Aula 5º

A ESCRITA CIENTÍFICA NA
ELABORAÇÃO DO PROJETO DE TCC

Prezados/as alunos e alunas do curso de Teologia EaD, na nossa quinta aula conversaremos um
pouco sobre a escrita científica e suas contribuições para o processo de elaboração do nosso Projeto
de pesquisa e, consequentemente, do Artigo Científico TCC!
Como já perceberam, este exercício de ensino-aprendizado na dimensão de produção textual
vai exigir de nós um pouco mais de habilidades técnicas e cientificas, pois na construção do TCC
que como antes mencionado, faremos em duas etapas: Elaboração do Projeto de TCC (5º semestre)
e Trabalho de Conclusão de Curso (6º semestre), vai requerer que estejamos alinhados com as
normatizações necessárias de elaboração e formatação de texto.
Entretanto, a escrita de forma argumentativa exige coerência e coesão na utilização de conteúdos
pesquisados para a construção do nosso trabalho, tanto no Projeto quanto no Artigo. Não por acaso
nos referimos ao resultado final de “Artigo Científico”, pois vai requerer que lancemos mão de
informações já publicadas com consciência e legitimidade, dando devida credibilidade autoral às
fontes exploradas.
Bons estudos!

Objetivos de aprendizagem

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

• identificar formas de escrita científica;

• argumentar textualmente de forma científica.
 Elaboração do Projeto de Pesquisa 26
Seções de estudo
1. O que é um texto científico
2. A argumentação como base da escrita científica
Visando atingirmos os objetivos propostos para esta
aula, observaremos algumas abordagens propostas por Lima
(2019). Vamos perceber que as considerações apontadas vão
nos ajudar na compreensão do conteúdo proposto, o qual tem
expressiva contribuição para nosso labor textual. Podemos
prosseguir?
1 - O que é um Texto Científico?
Sabemos que ao longo da nossa vida, estamos sempre
em processo de aprendizagens, não é mesmo? Desde a
Educação Infantil somos colocados em contato com as
diversas formas de conhecimento e na medida em que
crescemos, esses conhecimentos se expandem, se aperfeiçoam
ou se modificam.
Ao buscar o desenvolvimento de maneira eficaz, o
homem se depara com novas formas de aprendizagem e
novas formas de representar a realidade. O homem descobre
então, o conhecimento! Ao longo de sua evolução, o ser
humano racional produziu diversas formas de conhecimento
para explicar, melhorar ou significar o seu dia a dia.
Conforme Marques [et. al.]
Com o desenvolvimento do conhecimento
humano e da linguagem necessária à sua
transmissão, surgiram duas formas de
conhecimento que dominaram a humanidade
por milhares de anos: conhecimento
empírico (senso comum) e conhecimento
religioso. Posteriormente surgiram os
conhecimentos filosóficos seguidos da
ciência, a qual é uma proposta historicamente
muito recente (MARQUES et al, 2014, p. 11,
grifos do autor).
Assim, o despertar para o conhecimento gera ao homem
a atividade da pesquisa, que para Ávila (2009, p. 16) “não é mito
nem rito”. Para se entrar no seu mundo, basta que se equipe
progressivamente de: a) hábito de cultivo da curiosidade;
b) disponibilidade para fundamentação e aprendizado
permanentes; c) exercício de capacidade dinamizador-
criadora; d) intenção de aprendizado cumulativo, pela
conquista da paciência estratégica de se começar pelo começo
ou de se preparar e ensaiar para produções sofisticadas a partir
das mais simples e fáceis; e) gosto pelo desenvolvimento de
habilidades de prospecção, programação, acuidade e controle
de observações; e f) condições mínimas de formulação de
análises descritivo-interpretativas, principalmente por escrito”.
Dessa maneira, o homem se viu imerso a um mundo de
inquietações. Para que essas inquietações fossem respondidas,
pesquisava. Ao longo dos anos, outras inquietações foram
surgindo e com a sistematização do conhecimento, essas
inquietações tornam-se objeto de estudos que levaram longos
anos para ser concretizados e, muitas vezes, até hoje não se
chegou ao produto final.
A pesquisa então passa a ser incorporada à universidade,
que é vista como o principal centro para a disseminação e
práticas de pesquisas. Contudo, Demo nos alerta que a
Pesquisa:
Deve ser vista como processo social que
perpassa toda a vida acadêmica e penetra
na medula do professor e do aluno. Sem
ela, não há como falar de universidade, se a
compreendermos como descoberta e criação.
Somente para ensinar, não se faz necessária
essa instituição e jamais se deveria atribuir esse
nome a entidades que apenas oferecem aulas
(DEMO, 1990, p. 36).
Com o passar dos anos, e com o aumento da quantidade
de questões a serem pesquisadas, o homem necessita fazer
a divulgação das mesmas, encontrando outras pessoas que
comungam da mesma investigação, possibilitando assim trocas
de experiências e agilidade na busca de respostas. Com relação
a essas trocas, com o advento da globalização, a disseminação
da informação se tornou uma exigência do mundo acadêmico
e hoje é fundamental que qualquer pesquisa científica seja
divulgada.
Vamos perceber que diante disso surge um
questionamento importante: como escrever textos científicos
com qualidade? Essa é uma pergunta que muitos autores têm
buscado responder por meio de suas pesquisas. Hoje, a escrita
acadêmica é uma das indagações sobre o conhecimento
humano. Ao nos dispor para uma pesquisa estamos a fazer
este exercício!
Algumas definições destacam que: “O texto não
é um aglomerado de frases. [...] Todo texto contém um
pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla”.
(FIORIN; SAVIOLI, 2007, p. 11). “O texto é um objeto
complexo que envolve não apenas operações linguísticas
como também cognitivas, sociais e interacionais”. (KOCH;
ELIAS, 2016, p. 15). “O texto é uma unidade de sentido, dada
por recorrência daquilo que é dito e de um modo próprio de
dizer”. (DISCINI, 2008, p. 14). “As definições de texto que se
propõem critérios mais amplos que os puramente linguísticos,
tomam-no como uma unidade comunicativa e não como uma
simples unidade linguística”. (MARCUSCHI, 2012, p.26).
Podemos definir texto como uma situação
comunicativa, seja escrita ou falada, ou ainda,
se formos além e adentrarmos ao texto não
verbal, podemos expandir essa ideia afirmando
que o texto é uma situação comunicativa,
também icônica e imagológica, entre outras
formas não verbais”. (SGARBI, 2016, p. 101).
A autora apresenta alguns dos principais conceitos dentro
de uma extensa lista de possibilidades conceituais no âmbito
textual! No nosso exercício da pesquisa podemos encontrar
muitas outas possibilidades para o assunto.
Ainda conforme Sgarbi (2016), o texto é necessário à vida
de cada um, pois ele serve para que as pessoas compartilhem
seus pensamentos, ideias e críticas, enfim, é uma unidade de
linguagem que visa a informar, a transmitir conhecimentos,
além de passar ao receptor uma unidade semântica de

modo que faça com que ele entenda o assunto abordado
percebendo-o como um todo significativo.
Logo, a produção escrita não pode ser um amontoado de
frases, porque ele é desenvolvido para um interlocutor e “para
uma pessoa entender um texto, o mesmo tem que revelar suas
ideias de maneira clara, para que aquele que as está recebendo
possa entender e identificar como um texto compreensível”.
(SGARBI, 2016, p. 103).
A autora menciona ainda que, muitas vezes, as maiores
dificuldades estão na concretização das ideias no papel, pois
escrever pode não ser fácil para muitas pessoas e ainda não
inventaram “mágicas” e fórmulas para apreender a escrever.
Na verdade, esse é um trabalho que depende muito do
interesse e empenho de cada um.
Dessa forma, o sucesso na elaboração do Projeto de
TCC, bem como do Artigo final, vai demandar disposição
para o trabalho e muita dedicação!
Nunca se divulgou tanta informação acadêmica como antes, porém,
autores questionam a qualidade e eficiência da socialização do
conhecimento científico! Cabe-nos o desafio de fazermos que as
estatísticas sejam elevadas de forma positiva, não acha? Façamos
com nosso melhor!!!
2 - A Argumentação como base da
Escrita Científica
Charaudeau (2008 apud KOCH; ELIAS, 2016) apresenta
que argumentar é uma atividade discursiva de convencer um
interlocutor a que estamos nos dirigindo que ele assuma ou
aceite pontos de vista por nós apresentados. Argumentar
então é atrelar elementos pertinentes ao processo comunicativo
a fim de que se persuada alguém, para que esse indivíduo
também se posicione com relação ao que se está opinando.
Na construção de uma boa argumentação, os autores
recomendam que o enunciador utilize de certos procedimentos
linguísticos para a construção de um texto científico com uma
boa argumentação:
a) evitar verbos de dizer na primeira pessoa
[...] e com isso procura-se eliminar a ideia
de que o conteúdo da verdade contido no
enunciado seja mera opinião de quem o
professor, e sugerir que o fato se impõe por
si mesmo [...]. b) quando, eventualmente, se
utilizam verbos de dizer, [...] o enunciador vem
generalizado por um nós em vez de eu [...]. c)
a exploração do valor conotativo das palavras
não é apropriada ao enunciado científico.
Nele, os vocábulos devem ser definidos e ter
um só significado [...]. d) como nesse tipo
de discurso deve usar-se a língua padrão na
sua expressão formal, não se ajusta a ele o
uso de gírias ou quaisquer usos linguísticos
distanciados da modalidade culta ou formal
da língua. (FIORIN; SAVIOLI, 2007, p. 310,
grifos dos autores).
Além desses procedimentos, os autores recomendam
cautela no trabalho argumentativo, para tanto, sugerem
algumas estratégias de persuasão conforme mencionam
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Fiorin e Savioli (2007):
a) O argumento de autoridade
Apoia-se uma afirmação no saber notório de uma
autoridade reconhecida num certo domínio do conhecimento.
É um modo de trazer para o enunciado o peso e a credibilidade
da autoridade citada.
Observe o enunciado que segue:
Conforme afirma Bertrand Russell, não é a posse de bens materiais
o que mais seduz os homens, mas o prestígio decorrente dela. Segundo
o mesmo autor, na China e no Japão, o saber é mais valorizado que a
riqueza exatamente porque, nessas sociedades, confere mais prestígio a
quem o possui.
Quando se trata de um trabalho científico cuidadoso, mais
formal, como uma tese ou um artigo a ser publicado numa
revista especializada, deve-se fazer a citação textualmente,
dando todas as indicações bibliográficas. Ao fazer citações, o
enunciador situa seus enunciados na corrente de pensamento
que ele considera mais aceitável para explicar certo fenômeno.
b) O apoio na consensualidade
Há certos enunciados que não exigem demonstração
nem provas porque seu conteúdo de verdade é aceito como
válido por consenso, ao menos dentro de um certo espaço
sociocultural. Inscrevem-se, nessa espécie, enunciados como:
O investimento na Educação é indispensável para o desenvolvimento
econômico de um país. Ou, As condições de saúde são mais precárias nos
países subdesenvolvidos.
c) A comprovação pela experiência ou observação
O conteúdo de verdade de um enunciado pode ser
fundamentado por meio da documentação com dados que
comprovem ou confirmem sua validade. Observe o exemplo
que segue:
O acesso pode dar origem a grandes e importantes descobertas
científicas, o que pode ser demonstrado pela descoberta da penicilina
por Alexander Flemming, que cultivava bactérias quando, por acaso,
percebeu que os fungos surgidos no frasco matavam as bactérias que ali
estavam. Da pesquisa com esses fungos, ele chegou à penicilina.
d) A fundamentação lógica
A argumentação pode basear-se em operações de
raciocínio lógico, tais como: as implicações da causa e efeito,
consequência e causa, condição e ocorrência, etc. Veja o
exemplo: Se se admite que a vida humana é o bem mais precioso do
homem, não se pode aceitar a pena de morte, uma vez que existe sempre
a possibilidade de um erro jurídico e que, no caso, o erro seria irreparável.
Assim como existem procedimentos para fundamentar
o conteúdo de verdade de um enunciado científico, existem
expedientes para desqualificá-lo e provocar o seu descrédito.
Vejamos alguns desses expedientes:
a) Pode-se desqualificar o enunciado científico
atribuindo-o a opinião pessoal do enunciador ou restringindo a
universalidade da verdade que ele afirma. Sirvam de exemplos
casos desse tipo: Roberto da Mata supõe que o espaço social brasileiro
se divide em casa, rua e outro mundo.
Como se pode notar, ao introduzir o enunciado por
um verbo de dizer (supõe) que não indica certeza, reduz-se
o enunciado a uma simples opinião. Observe ainda outro
exemplo: O átomo foi considerado, por muito tempo, como a menor
partícula constituinte da matéria.
 Elaboração do Projeto de Pesquisa
Não é preciso dizer que o verbo no perfeito (foi
considerado) e a restrição de tempo (por muito tempo)
esvaziam o enunciado do seu caráter de verdade geral e objetiva.
b) Um outro modo de desqualificar o enunciado alheio
é atacá-lo nos seus expedientes de argumentação. E isso
pode ser processado por meio do uso de vários dispositivos:
citando autores renomados que contrariam o conteúdo
afirmado no enunciado ou evidenciando que o enunciador não
compreendeu o significado da citação que fez; desautorizando
os dados de realidade apresentados como prova ou mostrando
que o enunciador, a partir de dados concretos, por equívoco de
natureza lógica, tirou conclusões inconsequentes.
Vejamos, a título de exemplo, como se pode refutar e
desqualificar o que se diz em um enunciado:
Enunciado:
O controle demográfico é uma das soluções urgentes para
o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos: as estatísticas
comprovam que os países desenvolvidos o praticam.
Desqualificação:
O dado estatístico apresentado é verdadeiro, mas o
enunciado é inconsistente, pois pressupõe uma relação de
causa e efeito difícil de ser demonstrada, isto é, que o controle
demográfico seja capaz de produzir o desenvolvimento. O
mais lógico é inverter a relação: o desenvolvimento gera o
controle demográfico, e não o contrário.
Além disso, Israel Azevedo nos apresenta 10 conselhos
práticos para elaborar um texto científico, vejamos cada um
deles:
1. Escreva frases breves e parágrafos curtos. Diga o que
quiser no menor espaço que conseguir. Não alongue as frases
com o uso abusivo de “o qual”, “cujo” e gerúndios. Você terá
menos chances de parecer complicado.
2. Encadeie as frases e os parágrafos logicamente, com
cada frase ou parágrafo desembocando naturalmente no que
vem a seguir. Você terá menos chance de parecer ter composto uma colcha
de retalhos.
3. Evite apelar para generalizações (como “a maioria
acha”, “todos sabem”). Você terá menos chance de parecer superficial.
4. Evite repetir palavras, especialmente verbos e
substantivos. Use sinônimos. Você terá menos chance de parecer
possuir um vocabulário pobre.
5. Evite modismos linguísticos (como “em nível de”,
“colocação”, “Gadotti vai dizer que”, etc.). Você terá menos chance
de parecer um deslumbrado como o jargão universitário.
6. Evite redundâncias (como “os alunos são a razão de ser
da Escola Prof. Pegado”). Cada frase deve ser produto de uma
reflexão. Você terá menos chance de parecer apressado.
7. Abstenha-se de superlativos, aumentativos, diminutivos
e adjetivos em demasia. Você terá menos chance de parecer pernóstico.
8. Faça poucas citações diretas; opte por reescrevê-las,
creditando-as aos seus autores. Você terá menos chance de ser tido
como um mero compilador.
9. Use as notas de rodapé
para definições e informações que, embora sucessivas, acabam
truncando por demais o texto. Você terá menos chance de parecer
óbvio.
10. Lembre-se que você está escrevendo para um leitor
real. Não vale a pena escrever para não ser lido. (AZEVEDO, 1997,
28
p.25-26).
Apresentadas estas contribuições do texto de Lima
(2019), desejamos que tenha facilitado nossa compreensão
relacionada ao processo de pesquisa científica, a qual iniciamos
na elaboração do Projeto de TCC para culminar no Artigo
Científico TCC. Vale destacar que a leitura cuidadosa destas
orientações textuais, irá facilitar de forma significativa na
elaboração principalmente do Artigo final!
Retomando a aula
Bem, depois de tantas normas e regras a serem
aplicadas ao nosso exercício de elaboração do Projeto
de Pesquisa e TCC chegamos ao final de mais esta aula!
Observamos de acordo com Ferreira e Lima (2007)
algumas orientações imprescindíveis que irão nortear o processo de
elaboração do TCC de forma significante, pois os textos nos deram
informações bem esclarecedoras.
1 - O que é um Texto Científico?
Observamos neste tópico ser necessário ter clareza quanto
ao conceito e funções principais no processo de elaboração
de um texto científico. Afinal, fazemos parte de um seleto
grupo daqueles e daquelas com a oportunidade privilegiada da
produção textual!
2 - A Argumentação como base da Escrita Científica
Percebemos que a argumentação científica está presente
na comunicação formal e acadêmica. Logo, a necessidade
de estarmos alinhados com esta modalidade argumentativa
urge, quando de fato desejamos a elevação do nosso ensino-
aprendizado. Portanto, bem-vindos/as ao prazeroso e inacabado
exercício do conhecimento!
Obs.: Se houver dúvidas ao final desta aula poderão ser sanadas
através das ferramentas virtuais fórum e quadro de avisos. Atividade
referente a aula será solicitada na ferramenta ATIVIDADES da página
virtual da Unigran Ead.
Vale a pena
Vale a pena ler
MARCONI, Marina A; LAKATOS, Eva Maria.
Fundamentos de Metodologia Científica. 8. ed. São Paulo: Atlas,
2017.
MOTTA-ROTH, Desiree; RENGES, Graciela R.
Produção Textual na Universidade. São Paulo: Parábola Editorial,
2010.