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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI

MARCOS SANTANA DE QUEIROZ

QUALIDADE ENERGÉTICA: o impacto da insuficiência no fornecimento de energia


elétrica em EAS

SÃO PAULO- SP
2021
MARCOS SANTANA DE QUEIROZ

QUALIDADE ENERGÉTICA: o impacto da insuficiência no fornecimento de energia


elétrica em EAS

Monografia apresentada ao Centro


Universitário FEI, como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de
Especialista em Engenharia e Manutenção
Hospitalar. Orientado pelo Prof. Victor Cesar
Costa

SÃO PAULO- SP
2021
Santana de Queiroz, Marcos .

Qualidade energética: o impacto da insuficiência no


fornecimento de energia elétrica em EAS / Marcos Santana
de Queiroz. São Paulo, 2021.
55 f. : il.

Monografia - Centro
Universitário FEI. Orientador:
Prof. Victor Cesar Costa.

Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica da FEI


com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Marcos Santana de Queiroz

QUALIDADE ENERGÉTICA: o impacto da insuficiência no fornecimento de energia


elétrica em EAS

Monografia, apresentada ao Centro


Universitário FEI, como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de
Especialista em Engenharia e Manutenção
Hospitalar.

Comissão julgadora

________________________________________
Orientador e presidente

_______________________________________
Examinador (1)

_______________________________________
Examinador (2)
Dedico este trabalho à minha mãe por todo
apoio e motivação que me deu para que eu
conseguisse chegar até aqui e planejar ir além.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a mim por ter forças, apesar das dificuldades, para nunca desistir
perante os desafios que enfrentei em minha vida. A minha família que sempre me apoiou e me
deu suporte para atingir meus objetivos com sucesso.
A todos os professores da FEI, os quais contribuíram imensamente para a minha
formação, através dos ensinamentos passados neste período de tantos aprendizados. A todos
os grandes amigos e colegas de curso que tive a oportunidade de conhecer.
A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos de mim.
Agradeço de forma especial ao professor Victor Cesar Costa por ter aceitado ser meu
orientador nesta monografia.
“No meio da confusão, encontre a
simplicidade. A partir da discórdia, encontre a
harmonia. No meio da dificuldade reside a
oportunidade. ”
(Albert Einstein)
RESUMO

No ambiente hospitalar a energia elétrica é crucial para a assistência à vida dos


pacientes, sendo indispensável a estabilidade e a continuidade do fornecimento para o bom
funcionamento dos equipamentos médicos utilizados, da execução de processos e do
atendimento aos cleintes. Com a expansão dos hospitais e instalação de novas especialidades
e tecnologias a demanda por energia elétrica vem aumentando face ao suprimento do
mercado que oscila e depende, em grande parte, do sistema hídrico que apresenta limitações
devido a falta de chuvas em alguns períodos do ano, pois a matriz de capacidade instalada
apesar de estra se diversificando corresponde a mais de 60% da geração de energia elétrica
através de hidrelétricas. A sua importante utilização no contexto hospitalar gera uma
dependência que pode resultar em perdas irreparáveis no que diz respeito a qualidade do
atendeminto e segurança a vida dos pacientes quando há interrupções no fornecimento. O
presente trabalho apresenta um referencial teórico acerca da qualidade energética em hospitais
com base na insuficiência do fornecimento de energia elétrica das empresas concessionárias,
descrevendo as ocorrências dos fenômenos elétricos que podem interferir na qualidade
energética, a regulação do mercado, indicadores limites para ocorrências no fornecimento, a
responsabilidade dos orgãos de fiscalização e regulação do mercado e as medidas para gestão
do sistemas de emergência, conforme as normas da ABNT e os regulamentos da ANVISA. O
objetivo é mostrar a importância da energia sob forma de eletricidade para o oferecimento de
serviços de qualidade e como a falta desse fornecimento pode prejudicar todos os processos
hospitalares, identificar o impactos e apresentar as medidas que devem ser adotadas para
mitigar os riscos ocasionados. E, para isso, realizou-se uma pesquisa quantitativa e descritiva
referente aos dados do fornecimento de energia, a ocorrência de interrupção do fornecimento
e as restrições resultantes desse déficit de energia elétrica em ambientes hospitalares. A partir
dos dados dos indicadores de interrupções, utilizados pela ANEEL para fiscalização, podemos
perceber como a fragilidade do fornecimento se torna um risco frente as necessidades do
fornecimento contínuo assegurando a qualidade energética requerida. Adotar medidas de
emergência, como grupo gerador, e certificar a sua atuação durante as interrupções com as
manutenções corretas são ações que garantem a continuidade de operação durante a
interrupção do fornecimento de energia elétrica. Para um melhor resultado, é recomendado a
adesão de sistemas que proporcione a eficiência energética na edificação trazendo resultados
positivos tanto na qualidade da utilização quanto na redução do impacto ambiental gerado
pelo consumo excessivo deste recurso.
Palavras-chave: Qualidade energética. Impactos do déficit de energia elétrica.
Estabelecimento assistencial de saúde. Instalações elétricas hospitalares.
ABSTRACT

In the hospital environment, electric energy is crucial for the assistance to the patients'
lives, being indispensable the stability and continuity of the supply for the good functioning
of the medical equipment used, the execution of processes and the attendance to the
customers. With the expansion of hospitals and the installation of new specialties and
technologies, the demand for electric power has been increasing in view of the market supply
that oscillates and depends, in large part, on the hydroelectric system that presents limitations
due to lack of rainfall in some periods of the year, because the installed capacity matrix,
despite being diversified, corresponds to more than 60% of electric power generation through
hydroelectric plants. Its important use in the hospital context generates a dependency that can
result in irreparable losses with regard to the quality of care and safety of patients' lives when
there are interruptions in the supply. The present work presents a theoretical reference about
the energy quality in hospitals based on the insufficiency of the electric power supply of the
concessionary companies, describing the occurrences of the electric phenomena that can
interfere in the energy quality, the market regulation, limit indicators for supply occurrences,
the responsibility of the inspection and regulation bodies of the market and the measures for
management of the emergency systems, according to the ABNT standards and ANVISA
regulations. The objective is to show the importance of energy in the form of electricity for
the provision of quality services and how the lack of this supply can harm all hospital
processes, identify the impacts and present the measures that must be adopted to mitigate the
risks caused. And, for this, a quantitative and descriptive research was carried out regarding
the energy supply data, the occurrence of interruption in the supply, and the restrictions
resulting from this deficit of electric energy in hospital environments. From the data of
interruption indicators, used by ANEEL for inspection, we can see how the fragility of the
supply becomes a risk against the needs of continuous supply ensuring the required energy
quality. Adopting emergency measures, such as a generator group, and certifying its operation
during interruptions with the correct maintenance are actions that guarantee the continuity of
operation during an interruption in the supply of electricity. For a better result, it is
recommended to adhere to systems that provide energy efficiency in the building, bringing
positive results both in the quality of use and in reducing the environmental impact generated
by excessive consumption of this resource.
Keywords: Energy quality. Impacts of energy deficit. Health care facilities. Hospital electrical
installations.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Malha de distribuição e transmissão de energia elétrica e o potencial de expansão


para 2024...................................................................................................................................13
Figura 2- Locais médicos do grupo 2.......................................................................................38
Figura 3- Sistema IT médico.....................................................................................................39
Figura 4- Modelo de Sistema de Gestão da Energia BNT NBR..............................................44
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Oferta interna de energia elétrica por fonte..............................................................14


Tabela 2- Indicadores Coletivos de Continuidade DEC e FEC................................................20
Tabela 3- Limites de continuidade por unidades consumidoras...............................................21
Tabela 4- Transgressões de continuidade.................................................................................22
Tabela 5- Participação por setor no consumo de energia do país nos últimos 5 anos..............25
Tabela 6- - Classificação do local de acordo com o tipo de equipamento eletromédico nele
utilizado.....................................................................................................................................27
Tabela 7- Classe de alimentação de segurança.........................................................................28
Tabela 8- Classificação dos locais............................................................................................29
Tabela 9- Classificação do grupo gerador................................................................................33
Tabela 10- Energia Standby......................................................................................................34
Tabela 11- Energia Prime com tempo ilimitado de funcionamento.........................................35
Tabela 12- Energia Prime com tempo limitado de funcionamento..........................................36
Tabela 13- Energia contínua (carga básica)..............................................................................37
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11
2 SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO..................................................................................13
2.1 OCORRÊNCIAS DE INTERRUPÇÕES...........................................................................14
2.1.1 CLASSIFICAÇÃO DE INTERRUPÇÕES.................................................................17

2.2 QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA.......................................................................18


2.2.1 Qualidade do Produto....................................................................................................18

2.2.2 Qualidade do Serviço.....................................................................................................19

2.2.2.1 Indicadores...................................................................................................................19

3 SETOR HOSPITALAR BRASILEIRO............................................................................23


4 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS HOSPITALARES..........................................................25
5 SISTEMAS DE EMERGÊNCIA EM HOSPITAIS..........................................................30
5.1 GRUPO GERADOR...........................................................................................................30
5.1.1 Classificação de Energia Standby.................................................................................34

5.1.2 Classificação de Energia Prime....................................................................................35

5.1.3 Energia Prime com Tempo Ilimitado de Funcionamento..........................................35

5.1.4 Energia Prime com Tempo Limitado de Funcionamento..........................................36

5.1.5 Classificação Energia Contínua (Carga Básica).........................................................36

6 SISTEMA IT MÉDICO......................................................................................................38
7 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA APLICADA EM EAS.....................................................40
7.1 MEDIDAS PARA APLICAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA...............................41
7.1.1 Iluminação......................................................................................................................41

7.1.2 Ar Condicionado............................................................................................................42

7.1.3 Equipamentos Hospitalares..........................................................................................42

7.2 ISO 50001: MODELO SGE...............................................................................................43


8 CONCLUSÃO......................................................................................................................46
REFERÊNCIAS......................................................................................................................48
11

1 INTRODUÇÃO

O planejamento para atendimento das necessidade de fornecimento de energia elétrica


em hospitais assegura, quando bem executado, o atendimento de qualidade e a segurança das
instalações. O hospitais são prestadores de serviços que funcionam 24 horas por dia durante
todos os dias da semana, sem pausas ou interrupções. Por ter esse perfil de trabalho
ininterrupto, atos como iluminar uma sala para atendimento, fornecer gases medicinais nos
pontos de consumo até operações mais complexas como robôs de cirurgia e utilização de
equipamentos de imagem requerem o consumo de energia elétrica contínua e dentro dos
padrões de qualidade necessários para o correto funcionamento dos equipamentos, pois a
ocorrências de fenômenos podem alterar os parâmetros de medição e operação. Tais
eventualidades interferem diretamente na confiança do serviço prestado e na qualidade do
atendimento dos pacientes, pois qualquer erro nas informações e na assitência pode acarretar
em problemas graves para o hospital e também para os pacientes.
Compreender todos os níveis dos trabalhos coordenados das instalações auxilia nas
medidas de segurança e controle de todos os processos hospitalares. As definições e
alterações devem sempre priorizar as atividades críticas desenvolvidas, bem como os serviços
de assistência essencial à vida dos pacientes. Nesse contexto é fundamental que os
estabeleciemtnos tenham um planejamento de emergência que possa minimizar os riscos
nocivos provenientes da falta de energia elétrica, entretanto, a interrupção de energia pode
ocorrer e isso, dependendo da extensão e manutenção do plano de emergência, gera danos aos
equipamentos, à circulação nos ambientes, deslocamentos verticais, procedimentos em
andamento e, principalmente, aos pacientes.
As características de operação e fornecimento de energia pelas concessionárias são
serviços importantes que possibilitam a operação de hospitais brasileiros, e as ocorrências de
interrupção desse serviço, nos fornece informações cruciais para a avaliação os impactos
causados atecipando as ações de complementação à segurança do fornecimento atráves de
medidas que possam complementar o plano de emergência resultando em uma getão mais
eficiente de casos. A intenção é enriquecer a informação à disposição os planejadores do setor
(CAVES et al., 1992).
Segundo Campos (2013), o alto consumo de energia é característico desta tipologia
construtiva, pois são edificações de grande complexidade, em função, principalmente, do
elevado porte, das diversas atribuições necessárias ao atendimento à saúde humana, e das
especificidades de projeto, especialmente no tocante ao controle de ar, temperatura e umidade.
12

Além das complexidades de ambientes, há também equipamentos tecnológicos sensíveis,


ópticos, especialmente os equipamentos médico-hospitalares de diagnóstico por imagem,
sistemas controladores de gases, climatização e salas limpas com necessidade de renovação
total do ar que dependem de uma fonte de energia sem variações de tensões, frequência e
continuidade.
Assim, pode-se assumir a importância do conhecimento da extensão dos impactos
causados pela deficiência do fornecimento da energia de qualidade que atenda os requisitos de
operação de todos os usos no setor hospitalar, bem como o setor que atende as demandas de
fornecimento e as características que resulta em interrupções da distribuição e prejuízos
financeiros elevados.
13

2 SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

O setor elétrico brasileiro é um importante segmento da economia e através da


demanda estrutura sua distribuição atendendo o consumo de empresas e as residências em
várias regiões do Brasil, sendo a estrutura é dividida em geração, transmissão, distribuição e
comercialização. O serviço de transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional
(SIN) é constituído por quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior
parte da região Norte, fornecendo 98,3% de energia elétrica consumida no país, existindo
apenas alguns sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica estão fora do
sistema interligado (ONS, 2017). A ONS (Operador Nacional do Sistema) opera o SIN de
forma centralizada sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL). A figura 1 abaixo apresenta a malha de distribuição e transmissão de energia
elétrica e o potencial de expansão para 2024.

Figura 1- Malha de distribuição e transmissão de energia elétrica e o potencial de expansão


para 2024

Fonte: ONS, 2017

O sistema de geração de energia brasileira, em sua maior parte, é hidrotérmico de


grande porte e se beneficia da geologia do território com grandes incidências de rios de
14

planalto abastecidos por chuvas tropicais distribuídas em dezesseis bacias hidrográficas nas
diferentes regiões do país, sendo considerado um dos maiores sistema de transmissão do
mundo percorrendo quase todo o território nacional com uma extensão da rede básica de
145.600 km de linhas de transmissão.
A matriz de capacidade instalada vem se diversificando e a oferta interna de energia
elétrica (OIEE) por geração de energia através de hidrelétricas representou mais de 65% da
produção total em 2020, conforme ilustra a tabela 1.

Tabela 1- Oferta interna de energia elétrica por fonte

Fonte: MME, 2020

Por representar maior porcentagem de geração de energia as plantas hidrelétricas


possuem a função de suprir a maior parte da demanda de energia dos setores consumidores,
inclusive os hospitais. Por ser uma fonte de energia proveniente de grandes reservatórios de
água, em um país com dimensões continental, os períodos de estiagem afetam diretamente a
produção de energia, tendo como solução a recorrência de utilização de energia gerada por
termoelétricas que possuem custos elevados. Esse perfil de geração energética difere muito de
outros países do mundo que apresentam maior parte da geração proveniente de combustíveis
fósseis, mas a diversidade de fontes renováveis no Brasil como usinas eólicas vêm se
expandindo nas regiões Nordeste e Sul contribuindo com uma energia limpa que poderá ser
complementar à demanda de energia das hidrelétricas reduzindo o uso de termoelétricas, o
custo da geração e os impactos ambientais das emissões de gases na atmosfera.

2.1 OCORRÊNCIAS DE INTERRUPÇÕES

O fornecimento de energia elétrica pode ser interrompido por diversos fenômenos


como desastres naturais ou condições ambientais extremas, inadequações e/ou falta de
15

planejamento da rede elétrica, uso de equipamentos ultrapassados ou sem manutenções


básicas nas redes de distribuição e transmissão, falta de controle/ gestão da rede e influência
do mercado de energia e do sistema regulatório. Por ser um serviço de consumo imediato após
a geração através da transmissão pelo SIN, qualquer divergência no plano de distribuição
afeta diretamente as unidades consumidoras instantaneamente após a ocorrência do fenômeno.

Segundo (Tronchoni, 2008) os desligamentos não programados são um dos fatores que
mais contribuem para a interrupção do fornecimento de energia e, portanto, na qualidade do
serviço prestado. Em novembro de 2020 enquanto ocorria uma tempestade em Macapá uma
explosão seguida de incêndio comprometeu três transformadores na mais importante
subestação do estado, que fica na zona Norte de Macapá. A explosão afetou o primeiro
transformador que pegou fogo causando assim, uma sobrecarga no segundo transformador
levando a região a ficar sem energia. A existência de um terceiro transformador reserva não
atuou nesse caso de emergência, pois estava em manutenção desde novembro de 2019, um
ano antes. O evento proporcionou uma insuficiência de fornecimento que durou vinte dois
dias e afetou treze das dezesseis cidades do estado gerando desordem e prejuízos para 90% da
população (G1, 2020). A ANEEL emitiu um relatório que revela que as falhas do ONS e da
empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), responsável pela subestação.
Segundo o (Senado Federal, 2021) a ANEEL concluiu que a falha da supervisão de controle
do ONS não promoveu as devidas análises das condições de atendimento das cargas de
energia e demanda do estado do Amapá depois que um dos três transformadores da
subestação Macapá ficou indisponível, no final de 2019, levando a constatação que as
manutenções em atraso deixaram a subestação de Macapá exposta à possibilidade de não
suprimento total das cargas por meio do SIN.
As informações descritas no relatório que investigou a ocorrência levantam a atenção
para a dificuldade de resolução de falhas do setor, e a ausência do planejamento e fiscalização
de autoridades do setor elétrico nas empresas envolvidas contribuiu com a crise resultando no
fornecimento precário de energia para o estado. Na primeira quinzena de março de 2021,
durante elevados números de caso de Covid-19, o Hospital Regional Homero de Miranda
Gomes, em São José, na Grande Florianópolis, que recebeu o primeiro paciente do estado
diagnosticado com Covid-19, em março de 2020, após uma interrupção, se manteve durante
uma hora e meia sem o fornecimento de energia, pois o grupo gerador não conseguiu ser
acionado para substituição do fornecimento por conta de uma pane elétrica, deixando o
hospital em situação crítica (G1, 2021). Nesse caso, podemos analisar que somente a
16

instalação do grupo gerador no hospital não é suficiente para atender os casos de interrupções
provenientes de diversos fatores. A manutenção é indispensável e deve ser executada por
profissionais capacitados para assegurar o correto funcionamento e a comutação automática
dentro dos parâmetros de tempo e qualidade. Devido as falhas a situação afetou pacientes da
emergência e da UTI, sendo necessário que os profissionais de saúde de plantão solicitasse as
equipes de folga ajuda no hospital para não deixar os pacientes sem assistência. Segundo o
Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Florianópolis
(SindSaúde) os trabalhadores ventilaram pacientes da mergência e da Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) manualmente, prática que envolve grande esforço físico, e alguns respiradores
e aparelhos que funcionam à bateria demonstraram sinais de queda brusca no nível de energia.
Falhas como essa geram grandes perdas para os hospitais principalmente no coontexto atual
que, segundo o governo de Santa Catarina, assumir que a saúde do estado estava em colapso e
os hospitais catarinenses cheios, com ocupação superior a 96%. A companhia de Centrais
Elétricas de Santa Catarina S.A. (Celesc), empresa de comercialização e distribuição de
eletricidade informou que foi constatado que um disjuntor do hospital tinha desarmado e após
os reparos a energia foi reestabelecida em seguida. Observando a dificuldade descrita para os
problemas apresentados, é perceptível a fragilidade do setor em casos extremos de ocorrências
onde não há um planejamento que possa mitigar uma crise energética eminente.
As ocorrências de interrupção do fornecimento, no que diz respeito à avaliação da
qualidade do serviço, são registro de informações referente ao sistema elétrico da
distribuidora e podem ser de origem externa ou interna no sistema de distribuição pelos
conjuntos de unidades consumidoras, definido por Subestação de Distribuição (SED). Nos
casos de ocorrências externas se caracterizam pela indisponibilidade no suprimento da
distribuidora diferente da ocorrência interna que se caracteriza pela origem da interrupção no
próprio sistema de distribuição com repercussão eminente localizada em determinadas áreas
ou restritas aos alimentadores de distribuição, exemplificada pela interrupção no estado do
Amapá, conforme relatado anteriormente, sendo subdivididas em ocorrência emergencial,
utilizadas para cálculo de tempo de atendimento, ocorrência do sistema, necessárias para
operação do sistema de distribuição, e a ocorrência programada, paradas realizadas com aviso
prévio de acordo com o módulo 8 do PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia
Elétrica no Sistema Elétrico Nacional) (PRODIST, 2017).
17

2.1.1 CLASSIFICAÇÃO DE INTERRUPÇÕES

Segundo a (ENEL, 2020) as interrupções de longa duração, com tempo maior que 3
minutos, caracterizadas pela descontinuidade do neutro ou da tensão disponível em qualquer
uma das fases de um circuito elétrico que atende a unidade consumidora ou ponto de conexão,
trata-se de um evento que deve estar associado com uma ocorrência no sistema de
distribuição, sendo essas interrupções utilizadas para cálculo dos indicadores de continuidade
do sistema de distribuição de energia. São classificadas em interrupção programada, quando a
interrupção é antecedida por aviso prévio possuindo um tempo pré-estabelecido para fins de
intervenção do sistema elétrico; interrupção não programada, quando a interrupção do
fornecimento de energia elétrica é motivada por desligamentos não programados de
componentes do sistema elétrico; interrupção de emergência, sendo o desligamento realizado
manualmente quando não há tempo hábil para comunicação com o centro de operação,
realizado para evitar danos ao equipamento ou à linha e risco para a integridade física de
pessoas, para a instalação, para o meio ambiente ou para o sistema; interrupção de urgência,
deliberada no sistema elétrico, sem possibilidade de programação e caracterizada pela
urgência na execução de serviços; e interrupção em situação de emergência, interrupção
crítica originada no sistema de distribuição, resultante de evento que comprovadamente
impossibilite a atuação imediata da distribuidora e que não tenha sido provocada ou agravada
por esta e que seja:

i. Decorrentes de Evento associado a Decreto de Declaração de Situação de Emergência


ou Estado de calamidade pública, emitido por órgão competente; ou

ii. Decorrentes de Evento cuja soma do CHI das interrupções ocorridas no sistema de
distribuição seja superior ao calculado conforme a equação a seguir: 2612 × N 0,35, onde
N representa o número de unidades consumidoras faturadas atendidas em BT ou MT,
com 2 (duas) casas decimais, do mês de outubro do ano anterior ao período de
apuração.

Ao analisar os diversos fatores que impactam o setor energético brasileiro, a


dependência dos recursos hídricos, uma vez que as hidrelétricas representam a maior
contribuição de geração de energia elétrica, é o que sobressai entre todos os outros. Os
períodos de estiagem provocam uma redução dos reservatórios de água que abastecem as
plantas hidrelétricas, influenciando o aumento das tarifas e a geração através de fontes
alternativas que não são sustentáveis. Em 2014 e 2015 o Brasil enfrentou um longo período de
18

falta de chuvas que trouxeram a preocupação com a gestão dos recursos e a falta do
fornecimento. As operadoras de energia, diante dessa questão, adotaram o uso de bandeiras
tarifárias que determinam o nível e o potencial de geração de energia de acordo com a
capacidade dos reservatórios através das tarifas que são repassadas ao consumidor, uma vez
que é necessária a utilização de termoelétricas para a geração de energia.
Diante desse cenário, fontes de energia renováveis como eólica e solar fotovoltaica
têm sido opções para a demanda em épocas de estiagem. O crescimento de instalação de
parques de energia eólica nas regiões Nordeste e Sul pode ser uma resposta para a crise
hídrica com um custo menor, sendo uma fonte sustentável, em comparação com a solução
adotada atualmente.

2.2 QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA

O PRODIST é um documento elaborado pela ANEEL dividido em módulos que


normatizam e padronizam as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e
desempenho dos sistemas de distribuição de energia elétrica. O módulo 8 estabelece os
procedimentos relativos à qualidade da energia elétrica, com foco na qualidade do produto,
qualidade do serviço prestado e a qualidade do tratamento das reclamações. As metodologias,
terminologias e indicadores definidos no módulo abrangem todos os consumidores com
instalações conectadas em qualquer classe de tensão de distribuição, centrais geradoras,
distribuidoras, agentes importadores ou exportadores de energia elétrica, transmissoras
detentoras de Demais Instalações de Transmissão – DIT e o ONS (Operador Nacional do
Sistema Elétrico).

2.2.1 Qualidade do Produto

Segundo o (ANEEL, 2018) a qualidade do produto define a terminologia e os


indicadores, caracteriza os fenômenos, permanentes ou transitórios, estabelecendo os seus
indicadores e o seus valores de referência ou limites e os aspectos da metodologia de medição
e instrumentação. Dispõe também a gestão das reclamações relacionadas à qualidade do
produto e descreve os estudos específicos sobre a qualidade da energia elétrica. Os fenômenos
da qualidade do produto dizem respeito às análises das medições comparadas com os valores
de referência ou limites definidos, sendo eles divididos em dois grupos: permanente e
transitórios. Os fenômenos em regime permanente são tensão, fator de potência, distorções
19

harmônicas, desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão e variação de frequência; e o regime


transitório compreendem as variações de tensão de curta duração – VTCD.
Através das definições e valores de referência e limites para os fenômenos a ANEEL
exige que as empresas mantenham um padrão de qualidade que deve ser enviados
periodicamente para verificação. A partir dessas informações, com o cumprimento dos
requisitos estabelecidos, a qualidade da energia elétrica avança para as análises da qualidade
do serviço prestadas pelas distribuidoras aos consumidores, centrais geradoras e
distribuidoras.

2.2.2 Qualidade do Serviço

Além de estabelecer os procedimentos relativos à qualidade do serviço prestado, a


definição de qualidade do serviço estabelece procedimentos relativos à qualidade do serviço
prestado pelas transmissoras detentoras de Demais Instalações de Transmissão – DIT, define
indicadores e padrões, com finalidade de disponibilizar mecanismos para acompanhamento e
controle do desempenho das distribuidoras e das transmissoras, providenciar o subsídios para
os planos de reforma, melhorias e expansão da infraestrutura das distribuidoras e fornecer aos
consumidores e centrais geradoras parâmetros para avaliação do serviço prestado pela
distribuidora.
Assim como apresentado nesse trabalho, a qualidade dos serviços prestados
compreende a avaliação das interrupções no fornecimento de energia elétrica, sendo esse
fator, a causa de riscos hospitalares graves. Para garantia do cumprimento adequado da
qualidade do serviço o controle das interrupções, o cálculo e a divulgação dos indicadores de
continuidade, fornecem para as distribuidoras, os consumidores e as centrais geradoras a
possibilidade de avaliar a qualidade do serviço prestado e o desempenho do sistema elétrico,
sendo os indicadores apurados e enviados periodicamente para a ANEEL para verificação. A
supervisão da continuidade foi estabelecida em 2000, através da resolução ANEEL n°
24/2000.

2.2.2.1 Indicadores

Os indicadores se dividem em duas categorias: coletivos e individuais. Os indicadores


de continuidade coletivos DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade
Consumidora) e FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora)
20

representam, respectivamente, a duração equivalente de interrupção por unidade consumidora,


expressa em horas e centésimos de hora, e a frequência equivalente de interrupção por
unidade consumidora, expressa em número de interrupções e centésimos do número de
interrupções, considerada em um período de tempo que pode ser um mês, um trimestre ou um
ano. A tabela 2 abaixo apresenta as informações do DEC e FEC das concessionárias
brasileiras entre os anos de 2011 e 2019 e os limites anuais.

Tabela 2- Indicadores Coletivos de Continuidade DEC e FEC

Fonte: ANEEL, 2020

Os dados anuais dos indicadores coletivos fornecem o DGC (Indicador de


Desempenho Global de Continuidade), conhecido como ranking da continuidade, que visa
comparar o desempenho de uma distribuidora em relação às demais empresas do país. Permite
também a avaliação do nível da continuidade da distribuidora, entre valores apurados de
duração e frequência de interrupções, em relação aos limites definidos para a sua área de
concessão. Os indicadores individuais de continuidade DIC (Duração de Interrupção
Individual por Unidade Consumidora), FIC (Frequência de Interrupção Individual por
Unidade Consumidora), DMIC (Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade
Consumidora ou Ponto de Conexão) e DICRI (Duração da Interrupção Individual Ocorrida
em Dia Crítico por Unidade Consumidora ou Ponto de Conexão) apuram a qualidade do
serviço em cada unidade consumidora, sendo os limites dos indicadores DIC e FIC definidos
para períodos mensais, trimestrais e anuais, o limite do indicador DMIC é definido para
períodos mensais e o limite do indicador DICRI é definido para cada interrupção em dia
crítico. A fiscalização dos indicadores de continuidade sob a responsabilidade da ANEEL é
realizada através da análise dos dados apresentados por subdivisões das distribuidoras,
21

denominadas Conjuntos Elétricos. Os limites são definidos em função de cada subdivisão e os


valores de continuidade desses conjuntos são informados pelas distribuidoras em até três
meses após a apuração do indicador. Havendo transgressões faz-se necessário estimar o
impacto financeiro sendo utilizadas fórmulas para o cálculo de cada violação. A tabela 3
abaixo apresenta as informações dos limites de continuidade individuais DIC, FIC E DMIC
por unidade consumidora com tensão contratada inferior à 1 kV situadas em áreas urbanas.

Tabela 3- Limites de continuidade por unidades consumidoras

Fonte: PRODIST, 2020

Os valores das transgressões estabelece que todo o montante seja convertido para os
consumidores em forma de desconto na fatura do mês seguinte ao período de apuração.
Todavia, a compensação não leva em consideração a possibilidade da existência de lucro
cessante durante a interrupção, uma vez que a compensação é calculada com base na duração
em horas, mas não considera a paralisação dos serviços prestados por consumidores com
perfil hospitalar, por exemplo, nem os danos causados a imagem do hospital. Cabe às
instituições acionar o ministério público para que haja a compensação dos valores referentes
às interrupções, desde que estejam fora dos limites estabelecidos pela ANEEL, pois configura
danos morais, sendo o fornecimento do produto caracterizado como essencial. Para os
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) a fiscalização é um processo importante que
garante o acompanhamento e a melhoria dos sistemas que suprem a capacidade energética que
22

se faz fundamental e indispensável para o funcionamento contínuo proporcionando um


serviço de qualidade e a preservação dos equipamentos eletromédicos, além de garantir,
através da continuidade e qualidade do produto, segurança aos pacientes e usuários. A Tabela
4 abaixo apresenta os dados dos pagamentos efetuados para as transgressões de
concessionária com distribuição pela ELETROPAULO na região Sudeste em 2020.

Tabela 4- Transgressões de continuidade

Fonte: ANEEL, 2020

A importância do fornecimento contínuo de energia se mostra evidente em todas as


operações realizadas no atendimento, processos e manutenção da qualidade na prestação de
serviços face à disponibilidade de atendimento. O controle e o uso racional da energia elétrica
são tratados por muitos como uma maneira mitigadora de redução de gastos para as empresas
que querem melhorar seu desempenho econômico, más não conseguem tratar a energia como
uma mercadoria, que passa pela aquisição, uso e descarte (DIAS et al, 2006, p.42). É
necessário um programa de racionamento de energia nas instituições de saúde por
consequência das limitações de fornecimento no sistema brasileiro, gerando a adoção de
programas de uso racional para combater os desperdícios evitando assim, consequentemente,
o racionamento de energia. Os programas de racionamento devem ser formulados de forma
consciente promovendo o equilíbrio entre o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.
A economia de energia não deve ser alcançada por meio da diminuição qualitativa e
23

quantitativa de serviços prestados ou disponíveis. Deve sim ser baseada numa relação
custo/benefício que garanta os benefícios com baixo custo (SAMED, et al, 2012).

3 SETOR HOSPITALAR BRASILEIRO

O vocábulo brasileiro “hospital” tem origem do termo francês “hôpital” que deriva do
latim “hospitale” relativo a hospede, hospitalidade, tendo como primeira função local de
abrigo e hospedagem aos peregrinos e doentes através de ordens religiosas na Grécia antiga,
entre 1200-400 a.C. Inicialmente possuía o objetivo do tratamento espiritual, cuidando da
alma e posteriormente se aperfeiçoando no período do Renascimento, meados do século XIV,
aos cuidados do corpo físico com suas especialidades. Segundo (Mezzomo, 2003) o hospital é
a parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja função é dispensar à comunidade
completa assistência à saúde, preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos para os que
trabalham no campo da saúde e para pesquisas biossociais.
Os hospitais são classificados de acordo com suas características como proprietário,
público ou privado; tempo de permanência, curta permanência ou casos crônicos; tipos de
serviços, geral ou especializado; acesso, comunitário ou não comunitário (militar);
localização, urbano ou rural; e tamanho, sendo hospital abaixo de 100 leitos considerado
como pequeno, de 101 a 150 leitos como médio, de 151 a 500 leitos como grande e especial
com mais de 500 leitos.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo
(CREMESP, 2018) existem 6.140 hospitais, sendo 55% do mercado provém da iniciativa
privada, segundo o diretor de estratégia hospitalar da Informa Markets, Rodrigo Moreira. As
dimensões territorias e populacionais, que fazem do Brasil o 5º maior em habitantes e em
extensão do mundo, potencializam o mercado de saúde no país e movimenta cerca de R$ 20
bilhões anuais no país. Apesar da posição, segundo a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), o panorama da saúde em 2019 demonstava que os
gastos per capita na área no país estão entre os mais baixos entre 44 países desenvolvidos e
emergentes.
É importante observar o impacto na entrega de saúde e na geração de valor para a
população, garantindo melhores resultados clínicos, mais acesso à população e adequação dos
custos para entrega desses serviços. O crescimento da demanda por atendimentos na área da
saúde de maneira personalizada e pensada para oferecer uma experiência positiva para o
paciente, associado ao emprego de novas tecnologias e procedimentos humanizados, exige, de
24

forma planejada, o fornecimente contínuo de energia elétrica para todas as áreas de


atendimento dos hospitais. Segundo (Karman, Jarbas, 1994), um hospital moderno deve ser
um eterno canteiro de obras e estar sempre em busca de reformulações e melhorias em sua
estrutura. O cenário de alguns hospitais brasileiros demonstram não possuir em sua estrutura
um setor específico de engenharia e manutenção hospitalar que possa auxiliar no
planejamento e gestão essenciais para o funcionamento adequado. Em 2013 o (Tribunal de
Contas da União, 2013) (TCU) apresentou um relatório sistêmico de fiscalização da saúde em
uma amostra de 116 hospitais federais, estaduais e municipais em todo Brasil com capacidade
de 23.755 leitos, onde se registrava a inexistência de contrato de manutenção predial em 51%
das unidades, além do número insuficiente de equipamentos, o déficit do quadro de
profissionais capacitados para operá-los e a inadequação da estrutura física para instalação e
utilização desses aparelhos, tais problemas geram efeitos negativos que resultam em perdas na
qualidade do atendimento prestado, desconforto e riscos para pacientes e usuários, bloqueios
de leitos e redução da capacidade de atendimento.

Em 2002 a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) dispôs um


regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos
físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. A resolução RDC N° 50 estabelece todas
as disposições necessárias para as construções novas de estabelecimentos assistenciais de
saúde, as áreas a serem ampliadas de estabelecimentos já existentes e as reformas de
estabelecimentos existentes ou os anteriormente não destinados a esta finalidade. As
instalações elétricas, segundo a (RDC N° 50, 2002), deve ter uma descrição sucinta da
solução adotada para o abastecimento, confirmação do consumo, compatibilização do projeto
elétrico de acordo com o sistema adotado, memorial descritivo e explicativo das instalações,
elementos necessários para aprovação junto à companhia de fornecimento de energia elétrica,
espaços necessários para instalações e a manutenção a fim de garantir o suprimento necessário
para o EAS, sendo a estimativa do consumo de energia elétrica possível a partir da definição
das atividades e equipamentos a serem utilizados.
25

4 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS HOSPITALARES

Os estabelecimentos de saúde, quando se trata de energia elétrica, são tradicionalmente


grandes consumidores. A demanda por estes elevados consumos é decorrente da utilização
contínua da sua estrutura, dos níveis de conforto térmico exigidos, o grau de complexidade
dos sistemas utilizados, o porte dos equipamentos e a quantidade de usuários. Segundo a
Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2007) as instalações hospitalares são caracterizadas
como consumidores do setor comercial e de acordo com dados do anuário estatístico de
energia elétrica elaborado pela EPE, com relação aos últimos cinco anos, o segmento
representa a terceira maior parcela de consumo de energia elétrica no país, conforme ilustra a
tabela 5 abaixo.

Tabela 5- Participação por setor no consumo de energia do país nos últimos 5 anos

Fonte: EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2020 – Ano
base 2019. Rio de Janeiro, 2020.

Em termos energéticos, os hospitais são tradicionalmente grandes consumidores. Estes


elevados consumos decorrem da utilização contínua dos edifícios, dos elevados níveis de
conforto térmico requeridos para os pacientes, aos exigentes padrões de qualidade do ar
interior e as exigências técnicas específicas existentes neste tipo de instalação. Essa
característica leva à necessidade de se desenvolver um projeto de eficiência energética que
26

reduza o consumo de energia elétrica e, por conseguinte, diminua os custos da conta de


energia elétrica.

Instalações e sistemas elétricos presentes em hospitais necessitam de planejamento


especial, pois são instalações e equipamentos que devem, por norma, atender a exigências de
segurança e confiabilidade, uma vez que se trata de equipamentos diretamente relacionados à
vida humana. A norma brasileira para instalações elétricas é a NBR NBR 5410 publicada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e estipula condições para o
funcionamento usual e seguro destas instalações em baixa tensão, ou seja, até 1000V, em
tensão alternada. Complementar à NBR 5410, a ABNT publicou a NBR 13534 que especifica
as condições exigíveis para instalações elétrica de estabelecimentos assistenciais de saúde,
afim de garantir a segurança de pessoas, particulamente de pacientes. Para equipamentos
hospitalares é necessário observar as considerações da serie de normas internacionais IEC
60601:2017, publicadas pela  International Electrotechnical Commission (IEC), para a
segurança e desempenho essencial de equipamentos eletromédicos, utilizada como base para a
publicação de normas técnicas nacionais. Segundo (FARIA, 2014) a importância da energia
elétrica se mostra no complexo contexto hospitalar:

“As edificações hospitalares são de natureza complexa


em função das necessidades intrínsecas do setor de saúde que
prima pelo conforto ambiental, mas também pelo o máximo
grau de assepsia e com a utilização de equipamentos da mais
alta tecnologia possível, em todos os segmentos internos, a
fim de garantir o melhor atendimento possível à saúde da
população atendida. Dessa forma, a demanda por energia,
principalmente a energia elétrica é alta e deve ser contínua
nesses ambientes. ” (FARIA, 2014)

No ambiente hospitalar, distúrbios elétricos podem causar um mau funcionamento de


equipamentos eletromédicos sensíveis de alta tecnologia. Como equipamentos médicos são,
em alguns casos, conectados a pacientes vulneráveis, esse mau funcionamento pode
facilmente resultar em problemas graves aos pacientes e ao desenvolvimento das atividades
da instituição. De acordo com a (NBR 13534, 2008), no âmbito hospitalar os ambientes são
classificados em grupos e classes que apresentam as exigências do fornecimento de energia
contínua com qualidade para funcionalidade de equipamentos de apoio à vida e condições de
27

segurança ao paciente. Os locais para uso médico se dividem em três grupos que classifica as
instalações quanto ao nível de segurança elétrica e a garantia de manutenção dos serviços.
Locais médicos são classificados em “grupos” de acordo com:

• Os procedimentos nestes realizados;

• As partes aplicadas dos aparelhos eletromédicos utilizados;

• Os riscos elétricos envolvidos.

A tabela 6 abaixo apresenta os grupos de acordo com os equipamentos eletromédicos


utilizados no ambiente.

Tabela 6- - Classificação do local de acordo com o tipo de equipamento eletromédico nele


utilizado

Fonte: ABNT NBR 13534, 2008

O grupo 0 classifica os locais não destinados à utilização de parte aplicada de


equipamento eletromédico, não oferecendo risco direto à segurança e integridade dos
pacientes. O grupo 1 compreende local médico destinado à utilização de partes aplicadas de
equipamento eletromédico em partes externas ou parte aplicada à fluídos corporais, porém
não aplicada ao coração. E o grupo 2, que apresenta maior criticidade, onde há local médico
destinado à utilização de partes aplicadas de equipamento eletromédico em procedimentos
intracardíacos, cirúrgicos, de sustentação de vida de pacientes e outras aplicações em que a
descontinuidade da alimentação elétrica pode resultar em morte.

Para garantia da segurança nos ambientes hospitalares é imprescindível que haja um


sistema de emergência com fonte de fornecimento de energia para casos de falhas no sistema
28

de alimentação, independente da origem, interna ou externa. De acordo com a classe de


segurança os ambientes devem ser providos de alimentação com base no tempo de
comutação, tempo de passagem de alimentação normal da concessionária para a alimentação
de segurança, sendo essa característica obrigatória, conforme a (NBR 13534, 2008). A
classificação é feita em conformidade com:

• A indicação dos procedimentos pela equipe médica;

• A legislação vigente da área da saúde;

• A legislação vigente da área da segurança do trabalho;

Esse equadramento local é divididas em três classes, conforme a tabela 7 demonstrada


abaixo.

Tabela 7- Classe de alimentação de segurança

Fonte: ABNT NBR 13534, 2008

A classe 0,5 requer uma alimentação automática para suprimento da energia no tempo
máximo de 0,5 segundos, com sistema no-break, devendo ter duração mínima de 1 hora e
destina-se à alimentação de luminárias cirúrgicas. A classe 15 para equipamentos utlizados
em procedimentos cirúrgicos, sustentação de vida e equipamentos integrados ao suprimento
de gases devem ter alimentação automática para a fonte de emergência no tempo máximo de
15 segundos e deve ser mantida pelo tempo minímo de 24 horas. A classe >15 destina-se à
equipamentos não não ligados diretamente à pacientes, admitindo um chaveamento
automático ou manual para fonte de emergência em um período superior a 15 segundos e deve
ser mantida pelo tempo mínimo de 24 horas.

Com base nos dois critérios apresentados acima tem-se a listagem de ambientes para
fins médicos com a determinação que corresponde ao grau de segurança para utilização. Os
29

locais que possuem mais de uma destinação deve ser enquadrados no grupo e classe
correspondetes ao nível mais elevado de segurança, conforme apresenta a tabela 8 abaixo.

Tabela 8- Classificação dos locais

Fonte: ABNT NBR 13534, 2008


30

Todas as exigências demonstram a importância da análise e planejamento de todos os


sistemas elétricos bem como o planejamento para as ocorrências que resultem na interrupção
ou má qualidade da energia elétrica fornecida pela concessionária.

5 SISTEMAS DE EMERGÊNCIA EM HOSPITAIS

Devido à existência de equipamentos eletromédicos de sustentação à vida em EAS a


falta de energia repentina afeta todos os ambientes e processos hospitalares, trazendo riscos
principalmente aos pacientes. A ocorrência de uma interrupção durante uma cirurgia ou um
tratamento intensivo com suporte respiratório pode ser fatal para pacientes em estado crítico.
Além de perdas ocorridas devido a conservação de amostras, exames de emergência e perdas
de informações importantes no centro de processamento de dados, por exemplo. Para que
essas situações possam ser evitadas é necessário um sistema de alimentação com fonte
alternantiva à concessionária com um sistema de comutação automática. A (NBR 5410, 2008)
traz a classificação de condições de fuga das pessoas em emergências enquadrando EAS
como BD4, fuga longa e incômoda, para locais de afluência de público de maior porte,
devendo o sistema de alimentação auxiliar suprir a necessidade em casos graves que exijam a
remoção de pacientes. A elaboração de um plano de contingência que possa suprir a falta de
energia requer um sistema de alimentação de emergência capaz de fornecer alimentação
auxiliar no caso de interrupções por parte da companhia de distribuição ou quedas superiores
a 10% do valor nominal, por um tempo superior a 3s.

A (NBR 13534, 2008) estabelece que hospitais devem possuir um sistema de


emergência capaz de suprir a necessidade de atendimento em setores críticos com duração
mínima de 24 horas. Os sitesmas de geração e armazenamento de energia elétrica devem ser
adotados de acordo com a necessidade de suprimento, podendo ser parcial, mantendo as
cargas críticas, com racionamento, e total, o que requer um investimento maior, fornecendo
uma solução ideal para casos de interrupção total do fornecimento da concessionária. Cada
EAS define seu plano de emergência de acordo com as necessidades e condições das
instalações, devendo entre as várias alternativas, manter uma fonte alternativa de energia de
emergência não havendo a possibilidade da inobservância das normas sendo considerado
infração à legislação sanitária federal como configurado na (Lei n° 6437/77).
31

5.1 GRUPO GERADOR

Os geradores ou grupo gerador são equipamentos eletromecânicos compostos por um


motor a combustão, podendo ser diesel, gás, gasolina, biogás ou outro combustível, que
transforma a energia liberada pela explosão do combustível no pistão em energia mecânica e
um alternador, gerador de corrente alternada, converte a energia mecânica em energia elétrica.
A (WEG, 2020), uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo, define a
geração de energia como:

“A geração de energia elétrica é a transformação de


qualquer tipo de energia em energia elétrica. Esse processo
ocorre em duas etapas. Na 1ª etapa uma máquina primária
transforma qualquer tipo de energia em energia cinética de
rotação. Em uma 2ª etapa um gerador elétrico acoplado à
máquina primária transforma a energia cinética de rotação em
energia elétrica. ” (MANUAL WEG, 2020)

O grupo gerador, além do motor de combustão e o alternador, também é composto por


um sistema de controle, comando e proteção. Em função da sua montagem eletromecânica
deve possuir sensores para supervisionar parâmetros tanto na parte do motor de combustão
quanto na parte do alternador, assim caso ocorra alguma irregularidade, o sistema de proteção
deve operar mantendo as condições de segurança de operação. O quadro de comando
instalado no gerador além de informar as condições de operação realiza a comutação
automática através da chave de transferência automática, quando o sistema de emergência é
solicitado. Pode também ser utilizado juntamente com o fornecimento de energia pela
concessionária, atuando em paralelo, para redução de custos em horário de ponta, horário
onde o consumo de energia apresenta o maior valor, sendo considerado a utilização do
gerador ou fonte alternativa para redução dos custos. A atuação do gerador pode ser total ou
parcial quando assume as cargas do hospital. Opera de modo parcial quando assume as cargas
críticas essenciais ao funcionamento, como estabelecido nas classes e grupos da NBR 13534.

Para a escolha adequada do grupo gerador é necessário que o gestor hospitalar faça
uma análise de todas as cargas essenciais e defina quais serão assumidas pelo sistema de
emergência, caso tenha uma fonte que consiga assumir somente cargas parciais do EAS,
optando pelo gerador com potência suficiente para alimentar os equipamentos utilizados sem
32

que haja risco de exceder a sua capacidade. Além da escolha adequada do gerador para o EAS
é necessário também realizar a manutenção correta para garantir o funcionamento, bem como
a qualificação de colaboradores através de treinamento para a operação. De acordo com a
(ANVISA, 2001), no manual de Segurança no Ambiente Hospitalar, destaca-se os itens mais
importantes para conservação do gerador:

 Estabelecer um programa mensal de manutenção preventiva, que permita o


funcionamento da unidade em situações emergenciais. Deve-se utilizar a
tecnologia disponível para garantir que os parâmetros técnicos do equipamento
estejam dentro dos valores seguros de funcionamento;

 Dentre as funções específicas de cada equipamento, deve ser levado em conta a


verificação/revisão dos seguintes parâmetros:

 Nível do eletrólito, tensão das baterias e alarme para baixa tensão; o nível de
óleo diesel no tanque de combustível e alarme de baixo nível de combustível;

 Nível de água do radiador de calor do motor e alarme de baixo nível de água;

 Acoplamento mecânico do motor e gerador, verificar aperto nos parafusos;

 Revisão do sistema elétrico de aquecimento do motor;

 Revisão do sistema de carga nas baterias;

 Revisão nas tensões das correias e do ventilador;

 Revisão e reaperto das mangueiras e conexões;

 Revisão dos instrumentos de medição (manômetros, termômetros, horímetro);

 A realizar o teste de funcionamento manual periodicamente e deixar o


equipamento operando em vazio por pelo menos 15 minutos;

 Medir, durante o teste, tensões, frequência, temperaturas e pressões;

 Estabelecer o funcionamento do equipamento uma ou duas vezes por semana;


33

 Garantir que a transferência de fornecimento de energia da concessionária para


grupo gerador (emergência) seja automática, com duração menor que 10
segundos;

Com relação ao motor:

 Manter a água do radiador aquecida a uma temperatura controlada em torno de


40 graus, de modo a garantir a partida do motor diesel em dias frios;

 Deve ser acoplado dispositivo de controle de temperatura máxima da água,


devendo os limites serem sinalizados através de informação sonora e visual em
painel centralizado;

 Manter controle do nível de óleo (máximo e mínimo) no reservatório de


combustível;

 As informações do controle de nível devem ser apresentadas sob forma de


alarme sonoro e visual, juntamente com o controle de pressão de gases e centrais
de geração de vapor;

 Implantar o uso de horímetro para controle das horas trabalhadas e determinação


de períodos específicos para troca de óleo, filtros e outros elementos orgânicos
de máquinas que necessitem de reposição periódica;

 Deve existir controle periódico de pressão e da temperatura do óleo, com


informações de valores máximos e mínimos apresentados em painéis
centralizados.

Os sistemas de geração de energia se classificam de acordo com o tipo e a classe do


equipamento, sendo apresentados pela sua potência aparente (KVA). A norma (NBR ISO
8528-1, 2014) define os regimes de operação da seguinte forma:

 Stand by Power (Potência de Emergência)

 Prime Power (Potência Contínua)

 Continuous Power - COP ( Base Power)


34

A escolha do tipo e de sistema e da classificação dependem da sua utilização de


acordo com a tabela 9 abaixo:

Tabela 9- Classificação do grupo gerador

Fonte: Cummins, 2011

A classificação de um gerador segundo sua potência nominal é especificada pelo


fabricante. Essa especificação determina as condições de carga máxima para um grupo
gerador que resultará no desempenho de vida útil otimizado quando utilizado de acordo com a
sua classificação.

5.1.1 Classificação de Energia Standby

A classificação “Energia Standby” é usada para definir aplicações de motores


disponíveis para suprimento de energia de emergência por todo o tempo de duração da falta
de energia da rede comercial, ou seja, garantir o fornecimento de luz durante uma interrupção
no fornecimento pela fonte de energia usual (rede pública ou concessionária). Para esta
classificação, não há reserva de potência ou potência de sobrecarga sustentada, equivalente à
energia de parada por falta de combustível, de acordo com as normas (ISO 3046-1, 1995) e
(DIN6271, 1984). Um motor classificado neste regime é dimensionado para operar no
máximo 200 horas/ano com carga variável, ou, 25 horas por ano, com consumo de carga
correspondente a 100% de sua classificação. Deve ser utilizada apenas nas instalações com
fornecimento de energia confiável pela concessionária e para cargas variáveis com fator
médio de consumo correspondente à 80% da classificação. Instalações que excedam duração
de operação standby deve se aplicar a energia prime, pois, a classificação standby é utilizada
somente para aplicações de emergência nas quais o grupo gerador serve como uma reserva à
fonte usual de energia, não admitindo a operação em paralelo com o fornecimento da
35

concessionária. A tabela 10 abaixo demonstra os níveis de carga (P) e o tempo nesses níveis
de carga (T) para a classificação de energia standby.

Tabela 10- Energia Standby

Fonte: Cummins, 2011


5.1.2 Classificação de Energia Prime

Energia prime é a classificação aplicada à motores disponíveis para acionamento de


cargas variáveis, no lugar da energia adquirida comercialmente, por um período ilimitado de
horas anuais, porém é limitado para aplicações de carga constante, sendo a utilização de
cargas variáveis indicadas para regimes de comutação em interrupção programada no horário
de ponta, conforme descrito na tabela 9. Para aplicações no fornecimento de carga variável o
período de horas anuais é ilimitado

5.1.3 Energia Prime com Tempo Ilimitado de Funcionamento

Quando utilizado em aplicações de carga variável, a energia prime está disponível por
um número ilimitado de horas em operação anual. Para esta aplicação o fator de carga média
não pode ultrapassar 70% da classificação, sendo limitado uma capacidade de sobrecarga de
10% por um período máximo de 1 hora dentro de um período de 12 horas de operação, não
sendo admitido que a duração de sobrecarga exceda 25 horas por ano. Na classificação de
36

Energia Prime o tempo de operação não deve exceder 500 horas anuais. A tabela 11 abaixo
demonstra os níveis de carga (P) e o tempo nesses níveis de carga (T) para a classificação de
energia prime com tempo ilimitado de funcionamento.

Tabela 11- Energia Prime com tempo ilimitado de funcionamento

Fonte: Cummins, 2011

5.1.4 Energia Prime com Tempo Limitado de Funcionamento

Para aplicação de operação de cargas constantes, tais como redução de carga, corte de
pico e outras aplicações que em geral envolvem a operação em paralelo com a fonte normal
de energia, considerando o conceito de energia interrompível, a energia prime está disponível
por um número limitado de horas na operação anual em aplicação de carga constante. A
duração máxima de operação paralela com a fonte usual de energia não deve exceder 750
horas anuais pelos grupos geradores em níveis de energia que não ultrapasse a classificação.
Portanto, qualquer operação de necessite de uma duração maior que 750 horas de operação
anuais deverá utilizar a classificação de energia de Carga Básica, classificação de energia
contínua. A tabela 12 abaixo demonstra os níveis de carga (P) e o tempo nesses níveis de
carga (T) para a classificação de energia prime com tempo limitado de funcionamento.
37

Tabela 12- Energia Prime com tempo limitado de funcionamento

Fonte: Cummins, 2011

5.1.5 Classificação Energia Contínua (Carga Básica)

Para a classificação de energia de carga básica ou energia contínua o fornecimento


contínuo de energia para uma carga de até 100% da classificação pode ser utilizado por um
número ilimitado de horas, não havendo nenhuma capacidade de sobrecarga sustentada
disponível nesta classificação. Os grupos geradores operam em paralelo com a fonte normal
de energia sob carga constante durante períodos prolongados aplicando-se para a operação de
carga básica da fonte normal de energia. Semelhante a carga de energia prime, esta
classificação difere-se apenas na impossibilidade de atuar em regime de sobrecarga e operar
com carga variável, possuindo menor capacidade de carga. A tabela 13 abaixo demonstra os
níveis de carga (P) e o tempo nesses níveis de carga (T) para a classificação de energia
contínua (carga básica).
38

Tabela 13- Energia contínua (carga básica)

Fonte: Cummins, 2011

Para elaboração de um projeto de instalação do grupo gerador escolhido de acordo


com as necessidades de fornecimento do EAS é essencial a consideração da elaboração de
uma programação de carga mais precisa possível, devendo as informações serem avaliadas e
atualizadas desde o início do projeto até os cálculos de dimensionamento final.

6 SISTEMA IT MÉDICO

Os equipamentos eletromédicos de sustentação a vida são equipamentos sensíveis aos


fenômenos que podem ocorrer na rede e, também, na interrupção do fornecimento, resultando
em desligamentos intempestivos de equipamentos de sustentação e monitoramento,
queimaduras, queima de equipamentos eletromédicos, incêndios e até choque elétrico
acidental no paciente, o que pode ser fatal. Por isso, as normas NBR 13354 e RDC50
39

determinam a utilização do sistema IT médico nas salas hospitalares classificadas no grupo 2,


que tem por objetivo a garantia da manutenção de serviços, evitando a interrupção de energia
elétrica ocasionada por falhas de isolamento nos circuitos condutores. A figura 2 abaixo
apresenta os locais médicos do grupo 2 e suas características.

Figura 2- Locais médicos do grupo 2

Fonte: RDI BENDER, 2021

A utilização do sistema eleva a segurança no cuidado com o paciente e traz benefícios


para o corpo clínico, pois esse sistema é dotado dispositivos que controlam as condições de
funcionamento garantindo a continuidade da assistência. É composto por um transformador
de separação que converte o sistema da rede de alimentação usual, aterrada, para o sistema IT,
aterrado por elevada impedância, também evita o surgimento de arco voltaico e, com isto,
ajuda a manter os equipamentos médicos operantes sem interrupção; por um dispositivo
supervisor de isolação (DSI), mede a resistência entre os condutores de alimentação e o
condutor de proteção elétrica (terra), emitindo sinalização sonora e visual quando essa
impedância apresentar valores abaixo dos níveis de segurança; por um dispositivo supervisor
de corrente (DSC), que precede a uma sobrecarga de corrente no transformador de separação
sinaliza quando a mesma atinge 90% da capacidade do transformador; por um dispositivo
supervisor de temperatura (DST), que sinaliza quando a temperatura do transformador está em
condições anormais de funcionamento, e o dispositivo anunciador para sinalização dos
alarmes.
40

Cada instalação do esquema IT médico deve possuir um sistema de alarme


posicionado estrategicamente em um local permanentemente vigiada pela equipe médica
durante a sua utilização. Para o acionamento do sistema de alarme alguns componentes são
obrigatórios devendo ter lâmpadas sinalizadoras que indiquem o estado de operação do
sistema, alarme audível para notificar a equipe qualquer interferência, sendo desligado
somente após o reparo da falha, podendo ser silenciado temporariamente, mas sem a
possibilidade de cancelá-lo. Os circuitos de tomadas da instalação IT médico deve ser
repartido em cada local, em no mínimo dois circuitos, e as tomadas devem ter plugs não
intercambiáveis com o sistema de alimentação TN-S ou TT. A figura 3 abaixo demonstra a
instalação do sistema IT médico em uma sala cirúrgica.

Figura 3- Sistema IT médico

Fonte: ELOMED, 2017

Todos os componentes e dispositivos do sistema operam em conjunto para garantir a


qualidade da energia aplicada nos equipamentos devendo a instalação ser testada e sempre ter
as manutenções realizadas para melhor desempenho do sistema.

7 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA APLICADA EM EAS

Devido aos avanços tecnológicos, dos sistemas até os equipamentos que auxiliam
tanto no diagnóstico, como no tratamento de doenças, os estabelecimentos assistenciais de
saúde estão sempre passando por modificações em seus espações físicos e na infraestrutura
41

para garantir melhor atendimento aos seus clientes e maior suporte aos seus usuários, obtendo
resultados com precisão e agilidade, garantindo, acima de tudo, a segurança dos pacientes e
colaboradores. As instalações elétricas são uma das principais instalações que sempre estão no
foco dessas alterações, conforme a necessidade dos equipamentos e sistemas utilizados, a
crescente demanda com expansões, e a implantações de novos setores, o que exige que as
instalações elétricas sejam cada vez mais confiáveis e seguras.
Para uma edificação que utiliza a energia elétrica em todos os processos a gestão do
aumento de cargas deve ser projetada para atendimento do suprimento, mas acima de tudo,
deve ter um projeto de eficiência energética para reduzir o consumo através de um
diagnóstico energético com objetivo de analisar o modelo das instalações atuais da edificação,
os problemas detectados com medidas para o reparo e planejamento direcionado a otimização
das instalações para o uso racional de energia elétrica. Segundo (TIOZO, 2012) esse modelo é
alcançado à medida que se utiliza uma quantidade menor de energia para produzir o mesmo
bem ou serviço, reduzindo assim os indicadores globais e específicos de energia utilizados
para a obtenção do mesmo resultado ou produto.
As limitações do suprimento de energias pelas concessionárias e a alta demanda de
utilização que resulta em custos elevados para a edificação constituem a necessidade da
abordagem do uso racional de energia através de programas que tem como objetivo combater
os desperdícios e o racionamento de energia não devendo ser alterado a qualidade, mas sim a
relação do custo/ benefício. Projetar um sistema elétrico satisfatório é atender determinadas
características que buscam cumprir exigências, que são necessárias para um ambiente
específico, de maneira que atenda as normas técnicas e permita uma utilização prática, segura
e confortável ao usuário (NERY, 2011). Sendo assim, garantir a utilização correta do sistema
elétrico é também garantir que o sistema seja utilizado da melhor forma possível através da
análise a apresentação dos potenciais de economia possíveis visando a utilização consciente.
Elaborar o diagnóstico energético de uma unidade consumidora pode ser feito a partir da
análise detalhada da situação energética. De acordo com PINTO (2009) a análise deve incluir,
dentre outros, a matriz energética, o perfil de consumo, os principais usos finais,
oportunidades de eficientização e racionalização, o potencial de economia e custo evitado.
Além das análises das instalações de acordo com o perfil hospitalar, é necessário também a
implantação, após a avaliação do potencial de redução de consumo de energia elétrica, as
medidas para otimização dos serviços prestados resultando em uma vida útil maior dos
equipamentos utilizados, menor impacto ambiental e redução do consumo.
42

O aperfeiçoamento da eficiência energética é, de acordo com (GUELLER, 2003), um


importante recurso energético mundial. Sobre esses avanços, o pesquisador afirma:

“Uma grande quantidade de avanços de eficiência


energética em aparelhos, equipamentos de iluminação,
veículos, instalações físicas, usinas e processos industriais foi
desenvolvida e introduzida nas últimas décadas. A adoção
dessas tecnologias vem se expandindo, contribuindo para
uma redução substancial do uso e da intensidade da energia
em muitos países. ” (GUELLER, 2003)

Partindo do princípio que a energia mais barata é a energia que deixamos de consumir.
Algumas alterações e práticas podem gerar a redução do gasto de energia através da troca de
sistemas mais eficientes com um menor consumo de energia. Assim, alguns potenciais de
economia podem ser explorados adotando alternativas viáveis em novos projetos, avaliando
os sistemas já implantados e propondo soluções para as adequações dessas implantações já
existentes.

7.1 MEDIDAS PARA APLICAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

De acordo com (DUARTE et al, 2018), o consumo de energia elétrica da unidade


consumidora reflete como os usuários utilizam a mesma, portanto a adoção de medidas resulta
em benefícios quando todos se comprometem com o uso racional. Os profissionais técnicos e
colaboradores devem participar ativamente aos objetivos do programa e executar todas as
recomendações e boas práticas de rotina nos diferentes setores hospitalares.

7.1.1 Iluminação

Os sistemas de iluminação em EAS é o principal sistema pelo qual percebemos a falta


de energia elétrica logo após a interrupção do fornecimento. Sem iluminação é impossível
realizar os procedimentos rotineiros no contexto hospitalar. Devido a sua grande importância
e utilização, há muito potencial nas medidas adotadas para redução do consumo de energia
elétrica. Há espaços que precisam de iluminação 24 horas por dia, então deve ser adotado o
uso de lâmpadas de alta performance que garantam maior vida útil e menor consumo. Espaços
43

que podem aproveitar a iluminação natural reduzindo o período de utilização da iluminação


local. Em locais de movimentação constante pode-se adotar a instalação de sensores de
presença para acionamento automático.
As medidas adotadas podem colaborar para resultados melhores no consumo, mas para
um rendimento eficaz é importante a elaboração de um projeto luminotécnico onde,
inicialmente são discutidas as opções que fornecem melhor custo/benefício dos sistemas de
iluminação. Para ambientes existentes através das reformas executadas no ambiente hospitalar
é possível realizar as alterações gradualmente até a adequação geral do hospital.

7.1.2 Ar Condicionado

De acordo com a resolução n° 9 de 16 de janeiro de 2003 da (ANVISA, 2003), a


qualidade do ar influencia diretamente na saúde humana. Em ambientes hospitalares os
equipamentos de climatização são responsáveis por uma expressiva parcela de carga
consumida para manter os padrões exigidos de conforto e qualidade do ar. Nesses ambientes a
qualidade do ar deve estar livre de aerodispersóides, bioaerossóis e contaminantes externos
que podem agravar a saúde gerando complicações que podem ser fatais para pacientes
imunodeprimidos. Para melhorias do sistema de ar condicionado, em relação ao consumo, é
preciso certificar que a infraestrutura e equipamentos esteja dentro dos parâmetros de
instalação com manutenções periódicas adequadas e aquisição de aparelhos com maior
eficiência energética com selo de eficiência PROCEL, garantir o isolamento adequado dos
ambientes evitando a troca de calor e maior utilização do serviço e a conscientização das
equipes em relação ao uso, devendo ser desligado sempre que o ambiente estiver vazio.
Como toda instalação, o recomendado é o estudo sobre as cargas e o conforto térmico,
realizando assim um projeto com as cargas corretas para cada ambiente e, se possível, a
automatização dos aparelhos para desligamento e acionamento automático podem colaborar
para as medidas de redução de consumo.

7.1.3 Equipamentos Hospitalares

Os equipamentos hospitalares possuem uma gestão mais complexa, sendo específicos


para exames, cirurgias, aplicação de medicamentos, entre outras funções. Para essa categoria
a gestão se dá através da manutenção adequada de cada um de acordo com as suas
especificações. A Compra de equipamentos modernos para substituição dos equipamentos
44

com tecnologia ultrapassada pode reduzir o tempo de realização dos exames diminuindo o
consumo de energia elétrica. A possibilidade da utilização dos equipamentos fora do horário
de ponta pode, também, apresentar benefícios econômicos, pois nesse faixa o valor do kwh
aumenta e uma operação fora desse horário, apesar de não reduzir a quantidade utilizada,
reduz os custos do consumo.

7.2 ISO 50001: MODELO SGE

Um sistema de gestão de energia tem como finalidade a implantação de um sistema de


Eficiência Energética dentro das indústrias, instalações comerciais e em empresas como um
todo, realizando de forma mais eficiente e correta a gestão e a melhorar a integração com o
meio ambiente, redução das emissões de gases, realizando eficiência energética e
aproveitando da melhor maneira possível os recursos.
Qualquer atividade executada em uma sociedade moderna só é possível com o uso de
uma ou mais formas de energia. Surge então a necessidade de utilizá-la de modo inteligente e
eficaz, por isso a norma (ABNT NBR ISO 50001:2018) Sistemas de Gestão da Energia —
Requisitos com orientações para Uso, e as normas adicionais, define que a energia deve ser
usada de forma racional consciente com a intenção de promover equilíbrio entre o meio
ambiente e o desenvolvimento socioeconômico. A sua implantação segue a estrutura de
melhoria contínua Plan-Do-Check-Act (PDCA), planejar, executar, verificar e agir, conforme
apresentado na figura 4 abaixo.
A ISO 50001 define um SGE como o conjunto de elementos interrelacionados, ou
interativos para estabelecer uma política energética e objetivos energéticos, e processos e
procedimentos para atingir tais objetivos através de uma estrutura de trabalho sendo realizado
o sistema de gerenciamento sistemático do consumo de energia. Esse sistema, ilustrada na
figura 4, permite o levantamento e análise dos dados, o que leva à identificação de situações
que possibilitam a correção e o aperfeiçoamento ao nível do seu desempenho energético. A
figura 4 abaixo apresenta a estrutura do modelo de gestão proposto.
45

Figura 4- Modelo de Sistema de Gestão da Energia BNT NBR

Fonte: ABNT ISO 50001, 2011

Para a implantação do modelo deve-se realizar uma pesquisa na empresa considerando


as características energéticas de todos os setores, implantando em seguida o PDCA. De
acordo com a ISO 50001:

“No contexto da gestão da energia, a abordagem PDCA


pode ser descrita como segue: - Plan (Planejar): executar a
revisão energética e estabelecer a linha de base, indicadores
de desempenho energético (IDEs), objetivos, metas e planos
de ação necessários para obter resultados que levarão à
melhoria de desempenho energético em conformidade com a
política energética da organização. - Do (Fazer): implementar
os planos de ação da gestão da energia. - Check (Verificar):
monitorar e medir processos e características principais de
operações que determinam o desempenho energético em
relação à política e objetivos energéticos, e divulgar os
resultados. - Act (Agir): tomar ações para melhorar
continuamente o desempenho energético e o SGE. ” (ABNT
NBR ISO 50001, 2018)
46

Seguindo as recomendações do modelo, dependendo do nível da implantação, os


resultados virão a curto e no longo prazo, pois são medidas que sempre estarão em revisão
para melhor redução do consumo de acordo com a real necessidade de utilização. Um Sistema
de Gestão de Energia bem implantado proporciona diversos benefícios à organização, tais
como:

 Redução de custos com energia e vida útil de equipamentos;


 Melhoria da eficiência operacional;
 Redução da emissão de gases de efeito estufa;
 Existência de dados relativos a energia para auxílio na tomada de decisões
estratégicas;
 Política para o uso mais eficiente de energia envolvendo até a alta administração;
 Integração com sistemas de gestão existentes;
 Redução de impactos ambientais;
 Metas para redução de consumo de energia;
 Rateio de custos setorizados e transparência dos consumos de energia por
departamentos;
 Determinação dos aspectos que apresentaram maior potencial de redução de consumo;
 Demonstração clara de responsabilidade social corporativa;
 Vantagens competitivas sobre as empresas que negligenciam a gestão de recursos;
 Minimização das situações de risco devido a desvios no consumo de energia além da
identificação e correção dos desvios;
 Previsão do consumo de energia;
 Melhoria contínua do perfil de uso da energia, etc.

Atualmente, a gestão com foco em redução do consumo de energia é uma estratégia


presente em organizações comprometidas com a sustentabilidade, pois essa a certificação com
todos os processos e regras a serem alteradas impacta na cultura da empresa, e isso parte do
princípio que pessoas tenham que mudar seus pensamentos e rotinas, reduzindo assim os
impactos ambientais e internos da organização.
47

8 CONCLUSÃO

Os projetos de um EAS devem ser elaborados, em todos os aspectos, de acordo com as


normas vigentes e a segurança das instalações através da adoção de boas práticas. O cuidado
com as instalações nesses estabelecimentos deve ser uma máxima recorrente diariamente para
todos os envolvidos dos setores de engenharia e manutenção, pois, assim como o corpo
humano necessita de intervenções e cuidados para garantir o bem-estar e a saúde, os
estabelecimentos de saúde devem receber um cuidado minucioso que proporcione qualidade
em todos os sistemas. As falhas são problemas técnicos que todos as instalações estão
sujeitas, mas é esse cuidado que antecipa as falhas realizando planos de controle para que
tudo ocorra dentro dos parâmetros necessários. Ações como essa de fundamentação teórica
quando bem aplicada na prática possibilita o funcionamento e o oferecimento de bem-estar e
saúde aos pacientes. Portanto, mesmo com a multidisciplinaridade, as instituições possuem
inúmeras maneiras de obter resultados satisfatórios através do planejamento e do
entendimento de todas as complexidades hospitalares. Entende-se também que cada projeto
deve ser baseado nas normas e ser coerente com a realidade de cada estabelecimento de
saúde, assegurando através das aplicações e definições a segurança dos pacientes e das
equipes de trabalho, operação precisa dos equipamentos eletromédicos, evitando a paralisação
operacional, e isso está diretamente relacionado com a qualidade energética disponível.
Os casos citados no trabalho sobre a situação crítica energética no Amapá e em Santa
Catarina são exemplos atuais que demonstram a importância do conhecimento dos impactos
causados pela ocorrência de interrupções no fornecimento de energia elétrica e como as fontes
de emergência de suprimento de energia elétrica garantem a confiabilidade necessária para os
serviços essenciais. Assim, a interrupção de uma carga essencial devido a uma falha do
sistema, pela concessionária, programada ou não, ou por problemas internos, gera uma
situação crítica que pode ser resolvida com um sistema bem implantado e operante que atue
na ocorrência de emergência.
Diante da necessidade de energia elétrica em EAS face a qualidade energética
oferecida pelas concessionárias, além de garantir o suprimento é preciso também adotar
programas que possam despertar a consciência sobre a economia de energia, podendo o
resultado financeiro desses programas ser revertido em benefícios para a manutenção e
aquisição de novos equipamentos. Ressalta-se que o foco foi a manutenção do sistema de
fornecimento de energia elétrica e a suas consequências para os estabelecimentos de saúde,
não havendo nenhum objetivo financeiro, podendo haver resultados financeiramente positivos
48

derivados da adoção de ações a favor da eficiência energética através da conservação de


energia elétrica. Os níveis de restrição no fornecimento de energia elétrica que afeta o
resultado econômico de hospitais não são constantes, mas trazem dúvidas sobre a segurança e
confiabilidade e são passíveis a reprovação em auditorias dos agentes fiscalizadores.
Os estabelecimentos de saúde estão sempre direcionados para a excelência em seus
processos e a energia elétrica é uma parte essencial para que tudo ocorra de forma
coordenada, segura e eficaz para todos. Os temas abordados através da revisão da literatura
nos fornecem informações para o planejamento das infraestruturas elétricas e sistemas
elétricos hospitalares, e sua qualidade em continuidade e estabilidade para operação de um
EAS. Dessa forma, recomenda-se o estudo das necessidades e o estabelecimento de um plano
de melhoria de segurança proporcionando, assim, o aumento do valor e o atendimento do
nível de satisfação desejado pelos clientes, estabelecendo um relacionamento de confiança e
credibilidade, tanto para os pacientes como as equipes operacionais.
49

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