento da relação entre o sujeito religioso e o numinoso, que causa naquele que
faz a experiência os sentimentos tipicamente irracionais de distanciamento e atração.

5. O mito sobrevive numa sociedade secularizada? Explique?


Resposta: A partir da análise dos textos e do conteúdo proporcionado em aula pode se
afirmar que, mesmo com a secularização o mito perdura na sociedade. O mito surge a partir
da necessidade do homem de explicar o inexplicável. Entretanto, com o progresso científico
e o avanço tecnológico, o ser humano passa a ter um método concreto para estudar o mundo
em que se vive, logo, a ciência ganha credibilidade, tornando a nossa sociedade cada vez mais
secularizada. Porém, muitas pessoas continuam a manter sua fé em mitos e crenças
independente das provas geradas pelas pesquisas científicas, aliás, não somos capazes de
explicar tudo pelo método científico atualmente.

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