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Comentário bíblico

I. Novidade de vida
(Recapitule com a classe Rm 6:5-13.)
“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal” (Rm 6:12). É mais fácil falar do que
cumprir essa ordem? Pode parecer que Paulo estivesse despreocupadamente dizendo aos lei-
tores para simplesmente evitar o pecado e servir a Deus (Rm 6:13). Para os que levam a sério os
conselhos do apóstolo, ao refletir sobre nossas falhas, podemos ter a impressão de que não es-
tamos à altura da tarefa. A boa notícia nesse difícil problema do pecado é que as francas exor-
tações de Paulo são expressas num contexto estupendo.
Qual é esse contexto? Com a morte e ressurreição de Cristo, a continuidade da história so-
freu uma mudança escatológica muito importante. Jesus Se referiu a isso quando disse: “É che-
gado o reino de Deus sobre vós” (Mt 12:28). Paulo falou acerca disso ao escrever sobre provar
“os poderes do mundo vindouro” (Hb 6:5).
Essa nova era em que vivemos viu o derramamento do Espírito de Deus de uma forma nun-
ca vista antes (At 2) e a cura e restauração espiritual dos que anteriormente estavam domina-
dos pelas forças demoníacas/opressoras (Mt 4:23; 12:22, 28; Lc 4:18; At 5:17). Essa nova era sob
o domínio do poder de Deus é o contexto no qual Paulo falou sobre nosso “velho homem” sen-
do crucificado com Cristo para quebrar a escravidão do pecado (Rm 6:6). Nossa união com Cristo

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em Sua ressurreição nos impulsiona à “novidade de vida” (Rm 6:4), que não é nada menos que “a
vida escatológica da era vindoura. Os cristãos foram alcançados por essa vida e o estilo de vida
deles é transformado por ela” (Ivan Blazen, Tratato de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 333).
É sob essa percepção que todos nós vivemos dentro do poder do reino de Deus. Desse modo,
o chamado para nos considerarmos “mortos para o pecado” (Rm 6:11) e não permitir que o pe-
cado “reine” ou tenha “domínio sobre [nós]” (Rm 6:12, 14) não é saudoso idealismo. Esses são im-
perativos arraigados na vinda salvadora e histórica de nosso Senhor; portanto, há um potencial
real para vivermos como “servos da justiça”, em vez de ser “escravos do pecado” (Rm 6:17, 18).
Pense nisto: Como o conhecimento de que vivemos em uma nova era escatológica nos mo-
tiva a recusar o pecado e a viver para Deus? Como essa perspectiva nos protege
de (1) dar desculpas para o pecado em nossa vida e (2) de esquecer que a salva-
ção é um presente?

II. Lei versus graça


(Recapitule com a classe Rm 6:14.)
Por razões óbvias, o contraste de não estar “debaixo da lei, e sim da graça” tem sido um pon-
to de divergência entre o adventismo e outras denominações cristãs. Sabemos pelo menos o
que Romanos 6:14 não ensina, com base na pergunta retórica de Paulo: “Havemos de pecar
porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!” (Rm 6:15). Esse verso
não quer dizer que devemos seguir pecando indiscriminadamente. Mas o que ele significa? Re-
correr ao conceito das “duas eras”, mencionado anteriormente, pode ser útil nesse contexto.
Relacionar a experiência do “velho homem” (Rm 6:6) à lei e a experiência do “novo ho-
mem” à graça gera algumas ideias. Em Romanos, Paulo menciona várias vezes o triunvirato lei–
pecado–morte (Rm 5:12, 13, 20, 21; 7:5, 9-11, 13, 23, 24; 8:2). É provável que, ao utilizar qualquer
um dos três, ele estivesse se referindo à dinâmica entre todos eles. Por exemplo, Paulo falou
acerca de estar “morto para o pecado” por meio da morte de Cristo tão facilmente como falou de
estar “morto para a lei” por intermédio da morte de Cristo (Rm 6:2; 7:4). O relacionamento natu-
ral entre lei–pecado–morte é tão íntimo que em um momento Paulo enfatizou que a lei não é
pecado (Rm 7:7). O trio foi repetido no clímax de seu argumento, quando ele declarou que em
Cristo Jesus estamos livres “da lei do pecado e da morte” (Rm 8:2).
Assim, na experiência do velho homem o pecado se aproveita da lei para produzir a morte
(Rm 7:5, 8). Essa experiência é dominada pela carne, de modo que, ainda que possua o código
escrito, predomina a transgressão (Rm 7:5, 6; 2:27). A experiência da graça se tornou possível
por meio da morte e ressurreição de Cristo; ela é preenchida com o Espírito, sincera obediên-
cia à lei e justiça (Rm 2:27-29; 6:4, 17-23; 7:6; 8:1-4). Essa perspectiva pode nos ajudar a com-
preender a razão pela qual Paulo declarou que “o pecado não terá domínio sobre [nós]; pois
não [estamos] debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6:14).
Perguntas para discussão
1. Podemos ter certeza de que o fato de não estarmos mais “debaixo da lei” não resultará
em desobediência?
2. Como você explicaria, com base em Romanos, que estar “debaixo da graça” significa que
o domínio do pecado foi interrompido?

90 Salvação somente pela fé: o livro de Romanos

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