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NOV – 2008
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INTRODUÇÃO
A busca pela paz consiste em um dos anseios do ser humano. Kant vai dizer que
a paz é uma exigência moral. Contudo, para que a paz possa armar a sua tenda entre
nós, é preciso que ela não esteja vinculada com a guerra, ou seja, de forma alguma se
pode conceber que a busca da paz seja através de guerra. Nesse sentido, o
pensamento de Qoélet: “mais vale sabedoria do que armas”, parece ser de grande
proveito. É o que pretendemos desenvolver nas páginas posteriores, ressaltando a
sabedoria em Israel, a sabedoria no exílio e no pós-exílio, a contribuição de Qoélet a
respeito da paz e, por fim, a contribuição de Qoélet para a atualidade.
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1. SABEDORIA EM ISRAEL.
A época da monarquia israelita, que abrange cerca de quatro séculos, pode ser muito
bem visualizada, mas cobre a época exílica e pós-exílica as informações históricas
são bem menos freqüentes. A conquista definitiva de Jerusalém por Nabucodonosor
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LINDEZ, José Vílchez. Sabedoria e sábios em Israel. p. 29.
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Shalom aparece na Sagrada Escritura “29 vezes em Isaías, 31 em Jeremias, 27 nos Salmos”. Ao
tratarmos, aqui, da palavra Shalom, referimo-nos principalmente ao aspecto ético social, “porque a paz
está ligada ao compromisso do homem e à luta incessante, necessária para realizá-la no âmbito da
sociedade (Is 2,2-5). MATTAI, G. Paz e pacifismo: In: DICIONÁRIO DE TEOLOGIA MORAL, p. 922.
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MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico, p 704.
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__________________. Dicionário Bíblico, p 704.
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SCHILLEBEECKX, Edward. História Humana Revelação de Deus. p. 102.
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Qoelet, com esta história, diz que a sabedoria é importante. Este sábio ensina
com base na vida. Não é reflexão abstrata, fora da realidade. Por isso ele afirma: “vi
essa sabedoria debaixo do sol”. “Vi” em hebraico, nesse sentido em que está na frase a
cima, não significa ver com os olhos, mas sim, de constatar, observar, conhecer. É uma
ação que ultrapassa o sentido material de enxergar. Assim, o sábio vê que uma
pequena cidade foi salva de uma invasão por um sábio pobre. Com isso, o autor do
texto bíblico quer salientar o poder da sabedoria acentuando o contraste entre uma
pequena cidade, mas com uma grande população e um rei junto com seus soldados
prestes a invadi-la. Quando tudo parece perdido, um homem pobre salva a cidade, mas
pela condição de pobreza do homem, este é esquecido.
Conforme a configuração grega de pensar, o pobre não tem existência social,
isto é, não é cidadão da polis, é “não-pessoa”. No pós-exílio, em 538 a.C, a pobreza
também é considerada castigo divino à pessoa que não cumpre a Lei. Para Qoelet a
sabedoria pertence ao homem pobre e a força, às pessoas que não conseguem
enfrentar o rei com seu exército. Na verdade, quando Qoelet diz que “mais vale a
sabedoria do que armas”, está fazendo um protesto contra as pessoas que pautam sua
confiança nos poderosos e nas armas e não na paz e na justiça.
Naquele tempo, como hoje, a palavra dos pobres não é ouvida, mas “quando o
rico fala, todos se calam e elevam até às nuvens a sua palavra” (Eclo 13,23). Porém, no
capítulo quarto Qoelet tenta mostrar que a riqueza não garante a honra: “Mais vale um
jovem pobre sábio do que um rei velho e insensato que não aceita mais conselho” (Ecl
4,13).
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CONCLUSÃO
A busca pela paz não deixa de ser busca pela justiça, que implica em um mundo
melhor, onde todos tenham suas necessidades supridas. Só haverá paz verdadeira
quando houver justiça verdadeira, onde não haja uns mais iguais que os outros. A
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LINDEZ, José Vílchez. Sabedoria e sábios em Israel. Col. Bíblica nº 25. São Paulo:
Loyola, 1999.
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UMBERTO, Eco. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. In:
Definições a propósito da paz e da guerra. p. 40.
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