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TRANSMISSÃO CONTINUAMENTE EMC 6601-024 TEPSM:

Cinemática Avançada de Robôs

VARIÁVEL PARA TURBINAS EÓLICAS Marina Baldissera de Souza


Setembro de 2016
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Problemática
i. Caixa multiplicadora
ii. Conexão à rede elétrica

3. Sistemas atuais de adaptação à variação da velocidade do vento


i. Controle de potência
ii. Eletrônica de potência
iii. Desvantagens

4. Sistema alternativo de adaptação à variação da velocidade do vento


5. Transmissões continuamente variáveis para turbinas eólicas
6. Conclusão
7. Referências
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INTRODUÇÃO  Transmissão: conversão do movimento
rotacional do rotor em energia elétrica.
 Eixo de baixa velocidade (eixo do rotor);
Sistema de passo Eixo de alta  Caixa multiplicadora;
velocidade  Eixo de alta velocidade (eixo do gerador);
Cubo Freio
Caixa  Freio mecânico;
multiplicadora Gerador
 Nacelle: abriga a transmissão, o
gerador e sistemas de controle;
 Sistema de orientação (yaw);
 Rotor: inclui todas as peças rotativas
Sistema externas à nacelle:
hidráulico  Pás;
Eixo de baixa
 Cubo;
velocidade
 Mecanismo do sistema de passo.
Sistema de

Torre orientação
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PROBLEMÁTICA Caixa multiplicadora
Conexão à rede elétrica

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CAIXA MULTIPLICADORA
 Frequência de corrente f na rede elétrica brasileira: 60 Hz;
 Relação entre a velocidade angular do eixo do gerador (ωgerador ) e o nº de polos (N):

𝑓 6000
𝜔𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 = 100 ∙ =
𝑁 𝑁

 Rotação das pás: entre 5 e 22 rpm;


 Se eixo do rotor ligado diretamente ao gerador: 1200 polos!
 Geradores empregados: 4 polos  1500 rpm;
 Ampliação da velocidade angular das pás à velocidade necessária ao funcionamento do
gerador.
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 Relação de transmissão na ordem de 1:100, obtida através de mais de um estágio;
 Relação de transmissão fixa;
 Configurações comuns:
 Dois estágios paralelos  turbinas de classe 500 kW;
 Três estágios planetários  turbinas de classe 2 a 3 MW;

Dois estágios paralelos (Hansen) Três estágios planetários (Thyssen)


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 Um estágio planetário e dois paralelos  mais
usual
 Facilidade de implementar um eixo vazado 
linhas de alimentação para sistemas de
controle do rotor passam através da caixa de
multiplicação.

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CONEXÃO À REDE ELÉTRICA
 A corrente produzida pelo gerador pode alimentar diretamente a rede elétrica?

Caixa
Rede
multiplicadora
elétrica

Gerador

Rotor

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É POSSÍVEL, MAS...
 Geração de corrente alternada;
 Equipamentos elétricos utilizam AC, cuja
frequência deve ser constante ou variar
dentro de uma faixa muito estreita para
garantir bom funcionamento  corrente que
alimenta a rede elétrica deve respeitar essa
restrição;
 Frequência da corrente produzida pelo
gerador  rotação do eixo do gerador.

Gerador da GE para turbinas eólicas

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 Para gerar AC com frequência constante:
 Síncrono: eixo do gerador deve ter rotação constante, respeitando a velocidade síncrona
(determinada pela frequência da rede  60 Hz, gerador de 4 polos deve manter rotação de
1500 rpm);
 Assíncrono (indução): eixo do gerador deve girar mais rápido que a velocidade síncrona 
diferença inferior a 10%;

PROBLEMA!
 Variação natural da velocidade do
vento  rotação eixo do rotor da
turbina variável;
 Caixas multiplicadoras empregadas
atualmente têm relação de transmissão
única  incapaz de compensar variação
 oscilação na rotação eixo do
gerador  impacto frequência corrente.

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SISTEMAS ATUAIS DE ADAPTAÇÃO À Controle de potência
Eletrônica de potência
VARIAÇÃO DA VELOCIDADE DO VENTO Desvantagens

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CONTROLE DE POTÊNCIA
 Rotação ótima do eixo do gerador  velocidade
síncrona  potência nominal/velocidade nominal;

CONTROLE DE POTÊNCIA

Sistema de passo Sistema de orientação

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ELETRÔNICA DE POTÊNCIA Turbinas eólicas a velocidade variável com
gerador de indução duplamente alimentado

 Inversores de
frequência/conversores entre
gerador e rede elétrica 
independência parcial ou total
da frequência da rede.

Turbinas eólicas a velocidade variável


com gerador síncrono e eletrônica de
conversão de potência

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TURBINAS EÓLICAS COM GERADOR ACOPLADO
DIRETAMENTE AO ROTOR

 Eletrônica de potência permite eliminação de


caixa multiplicadora  redução custos
manutenção;

Enercon E-30

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DESVANTAGENS
Controle de potência
 Não atua na região de operação a carga parcial (região 2)  ventos com velocidades
baixas são mais frequentes;
Eletrônica de potência
 Custo elevado;
 Baixa confiabilidade;
 Eficiência limitada  perda significativa de potência;
 Introdução de falhas harmônicas da corrente alternada injetada na rede elétrica 
redução qualidade energia produzida;
 Causa de aproximadamente 25% das falhas em aerogeradores;

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Eletrônica de potência (EP) – Turbinas offshore
 Turbinas com acoplamento direto têm maiores taxas de falha que as que possuem caixa de multiplicação;
 Aumento de dimensões e peso da nacelle  comporta EP;
 Peso nacelle têm impacto sobre a fundação;
 Quanto maior a potência produzida individualmente, menor é a rotação do eixo do rotor da turbina 
impacto sobre o peso da nacelle:
 Velocidade requerida pelo gerador: quanto maior a rotação do eixo do gerador, menor o peso da
nacelle necessidade caixa multiplicadora para atingir velocidade requerida;

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SISTEMA ALTERNATIVO DE ADAPTAÇÃO À Adaptação na caixa

VARIAÇÃO DA VELOCIDADE DO VENTO multiplicadora

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ADAPTAÇÃO NA CAIXA MULTIPLICADORA
 Caixa de multiplicação cuja relação de transmissão varia continuamente de acordo com as
alterações de velocidade do vento  rotação de saída (eixo do gerador) sempre constante
 corrente alternada com frequência constante;
 Sincronização direta com a frequência de rede:
 Atuação nas regiões de operação a carga parcial e carga máxima;
 Eliminação de eletrônica de potência (EP) entre gerador e rede  ganho na eficiência
global do sistema:

Eficiência sistemas atuais: 𝜂𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 = 𝜂𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 ∙ 𝜂𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 ∙ 𝜂𝐸𝑃

Eficiência sistema alternativo: 𝜂𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 = 𝜂𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 ∙ 𝜂𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟

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TRANSMISSÕES CONTINUAMENTE
VARIÁVEIS PARA TURBINAS EÓLICAS
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CAIXA DE CÂMBIO COM RAZÃO VARIÁVEL (VRG)
 Proposto por Hall et al (2010);
 Inspiração na indústria automotiva;
 Associação de VRG à caixa multiplicadora;
 Caixa multiplicadora principal responsável por ampliar rotação  relação de transmissão
fixa;
 VRG varia de maneira discreta a
relação de transmissão do conjunto;
 Rotor tem velocidade angular
variável de forma discreta;
 Rotação eixo do gerador
praticamente constante.

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 Aplicação em turbinas eólicas a velocidade
constante (sem mecanismo de mudança de
passo);
 Gerador de indução com potência nominal
igual a 100 kW;
 Aumento de 7% na eficiência de turbinas
eólicas a velocidade constante.

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CVT POR POLIAS E CORREIA

 Proposto por Mangialardi e Mantriota (1992);


 Substituição do trem de engrenagens por um
sistema de CVT de polias/correias;

 Caixa multiplicadora submetida a um


torque de 700 000 Nm a 18 rpm 
incompatível com transmissão por atrito!

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CVT COM VARIADOR HIDROSTÁTICO
 Proposto por Ait Taleb, Chaâba e Sallaou (2013);
 Associação da caixa multiplicadora (PGT 1) a uma
CVU composta por:
 Variador hidrostático;
 2º PGT;
 Princípio de distribuição de potência no PGT 2 
parte da potência do rotor é transferida à CVU
para regulação da velocidade angular do eixo do
gerador;
 Variador hidrostático garante que a rotação do
eixo do gerador seja constante.

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VOITH WINDRIVE
 Voith: multinacional alemã de engenharia
mecânica;
 Conversor de torque associado a dois trens de
engrenagens;
 Disponível no mercado;
 Capaz de produzir entre 2 e 20 MW (turbinas on
e offshore);
 Vídeo: “Voith Windrive”.

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DESVANTAGENS TRANSMISSÃO HIDROSTÁTICA

 Baixa eficiência se comparada à transmissão mecânica;


 Eficiência muito dependente da carga  significantemente baixa em carga parcial
(velocidade ou torque desejados inferiores aos valores máximos da transmissão);
 Baixa eficiência se volume deslocado diferente do máximo.

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TRANSMISSÃO HÍBRIDA PGT 2

 Proposto por Vasin, Ognjanović e Miloš (2015);


 Combinação de sistemas mecânicos, eletro-
eletrônicos e software;
 Associação de um PGT com relação de transmissão
fixa (PGT 1, principal multiplicador) a um com
relação de transmissão variável (PGT 2);
 Coroa do PGT 2 é dentada dos dois lados:
Engrenamento interno  planetas PGT;
Engrenamento externo  conexão a um motor-
gerador com rotação inversa.

PGT 1
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 PGT 2: 2 GDL  suporte planetário conectado à
saída do PGT 1 / coroa movimentada pelo motor-
gerador;
 Motor-gerador: responsável pela variação da
relação de transmissão do PGT 2:
 Velocidade do vento baixa: g7 acelera PGT 2;
 Velocidade do vento alta: g7 desacelera g6;
 Relação de transmissão PGT 2 com variação
contínua entre 1/3,3 e 1/6;
 Relação de transmissão total PGT 1 + PGT 2:
1/(83 ... 150);
 Eixo do gerador tem rotação constante igual a
1500 rpm para uma variação de rotação do rotor
PGT 1 PGT 2 da turbina de 18 a 10 rpm.
i1 = 1/25 i2 = 1/(3,3 ... 6)

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O MOTOR-GERADOR
 Servo motor-gerador síncrono de ímãs
permanentes;
 Eixo do motor-gerador muda velocidade e sentido
de rotação, ora produzindo, ora consumindo
eletricidade;
 Velocidade de rotação relativamente pequena e
frequentemente igual a zero.

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Para manter rotação eixo gerador constante
 Vento em alta velocidade
 Motor-gerador deve frear g6;
 Rotação rotor da turbina: 18 rpm;
 Para produção de 2,5 MW: relação de
transmissão do conjunto PGT 1 + PGT 2:
1/83;
 Para obter 1/83: g6 deve rotacionar a
500 rpm na direção (a);
 Motor-gerador: 3000 rpm;
 Motor-gerador atua como gerador:
produção de 0,6 MW.

 Condição extrema: furacão.

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Para manter rotação eixo gerador constante
 Vento em baixa velocidade
 Motor-gerador deve acelerar g6;
 Rotação rotor da turbina: 10 rpm;
 Para produção de 0,4 MW: relação de
transmissão do conjunto PGT 1 + PGT 2:
1/150;
 Para obter 1/150: g6 deve rotacionar a
70 rpm na direção (b);
 Motor-gerador: 420 rpm;
 Motor-gerador atua como motor: consumo
de 0,1 MW.

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FAIXA DE OPERAÇÃO
 Turbinas com caixa multiplicadora usual:
 Velocidade de acionamento ≈ 3,5 m/s;
 Velocidade de corte: 20 a 30 m/s;

 Turbinas com transmissão híbrida (testes em


bancada):
Velocidade de acionamento: 0,5 m/s (brisa fraca);
 Velocidade de corte: acima de 32,7 m/s;

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VANTAGENS DA TRANSMISSÃO HÍBRIDA

 Sistema híbrido soluciona a questão de sincronização com a frequência de rede


aumentando a produção energética da turbina;
 Aumento da potência gerada devido a:
 Atuação do motor-gerador como gerador;
 Crescimento da faixa de operação da turbina;
 Consumo de potência quando motor-gerador atua como motor é baixo.

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CONCLUSÃO
 Sistemas atuais de adaptação às variações de velocidade no vento em turbinas eólicas
não aproveitam todo o potencial energético disponível;
 Sem adaptação na região de operação a carga parcial;
 Eletrônica de potência para adaptação da corrente gerada à frequência da rede é
onerosa e apresenta baixa eficiência e pouca confiabilidade;
 Solução: transmissão continuamente variável para manter rotação do eixo do gerador
constante apesar das oscilações na velocidade do vento;
 Das alternativas propostas, a com maior potencial é a transmissão híbrida.

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CONCLUSÃO
 A transmissão híbrida, além de corrigir o problema de variação de rotação, aumenta a
potência gerada pela turbina ao acoplar um motor-gerador para variar continuamente a
relação de transmissão;
 Ampliação da faixa de operação da turbina;
 Eliminação da eletrônica de potência  aumento eficiência global;
 Dispositivo ainda tem espaço para otimização: configuração PGT para melhor eficiência
mecânica/diminuição consumo motor-gerador quando há consumo de potência.

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REFERÊNCIAS
1. AIT TALEB, A.; CHAÂBA, A.; SALLAOU, M. Conception préliminaire d'une Transmission
Continument Variable adaptée à un système éolien. In: Congrès Français de Mécanique, 21,
2013, Bordeaux. Anais... Courbevoie: Association Française de Mécanique, 2013.
2. HÖHN, B. R. Future Transmissions for Wind Turbines. In: International Conference on Power
Transmissions, 4, 2012, Sinaia. Power Transmissions: Proceedings of the 4th International
Conference, held at Sinaia, Romania, June 20–23, 2012. Dordrecht: Springer Science+Business
Media, 2013. v. 13, p. 99-111.
3. HO, T. H.; AHN, K. K. Modeling and simulation of hydrostatic transmission system with energy
regeneration using hydraulic accumulator. Journal of Mechanical Science and Technology,
Heidelberg, v. 24, n. 5, p. 1163-1175, maio 2010.
4. SHALTOUT, M. L.; HALL, J. F.; CHEN, D. Optimal control of a wind turbine with a variable ratio
gearbox for maximum energy capture and prolonged gear life. Journal of Solar Energy
Engineering, v. 136, n. 3, p. 1-7, ago. 2014.
5. VOITH. Hydrodynamic Variable Speed Gearbox WinDrive. Disponível em:
<http://www.voith.com/br/products-services/power-transmission/variable-speed-gearboxes-
windrive-9747.html>. Acesso em: 14 set. 2016.

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6. HALL, J.F.; CHEN, D. Performance of a 100 kw wind turbine with a variable ratio gearbox.
Renewable Energy, v. 44, n. 1, p. 261-266, ago. 2012.
7. SHAMSHIRBAND, S. et al. Support vector regression methodology for wind turbine reaction
torque prediction with power-split hydrostatic continuous variable transmission. Energy, v. 67,
n. 1, p. 623-630, abril 2012.
8. MANGIALARDI, L.; MANTRIOTA, G. The advantages of using continuously variable
transmissions in wind power systems. Renewable Energy, v. 2, n. 3, p. 201-209, fev. 1992.
9. HALL, J.F.; MECKLENBORG, C.A.; CHEN, D.; PRATAP, S.B. Wind energy conversion with a variable-
ratio gearbox: design and analysis. Renewable Energy, v. 36, n. 3, p. 1075-1080, mar. 2011.
10. RAGHEB, A.; RAGHEB, M. Wind turbine gearbox technologies. In: International Nuclear and
Renewable Energy Conference, 1, 2010, Amman. Proceedings of the 1st International Nuclear
and Renewable Energy Conference. Piscataway: IEEE, 2010.
11. VASIN, S.; OGNJANOVIĆ, M.; MILOŠ. M. Wind turbine with continual variation of transmission
ratio: design and testing methodology. PROCEEDINGS OF THE ROMANIAN ACADEMY: Series A,
v. 16, n. 2, p. 184-192, 2015.

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OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

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