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Abstract
This article discusses the emergence and
expansion of the so-called Darwinian Ar-
chaeology, starting in the 1970s, and its
current impact upon archaeological thou-
ght. Some of the key concepts are dis-
cussed, and a brief historic of the slow
incorporation of the selectionist theory
into the research of the human past is
presented, as well as the criticisms di-
rected to it. The distancing of Brazilian
archaeology from this perspective is
analyzed, something that places it in a
1
O presente texto foi apresentado originalmente como conferência no IV Encontro do Núcleo
Regional da SAB Sul, realizado na Universidade do Extremo Sul Catarinense / Unesc, em Criciú-
ma, Santa Catarina, em 08 de novembro de 2004, e deve ser entendido no contexto da época.
2
Departamento de Antropologia, Museu Nacional / UFRJ. Pesquisadora do CNPq.
sort of "out of beat" state in the theore- eu rotulei para sempre na minha cabeça
tical sphere. como “o livro preto”. Minha má vontade
em relação a ele se renovava periodica-
mente, por ocasião das faxinas na es-
Keywords: Darwinian archaeology,
tante, quando mais uma vez eu lamen-
Archaeological theory, Selectionism.
tava a compra inútil e o escondia no can-
to da prateleira.
Esta má vontade durou até o final da
Introdução década de 90, quando eu comecei a me
Um breve relato de uma experiência dar conta da força crescente da cha-
pessoal talvez seja oportuno para intro- mada Arqueologia Evolutiva na literatura
duzir o tema desta conferência, sugerido arqueológica, e, lendo a respeito, um
pelos organizadores deste IV Encontro nome aparecia sistematicamente como
do Núcleo Regional da SAB Sul. Em 1981 o seu grande pioneiro: Roberto Dunnell.
ou 82, no máximo, em conversa com uma Claro que eu o associei de imediato ao
colega de uma área afim, ela me contou “livro preto”, que ganhou uma nova di-
que estava viajando para um congresso mensão, migrando instantaneamente do
nos Estados Unidos e gentilmente se ofe- canto para o centro da prateleira. E só
receu para trazer livros que eu porven- nesse momento eu fui capaz finalmente
tura necessitasse. de compreender seu significado, vinte
Aqueles eram tempos duros, difíceis, anos depois, embora continuando a achar
o acesso à bibliografia arqueológica es- que não era aquilo que eu queria.
trangeira era praticamente nenhum e Nesse livro, publicado em 1971 pela
estávamos muito longe das facilidades Macmillan, Dunnell expunha idéias ainda
de hoje. Absolutamente ávida por novas embrionárias do que surgiria, sete anos
perspectivas, aceitei de pronto a gene- mais tarde, como uma proposição teóri-
rosa oferta, juntei alguns poucos dóla- ca que em um primeiro momento arregi-
res e disse a ela: “traga o que você en- mentaria poucos adeptos, mas que duas
contrar de melhor”. décadas depois viria a agregar em torno
Uns quinze dias depois, ela reapare- dos seus princípios um número conside-
ceu com dois livros: o primeiro deles, de rável de pesquisadores.
autoria de Robert Dunnell, intitulava-se Redigido no efervescente clima da
Sistemática em Pré-História. Com a capa Nova Arqueologia, ou seja, na virada da
toda preta, sem qualquer letra, sem nem década de 60 para os anos 70, nele
mesmo exibir o título, o volume era pou- Dunnell apontava na introdução (a única
co atraente. Folheei seu conteúdo - ba- parte que eu li!) as fragilidades e as vir-
sicamente voltado para taxonomia e clas- tudes da “velha” e da “nova” arqueolo-
sificação na arqueologia, nos moldes das gia. Mas, embora propugnando, como
ciências naturais –, e ele me pareceu esta última, uma maior cientifidade para
menos atraente ainda. Comecei a ler a a disciplina, chamava a atenção, entre
introdução e dela nunca passei, porque outros aspectos, para aquele que, no seu
ficou claro para mim naquele momento entender, era o grande equívoco que ela
que não era aquilo que eu queria. Desa- cometia: o de tomar emprestado mode-
lentada, confesso que chorei meus ma- los, conceitos e termos da antropologia
gros dólares investidos naquela aquisi- sócio-cultural, ahistórica, na medida em
ção pouco feliz. que eles eram absolutamente inadequa-
Passei então ao segundo livro, cujo dos para os objetivos e compromissos
autor era Binford, e no balanço que fiz à da arqueologia, no caso, com tempo e
época, o segundo valeu pelos dois, e do mudança. Desqualificando os estudos
primeiro ficou apenas o registro do que humanísticos como ciência, ele propu-
• essa variação é transmitida através de a baleia, nos quais os ossos estão dis-
herança postos a partir de um mesmo padrão (ver
• algumas variantes funcionam melhor em Moody, 1975:19). Semelhanças funcio-
certas circunstâncias que outras, e nis- nais entre órgãos de diferentes estrutu-
to consiste o processo de seleção na- ras e diferentes origens são análogas (por
tural, a persistência diferencial da va- exemplo, asas de diferentes animais,
riação. como aves, mamíferos e répteis, que têm
características similares em função, mas
Tais fundamentos implantaram como são diferentes em sua estrutura e ori-
questões centrais para o evolucionismo gem (ver Moody, 1975:17).
darwiniano a variação, a hereditarieda- Neste ponto eu me permito um pa-
de e a seleção, entendendo que a evo- rênteses para comentar que estes dois
lução pode ocorrer como resultado de conceitos são particularmente úteis para
seleção natural - ou seja, de transfor- uma reflexão quanto ao modo como vi-
mações de natureza adaptativa -, de mos trabalhando com similaridades na
deriva genética - no caso, mudanças ale- Arqueologia Brasileira. Juntamos, por ví-
atórias na freqüencia de traços resul- cio classificatório, tudo o que é seme-
tantes dos caprichos da transmissão - lhante debaixo de um mesmo rótulo, con-
ou então de ambos. siderando essas similaridades como ten-
A transposição da teoria evolutiva e do sido produzidas por uma única e mes-
seus princípios para a arqueologia pro- ma cultura arqueológica. E aqui mora um
põe que o registro arqueológico, consi- grande perigo. As coisas podem ser se-
derado um registro evolutivo tanto quanto melhantes na aparência, mas terem uma
um registro orgânico fóssil, seja lido e origem totalmente distinta. E coisas muito
explanado à luz desses princípios, man- diferentes podem ter tido a mesma
tendo essas mesmas questões centrais. origem. Retrabalhar alguns aspectos da
No caso, a teoria evolutiva é utilizada nossa pré-história à luz desses concei-
para examinar e explanar a variação no tos pode gerar resultados surpreenden-
registro arqueológico, as formas como tes e alguns trabalhos já começaram a
essa variação é transmitida, e por que ser feitos nessa direção.
algumas variáveis passam a funcionar A totalidade das características ob-
melhor que outras em determinadas cir- serváveis de um indivíduo, tanto físicas
cunstâncias. quanto comportamentais, constituem o
O programa arqueológico darwiniano seu fenótipo. Essas características re-
funda-se em premissas e conceitos da sultam da interação entre genótipo e
teoria evolutiva, entendendo grupos so- ambiente, ou seja, são devidas não ape-
ciais humanos como espécies. Embora a nas a fatores hereditários (genótipo), mas
seleção natural, um mecanismo de mu- também às modificações estimuladas pelo
dança, atue sobre indivíduos, são as es- meio ambiente. É no fenótipo que opera
pécies que evoluem, compondo linhagens, a seleção natural, e o registro arqueoló-
ou seja, linhas temporais de mudança gico é entendido na arqueologia darwinia-
construídas pela hereditariedade, deno- na como as partes duras do fenótipo
tando continuidade, de tal forma que a humano (Leonard, 2001:70). É um regis-
similaridade observável é, no caso, ho- tro empírico da variação, da transmis-
móloga. Similaridades podem ser homó- são, e da persistência diferencial da va-
logas ou análogas. Características es- riação, como produto da operação da
truturais similares em decorrência de uma seleção natural e do acaso. Os artefa-
origem comum são homólogas (por exem- tos, por sua vez, são os restos fossiliza-
plo, braço humano, membros anteriores dos de fenótipos humanos bem sucedi-
de mamíferos terrestres e marinhos, como dos (O’Brien & Holland, 1995:179).
White. Prosseguindo seus estudos na ral odyssey, editado por Donald Ortner
Universidade de Columbia, identificou-se (comunicação pessoal). Nesse trabalho
com a perspectiva ecológica e também ela deu vários exemplos de paralelos en-
evolutiva de Steward. No caso, ela não tre mudança cultural e biológica que re-
se restringiu apenas ao evolucionismo fletem os mesmos processos evolutivos
cultural. Sem nunca ter estudado Biolo- básicos, sustentando que não estamos
gia, procurou por iniciativa própria ouvir capacitados a compreender a mudança
palestras e ler as principais obras de Ernst cultural ou influenciá-la até que reco-
Mayr, George Simpson e outros evoluci- nheçamos o impacto dessas forças in-
onistas, de modo a entender os princípi- conscientes.
os fundamentais do evolucionismo da- Retomando Dunnel, como ele apro-
rwiniano para incorporá-los ao seu tra- priadamente assinalou, há um grande de-
balho. Na verdade, ela nunca pretendeu safio metodológico na aplicação da te-
contribuir para a teoria evolutiva, mas oria evolutiva à arqueologia, que não
tão somente aplicá-la às suas investi- pode se limitar, como assinalou Teltser
gações (comunicação pessoal). (1995:64), a analogias ou a um mero
Tal como os darwinianos, Meggers empréstimo da teoria. Essa aplicação
reconhece dois processos básicos de envolve mais, envolve na verdade uma
evolução: seleção natural e deriva. Para expansão da teoria clássica neo-darwi-
ela, a seleção natural mantém uma adap- niana, porquanto ela foi concebida, for-
tação viável entre o organismo ou socie- malizada e redigida no domínio da bio-
dade e o ambiente. Já a deriva produz logia e em termos biológicos, e precisa
mudanças graduais inconscientes em ser expandida para incluir questões de
características que não afetam a sobre- natureza antropológica e arqueológica
vivência. Em seu livro Amazônia, a ilu- (ib.1-3).
são de um paraíso, publicado em 1977, Trata-se agora de lidar com meca-
ela reconheceu o mecanismo da seleção nismos não-genéticos de transmissão, na
natural atuando e procurou demonstrar medida em que traços culturais são trans-
o modo pelo qual o comportamento cul- mitidos através de processos de apren-
tural minimizou o que considerou como dizagem. E apesar de os biólogos esta-
limitações ambientais intrínsecas. O se- rem voltados também para questões
gundo mecanismo, a deriva, tem sido por comportamentais, admitindo comporta-
ela aplicado a características da cerâ- mento como parte importante do fenóti-
mica para diferenciar comunidades pré- po, o modo como a arqueologia tem for-
históricas endógamas através de seqüên- mulado seus problemas e a terminologia
cias seriadas, e para identificar suas dis- que a disciplina utiliza são incompatíveis
tribuições temporais e espaciais. Com a com o arcabouço darwiniano. Isso re-
aplicação desses métodos a autora tem quer uma reorientação das questões e
procurado revelar aspectos de compor- uma reformulação terminológica, o que
tamentos locacionais, como movimento não é uma tarefa simples.
de aldeias, reocupações, tamanho dos A força explanatória da teoria evolu-
assentamentos e limites territoriais, bem tiva apregoada pelos darwinianos não se
como residência matrilocal, já apresen- limita ao passado remoto da humanida-
tados em diversas publicações (ver Me- de, a investigações sobre caçadores-
ggers, 1997, 1999, 2000, entre outros). coletores ou a estudos ceramistas, mas
Meggers considera que seu trabalho é entendida como uma poderosa ferra-
mais detalhado sobre a aplicação da te- menta também para a explanação do
oria evolutiva ao comportamento cultu- passado recente, podendo ser utilizada
ral está em um artigo publicado em 1983 também na arqueologia histórica, como
no livro How humans adapt: a biocultu- fez F. D. Neiman defendendo na Univer-
sidade de Yale, em 1990, a tese de dou- Entre os periódicos que abriram seus
torado intitulada An evolutionary appro- espaços para a perspectiva darwiniana
ach to archaeological inference: aspects encontram-se alguns dos mais concei-
of architectural variation in the17th-cen- tuados no campo da antropologia e da
tury Chesapeak. Em 1995, Ramenofsky arqueologia, entre eles Current Anthro-
estudou, à luz da teoria evolutiva, as pology, American Antiquity, a série Ar-
mudanças observadas nos artefatos de chaeological Method and Theory edita-
grupos nativos após o contato com o da por Michael B. Schiffer, que apresen-
europeu, em função dos novos materiais tou logo em seu volume inaugural um ar-
introduzidos. O’Brien & Lyman (2000b), tigo de Rindos (1989), seguido no se-
por sua vez, publicaram no volume 4 do gundo volume por um trabalho de O’Brien
International Journal of Historical Archa- & Holland (1990), no quarto, por um de
eology o artigo Darwinian Evolutionism Neff (1992), e assim por diante; o Jour-
is applicable to Historical Archaeology, nal of Anthropological Archaeology, es-
defendendo sua aplicação à arqueologia pecialmente os volumes 6 (Leonard &
do período pós-contato. Jones, 1987:199-219), 13 (Rosemberg,
Os arqueólogos evolucionistas estão 1994:307-40), 16 (Lipo et al., 1997:301-
procurando trazer para o estudo do pas- 34), 18 (Lyman & O’Brien, 1999a:39-74
sado humano o que eles consideram com e Dunnell, 1999:243-250), entre outros;
o mais produtivo conjunto de normas o Journal of Archaeological Method and
existente para se compreender a vida Theory, especialmente os volumes 1
sobre a terra (Leonard, 2001:93) e eles (O’Brien et al., 1994:259-304), 3
não escondem sua meta ambiciosa de (Hughes, 1998: 345-408), 6 (Lyman &
criar uma teoria inclusiva da história de O’Brien, 1999b), entre outros; o Journal
todos os seres vivos (Jones et al., 1995: of Archaeological Research, especialmen-
29), efetuando uma completa mudança te o volume 5 (Spencer, 1997:209-265),
de paradigma dentro da arqueologia entre outros. É bem verdade que desde
(O’Brien & Holland, 1995:193-4). Para a década anterior, o Advances in Archa-
eles, esta é só uma questão de tempo, eological Method and Theory, também
estando previsto um “futuro saudável” editado por M. B. Schiffer, já tinha aber-
para a perspectiva selecionista (O’Brien to espaço para a Arqueologia Darwinia-
& Holland, 1995:176). na, publicando artigos de Dunnel (1980,
1986); mas a intensificação das publi-
Se na década de 1980 o investimento
cações selecionistas ocorreu apenas na
das editoras norte-americana na arque-
década de 1990.
ologia darwiniana foi tímido - para não
dizer cauteloso – diante da incerteza do Livros começaram a ser maciçamen-
retorno, na década de 1990, com a sua te publicados, como Evolutionary Archae-
crescente aceitação, elas perderam o ology: methodological issues, editado por
medo e passaram a investir considera- Teltser (1995) Evolutionary Archaeology:
velmente no “novo” paradigma emergen- theory and application, editado por
te. Multiplicaram-se artigos evolucionis- O’Brien (1996); Darwinian Archaeologies,
tas nas principais revistas, vários livros editado por Marschner (1996), Redisco-
sobre o tema foram sucessivamente edi- vering Darwin: evolutionary theory in
tados, mostrando o despertar de uma archaeological explanation, editado por
perspectiva teórica que hibernou duran- Barton & Clark (1997), Applying Evolutio-
te pelo menos vinte anos - ou quarenta, nary Archaeology, editado por O’Brien &
se for considerado o vanguardismo de Lyman (2000c), Darwin and Archaeolo-
Meggers - até finalmente conseguir con- gy: a handbook of key concepts, edita-
quistar um número expressivo de adep- do por Hart & Terrell (2002), entre mui-
tos. tos outros. A implacável lei do mercado
Volto a repetir, não se trata de nos arqueologia histórica fora de minha ins-
tornarmos de súbito fervorosos darwini- tituição, em outro estado, dediquei a pri-
anos, mas tão somente de tomarmos ci- meira aula, por vício e por convicção, a
ência das suas possibilidades como fer- uma exposição das diferentes perspec-
ramenta, de analisarmos sua eficácia tivas teóricas na arqueologia. Na aula
como teoria explanatória, para eventu- seguinte, na hora da chamada, os alu-
almente a utilizarmos se nos parecer que nos comentaram que uma das colegas
ela é a que melhor se ajusta às nossas havia fugido em marcha batida do curso,
conveniências, ou a recusarmos cate- alegando que já lhe havia custado um
goricamente, se entendermos que o que bom esforço entender o processualismo,
ela tem a oferecer é improcedente, ou e agora, ainda por cima, eu aparecia fa-
mesmo inadequado às questões que es- lando de pós-processualismo. E isto era
tamos levantando. Mas tanto para acei- demais para ela. Este episódio me im-
tar quanto para recusar é preciso, antes pressionou profundamente, pois demons-
de tudo, conhecer as possibilidades que tra uma forte resistência ao “novo” - já
ela oferece. Recusar sem conhecer, é tão velho àquela altura - por parte das
puro obscurantismo. É o popular “não vi novas gerações, justamente aquelas que,
e não gostei”. E neste ponto, aqueles em tese, mais deveriam estar abertas a
que trabalham com a docência têm um novas perspectivas.
papel crucial. Cabe a eles apresentar às Este não é um problema dos depen-
novas gerações uma caixa bem sortida, dentes, já que ele não é observado em
aparelhando-os da melhor forma possí- outros países da América Latina. Na ver-
vel para que enfrentem adequadamente dade ele parece ser um fenômeno ex-
os fenômenos que lhes caberá investigar. clusivamente brasileiro, tendo em vista
Mas, voltando à questão anterior, que outros países sul-americanos vêm
onde estão as razões do nosso perma- trabalhando à luz da teoria darwiniana
nente descompasso? O relato pessoal há um tempo considerável. Tomando
com que iniciei estas considerações me como exemplo a Argentina, país vizinho
parece emblemático, ao reproduzir o es- e com uma comunidade arqueológica que
tranhamento com que recebi o livro de interage – embora menos que o desejá-
Dunnell no início dos anos 80, já que ou- vel - com a brasileira, tem havido um
tros provavelmente devem ter reagido investimento maciço na perspectiva se-
da mesma maneira. Ter uma boa forma- lecionista.
ção prévia em ciências naturais parece Ela entrou naquele país pelas mãos
ter sido uma condição facilitadora – em- de Luis Borrero (comunicação pessoal),
bora não necessária – para a adoção que, ao final dos anos 80, sentia-se pro-
dessa perspectiva na arqueologia, por fundamente insatisfeito com as expla-
exigir um conhecimento sólido da teoria nações então vigentes para a difusão
darwiniana. E entre os arqueólogos bra- do Homo sapiens nas Américas. Para ele,
sileiros, os que receberam treinamento em nenhum momento elas tratavam dos
formal em biologia aparentemente não insucessos e das adaptações mal suce-
parecem ter se interessado, até o mo- didas que certamente ocorreram com a
mento, em incorporar os princípios evo- nossa espécie. Voltando-se para a pers-
lutivos às suas pesquisas e se voltaram pectiva evolutiva e para a biogeografia,
para outras direções. ele encontrou nelas as ferramentas que
Contudo, em um âmbito mais geral, buscava e as que melhor explanavam as
as razões parecem residir sobretudo em ricas situações biogeográficas diante das
uma certa acomodação. Há cerca de quais ele se encontrava, analisando ini-
quinze anos atrás, no início da década cialmente as adaptações de caçadores-
de 1990, ministrando uma disciplina de coletores na região do Estreito de Ma-
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