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SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (PARTE 1)

Profª Ma. Tatiane Santos Couto de Almeida

VOLTANDO NO TEMPO...

Estado autoritário, controlador, centralizador

Sistema de Saúde

 Fragmentado
 Restrição do acesso
 Ausência de participação da sociedade nas políticas públicas

SUS: ‘Política de Estado’ edificada por forças sociais

 Reforma Sanitária Brasileira


o Concepção ampliada do conceito de SAÚDE, além de ser entendida como
direito inalienável
 8ª Conferência Nacional de Saúde e Constituição Federal de 88 incorporam a
proposta de criação do SUS

Constituição Federal de 1988: um novo ideário reformador para construção de um


novo Sistema de Saúde

 Garantia de acesso universal;


 Novo conceito de saúde definido como direito;
 Serviços de saúde reestruturados de modo a priorizar ações de caráter coletivo
e preventivo em detrimento das ações de cunho individual e curativo, até então
predominantes.

POR QUE SISTEMA ÚNICO?

 Segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o


território nacional, sob a responsabilidade das três esferas autônomas de
governo federal, estadual e municipal;
 O SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um sistema que significa um
conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum;
 Esses elementos integrantes do sistema referem-se ao mesmo tempo, às
atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde.

Déc. 90: marco na história da saúde no Brasil.


1990 - Lei 8.080

 Instituiu o SUS, com comando único em cada esfera de governo;


 Municípios como executores das ações e serviços de saúde, com cooperação técnica
e financeira dos Estados e da União.

 LEI FEDERAL 8.080/90

Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a


organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.

Art. 2º → “A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover


as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§1º - O dever do Estado de garantir a saúde consiste na reformulação e execução de


políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros
agravos no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e
igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.”

SUS: Conjunto de ações e serviços de saúde prestado por órgãos e instituições


públicas federais, estaduais e municipais e, em caráter complementar, a iniciativa
privada poderá integrar-se ao Sistema (BRASIL, 1990).

SUS: PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

PRINCÍPIOS

Base de conformação do Sistema de Saúde e se constituem valores que orientam as


ações e as políticas de saúde do país.

 UNIVERSALIDADE

o “A saúde é direito de todos e dever do Estado” (Art. 196, CF 88);


o Universalização: ampliar a cobertura das ações e serviços e torná-los acessíveis
à população, eliminando barreiras econômicas e socioculturais entre a
população e os serviços (TEIXEIRA; SOUZA; PAIM, 2014);
• Barreiras econômicas: municípios de baixo desenvolvimento econômico ou
população que não dispõe de meios para ter acesso aos serviços;
• Barreiras socioculturais: comunicação entre profissionais de saúde e usuários.

 EQUIDADE

o Investimento onde há maior iniquidade, para o alcance da igualdade de


oportunidades e garantia de condições de vida e saúde mais iguais;
o A luta pela equidade deve ser bidirecional (TEIXEIRA; SOUZA; PAIM, 2014):
• Reorientação do fluxo de investimento dos serviços de saúde;
• Reorientação das ações no nível local, considerando as carências e o perfil
epidemiológico da população.
 INTEGRALIDADE

o Unidades com recursos e profissionais capacitados para a produção das ações


de saúde que envolvam: (TEIXEIRA; SOUZA; PAIM, 2014)

• Promoção da saúde
• Ações de Vigilância para o controle de riscos
• Detecção precoce de doenças
• Diagnóstico, tratamento e reabilitação

DIRETRIZES

Estratégias para atingir os objetivos do sistema;

Diretrizes políticas, organizativas e operacionais que apontam como deve ser


construído o SUS.

 DESCENTRALIZAÇÃO

o O SUS deve se organizar a partir da descentralização, com direção única em


cada esfera de governo (Art. 198, CF 88);
o Distribuição do poder político, responsabilidades e recursos entre as esferas.

 REGIONALIZAÇÃO

o Serviços organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente,


dispostos em área geográfica delimitada e com definição da população a ser
atendida;
o Capacidade em oferecer a uma determinada população todas as
modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tipo de tecnologia
disponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade;
o Quanto mais próximo o sistema tiver da população, maior será a capacidade
em identificar as necessidades de saúde.

 HIERARQUIZAÇÃO

o Organização da rede de serviços de acordo com o grau de densidade


tecnológica, compreendendo o Sistema de Referência e Contrarreferência.

 PARTICIPAÇÃO SOCIAL

o Marco histórico da RSB e 8ª CNS e bandeira de luta;


o A participação popular se dá por meio dos Conselhos e Conferências de
Saúde (BRASIL, 1990);
• Os Conselhos devem atuar na formulação das políticas públicas e exercer o
controle social (BRASIL, 2012);
• As Conferências devem avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para
a formulação de políticas (BRASIL, 1990).
LEI FEDERAL 8.142/90

Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências


intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.

Cada esfera de governo deve contar com instâncias colegiadas com participação da
comunidade:

 Conselhos de Saúde
 Conferências de Saúde

Conselhos de Saúde

 Possuem caráter permanente e deliberativo;


 Atuam na formulação de estratégias e no controle da execução da política de
saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros;
 Composição paritária: usuários (50%), profissionais de saúde (25%) e
representantes do governo, prestadores de serviço (25%).

Conferência de Saúde

 Reúne-se a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais;
 Avalia a situação de saúde e propõe diretrizes para a formulação da política de
saúde nos níveis correspondentes;
 Composição também paritária;
 Conferências Nacionais são precedidas das Estaduais e estas das Municipais.

RESPONSABILIDADES DOS ENTES

União

 A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde;


 Principal financiador da rede pública de saúde;
 Formula políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações;
 Planeja, elabora normas, avalia e utiliza instrumentos para o controle do SUS.

Estados e Distrito Federal

 Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde;


 Aplica recursos próprios e os repassados pela União, inclusive para os municípios;
 Além de ser um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o
Estado formula suas próprias políticas de saúde;
 Coordena e planeja o SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal.

Municípios
 Responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde no âmbito do seu
território;
 Aplica recursos próprios e os repassados pela União e pelo estado;
 Formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos parceiros para a
aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde;
 Coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a normatização federal;
 Pode estabelecer parcerias com outros municípios para garantir o atendimento
pleno de sua população, para procedimentos de complexidade que estejam acima
daqueles que pode oferecer.

COMPLEMENTARIEDADE DO SETOR PRIVADO

Quando por insuficiência do setor público, for necessário a contratação de serviços


privados:

 A celebração de contrato conforme as normas de direito público (interesse público


prevalecendo sobre o particular);
 A instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas
técnicas do SUS;
 A integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS,
em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços.

QUEM É USUÁRIO DO SUS?

COMO O SUS É PERCEBIDO PELA MAIORIA DA POPULAÇÃO?

 Multiplicidade de experiências negativas vivenciadas pelos usuários que sofre com a


insuficiência de recursos, falta de coordenação ou má qualidade dos serviços prestados
em muitos municípios;
 A forma como esses problemas são absorvidos pelos meios de comunicação, reforça o
senso comum que tende a desvalorizar o que é público, entendido como “inferior” e
para “pobres”.

REFERÊNCIAS

 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado, 1988.
 _______. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 19 set. 1990a. Seção 1.
 _______. Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 dez. 1990b.
Seção 1.
 VASCONCELOS, C. M.; PASCHE, D. F. O SUS em perspectiva. In: CAMPOS, G. W. S.
e col. (Orgs.). Tratado de Saúde Coletiva, 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 2012.
 TEIXEIRA, C. Os princípios do sistema único de saúde. Texto de apoio elaborado
para subsidiar o debate nas Conferências Municipal e Estadual de Saúde.
Salvador, Bahia, 2011.
 TEIXEIRA, C. F.; SOUZA, L. E. P. F.; PAIM, J. S. Sistema Único de Saúde (SUS): a
difícil construção de um sistema universal na sociedade brasileira. In: PAIM, J.
S.; ALMEIDA-FILHO, N. (orgs.). Saúde Coletiva: teoria e prática. 1. ed. Rio de
Janeiro: MedBook, 2014, p.121-137.

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