O autor (Silvio Almeida) após se inserir ativamente no movimento negro passou a reparar a quantidade de negros que estavam em um determinado ambiente e qual papel eles ocupavam. Ele cita como exemplo sua experiência acadêmica como advogado e professor de direito, em que na maioria das vezes ele era o único negro a ocupar um papel mais relevante. No entanto, naquela mesma situação ele percebia que os cargos de menor prestigio social, como os seguranças e faxineiros eram em sua maioria ocupados por pessoas negras. Mas por que isso ocorre? O autor formula 4 respostas para essa pergunta: 1- negros são menos aptos para a vida acadêmica; Racismo escancarado – porque não tem nada haver aptidão acadêmica com a cor da pele 2- essa situação ocorre por causa da escolha dos próprios negros, uma vez que, eles assim como todo mundo, são livres para escolher o que querem para si; Racismo velado- por que essa proposição culpabiliza os próprios negros de sua situação, retirando toda a culpa do Estado e da estrutura social 3- pessoas negras, em virtude de processos históricos e sociológicos, tem menos acesso à educação e por consequência ocupam cargos de menor prestigio social; 4- pessoas negras estão sob o domínio de uma supremacia branca que predomina todas as esferas de poder e relevância social. - 3 e 4: são meias verdades, porque elas não mostram de fato o porquê pessoas não brancas não possuem tanto acesso a educação e o por que pessoas brancas estão sempre rodeadas de privilégios. * o ponto que todas essas respostas possuem em comum, é que todas elas já foram em algum momento status de ciência. Então porque é anormal uma criança branca estar perdida na rua, mas o mesmo não ocorre com uma criança negra? Porque a maior parte da população carcerária é negra? e por que os próprios negros normalizam o racismo? - Só e possível entender o porquê isso acontece, quando compreendemos o racismo enquanto processo político e histórico, é também uma constituição de subjetividades, onde os indivíduos tem sua consciência de algum modo conectada as práticas sociais. O racismo se perpetua quando: 1 – produz-se um sistema de ideias que fornecem explicação ‘’ racional’’ para a desigualdade racial. 2 – constituir sujeitos que não se abalam diante de situações discriminatórias e da violência racial, e que acreditam ser normal a existir brancos e não brancos. Racismo, Ideologia, Estrutura Social Para as visões que consideram o racismo um fenômeno da estrutura social, acredita-se que o racismo como uma ideologia molda o inconsciente. Assim na vida cultural e política, na qual os sujeitos formam seus laços e afetos, é formada por clivagens raciais (divisões raciais), que normalizam o racismo na estrutura social e passando muitas vezes despercebido. 2 pontos de vistas que o autor expõe para entender melhor o racismo na estrutura social: O primeiro mostra que o racismo é composto por um complexo imaginário, que a todo momento é reforçado pela indústria cultura, meios de comunicação e pelo sistema educacional. Depois de muitos anos é normal visualizarmos a mulher negra como empregada, o home negro como bandido ou mais ingênuo, enquanto o homem branco é caracterizado como alguém racional, e dotados de valores. A escola reafirma isso ao apresentar um mundo em que os negros não possuem muitas contribuições históricas, a não ser comemorar sua liberdade que aconteceu graças a uma pessoa branca. - A partir do momento em que entendemos que essa visão sobre a sociedade, não é de fato o que acontece na realidade e sim como nos comportamos diante dessa realidade. É por isso que é tão importante debater, pois sem as críticas e questionamentos a discriminação passaria despercebida. Já o segundo ponto de vista vai levantar novamente o questionamento do por que os próprios negros normalizam o racismo que sofrem. Para compreendermos essa situação é necessário entender que os negros sempre estiveram submetidos a uma forte pressão social, decorridas da internalização de ideias como as clivagens raciais, onde brancos mandam e negros obedecem e que como já pontudas anteriormente estão a todo momento sendo reafirmas pela mídia. Racismo, Ciência e Cultura Inicialmente é importante aceitar o papel da ciência como uma autoridade, que é pouco contestada por pessoas fora de seu meio. É natural da ciência produzir um discurso mais autoritário sobre o que é a verdade. Também não se pode desprezar o papel de filósofos e cientistas para a construção de processos históricos opressores como o nazismo, colonialismo e apartheid, uma vez que, a ciência impera não só por seus argumentos mas também por causa de seus recursos matérias. - No Brasil, durante o Estado Novo o discurso socioantropologico da democracia racial seria parte de um sistema de ideias onde cultura e ciência se fundiram. As academias de direito, faculdades de medicina e museus históricos ajudaram muito a propagar ideias racistas, já que naquela época era muito raro ver negros ocupando essas áreas de maior prestigio social. Outro ponto importante racismo cientifico e a relação entre raça e biologia. Durante o desenvolvimento do capitalismo e dos avanços tecnológicos, surgiu um tratamento mais velado da questão racial. Esse tratamento mais diferenciado, se deu na verdade não baseados nas mudanças internas da sociedade e sim por causa das mudanças da estrutura econômica. - Nessa nova fase, onde as sociedades globalizadas avançaram, há uma quebra na visão do racismo como a destruição de corpos e culturas, agora surge a ideia de domesticação desse povo. Nesse momento a cultura dos negros e indígenas, deixa de ser destruída e passa a ser vista como uma fonte bastante lucrativa, em virtude de seu exotismo e sua diversidade. Dessa forma, tornou-se mais frequente na literatura, nas artes e no cinema a representação da cultura negra, não com um fim de fortalecer o movimento mas motivado principalmente pelos seus lucros.