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prova biomarcadores

I-
Os despejos urbanos podem conter micropoluentes biológicos que são organismos
patogênicos vindos das fezes e urina, como bactérias, vírus, protozoários e vermes e da
classe química, vindos de fármacos, como seus metabólitos, anticoncepcionais e
antibióticos. O despejo industrial contém elementos da classe da poluição física, como
resíduos sólidos como sedimentos e rejeitos vindos na metalurgia, refinaria, papel e
celulose e da classe dos químicos, com os fertilizantes e metais pesados. Os rejeitos da
agropecuária incluiriam poluentes da classe biológica, por conta das fezes dos animais, da
classe dos químicos, com fertilizantes, hormônios e agrotóxicos e da classe física, com
restos da plantação como galhos e folhas. Então ao total temos micropoluentes e
contaminantes biológicos, vindos de urina e fezes em geral, de humanos ou animais,
químicos, como fármacos, fertilizantes, metais pesados e agrotóxicos e físicos, com
resíduos sólidos como sedimentos e rejeitos tanto da indústria como das plantações.

II-
Um biomonitoramento tem o objetivo de chegar a um diagnóstico da condição da água, para
dizer se ela é própria para consumo ou não e mostrar o porquê se ela não o for. O primeiro
passo do biomonitoramento é a análise química da água, fazendo coletas de amostras em
várias regiões do reservatório, a fim de ter uma noção mais completa do todo.
Como a água será para consumo, a análise biológica da água é essencial, a fim de procurar
microrganismos patogênicos, mas também serão procurados outros
contaminantes/poluentes como metais pesados e resíduos em geral, levando em
consideração a literatura, a fim de comparar o que já se sabe que determinado poluente é
capaz de fazer a um organismo vivo. A partir dessa análise preliminar, a segunda fase pode
ser feita, que é a análise dos parâmetros físico-químicos, que unindo os resultados
anteriores, junto com as outras características da água, como pH, temperatura, alcalinidade,
é possível predizer a biodisponibilidade dos poluentes/contaminantes, que é essencial para
retirar esse dados da teoria e ir para a parte biológica da análise, que é usando
biomarcadores. Biomarcadores são alterações que podem ser encontradas em organismos
vivos, causadas por elementos poluentes. Então após tirar amostras da água, analisar,
comparar com a literatura e tentar predizer a biodisponibilidade dos
poluentes/contaminantes encontrados usando os parâmetros físico-químicos da mesma, a
fauna desse ambiente deve ser analisada, se nela houver alguma. Se existirem animais que
naturalmente estão em contato com água e se ao serem analisados em laboratório
apresentam alguma alteração, seja física, comportamental, fisiológica, enfim, isso indica
que sim, a água possui a capacidade de afetar seres humanos de forma semelhante, sendo
assim, não é recomendada para consumo. Se não houver fauna de nenhum tipo, isso
também é um indicativo que ela não deve ser usada para consumo, afinal nenhum animal
consegue sobreviver no ambiente. Bioindicadores também podem ser usados, que são
animais que são sensíveis a poluentes, sendo assim, indicam a qualidade da água. Para
isso uma análise da fauna deve ser feita, mas o ideal seria se a fauna desse reservatório já
tivesse sido estudada antes da exposição aos poluentes e contaminantes, a fim de saber se
houve alguma população que aumentou ou diminuiu de quantidade.

III-
Acredito que a melhor forma de definir realmente os riscos para os seres humanos seria
pegar grupos de peixes que se adaptariam à temperatura da água e clima do reservatório,
e, usando eles mesmos como controles, ou seja, sabendo que antes de entrarem em
contato com água eles estão em condições perfeitas, devidamente pesados e identificados,
eles seriam colocados em gaiolas amplas dentro do reservatório por um período de tempo
agudo - menos que 30% da vida dele -, afinal o reservatório não será usado para consumo
por tempo indeterminado, somente até o tempo de seca acabar, e após esse período, que
dependerá da espécie dos peixes, eles seriam retirados, sacrificados e seus tecidos seriam
analisados, como o fígado, cérebro, gônadas e guelras, a fim de verificar quaisquer
mudanças. As análises do fígado teriam como objetivo verificar os danos que a
metabolização desses poluentes causam, do cérebro seria para analisar danos
neurológicos que metais pesados, agrotóxicos e fertilizantes costumam causar, as gônadas
para analisar os efeitos dos hormônios e anticoncepcionais e as guelras para analisar
mudanças morfológicas das células, que conhecidamente podem ser causadas pela maioria
dos poluentes citados acima.

IV-
Nosso mundo está mudando drasticamente. Quanto mais o ser humano “evolui”, mais a
Terra sucumbe e isso é facilmente visto pelo número de corpos de água potável que estão
sendo poluídos e contaminados, por descuido, nos deixando com cada vez menos opções
puras de verdade. Poluído, ou seja, com substâncias, moléculas, que já conhecemos e
sabemos o que fazem ou contaminado - com substâncias que não sabemos ainda o que
fazem: não importa. O resultado é o mesmo, menos opções de água realmente potável,
água que cura e não que mata.
O modo que o desenho experimental foi feito teve como objetivo identificar quaisquer
alterações nos peixes feitas pela água, a fim de definir quais possíveis efeitos seriam vistos
em humanos também expostos a ela. Os prós desse modo de experimento seriam a
proximidade com o natural, com os peixes em contato direto com a água, seu clima e
ambiente e sua simplicidade, sendo reprodutível e os resultados são facilmente
compreensíveis para alguém leigo e seus contras é não saber exatamente quais poluentes
fizeram determinada alteração - claro, comparando com a literatura, seria possível ter uma
ideia, mas não teria uma certeza absoluta, afinal são muitos poluentes - e a grande
quantidade de variáveis possíveis, por não ser um ambiente completamente controlado.
Analisando os prós e contras, seria possível chegar a uma resposta se a água pode ser
consumida ou não e esse era o objetivo do estudo. Como dito, seria necessária a consulta
da literatura para embasar ainda mais os resultados, usando por exemplo estudos sobre
metais pesados, que já foram encontrados em populações humanas, como ribeirinhos que
consumiam carne de peixes com metais pesados - adquiridos a partir do ambiente, que
recebeu cargas de mercúrio a partir da mineração e pela alimentação dos próprios peixes,
pela biomagnificação. Nesses estudos, o mercúrio pode ser encontrado a partir de análises
químicas e microscopia eletrônica. Outra comprovação que há realmente perigo em
consumir essa água seria que já foram encontrados efeitos mutagênicos em pessoas que
entraram em contato com determinados agrotóxicos vindos de plantações. Em conclusão,
se achados os elementos que foram sugeridos, a água não deve ser consumida e nem seus
peixes ou outros animais da região devem ser consumidos, pelo risco de ocorrer a
biomagnificação e a biacumulação.

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