Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abaetetuba-PA
2007
SUMÁRIO
1 Introdução ao estudo dos recursos hídricos...........................................................................................1
2 Ciclo hidrológico, balanço hídrico e vazões de cursos de água.............................................................4
2.1 Resposta de uma bacia hidrográfica...............................................................................................5
2.2 Balanço Hídrico .............................................................................................................................7
2.2.1 Generalidades .......................................................................................................................7
2.2.2 Importância da água, de sua quantidade: Balanço Hídrico Mundial.....................................7
2.2.3 Balanço Hídrico – Conceitos e Aplicações...........................................................................9
2.3 Extensões de Séries de Vazões.....................................................................................................11
2.3.1 Utilização de fórmulas de correlação..................................................................................12
2.3.2 Utilização do Balanço Hídrico............................................................................................13
2.4 Vazões de cursos de água.............................................................................................................16
3 Bacias hidrográficas: conceito, classificação e elementos físicos .......................................................22
3.3 Delimitação da bacia ....................................................................................................................24
3.4.1 Forma da Bacia...................................................................................................................26
3.4.2 Relevo.................................................................................................................................28
3.4.3 Padrões de drenagem ..........................................................................................................32
3.4.4 Cobertura vegetal da bacia..................................................................................................35
3.5 Características Geológicas ...........................................................................................................35
3.6 Transporte de Sedimentos ............................................................................................................36
3.7 Características Térmicas ..............................................................................................................36
3.8 Ocupação e Uso do Solo ..............................................................................................................36
4 Bacias regionais brasileiras .................................................................................................................38
4.1 Região Hidrográfica Amazônica..................................................................................................38
4.2 Região Hidrográfica Tocantins–Araguaia....................................................................................39
4.3 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental .....................................................................40
4.4 Região Hidrográfica Parnaíba ......................................................................................................40
4.5 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental........................................................................40
4.6 Região Hidrográfica São Francisco..............................................................................................41
4.7 Região Hidrográfica Atlântico Leste............................................................................................41
4.8 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste........................................................................................42
4.9 Região Hidrográfica Paraná .........................................................................................................42
4.10 Região Hidrográfica Atlântico Sul ...............................................................................................43
4.11 Região Hidrográfica Uruguai .......................................................................................................43
4.12 Região Hidrográfica Paraguai ......................................................................................................43
5 Usos Múltiplos, Classificação, Parâmetros e Índices de Qualidade dos Recursos Hídricos ...............45
5.1 Usos múltiplos da água ................................................................................................................45
5.1.1 Abastecimento humano ......................................................................................................45
5.1.2 Abastecimento industrial ....................................................................................................46
5.1.3 Irrigação..............................................................................................................................46
5.1.4 Geração de energia elétrica.................................................................................................47
5.1.5 Navegação ..........................................................................................................................47
5.1.6 Diluição de despejos...........................................................................................................48
5.1.7 Preservação da flora e fauna ...............................................................................................48
5.1.8 Aqüicultura .........................................................................................................................48
5.1.9 Recreação ...........................................................................................................................48
5.1.10 Usos diversos da água e conflitos .......................................................................................49
5.2 Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA e a classificação dos corpos de água..................50
5.3 Parâmetros de qualidade da água .................................................................................................52
5.3.1 Parâmetros físicos...............................................................................................................52
5.3.2 Parâmetros químicos...........................................................................................................56
5.3.3 Parâmetros biológicos.........................................................................................................72
5.4 Índices da qualidade da água........................................................................................................74
5.4.1 Índice usado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB)..............74
6 Principais fontes e processos poluidores dos recursos hídricos...........................................................79
6.1 Tipos de poluição .........................................................................................................................80
6.1.1 Poluição natural ..................................................................................................................80
6.1.2 Poluição industrial ..............................................................................................................80
6.1.3 Poluição urbana ..................................................................................................................81
6.1.4 Poluição agropastoril ..........................................................................................................81
6.2 Quantificação de cargas poluidoras..............................................................................................82
6.2.1 Cargas Geradas por Esgotos Domésticos ...........................................................................84
6.2.2 Características de efluentes industriais ...............................................................................85
7 Modificações naturais dos recursos hídricos degradados....................................................................88
7.1 Demanda Bioquímica de Oxigênio ..............................................................................................91
7.2 Oxigênio Dissolvido.....................................................................................................................93
7.3 Modelagem Matemática da Qualidade da Água ..........................................................................96
7.3.1 Modelo de Streeter-Phelps..................................................................................................97
7.3.2 Modelo QUAL2E ............................................................................................................. 100
7.4 Formas de Controle da Poluição por Matéria Orgânica ............................................................. 101
8 Ocorrência, movimento e aproveitamento dos recursos hídricos subterrâneos ................................. 104
8.1 Funções dos Aqüíferos ............................................................................................................... 106
8.1.1 Função estocagem e regularização ................................................................................... 106
8.1.2 Função filtro ..................................................................................................................... 106
8.2 A Gestão Sustentável da Água ................................................................................................... 106
8.3 O Papel Estratégico das Águas Subterrâneas ............................................................................. 107
8.4 A Gestão das Águas Subterrâneas.............................................................................................. 108
9 Aspectos Legais sobre a gestão dos aos recursos hídricos no Brasil................................................. 114
9.1 Dos fundamentos, dos objetivos e das diretrizes gerais de ação da Política Nacional de Recursos
Hídricos ................................................................................................................................................ 116
9.2 Dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.................................................... 117
9.2.1 Os planos de recursos hídricos ......................................................................................... 117
9.2.2 O enquadramento dos corpos de água .............................................................................. 119
9.2.3 A outorga de direito de uso de recursos hídricos.............................................................. 119
9.2.4 A cobrança pelo uso de recursos hídricos......................................................................... 122
9.2.5 O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos ........................................................ 124
9.2.6 A compensação a Municípios ........................................................................................... 124
9.3 O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) .............................. 125
9.3.1 O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) ...................................................... 126
9.3.2 A Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) ........................................................................ 127
9.3.3 A Agência Nacional de Águas (ANA) ............................................................................. 127
9.3.4 Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CERH) ........................................................ 128
9.3.5 Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH) .............................................................................. 128
9.3.6 Agências de Água e entidades delegatárias ...................................................................... 129
9.3.7 Demais componentes do SINGREH................................................................................. 130
9.4 Legislação de Recursos Hídricos do Estado do Pará.................................................................. 133
10 Regularização de vazões e controle de enchentes e inundações dos cursos de água......................... 134
10.1 Regularização de vazões ............................................................................................................ 134
10.2 Controle de enchentes e inundações........................................................................................... 135
10.2.1 Definição .......................................................................................................................... 135
10.2.2 Causas............................................................................................................................... 135
10.2.3 Distribuição das enchentes e inundações durante o ano ................................................... 135
10.2.4 Métodos de combate às enchentes .................................................................................... 136
11 Sistemas cartográficos informatizados de bacias hidrográficas ........................................................ 138
11.1 Exemplo de um sistema cartográfico no software ArcView 3.2 da Bacia do Alto Iguaçu (Paraná)
................................................................................................................................................... 139
12 Referências Bibliográficas ................................................................................................................ 140
1
Precipitação
A precipitação compreende toda a água que cai da atmosfera na superfície da Terra.
As principais formas são: chuva, neve, granizo e orvalho. A precipitação é formada a
partir dos seguintes estágios:
Resfriamento do ar à proximidade da saturação
Condensação do vapor de água na forma de gotículas
Aumento do tamanho das gotículas por coalizão e aderência até que
estejam grandes o suficiente para formar a precipitação
5
Escoamento superficial
A precipitação que atinge a superfície da Terra tem dois caminhos por onde seguir:
escoar na superfície ou infiltrar no solo. O escoamento superficial é responsável pelo
descolamento da água sobre o terreno, formando córregos, lagos e rios e eventualmente
atingindo o mar. A quantidade de água que escoa depende dos seguintes fatores
principais:
Intensidade da chuva
Capacidade de infiltração do solo
Infiltração
A infiltração corresponde à água que atinge o solo, formando os lençóis de água. A
água subterrânea é grandemente responsável pela alimentação dos corpos de água
superficiais, principalmente nos períodos secos. Um solo coberto com vegetação (ou
seja, com menor impermeabilização advinda, por exemplo, da urbanização) é capaz de
desempenhar melhor as seguintes importantes funções:
Menos escoamento superficial (menos enchentes nos períodos chuvosos)
Mais infiltração (maior alimentação dos rios nos períodos secos)
Menos carreamento de partículas do solo para os cursos de água
Evapotranspiração
A transferência da água para o meio atmosférico se dá através dos seguintes
principais mecanismos, conjuntamente denominados de evapotranspiração:
Evaporação: transferência da água superficial do estado líquido para o
gasoso. A evaporação depende da temperatura e da umidade relativa do ar.
Transpiração: as plantas retiram a água do solo pelas raízes. A água é
transferida para as folhas e então evapora. Este mecanismo é importante,
considerando-se que em uma área coberta com vegetação a superfície de
exposição das folhas para a evaporação é bastante elevada.
águas superficiais, originárias de qualquer ponto da área delimitada pelo divisor, saem
da bacia passando pela seção definida e a água que precipita fora da área da bacia não
contribui para o escoamento na seção considerada.
A maneira pela qual se dão as variações de vazão em uma seção em relação à chuva
precipitada é denominada resposta de uma bacia. Uma bacia responderá diferentemente
à tempestades de intensidade e duração diferentes, assim como com chuvas idênticas, se
a condição antecedente variar. Pode-se observar o comportamento da bacia em relação a
uma chuva específica, analisando o hidrograma no período, ou seja, o gráfico da vazão
versus o tempo. A Figura 3 mostra um exemplo de um hidrograma típico de cheia.
2.2.1 Generalidades
Quando se consideram as condições disponíveis no meio ambiente, torna-se
evidente que a humanidade, a civilização e a tecnologia estão sendo rapidamente
ameaçadas em seus limites de desenvolvimento. Os limites resultam das reservas
naturais de matérias-primas, produção de alimentos e energia e o suprimento de água
potável. Em um planejamento sistemático para o futuro, o suprimento e a demanda de
água devem ser consideradas conjuntamente de forma a se equilibrar esse balanço, com
a ajuda da qual será possível o desenvolvimento do homem e do mundo.
onde:
I é a vazão de entrada;
Q é a vazão de saída;
dS/dt é a variação no armazenamento do sistema por unidade de tempo.
A vazão de saída não pode ocorrer até que se acumule água a uma profundidade
mínima para fornecer carga necessária ao escoamento, mas devido à intensidade da
chuva, a profundidade da água retida (retenção superficial) aumenta. Com o cessar da
precipitação, a água retida na superfície se transforma em vazão de saída do sistema. No
10
P = E + D + R +U (2)
onde:
D pode significar o escoamento superficial ou subterrâneo;
R é o armazenamento temporário de água no solo;
U é a água utilizada física ou quimicamente.
11
P = E +Q (3)
Em = P − cP 2 (4)
1
c= (5)
(0,8 + 0,14T )
Esta fórmula se aplica para P compreendido entre (1/8c) e (1/2c).
13
∑ P = ∑Q + ∑ E + ∑ R ≅ ∑Q + ∑ E (8)
Nota-se que o último termo da equação, que representa a soma das quantidades
acumuladas a cada ano, tende a se anular com o aumento dos termos da somatória, pois
o nível médio das águas subterrâneas permanece constante. Então:
Em = ∑ E / T = (∑ P − ∑ Q) / T (9)
P=E+Q+R (11)
R=P–Q–E (12)
R = P – Q – Em (13)
Vale observar ainda que 1 mm de precipitação significa uma unidade de volume que
equivale para esta bacia (área = 630 km2) e V = 0,001.630.106 = 0,63 milhões de m3.
probabilidade da ocorrência de uma vazão superior é 1/N, para a segunda maior vazão é
2/N, e assim por diante, até se ter a menor vazão, que tem associada a ela a
probabilidade de excedência de N/N=1.
Na coluna de probabilidades, procura-se o valor mais próximo a 0,90 (90%). A
vazão associada a ela é a vazão Q90 (90% das vazões são iguais ou superiores, e 10%
são inferiores). Como as medições são diárias, pode-se dizer que, em 90% do tempo
tem-se vazões iguais ou superiores à vazão Q90.
Pode-se também determinar facilmente os valores de Q90 (ou Q95), sem a
necessidade do ordenamento dos dados e dos cálculos das probabilidades, utilizando as
funçõA vazão Q7,10 tem sido utilizada em diversas legislações ambientais de proteção da
qualidade de corpos de água, bem como em estudos de abastecimento de água e outorga
pelo uso da água.
A vazão Q7,10 pode ser entendida como o valor que pode se repetir,
probabilisticamente, a cada 10 anos (período de retorno de 10 anos), compreendendo a
menor média obtida em 7 dias consecutivos. Assim, em cada ano da série histórica,
precede-se à análise das 365 médias diárias de vazão. Seleciona-se, em cada ano, o
período de 7 dias consecutivos que resulta na menor média de vazão (média de 7
valores). Este é um conceito de média móvel, pois a média é calculada para 7 termos,
mas vai se movendo (dias 1 a 7; 2 a 8; dias 3 a 9 etc.). Com os valores da menor média
de 7 dias de cada ano procede-se a uma análise estatística de ajuste a uma distribuição
de freqüência, que permite interpolar ou extrapolar o valor para o tempo de retorno de
10 anos.
A razão de se ter, em cada ano, a menor média de 7 dias consecutivos, e não o
menor valor absoluto da vazão, visa a não tornar o critério excessivamente restritivo,
baseando-se em um único e menor valor de vazão. Desta forma, usa-se o conceito de
média móvel, que suaviza as séries históricas. No entanto, a influência do período de
duração da mínima é relativamente pequena, sendo que a maior influência está no
período de retorno. Isto porque, no período de seca, a variabilidade da vazão é bem
baixa, e os valores médios de 7 dias podem ser bem próximos ao menor valor
encontrado.
Usualmente a vazão Q7,10 é mais restritiva (menores valores) do que as vazões Q90 e
mesmo Q95. No entanto, a relação entre ela depende do regime hidrológico do curso de
água.
c) Período de retorno
19
Figura 7 - Exemplo de utilização de dados de vazão de uma bacia hidrográfica para outra bacia
Estação
flluviométrica
Rio 2
Lançamento
de esgotos
Rio 1
2
- Área de drenagem A2 (km )
2
- Descarga específica: x l/s.km 2
- Área de drenagem A1 (km )
2
- Descarga específica: x l/s.km
– Bacias Representativas
Tais bacias são definidas de forma que possam representar uma região homogênea.
São instrumentadas com aparelhos para monitoramento e registro dos eventos
hidrológicos e climáticos. Estas bacias são utilizadas para estudos hidrológicos sem que
haja alteração de suas características fisiográficas, em especial solo e cobertura vegetal,
que são mantidas estáveis. Assim sendo, há necessidade de grandes séries históricas em
especial de vazão e precipitação.
O principal objetivo de bacias representativas instrumentadas é produzir
informações hidrológicas e meteorológicas para toda uma região homogênea a que
pertencem. Além de longos períodos de análise são feitos estudos climáticos,
hidrogeológicos e pedológicos. Enfim, bacias representativas instrumentadas têm como
objetivos científicos, os seguintes estudos:
- avaliação detalhada dos processos físicos, químicos e biológicos do ciclo
hidrológico, necessitando-se de longas séries históricas e mínima alteração do meio;
- desenvolvimento de modelos para predição de eventos hidrológicos associados ao
escoamento superficial, água no solo e evapotranspiração da região homogênea, que a
bacia representa;
- análise dos efeitos de mudanças naturais de aspectos fisiográficos no ciclo
hidrológico.
– Bacias Experimentais
São bacias hidrográficas que visam basicamente a estudos científicos dos
componentes do ciclo hidrológico e eventuais influências de manejos neste. Neste caso,
pode-se produzir alterações intencionais nas características de uso do solo e vegetação
na bacia. Normalmente, por constituírem-se em áreas destinadas estritamente a
pesquisa, havendo-se necessidade de aquisição da área, o tamanho destas bacias não
ultrapassa 4 km2, sendo, portanto, de pequenas dimensões. Os principais objetivos das
bacias experimentais são:
- avaliar a influência de manejos como desmatamento e influência de diferentes usos
do solo na produção de erosão e no ciclo hidrológico;
- testar, validar e calibrar modelos de previsão hidrológica;
- treinamento de técnicos e estudantes com os aparelhos de medição hidrológica
(medidores de vazão, linígrafos, molinetes, etc) e climática;
- como em bacias representativas, estudos detalhados de processos físicos, químicos
e biológicos do regime hídrico das bacias;
24
Uma bacia elíptica, tendo a saída da bacia na ponta do maior eixo e, sendo a área
igual a da bacia circular, o escoamento será mais distribuído no tempo, produzindo
portanto uma enchente menor (Figura 11).
Figura 11 - Bacia elíptica e as características do escoamento nela originado por uma
precipitação uniforme
A
L= (16)
L
A
Kf = (17)
L2
A
A = π .R 2 → R = (18)
π
28
P
Kc = (19)
2πR
3.4.2 Relevo
Diversos parâmetros foram desenvolvidos para refletir as variações do relevo em
uma bacia. Os mais comuns são:
a) Declividade da bacia. Apesar de haver diversos métodos para estimar a
declividade da bacia, o mais comum é simular o da Equação 21, sendo que a diferença
de cota (H) deve se referir a toda bacia e não apenas ao canal. Há ainda o método das
quadrículas associadas a um vetor. Esse método é mais completo que o anterior e
consiste em determinar a distribuição percentual das declividades do terreno por meio
de uma amostragem estatística das declividades normais às curvas de nível em um
grande número de pontos na bacia. Esses pontos devem ser locados num mapa
topográfico da bacia por meio de um quadriculado que se traça sobre o mesmo.
b) Curva Hipsométrica. É a representação gráfica do relevo médio de uma bacia.
Representa o estudo da variação da elevação dos vários terrenos da bacia com referência
ao nível médio do mar. Essa variação pode ser indicada por meio de um gráfico que
mostra a porcentagem da área de drenagem que existe acima ou abaixo das várias
elevações. A curva hipsométrica pode ser determinada pelo método das quadrículas
descrito no item anterior ou planimetrandose as áreas entre as curvas de nível.
29
E=
∑ e.a (21)
A
S 31 / 2 =
∑L i
L (23)
∑ S i
i
onde
S i = Di (24)
sendo,
Di= declividade de cada trecho, logo:
32
2
S3 =
∑ Li (25)
Li
∑
Di
onde Li = distância real medida em linha inclinada
Como o ângulo y é menor que x, tem-se que o canal principal (ordem 2) passa a ser
o de cor azul.
a.2) Método de Strahler
- Cursos de água de 1ª Ordem: são todos os canais sem tributários, mesmo que
corresponda à nascente dos cursos de água principais;
- Cursos de água de 2ª Ordem: são formados pela união de 2 ou mais cursos de 1ª
ordem, podendo ter afluentes de 1ª;
- Cursos de água de 3ª Ordem: são formados pela união de 2 ou mais cursos de 2ª
ordem, podendo receber cursos de água de 2ª e 1ª ordens.
Da mesma forma, resume-se este método da seguinte maneira: um canal de ordem u
é formado por 2 canais de ordem u-1, podendo receber afluência de qualquer ordem
inferior. Observa-se que a subjetividade a respeito de nascentes deixa de existir neste
método. Pode-se analisar também que, o método de Horton apresentará um menor
número de canais. No exemplo anterior, a classificação seria dada da seguinte forma
(Figura 16):
Para uma bacia hidrográfica, a ordem principal é definida como a ordem principal
do respectivo canal. A Figura 17 mostra a ordenação dos cursos de água de uma bacia
hipotética.
Neste caso, a ordem principal da bacia é 3.
Densidade de Drenagem
A densidade de drenagem (D) é a razão entre o comprimento total dos cursos de
água em uma bacia e a área desta bacia hidrográfica. Um valor alto para D indicaria
uma densidade de drenagem relativamente alta e uma resposta rápida da bacia a uma
precipitação.
LT
D= (26)
A
onde LT é a extensão total dos cursos de água e A é a área da bacia hidrográfica.
Exemplo: A área da bacia é 115 km2, a extensão total dos cursos de água é 29 km. A
densidade de drenagem é, portanto:
35
LT 29
D= = = 0,25km / km 2
A 115
Segundo SWAMI (1975), índices em torno de 0,5 km/km2 indicaria uma drenagem
pobre, índices maiores que 3,5 km/km2 indicariam bacias excepcionalmente bem
drenadas.
que uma bacia coberta por uma floresta produziria menos escoamento superficial do que
uma bacia sem árvores.
O escoamento em telhados é outro exemplo do efeito do tipo de cobertura da bacia
sobre o escoamento. Durante uma precipitação, o escoamento em calhas de telhados
começa logo depois de iniciada a chuva. Telhados são superfícies impermeáveis,
inclinados e planos, portanto, com pouca resistência ao escoamento. O escoamento em
uma vertente gramada com as mesmas dimensões do telhado terá início bem depois do
escoamento similar no telhado. A vertente gramada libera água em taxas e volumes
menores porque parte da água será infiltrada no solo e devido a maior rugosidade da
superfície gramada, o escoamento será mais lento conclui-se então que o escoamento
em superfícies impermeáveis resulta em maiores volumes e tempos de deslocamento
menores do que o escoamento em superfícies permeáveis com as mesmas dimensões e
declividades.
Estes dois exemplos conceituais servem para ilustrar como o tipo de ocupação do
solo afeta as características do escoamento em uma bacia. Quando as outras
características da bacia são mantidas constantes as características do escoamento tais
como volume, tempo e taxas de vazões máximas podem ser bastante alteradas. Portanto,
o tipo de ocupação da bacia e uso do solo devem ser definidos para a análise e projeto
em hidrologia.
O tipo de cobertura e uso do solo é especialmente importante para a hidrologia.
Muitas questões problemáticas em projetos hidrológicos resultam da expansão urbana.
A percentagem do solo impermeabilizado é comumente usada como indicador do grau
de desenvolvimento urbano. Áreas residenciais com alta densidade de ocupação têm
taxas de impermeabilização variando entre 40 e 70%. Áreas comerciais e industriais são
caracterizadas por taxas de impermeabilização de 70 a 90%. A impermeabilização de
bacias urbanas não está restrita à superfície: os canais de drenagem são normalmente
revestidos com concreto, de modo a aumentar a capacidade de escoamento da seção
transversal do canal e remover rapidamente as águas pluviais. O revestimento de canais
é muito criticado, já que este tipo de obra transfere os problemas de enchentes de áreas à
montante do canal para áreas à jusante.
38
De sua área total, cerca de 3,8 milhões de km² encontram-se no Brasil, abrangendo
os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Amapá.
A bacia amazônica é formada pelo rio Amazonas e seus afluentes. Estes estão
situados nos dois hemisférios (no hemisfério norte e no hemisfério sul) e, devido a esse
fato, o rio Amazonas tem dois períodos de chuvas, pois a época das chuvas é diferente
no hemisfério norte e no hemisfério sul.
O Rio Amazonas nasce na cordilheira dos Andes, no Peru. Possui 6.868 km, sendo
que 3.165 km estão em território brasileiro. Sua vazão média é da ordem de 109.000
m³/s e 190.000 m³/s na estação de chuvas. É um rio típico de planície, ele e muitos de
seus afluentes são navegáveis, o que é muito importante para a população da Amazônia,
que se serve do rio como meio de locomoção.
O rio é divido em três partes:
ainda nos países andinos, recebe o nome de rio Marañón
ao entrar no Brasil, recebe o nome de rio Solimões
ao receber as águas do rio Negro passa a ser chamado de rio Amazonas
A largura média do rio Amazonas é de aproximadamente 5 quilômetros. Em alguns
lugares, de uma margem é impossível ver a margem oposta, por causa da curvatura da
superfície terrestre. No ponto onde o rio mais se contrai – o chamado "Estreito de
Óbidos" – a largura diminui para 1,5 quilômetro e a profundidade chega a 100 metros.
As terras amazônicas, como se disse, formam uma planície no sentido atual da
palavra, ou seja, um território formado pela sedimentação. A norte e a sul essa planície é
limitada pelos escudos das Guianas e Brasileiro, respectivamente. Uma divisão
elementar das terras da bacia amazônica permite classificá-las em:
várzeas: terras próximas ao rio, que são inundadas pelas enchentes anuais,
ou mesmo diariamente;
terras firmes: nunca são alagadas pelas enchentes.
A bacia do Paraguai pode ser dividida em duas regiões distintas: o Planalto, com
terras acima de 200 m de altitude, e o Pantanal, de terras com menos de 200 m de
altitude e sujeitas a inundações periódicas, funcionando como um grande reservatório
regularizados das azões dos rios da bacia.
Os biomas predominantes na bacia são o Cerrado (na região de planalto) e o
Pantanal. Em virtude da expansão das atividades agro-industriais e da mineração, os
desmatamentos vêm acentuando os processos de erosão, contribuindo para o
assoreamento dos rios da região, principalmente o Taquari e o São Lourenço, afluentes
do rio Paraguai.
O principal centro urbano localizado na região hidrográfica do Paraguai é a capital
matogrossense de Cuiabá.
45
5.1.3 Irrigação
A qualidade da água utilizada na irrigação depende do tipo de cultura a ser irrigada.
Por exemplo, para o cultivo de vegetais que são consumidos crus, a água deve estar
isenta de organismos patogênicos que poderão atingir o consumidor desse produto. Essa
água também deve estar isenta de substâncias que sejam tóxicas aos vegetais ou aos
seus consumidores.
47
5.1.5 Navegação
O transporte de carga e passageiros por via fluvial, lacustre e marítima é
freqüentemente uma alternativa bastante interessante sob o ponto de vista econômico.
Para isso, a água existente no meio deve estar isenta de substâncias que sejam
agressivas ao casco e condutos de refrigeração das embarcações e/ou que propiciem a
proliferação excessiva de vegetação, causando inconvenientes à navegação.
48
5.1.8 Aqüicultura
A criação de organismos aquáticos de interesse para o homem requer padrões de
qualidade da água praticamente idênticos aos necessários para preservação da flora e da
fauna, havendo possivelmente algumas consideraçõRecreação
Os corpos de água oferecem várias alternativas de recreação ao homem, seja por
meio de atividades como a natação e esportes aquáticos ou outras atividades como a
pesca e a navegação esportiva. O contato com a água pode ser primário, como o que
ocorre quando há um contato físico proposital com a água, como na natação. É evidente
49
Determinados usos dos recursos hídricos fazem com que parte da água que é
utilizada não retorne ao corpo de água do qual foi retirada. Tais usos são
denominados consuntivos. Exemplos de usos consuntivos são a irrigação (na
qual parte da água fornecida é retirada para a constituição da vegetação ou
sofre evapotranspiração), o abastecimento urbano (no qual existe uma perda
de água significativa durante o sistema de distribuição) e o abastecimento
industrial ( no qual também ocorrem perdas no sistema de distribuição ou
então incorporação da água ao produto manufaturado). Usos consuntivos em
geral conflitam com quaisquer outros usos em função da retirada da água que
provocam no sistema aquático.
Origem natural:
Decomposição da matéria orgânica (principalmente vegetais – ácidos húmicos e
fúlvicos)
Ferro e manganês
Origem antropogênica:
Resíduos industriais (ex: tinturarias, tecelagem, produção de papel)
Esgotos domésticos
Importância
Origem natural: não representa risco direto à saúde, mas consumidores
podem questionar a sua confiabilidade, e buscar águas de maior risco. Além
disso, a cloração da água contendo a matéria orgânica dissolvida responsável
pela cor pode gerar produtos potencialmente cancerígenos (trihalometanos –
ex: clorofórmio)
Origem industrial: pode ou não apresentar toxicidade
Utilização mais freqüente do parâmetro
Caracterização de águas de abastecimento brutas e tratadas
Unidade: uC (unidades de cor)
Interpretação dos resultados
Deve-se distinguir entre cor aparente e cor verdadeira. No valor da cor
aparente pode estar incluída uma parcela devido à turbidez da água. Quando
esta é removida por centrifugação, obtém-se a cor verdadeira.
Em termos de tratamento e abastecimento público de água:
águas com cor acima de 15 uC podem ser detectadas em um corpo de
água pela maioria dos consumidores
valores de cor da água bruta inferiores a 5 uC usualmente dispensam a
coagulação química; valores superiores a 25 uC usualmente requerem a
coagulação química seguida por filtração
águas com cor elevada implicam em um mais delicado cuidado
operacional no tratamento da água
Padrão de Potabilidade (=15 uC)
Em termos de corpos de água
Padrão para corpos de água
Turbidez
54
Temperatura
Conceito: Medição da intensidade de calor.
Origem natural:
56
H2CO3 H+ + HCO3-
HCO3- H+ + CO32-
Cálculo da alcalinidade:
Alcalinidade (mg/l) = 100 x {[(HCO3-)/(61x2)] + [(CO32-)/60] + [(OH-)/(2x17]}
Na faixa usual de pH, próxima à neutralidade, a maior contribuição para a
alcalinidade é dos bicarbonatos. Assim: Alcalinidade (mg/l) ≈ (HCO3-)/1,2
Acidez
Conceito: Capacidade de a água resistir às mudanças de pH causadas pelas bases. É
devido principalmente à presença de gás carbônico livre (pH entre 4,5 e 8,2).
Forma do constituinte responsável: Sólidos dissolvidos e gases dissolvidos (CO2,
H2S)
Origem natural:
CO2 absorvido da atmosfera ou resultante da decomposição da matéria
orgânica
Gás sulfídrico
Origem antropogênica
Despejos industriais (Ácidos minerais ou orgânicos)
Passagem da água por minas abandonadas, vazadouros de mineração e
borras de minério
Importância:
Tem pouco significado sanitário
Águas com acidez mineral são desagradáveis ao paladar, sendo recusadas
Responsável pela corrosão de tubulações e materiais
Utilização mais freqüente do parâmetro
Caracterização de águas de abastecimento (inclusive industriais) brutas e
tratadas
Unidade: mg/l de CaCO3 (também em miliequivalentes /l = equivalente/m3; os
valores são diferentes dos expressos em mg/l)
Interpretação dos resultados:
Em termos de tratamento e abastecimento público de água
O teor de CO2 livre (diretamente associado à acidez), a alacalinidade e o
pH estão inter-relacionados
pH > 8,2: ausência de CO2 livre
pH entre 4,5 e 8,2: acidez carbônica
61
Importância:
Alguns elementos e compostos, em baixas concentrações, são nutrientes para
seres vivos
Vários elementos e compostos, em determinadas concentrações, são tóxicos
para os habitantes dos ambientes aquáticos, para os consumidores da água e
para os microrganismos responsáveis pelo tratamento biológico dos esgotos
Utilização mais freqüente do parâmetro
Caracterização de águas de abastecimento brutas e tratadas
Caracterização de águas residuárias brutas e tratadas
Caracterização de corpos de água
Unidade: µg/l ou mg/l
Interpretação dos resultados:
Em termos do tratamento e abastecimento público de água
Atentar-se aos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portatira
Nº 518 do Ministério da Saúde (vários elementos e compostos)
Em termos de tratamento de águas residuárias
Em determinadas concentrações, podem causar inibição no tratamento
biológico de esgotos
Atentar-se aos padrões de lançamento estabelecidos pela Resolução do
CONAMA Nº 357/05
Em termos dos corpos de água
Atentar-se aos padrões de classes de água estabelecidos pela Resolução
do CONAMA Nº 357/05
Micropoluentes orgânicos
Conceito: Alguns compostos orgânicos são resistentes à degradação biológica, não
integrando os ciclos biogeoquímicos, e acumulando-se em determinado ponto do
ciclo (interrompido). Entre estes, destacam-se os defensivos agrícolas, alguns tipos
de detergentes (ABS, com estrutura molecular fechada) e um grande número de
produtos químicos. Uma grande parte destes compostos, mesmo em reduzidas
concentrações, está associada a problemas de toxicidade.
Forma do constituinte responsável: sólidos dissolvidos
Origem natural:
Vegetais com madeira (tanino, lignina, celulose, fenóis)
Origem antropogênica
72
Despejos industriais
Detergentes
Processamento e refinamento do petróleo
Defensivos agrícolas
Importância:
Os compostos orgânicos incluídos nesta categoria não são biodegradáveis
Vários compostos, em determinadas concentrações, são tóxicos para os
habitantes dos ambientes aquáticos, para os consumidores da água e para os
microrganismos responsáveis pelo tratamento biológico dos esgotos
Utilização mais freqüente do parâmetro
Caracterização de águas de abastecimento brutas e tratadas
Caracterização de águas residuárias brutas e tratadas
Caracterização de corpos de água
Unidade: µg/l ou mg/l
Interpretação dos resultados:
Em termos do tratamento e abastecimento público de água
Atentar-se aos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portatira
Nº 518 do Ministério da Saúde (vários compostos)
Em termos de tratamento de águas residuárias
Atentar-se aos padrões de lançamento estabelecidos pela Resolução do
CONAMA Nº 357/05
Em termos dos corpos de água
Atentar-se aos padrões de classes de água estabelecidos pela Resolução
do CONAMA Nº 357/05
Fonte: Silva & Mara (1979), Tchobanoglous & Schroeder (1985), Metcalf & Eddy (1991)
igual ou maior que os seres patogênicos, estão presentes em grandes quantidades nas
fezes dos animais de sangue quente. Eles são facilmente isolados e identificados na água
e as técnicas bacteriológicas são simples, rápidas e econômicas.
A determinação deste indicador é baseada em termos probabilísticos, sendo o
resultado expresso através do número mais provável (NMP) de organismos do grupo
coliforme por 100 ml de amostra.
IQA = pi . qi wi (27)
Onde i=1.
IQA índice de qualidade das águas. Um número entre 0 e 100;
qi qualidade da i-ésima variável, obtido do respectivo gráfico de qualidade, em
função de sua concentração ou medida (resultado da análise);
wi peso correspondente à i-ésima variável fixado em função de sua importância
para a conformação da qualidade, isto é, um número entre 0 e1
78
Redução da população
de peixes devido falha
Descargas industriais,
na reprodução; efeito
lodo de estações de
letal nos invertebrados;
tratamento de esgoto,
diversos problemas à Mercúrio, cádmio,
Metais pesados efluente de minas de
saúde humana, como: chumbo, cromo, etc.
carvão, deposição
disfunção dos rins,
atmosférica, aterro
problemas nos ossos ou
sanitário
no sistema nervoso,
dependendo do metal
Crescimento e
Escoamento sobrevivência reduzidos
superficial urbano e de alevinos; doenças nos
Substâncias tóxicas rural, descargas peixes; aumento no Pesticidas, amônia
doméstica e industrial, risco de câncer no
infiltração. cólon, rins e bexiga nos
seres humanos
Diminuem a
transparência da água,
reduz as taxas de
Escoamento
fotossíntese, prejudica a
superficial urbano e
Sólidos em suspensão procura de alimentos Turbidez e sólidos
rural, descargas
para algumas espécies,
doméstica e industrial
prejudica as espécies
bentônicas e a
reprodução de peixes
Diminui a concentração
de OD, favorece o
desenvolvimento
excessivo de seres
Despejos industriais, termófilos, alterar a
Calor Temperatura
usinas termoelétricas cinética de reações
químicas, favorecer
alguns sinergismos
nocivos ao meio
ambiente
Crescimento e
sobrevivência reduzidos
Radioatividade Descargas industriais de alevinos; doenças nos Substâncias radioativas
peixes; aumento no
risco de câncer
Fonte: Irani et al. (2001)
Equivalente populacional
Um importante parâmetro caracterizador dos despejos industriais é o equivalente
populacional (E.P.). Este traduz a equivalência entre o potencial poluidor de uma
indústria (comumente em termos de matéria orgânica) e uma determinada população, a
qual produz essa mesma carga poluidora. Assim, quando se diz que uma indústria tem
um equivalente populacional de 20.000 habitantes, equivale a dizer que a carga de DBO
do efluente industrial corresponde à carga gerada por uma localidade com uma
população de 20.000 habitantes. A fórmula para o cálculo do equivalente populacional
de DBO é:
87
1
PORTO, M. Material de aula da disciplina Qualidade da Água, PHD – 5004. São Paulo:
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária,
1997.
92
Sedimentação
A sedimentação é um processo físico, onde ocorre a separação da água (pela
sedimentação gravitacional) das partículas suspensas que são mais pesadas que esta.
(TCHOBANOGLOUS, 1991).
O coeficiente de sedimentação (K3), que interfere no balanço de DBO nos corpos de
água é dado pela Equação (31).
Vs
K3 = (31)
H
Onde,
K3: coeficiente de sedimentação (dia-1);
Vs: Velocidade de sedimentação do poluente (m/dia);
H: profundidade média do leito do rio (m).
Algas
Bactérias
Difração Microscópio Ultra- Microscópio
com raio X eletrônico micros óptico
Bitola do papel de filtro médio
(µm) 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
2
KISER, D. L. Cesium transport in Four Mile Creek of the Savannah River Plant,
Savannah River Laboratory. Aiken, South Carolina, dp-1528, april 1979.
3
DI BERNARDO, L. Métodos e técnicas de tratamento de água. vol. I, Rio de Janeiro,
ABES, 1993, 496 p.
94
Nitrificação
A nitrificação é o processo de oxidação das formas nitrogenadas, que transforma
amônia em nitritos e estes em nitratos. Os microrganismos envolvidos neste processo
são autótrofos quimiossintetizantes, para os quais o dióxido de carbono é a principal
fonte de carbono, e a energia é obtida através da oxidação de um substrato inorgânico,
como a amônia.
Em ambas as reações (a que transforma amônia em nitrito e a que transforma nitrito
em nitrato), há consumo de oxigênio, denominado demanda nitrogenada ou demanda de
segundo estágio, por ocorrer numa fase posterior a das reações de desoxigenação
carbonácea. Isso ocorre porque as bactérias nitrificantes possuem uma taxa de
crescimento menor que as bactérias heterotróficas (VON SPERLING, 1996)
Após exposto os meios de consumo de oxigênio dissolvido, será explanado nos itens
abaixo seus principais processos de produção.
Reaeração atmosférica
Segundo Von Sperling (1996), a reaeração atmosférica é usualmente o processo
fundamental responsável pela introdução de oxigênio no corpo de água.
A transferência de gases é um fenômeno físico, que ocorre entre as moléculas de
gases do meio líquido e sua interface com o ar. Este intercâmbio resulta num aumento
da concentração do oxigênio na fase líquida, caso esta não esteja saturada com o gás.
Isso acontece no corpo hídrico quando os níveis de oxigênio dissolvido se reduzem
96
através dos processos de estabilização da matéria orgânica, fazendo com que o meio
aquático busque uma nova situação de equilíbrio por intermédio da absorção de
oxigênio pela massa líquida. A taxa de reaeração atmosférica é dada pelo coeficiente
K2. Conforme Rodrigues (2005), o valor de K2 pode ser calculado através de fórmulas
empíricas e semi-empíricas vinculadas a dados hidráulicos do sistema, ou por técnicas
de medição (esses métodos exigem trabalhos de campo e de laboratório, além de
equipamentos e corpo técnico especializado). A Tabela 16 apresenta algumas fórmulas
empíricas para determinação do coeficiente de reaeração.
Tabela 16 – Equações e faixas de aplicação dos coeficientes de reaeração, K2 (dia-1), a 20ºC
Autores Equações Faixa de aplicação
0, 5
U 0,6m < H < 4,0m
O’Connor e Dobbins (1958) 3,95
H1,5 0,05m/s < U < 0,8m/s
U 0,969 0,6m < H < 4,0m
Churchill et al. (1962) 5,03 1, 673
H 0,8m/s < U < 1,5m/s
U 0,67 0,1m < H < 0,6m
Owens et al. (1964) 5,34 1,85
H 0,05m/s < U < 1,5m/s
U: velocidade média no trecho (m/s) H: profundidade média no trecho (m)
Fonte: Adaptado de Brown & Barnwell (1987)
Fotossíntese
A presença de plantas aquáticas nos corpos hídricos pode ter um profundo efeito nas
fontes de OD e na variabilidade de OD durante um dia ou no dia a dia.
Todas as formas de plantas aquáticas são importantes porque têm a capacidade de
realizar fotossíntese. A essência do processo de fotossíntese está na clorofila contida nas
plantas, que pode utilizar a energia radiante do sol para converter água e dióxido de
carbono em glicose e oxigênio. A reação da fotossíntese pode ser escrito conforme
Equação (32). (THOMANN e MUELLER, 1987)
U: velocidade (m/s);
x: distância (km);
K r = K1 + K 3 (34)
Onde,
K1: coeficiente de desoxigenação (dia-1);
dL
0 =− U − KrL (35)
dx
Sendo a distância (x) dividida pela velocidade (U) igual ao tempo de percurso “t”,
geralmente dado em “dia”, a Equação (36) passa a ser:
L = L 0 .e − ( K1 + K 3 ).t (37)
Onde,
D: déficit de oxigênio dissolvido (mg/l);
Onde,
C0: concentração de oxigênio dissolvido (mg/l) após a mistura com o despejo.
Onde,
DBOU: Demanda Bioquímica de Oxigênio última (mg/l)
99
K 1 .L 0U − (K + K 3 ). t − K 2 .t − K 2 .t
OD t = C s − .(e 1 −e ) + (OD sat - C 0 ).e (42)
K 2 − (K 1 + K 3 )
Sabe-se que a vazão da mistura é igual a vazão do efluente somada a vazão do rio
( Q m = Q e + Q r ).
Na realidade, esta mistura completa do efluente com o corpo de água não ocorre no
ponto de lançamento, tratando-se de uma simplificação dos modelos unidimensionais. A
mistura completa do efluente no corpo hídrico depende de certos fatores, como largura,
profundidade, velocidade do curso de água, além das características dos parâmetros que
100
dL
= −K1L − K 3 L (44)
dt
α4: taxa de consumo de oxigênio por respiração por unidade de algas (mg O/mg A);
α5: taxa de consumo de oxigênio por oxidação de nitrogênio amoniacal, NH3, (mg
O)/(mg N);
α6: taxa de consumo de oxigênio por oxidação de nitrito, NO2-2, (mg O) / (mg N);
Aqüífero poroso - aquele no qual a água circula nos poros dos solos e grãos
constituintes das rochas sedimentares ou sedimentos;
Aqüífero cárstico – aquele no qual a água circula pelas aberturas ou cavidades
causadas pela dissolução de rochas, principalmente nos calcários;
Aqüífero fissural - aquele no qual a água circula pelas fraturas, fendas e falhas nas
rochas.
105
Fonte: Fetter, C.W. Applied Hidrogeology. New Jersey, 1994 - traduzida e adaptada
pelo DRM/RJ
Fonte: Fetter, C.W. Applied Hidrogeology. New Jersey, 1994 - traduzida e adaptada
pelo DRM/RJ
106
devido às distâncias cada vez maiores dessas fontes, exigindo obras de grande porte e
complexidade, além de acirrada oposição dos ambientalistas. A gestão da demanda trata
do uso eficiente e de ações para evitar o desperdício. Dessa forma além de medidas para
reduzir o índice elevado de perdas nas redes públicas, mas também a adoção de práticas
e técnicas mais racionais de uso, a exemplo da irrigação por gotejamento na agricultura
(Salati, Lemos e Salati, 1999).
A UNESCO avalia que 75% do abastecimento público da Europa seja feito por água
subterrânea, índice que chega de 90 a 100% na Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda e
Suécia. Após o acidente nuclear de Chernobyl, seu uso tende a crescer por terem se
revelado uma via mais segura. Nos Estados Unidos são extraídos mais de 120 bilhões de
108
Fonte: Fetter, C.W. Applied Hidrogeology. New Jersey, 1994 - traduzida e adaptada pelo
DRM/RJ
Apesar de abundante, a água subterrânea não é inesgotável e, como qualquer recurso
natural, tem que ser conservada e usada adequadamente para assegurar a disponibilidade
no futuro. No seu caso particular, a conservação deve compatibilizar o uso com as leis
naturais que governam a sua ocorrência e reposição. A água subterrânea pode ser
retirada de forma permanente e em volumes constantes, por muitos anos, dependendo
do volume armazenado no subsolo e das condições climáticas e geológicas de
reposição. A água contida em um aqüífero foi acumulada durante muitos anos ou até
séculos e é uma reserva estratégica para épocas de pouca ou nenhuma chuva. Se o
volume retirado for menor do que a reposição a longo prazo, o bombeamento pode
continuar indefinidamente, sem provocar efeitos prejudiciais. Se, por outro lado, o
bombeamento exceder as taxas de reposição natural, começa-se a entrar na reserva
estratégica, iniciando um processo de rebaixamento do lençol freático, chamado
superexplotação, conforme mostra a Figura 31. Quando a captação localiza-se em áreas
110
litorâneas todo o cuidado deve ser tomado para evitar a intrusão da água do mar
infiltrada, provocando a salinização da água dos poços e, em alguns casos de todo o
aqüífero na faixa costeira.
Figura 31 - Superexplotação de aqüíferos
Fonte da Figura: UNESCO, 1992, Ground Water. Environment and Development - Briefs. Nº 2.
- traduzida e adaptada pelo DRM/RJ
Embora mais protegidas, as águas subterrâneas não estão a salvo da poluição e seu
aproveitamento envolve um planejamento técnico criterioso, com base no conhecimento
de cada ambiente onde se localizam e de suas condições de circulação. Atividades
humanas como agricultura, indústria e urbanização podem degradar sua qualidade
(Figura 32). Dependendo da sua natureza e localização espacial, os aqüíferos podem ter
maior ou menor grau de vulnerabilidade, mas quando ocorre, a poluição é de mais
difícil e dispendiosa remediação, entre outras razões, devido ao fluxo lento (centímetros
por dia) das águas subterrâneas. A poluição da água subterrânea pode ficar oculta por
muitos anos e atingir áreas muito grandes.
Sabe-se que as águas subterrâneas resultam da infiltração das águas das chuvas,
portanto é necessário proteger essa ponta do processo. Nos aqüíferos confinados o
reabastecimento ocorre somente nos locais onde a formação portadora de água aflora à
superfície (zonas de recarga). Estas áreas precisam ser preservadas. Nenhuma atividade
potencialmente poluidora deve nelas se instalar, a exemplo de distritos industriais,
agricultura tradicional, aterros sanitários, cemitérios, etc.
111
Fonte da Figura: UNESCO, 1992, Ground Water. Environment and Development - Briefs. Nº 2.
- traduzida e adaptada pelo DRM/RJ
Já nos aqüíferos livres, a recarga é direta, isto é, ocorre em toda a superfície acima
do lençol freático. Neste caso as medidas de proteção podem variar de acordo com o
ambiente geológico e em relação as diversas atividades poluidoras. Em lugares onde o
lençol freático for muito próximo à superfície, o uso de fossas sépticas pode ser
pernicioso, porque o efluente não inteiramente tratado é lançado diretamente no lençol,
contaminando-o. A Figura 33 mostra um exemplo de contaminação de água subterrânea
por fossa séptica.
112
A - Embora a água contaminada atravesse mais de 100 metros antes de alcançar o Poco 1, a
água move-se muito rapidamente através do calcário cavernoso para ser purificada;
B - Como a descarga da fossa séptica percola através de um arenito permeável, ela é purificada
em uma distância relativamente curta.
Fonte da Figura: UNESCO, 1992, Ground Water. Environment and Development - Briefs. Nº 2.
- traduzida e adaptada pelo DRM/RJ
9.1 Dos fundamentos, dos objetivos e das diretrizes gerais de ação da Política
Nacional de Recursos Hídricos
Diferentemente da legislação consubstanciada no Código de Águas instituído pelo
Decreto no 24.643, de 10 de julho de 1934, que desde então presidia a classificação, os
usos e o gerenciamento dos recursos hídricos, a Lei da Política Nacional de Recursos
Hídricos avança e opera uma verdadeira transformação no mundo jurídico das águas
brasileiras, efetivamente. Rompeu conceitos e paradigmas arraigados na tradição
legislativa pátria em matéria de recursos hídricos, a começar, por exemplo, pelo
reconhecimento expresso de sua finitude ao dizer, em seu artigo 1o, que “a água é um
recurso natural limitado, dotado de valor econômico”.
O legislador brasileiro, durante muitos anos, não percebia esse problema, o que, com
efeito, nada mais refletia senão o desconhecimento acerca da finitude e da escassez das
águas, bem como da complexidade de seu ciclo hidrológico freqüentemente fragilizado
em virtude das ações danosas ao meio ambiente, tais como os desmatamentos, as
queimadas, a destruição das matas ciliares e nascentes, o assoreamento e a
contaminação dos rios e dos córregos mediante o lançamento de esgotos e resíduos
sólidos.
A Política Nacional de Recursos Hídricos é clara e objetiva na definição de
diretrizes gerais de ação (capítulo III, artigo 3o, incisos I a VI), as quais se referem à
indispensável integração da gestão das águas com a gestão ambiental. Outros avanços
confirmam o caráter de bem essencial à vida, eis que, em situações de escassez, o uso
prioritário é o consumo humano e de animais, devendo a gestão dos recursos hídricos
proporcionar sempre o uso múltiplo das águas.
Além disso, a Lei elegeu ainda outros dois fundamentos essenciais a que se referem
os incisos V e VI do seu artigo 1o: a bacia hidrográfica como unidade territorial para
implementação da Política de Recursos Hídricos, bem como a determinação legal de
que sua gestão deve ser descentralizada e contar com a participação de todos – poder
público, usuários e sociedade civil.
Os fundamentos da Lei no 9.433/1997, que, como se vê, nos dão conta de novos
rumos em matéria de gestão das águas, a começar pelo entendimento jurídico-legal de
que a superação dos graves problemas ecológicos atuais e a condução do
desenvolvimento econômico rumo a cenários sócio-ambientais sustentáveis passa pelo
cruzamento das questões ecológicas, das questões socioeconômicas e das questões
político-financeiras de sustentabilidade do sistema de gestão dos recursos hídricos.
117
Salienta também que a outorga tem valor econômico para quem a recebe, na medida
em que oferece garantia de acesso a um bem limitado.
A emissão de outorgas também pode ser trabalhada na perspectiva de garantir
vazões para a manutenção dos ecossistemas.
Estão sujeitos à outorga os seguintes usos:
I Derivação e captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo.
II Extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo.
III Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,
tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final.
IV Aproveitamento de potenciais hidrelétricos.
V Outros usos que alterem o regime, a quantidade e a qualidade da água existente
em um corpo de água.
Além dos referidos usos, também são passíveis de outorga as intervenções que
alterem o regime dos corpos de água.
A Lei, em seu artigo 12, §1o, também enumera os usos que não dependem de
outorga, ou seja, os destinados ao abastecimento de pequenos núcleos rurais, as
derivações, as captações e as acumulações de água, como também os lançamentos de
efluentes considerados insignificantes. Vale ressaltar que mesmo os usos dispensados de
outorga são passíveis de cadastramento.
Conforme visto, estão sujeitos à outorga não somente os usos decorrentes da
extração e da derivação da água, mas também os decorrentes da utilização dos cursos e
dos corpos d’água como assimiladores de efluentes. Um caso particular diz respeito à
outorga e à utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica,
quando estarão subordinadas ao Plano Nacional de Recursos Hídricos e a
condicionantes e procedimentos específicos tratados em resolução do CNRH.
A efetivação das outorgas dar-se-á por meio de ato da autoridade competente do
Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal, em função do domínio
administrativo ao qual estão submetidas as águas. Quanto às águas de domínio da
União, a competência para emissão das outorgas é da Agência Nacional de Águas
(ANA), de acordo com a já mencionada lei de sua criação, podendo ser delegada aos
Estados e ao Distrito Federal (artigo 14, § 1o da Lei no 9.433/1997), cabendo sempre
considerar a determinação legal pela articulação da União com os Estados tendo em
122
percentual da receita da atividade, e que passou a ser majorada de 0,75% a esse título,
devendo ser destinada ao Ministério do Meio Ambiente e utilizada na implementação
do SINGREH. Desse modo, a cobrança do uso de recursos hídricos para esta finalidade
específica é feita desconsiderando-se o domínio em que se situam, isto é, se da União ou
dos Estados.
Outrossim, cabe registrar que o ordenamento jurídico brasileiro não prevê a
possibilidade de comercialização e mercantilização da água por particulares, visto se
tratar de bem público inalienável, de domínio da União ou dos Estados.
Sistema Nacional de Defesa Civil, em apoio aos Estados e aos Municípios, e promover
a elaboração de estudos para subsidiar a aplicação de recursos financeiros da União em
obras e serviços de regularização de cursos d’água, de alocação e distribuição de água e
de controle da poluição hídrica, em consonância com o estabelecido nos planos de
recursos hídricos.
Compete-lhe ainda definir e fiscalizar as condições de operação de reservatórios por
agentes públicos e privados, visando a garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos,
conforme os planos das respectivas bacias, além de promover a coordenação das
atividades desenvolvidas no âmbito da rede hidrometeorológica nacional, em
articulação com órgãos e entidades públicas ou privadas que a integram, ou que dela
sejam usuários, bem como organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de
Informações sobre Recursos Hídricos, estimular a pesquisa e a capacitação de recursos
humanos para a gestão de recursos hídricos, prestar apoio aos Estados na criação de
órgãos gestores de recursos hídricos, e outras atribuições especificadas na lei de criação
da Agência, já citada.
competências legais de modo que se contemplem todos os três vetores a que se refere a
Política Nacional de Recursos Hídricos – o poder público, os setores usuários e a
sociedade civil, no sentido de efetivamente se implantar em todo o país uma gestão
integrada, participativa, descentralizada e sustentável.
Faz-se necessário equalizar de modo efetivo e generalizado, no âmbito dos referidos
sistemas, a participação da sociedade civil no tocante a suas atribuições normativas e
deliberativas, diminuindo-se as distorções existentes e, em conseqüência, reforçando-se
sua participação.
Com efeito, a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos, ao dizer em seu artigo
1o,VI, que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do poder público, dos usuários e das comunidades”, o fez sem eleger
distinções entre os segmentos componentes do SINGREH.
De igual modo importante para o aprimoramento dos sistemas de gestão das águas
tanto na esfera federal quanto nos Estados e no Distrito Federal é a necessidade de
reforçar a atuação institucional dos Comitês de Bacia Hidrográfica mediante sua
capacitação e mesmo a definição exata de conceitos e critérios gerais mais claros sobre
o papel desses colegiados, bem como a necessidade de efetivo envolvimento e
compromisso estatais (poder público) atinente à implantação dos sistemas em apreço.
É, pois, em suma, inadiável a necessidade de se reforçar a atuação institucional dos
componentes do SINGREH mediante sua capacitação, bem como apoio e
operacionalização de deliberações dos colegiados, por meio das unidades executivas
descentralizadas, e mesmo a definição de conceitos e critérios mais claros sobre o papel
desses colegiados locais de bacia hidrográfica, bem como também inadiável a
necessidade de efetivo envolvimento e compromisso do Estado no que se refere à
implementação e ao funcionamento dos sistemas de gestão de recursos hídricos.
10.2.1 Definição
Enchente: caracteriza-se por uma vazão relativamente grande de
escoamento superficial.
Inundação: caracteriza-se pelo extravasamento do canal.
10.2.2 Causas
Enchente
Excesso de chuva
Descarregamento de qualquer volume de água acumulado a monte
(rompimento de uma barragem ou a abertura brusca das comportas de um
reservatório).
Inundação
Excesso de chuva
Existência, à jusante da inundação, de qualquer obstrução que impeça a
passagem de vazão de enchente (bueiro mal dimensionado que remansa o
rio).
com que a análise ambiental experimentasse nos últimos anos um grande salto
metodológico, passando a contar com a possibilidade de considerar correlações
espaciais, relações de causa e efeito e aspectos temporais que antes eram impraticáveis
pelos meios tradicionais existentes (TOWNSHEND, 1992; XAVIER DA SILVA,
1992).
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B.; HESPANHOL, I.; CONEJO, J. G. L.; BARROS, M. T. L. De; VERAS Jr.,
M. S.; PORTO, M. F. do A.; NUCCI, N. L. R.; JULIANO, N. M. de A.; EIGER, S.
Introdução à Engenharia Ambiental. Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária. São Paulo: Prentice Hall,
2002.
SANTOS, I.; FILL, H. D.; SUGAI, M. R. V. B.; BUBA, H.; KISHI, R. T.; MARONE,
E.; LAUTERT, L. F. C. Hidrometria Aplicada. Curitiba: Instituto de Tecnologia para
o Desenvolvimento, 2001.
141