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U
ma das maiores cronistas aprendidas em família. São sabores
de gastronomia do país, e cheiros que nos emocionam e nos
Nina Horta certa vez escre- remetem ao carinho de casa.
veu que a receita inédita era uma Acreditamos que quando fala-
utopia. Receitas existem para se- mos de cozinha, falamos de ances-
rem ensinadas, roubadas, copiadas, tralidade, de sabedoria e segredos
adaptadas e, às vezes, até inven- passados por gerações. As 12 histó-
tadas. Ao longo do tempo, ingre- rias que você vai ler a seguir contam
dientes e sabores ganham novas muito do nosso país, esse belo cal-
formas, já que além de ser uma ne- deirão de diversas delícias. Falam
cessidade vital, comida é também também de memórias bem guar-
expressão cultural e de afeto. dadas em livros de receitas, muitas
São muitas as questões contem- vezes com marcas do tempo, com
pladas pela magia gastronômica, e letras escritas à mão.
foi em busca dessa variedade ali- A Nestlé tem muito orgulho em
mentar e de sentimentos que re- fazer parte dessas histórias por-
unimos, nesta edição especial da que, na verdade, o que nos inspira e
Com Você, depoimentos — e recei- move é a emoção que a comida des-
tas — de personagens de diversos perta. Existimos para vê-las sendo
cantos do Brasil. construídas, e aqui eternizamos
Consumidoras abriram suas co- algumas delas, para homenagear
zinhas e corações para a Nestlé e, todos os afetos vividos e expressa-
ponto comum entre todas, as recei- dos em garfadas e colheradas. Para
tas marcantes de suas vidas foram degustar à vontade.
Frank Pflaumer
Vice-presidente de Marketing e Comunicação
N
esta edição especial da Com Você, cada se-
ção da revista traz histórias e preparos deli-
ciosos. Aqui, na primeira parte, você conhe-
ce três dessas narrativas — cozinheiras profissionais
ou amadoras, nossas personagens compartilham
com você receitas para um café da manhã capricha-
do. Dona Rosa, em Minas Gerais, traz suas broinhas
de milho. A baiana Juliana lembra da infância com
um delicioso beiju. E de São Paulo vem um preparo
de pão caseiro feito por Isabela e sua avó Bebel. Na
sequência das histórias, você encontra uma receita
exclusiva criada por Receitas Nestlé para fazer com a
sua família. Vamos lá?
D
ona Rosa começa a contar seus causos e receitas e a von-
tade que dá é de sentar, tomar uma xícara de café, comer
uma broa de milho quentinha, tudo na beira do forno a le-
nha. Em meio a esse ambiente tão mineiro, é difícil acreditar que
essa senhora de 84 anos, quituteira de mão cheia, que já teve um
restaurante e não dispensa a chance de cozinhar diariamente já
foi, um dia, um desastre nas panelas. Ao lembrar da primeira vez
que preparou algo depois de casada, ela cai na risada: “fui fazer
uma sopa de macarrão e não sabia que precisava ferver a água
antes. Claro que ficou tudo grudado!", diverte-se.
O ingresso tardio nas aventuras culinárias foi por causa justa.
Quando adolescente, Rosa trabalhava com o pai produzindo fari-
nha de milho. Era responsável por torrar o produto. “Hoje temos
máquina para torrar, mas na época eu fazia na mão. Depois de fi-
car o dia todo em pé, à noite eu só queria deitar e dormir. Por isso,
não aprendi a cozinhar”, explica.
É
um verdadeiro dilema: o que fazer quando sua filha de cin-
co anos só aceita comer um único tipo de comida no café da
manhã? Foi o que aconteceu com Juliana Pithon, que hoje
já crescida, continua amando começar o dia com um beiju sem-
pre que possível. A mãe da jornalista, Leila Fagundes, resolveu o
problema da filha ao oferecer para a pequena a mesma receita
todo santo dia. Sorte de ambas, quando a comida em questão é o
beiju, um preparo de tapioca típico do Nordeste em que a massa é
enroladinha e acompanhada de manteiga.
Juliana nasceu e cresceu em Vitória da Conquista, cidade do
interior da Bahia. Quando pequena, não conseguia comer logo
cedo. “Eu odiava tomar café da manhã. Acordava enjoada, com
ansiedade antes de ir para a escola, não gostava”, diz. Mas havia
uma exceção: a mãe percebeu que a disposição da filha mudava
quando o cardápio tinha beiju.
Apesar de simples, o preparo requer atenção e, mais importan-
te, rapidez. Para o beiju ficar perfeito, tudo deve ser feito na hora.
“Tem que comer assim que fica pronto, quando ainda está bem
quentinho, com a manteiga derretida. Não dá para fazer e deixar
em cima da mesa por uma hora", explica Juliana.
Tapioca Tapioca
•3
xícaras (chá) de goma para tapioca 1 - Aqueça uma frigideira antiaderente,
peneire a goma de tapioca, cobrindo to-
Recheio dos os espaços, formando uma camada
•4 colheres (sopa) de manteiga uniforme semelhante a uma panqueca.
• 1 sachê de MAGGI Natusabor
2 - Espere a massa ficar unida e vire-a,
Salsinha, Orégano e Cebolinha
deixando-a secar rapidamente do outro
lado. Repita o processo até acabar o
polvilho. Depois de pronto, reserve.
Recheio
3 - Misture bem a manteiga em tempe-
ratura ambiente e o MAGGI Natusabor.
Passe um pouco em cada disco de
tapioca e enrole-o. Sirva ainda quente.
N
ada melhor do que um pão feito na hora para começar
bem o dia. Quentinho, macio, faz a manteiga derreter só
de encostar. A estudante Isabela Alves conhece bem essa
sensação. Desde pequena, ela come o pãozinho preparado pela
avó, Bebel. Virou tradição: hoje, é Isabela quem faz a receita para
conquistar os amigos.
Mas algo tão cotidiano pode exercer um papel tão importante
na vida de uma pessoa? Mais do que isso. A receita, que aprendeu
com a avó, virou uma verdadeira herança. Bebel, que se chama
Maria Izabel dos Santos Costa, aprendeu a fazer o pão com a so-
gra, bisavó de Isabela.
“Minha bisavó ensinou muito minha avó a cozinhar. E ela sem-
pre fez esse pão para a família e também para presentear as pes-
soas”, conta Isabela, a Bela, que tem 20 anos e estuda Letras na
USP (Universidade de São Paulo). O apelido parecido com o da avó
não é à toa. A mãe, Elisabete, vai num caminho parecido, todo
mundo a chama de Beta.
A
seguir, histórias para inspirar seu almoço
em família. Simone, de Belo Horizonte, ensi-
na a fazer um substancioso feijão-tropeiro.
Ana Paula traz os sabores da sua terra natal com a
receita do feijão paraense. E Analiny convida os ami-
gos para um almoço de domingo com a sua capricha-
da costelinha com quibebe.
S
imone, quando criança, pegava a massa de bolo que a mãe
estava fazendo e colocava em latinhas de sardinha para
assar minibolinhos. Hoje, com 55 anos, a manicure se tor-
nou amante e expert da culinária. E na sua mesa de almoço não
falta ótima comida — sempre para um batalhão. No Quilombo
Souza, em Belo Horizonte, Simone Martins Abranches vive em
comunidade com a família de quase 40 pessoas. Ali, ela é a prin-
cipal cozinheira de almoços que ocupam as mesas no centro
do terreno, debaixo de um pé de maracujá. “A gente faz batida
de maracujá, rabada com agrião, anguzinho, frango ensopado,
macarrão, pernil com maionese... Feijoada é imprescindível”, se
empolga citando o prato que mais gosta de preparar, além do
tradicional feijão-tropeiro.
Hoje, além dos pratos clássicos da sua cozinha, Simone faz
também versões veganas, para agradar todos os paladares. "Fui
criada comendo língua, dobradinha e pé-de-galinha. Sentávamos
todos juntos pra chupar cana”, diz ela com a voz da experiência.
A
os 17 anos, Ana Paula Souza desembarcou em São Paulo
com um isopor repleto de delícias do Pará. Bombom de
cupuaçu, doce de cupuaçu, castanhas, farinha d'água,
sorvete de açaí e tapioca. Era 2011 e ela vinha atrás de um sonho:
estudar jornalismo na USP (Universidade de São Paulo). Para
além da profissão, a distância de casa e a saudade da família a
fizeram descobrir outros talentos, como cozinhar um feijão pa-
raense tão bom quanto o do seu pai.
"Eu fiquei em São Paulo e construí carreira aqui e, desde o co-
meço, eu sempre usei a comida como uma conexão afetiva com
minha cidade, minha cultura e, principalmente, minha família",
diz Ana Paula, que nasceu e cresceu em Belém. Além de comer os
pratos tradicionais do Pará nas ruas da capital paulista, ela vem
de uma família que cozinha muito bem. A avó, Zuleide, é mestre
no vatapá paraense. A tia, Leide, no bombom de cupuaçu. E o pai,
José Roberto, no feijão paraense.
U
ma das lembranças mais fortes que Analiny Mendes
guarda da infância, em Espírito Santo do Pinhal, interior
de São Paulo, é a das mulheres reunidas na cozinha con-
tando histórias e comendo aperitivos por horas antes do almoço
ficar pronto. Hoje, aos 30 anos e morando na capital, esse hábito
só mudou de lugar e de família — a que ela formou com os amigos.
Ana adora receber pessoas em casa. Nestas ocasiões é frequen-
te o assunto ser comida, já que muitos compartilham o interesse
por programas de gastronomia, livros de receitas e restaurantes.
Os pratos, por sua vez, são variados. Uma de suas especialidades
é a costelinha de porco com quibebe, que pode demorar até duas
horas para ficar pronta, desculpa perfeita para esticar a conversa.
No seu tempo de estudante universitária em Londrina, as re-
feições eram no bandejão. Depois começaram os almoços comu-
nitários aos fins de semana. “Tinha o clássico almoço dos domin-
gos, depois da balada do sábado. Todo mundo ajudava com grana
para comprar os ingredientes”, lembra Ana.
U
ma seleção de histórias para fazer a hora do
lanche ainda mais feliz. A maranhense Dona
Jeiza divide com você a receita dos filhós
com chocolate quente. A amazonense Gisele ensina o
segredo do brigadeiro perfeito. E a gaúcha Sonia lem-
bra como a sua torta de nozes com damascos se tor-
nou um clássico natalino na sua família.
O
cheiro do tempero torrando, cominho e pimenta-do-
-reino passeia da cozinha pela casa. Essa é uma das
memórias preciosas que Jeiza Moraes guarda da infân-
cia. “Primeiro, minha mãe torrava os grãos, depois socava no
pilão e guardava em vasilhas separadas”, explica a cozinheira
nascida no Lago da Pedra, interior do Maranhão. Da família
paterna, a receita que aprendeu ainda criança foi a do choco-
late quente que acompanha os filhós — preparo que está na
sua família há mais de oito décadas.
Funcionária pública aposentada, hoje Jeiza se dedica com
paixão à culinária, fazendo cursos e vendendo pratos genuina-
mente maranhenses em barracas em São Luiz: vatapá, torta
de camarão, arroz de toucinho e arroz de vinagreira (azedinho).
“Sou interessada nessa coisa mais gourmet, essas técnicas que
já eram praticadas na nossa casa, por ensinamento de papai”,
diz ela se referindo a José Alípio de Moraes, o homem que alfa-
betizou sete filhos em casa e ensinou a mãe de Jeiza a cozinhar.
J
osé Alípio nasceu em Portu- seguem vivas e serão eterniza-
gal, em 1883. “Papai era uma das por Jeiza no que ela chama
pessoa muito interessante, de “Álbum Culinário”. A publica-
tinha uma visão bem moderna ção amadora terá ilustrações de
para o tempo dele. Cozinhava, era um cartunista, além de reunir as
maestro, foi bombeiro e advoga- memórias da cozinha da família,
do”, conta a filha orgulhosa. Ele Jeiza se dedica com receitas de comidas típicas
veio para o Brasil com três irmãos maranhenses, como o caruru de
e cada um escolheu um lugar di- com paixão quatro ingredientes, e a dupla
ferente para viver no país: Per-
nambuco, Rio de Janeiro e Bahia.
à culinária, queridinha de todos: filhós com
chocolate quente.
Ele foi para o Maranhão. Casou-se fazendo cursos e O nome do doce parece estra-
com mais de 60 anos com a mãe nho, mas todo mundo já provou
de Jeiza e faleceu quando a filha
vendendo pratos algo parecido. A bebida, uma
tinha apenas 5 anos. “Tínhamos genuinamente mistura supercremosa feita com
hábitos diferentes de outras fa- ovos crus e açúcar, é feita há
mílias do interior daquela época. maranhenses mais de 80 anos pelos Moraes.
Em nossa casa sentávamos sem- “Primeiro a gente bate ovo com
pre à mesa", lembra. açúcar, para depois cozinha-lo.
E a família Moraes cultiva suas Depois, acrescenta um pouco de
tradições ao longo dos tempos. raspa da casca do limão para ti-
As receitas do clã, por exemplo, rar o cheiro de ovo. Então você
Filhós Filhós
•2 00 ml de Leite Líquido NINHO 1 - Em uma panela coloque o Leite
Forti+ Integral NINHO, o sal e 200 ml de água e leve
• 1 pitada de sal ao fogo até levantar fervura.
• 1 e meia xícara (chá) de farinha 2 - Em um recipiente, coloque a
de trigo farinha de trigo peneirada e faça uma
• 1 ovo cova. Despeje o líquido fervente, aos
• Óleo para fritar poucos, incorporando bem. Acrescen-
• Açúcar e canela para polvilhar te o ovo e misture até incorporar.
3 - Frite pequenas porções da massa
Chocolate Quente no óleo quente e deixe escorrer no
• 500 ml de Leite Líquido NINHO papel toalha. Polvilhe o açúcar com
Forti+ Integral canela e sirva.
• 200 g de Chocolate Meio Amargo
GAROTO picado Chocolate Quente
4 - Em uma panela, aqueça o Leite
NINHO e despeje sobre o Chocolate
Meio Amargo GAROTO picado. Mis-
ture até derreter o chocolate e ficar
homogêneo. Sirva.
G
isele Granjeiro de Almeida tinha 12 anos quando viu uma
reportagem que mudaria sua vida. Moradora de Cacho-
eirinha, um bairro de classe média em Manaus, a garota
vinha de uma família humilde e tinha dificuldades até para com-
prar os materiais escolares. Na TV, a matéria sobre renda extra
trazia a sugestão de vender brigadeiros e outros docinhos. “Dos
meus irmãos, eu que mexia mais na cozinha”, lembra ela. “Então
minha mãe virou para mim e falou ‘minha filha, você não quer
tentar vender na escola?’”
Dezoito anos depois, os brigadeiros que Gisele começou a ven-
der em 2002 a ajudaram a terminar dois cursos superiores, cons-
truir uma carreira como professora de inglês e criar uma empre-
sa de doces com a mãe, Keila, e a irmã Geovana.
A revista
Com Você especial com
receitas dos docinhos
foi uma ‘mão na roda’
para começarmos
a vender.
INGREDIENTES
2 - Forre o fundo e as laterais de uma
Massa forma de aro removível (24 cm de
• 1 e meia xícara (chá) de farinha diâmetro), fure a massa com o auxílio
de trigo de um garfo e leve ao forno médio-al-
• Meia xícara (chá) de Chocolate to (200°C), preaquecido, por cerca de
em Pó GAROTO 20 minutos ou até dourar. Reserve.
• 1 pitada de sal
• 1 ovo Recheio brigadeiro branco
• 100 g de manteiga em 3 - Em uma panela, coloque o Leite
temperatura ambiente MOÇA e a manteiga. Leve ao fogo
médio, por cerca de 8 minutos ou até
Recheio de brigadeiro branco desgrudar do fundo da panela. Desli-
• 1 Leite MOÇA® (lata ou caixinha) gue o fogo, junte o NESTLÉ Creme de
• 1 colher (sopa) de manteiga Leite e misture bem.
• 1 lata de NESTLÉ Creme de Leite
Cobertura de brigadeiro
Cobertura de brigadeiro 4 - Em uma panela, coloque o Leite
• 1 Leite MOÇA® (lata ou caixinha) MOÇA, o Chocolate em Pó GAROTO
• 3 colheres (sopa) de Chocolate e a manteiga. Misture bem e leve ao
em Pó GAROTO fogo baixo, mexendo sempre até des-
• 1 colher (sopa) de manteiga prender do fundo da panela (cerca de
• Meia xícara (chá) de chocolate 8 minutos).
granulado
5 - Retire do fogo, passe para um
MODO DE PREPARO prato untado com manteiga e deixe
esfriar. Com as mãos untadas, enrole
Massa em bolinhas e passe-as no granulado.
1 - Em um recipiente, coloque a farinha
de trigo, o Chocolate em Pó GAROTO e Montagem
o sal. Junte o ovo e a manteiga. Misture 6 - Distribua o recheio de brigadeiro
e trabalhe com a ponta dos dedos até branco já frio sobre a massa reser-
obter uma massa homogênea. vada e finalize com os brigadeiros
enrolados. Sirva.
F
amília reunida, as crianças brincando, um pouquinho de
bagunça e um cheiro gostoso na cozinha. Comida é um in-
grediente essencial em datas importantes, e não era dife-
rente na casa de Sonia Maria Marques Soares, na cidade de Ere-
chim, no interior do Rio Grande do Sul. Aos 66 anos, ela volta no
tempo só de falar sobre a torta de nozes com geleia de damasco
feita por sua avó, Alzira.
“Essa torta me remete a momentos felizes em família, aguça uma
memória saudosista. Eu me lembro especialmente das manhãs de
Natal, quando minha avó estava cozinhando”, diz ela. E olha que
para um doce se destacar na vida de Sonia, precisa mesmo ser ines-
quecível. Isso porque desde que se mudou para Florianópolis, há
cerca de 20 anos, a neta da Alzira ganha a vida fazendo tortas.
Torta de castanhas, torta síria, torta de limão — o cardápio de
Sonia, que trabalha em parceria com diversas cafeterias da cidade,
tem alguns sucessos, mas o destaque é mesmo a receita de nozes
com geleia de damasco. “É uma torta neutra que se encaixa bem
em diversas ocasiões, por isso é uma das que mais vendem”, conta.
Montagem
7 - Corte o pão-de-ló de nozes em 3 partes, for-
MODO DE PREPARO mando 3 discos. Distribua metade do creme e
por cima, metade da geleia de damasco. Repita
Creme o procedimento finalizando com a massa.
1 - Em uma panela, coloque o Leite MOÇA,
o Leite NINHO e o amido de milho e leve ao 8 - Cubra a torta com a cobertura de
fogo médio até engrossar. marshmallow e doure com o maçarico.
P
ara fechar o dia, nada como uma comida ca-
seira. A paulistana Cynthia mostra como faz
seu quibe de ascendência síria. As irmãs gaú-
chas Tati e Piti contam como herdaram a receita de
um capeletti in brodo. E Lara, com sua torta de bana-
na, mostra como fazer comida é uma forma de afeto.
O
aroma de pimentas com canela e sumak, a textura do bis-
coito de nata derretendo na boca, a intuição na ponta dos
dedos para enrolar os quibes e medir a temperatura do
leite da coalhada. As memórias das comidas da família de ascen-
dência síria de Cynthia Zaidan se fazem presentes hoje em sua co-
zinha, na zona oeste de São Paulo. Mas demorou um alguns anos
para que ela mesma colocasse a mão na massa.
Cynthia não era a garotinha que ficava cozinhando com a mãe,
interessada em ver como se preparavam os pratos sírios que per-
fumavam a casa. A professora de matemática se casou aos 27 anos
sem saber fritar um ovo. Preocupada em como a filha ia alimen-
tar a nova família, dona Darcy produziu um caderno de receitas
variadas, escrito de próprio punho, como um dos presentes de
casamento. "A primeira receita que fiz para o meu marido foi um
macarrão ao molho branco… nada típico! Em geral, cozinho porque
preciso, mas os pratos árabes eu tenho prazer em fazer", conta ela.
Dica
Se desejar, coloque pedaços de muça-
rela para ter um quibe recheado.
U
m fogão de brinquedo numa casa de bonecas é algo co-
mum de se ver. Um fogão de verdade, com gás e tudo,
nem tanto. Mas foi exatamente isso que Emília Nedeff,
a vó Mia, fez para as netas Tatiana e Katchsuka Nedeff Kappel
quando ambas sequer haviam entrado na pré-adolescência.
Ainda bem. Tati e Piti, como são conhecidas, hoje vivem das re-
ceitas que aprenderam com Mia. “Minha mãe trabalhava e, por
isso, a vó Mia era muito presente”, conta Tati. A família morava
em Nova Prata, uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, 180
km distante de Porto Alegre, que hoje tem cerca de 27 mil habi-
tantes. Naquela época, lembra Tati, Nova Prata inteira conhecia
Mia. Além de ser dona do cinema local com o marido, José Gui-
lherme, um descendente de italianos e árabes, a avó ainda tinha
um talento raro para culinária e artes.
O
bife maravilhoso, o feijão sensacional, o melhor molho
quatro queijos, as batatinhas personalizadas para cada
neta. Toda comida da avó de Lara Stahlberg recebe adjeti-
vos que dão nome próprio às receitas.
Virginiana, jornalista e mãe do casal de cachorros Gerso e Vana,
Lara vive sozinha em Brasília. Natural de São Carlos, cidade do
interior de São Paulo, já se aventurou por alguns países como El
Salvador, Venezuela, Argentina e Inglaterra. Carrega influências
genéticas e culturais da Itália, Alemanha, El Salvador e Hondu-
ras. E é justamente essa mistura diplomática que dá caldo: na sua
cozinha tem espaço para os mais variados ingredientes e espe-
cialidades, importados de viagens ou resgatados do caderno de
receitas da falecida avó Rosa. “Logo que ela morreu, fui fuçando
no caderninho que eu tinha como referência. Tem o estrogonofe
dela, o lombo com farofa, o repolho gostoso, a torta de banana. A
torta, inclusive, era um dos preparos preferidos do meu pai e foi a
primeira receita que fiz. Não ficou igual a dela, mas foi uma expe-
riência completamente emocional pra mim”, revela.