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Introdução
Esta pesquisa tem como foco principal a reforma curricular que ocorre em Moçambique, desde
meados da primeira década de 2000 no que tange a comparação dos planos curriculares: do
curso de Formação de Professores do Ensino Primário e Educadores de Adultos e do ensino
básico e visa perceber em que medida os modelos curriculares estão organizados e em que estado
estão a serem desenvolvidos com base em pressupostos teóricos válidos e sua repercussão na
melhoria da qualidade de ensino oferecida.
A relevância do trabalho se baseia-se na sua actualidade. Espera-se contribuir para o
desenvolvimento da teoria e das discussões críticas à volta do processo e das práticas
pedagógicas que estão sendo orientadas ou possam vir a ser orientadas como resultado desse
processo.
Tendo como pressuposto, a inovação é o acto de renovar e introduzir novidades, tendo como seu
ponto de partida a criatividade, indo na perspectiva de Serafim (2011, p. 23), infelizmente no
mundo corporativo alguns indivíduos continuam pensando que inovação, criatividade e invenção
são a mesma coisa, mas este assunto é tão discutido nos dias de hoje, segundo Sarkar (2014,
p.159), acabou sendo pessimista no assunto ao afirmar que se existisse um premio em que
poderia se atribuir a popularidade para uma das palavras que nas últimas décadas tem merecido
tanta curiosidade dos médicos, mundo de negócio, académicos, seria a palavra “inovação”.
As invenções impactam de forma forte a sociedade e revolucionam a vida dos cidadãos.
Entretanto nem é sempre que as inovações surgem de método científico. Tantas que são usadas
advém do conhecimento popular ou de outras fontes. Mas nesta reflexão dá-se enfase ao sistema
educacional, que não tem sido isenta de inovação, resultantes de erros, correções e adaptação
atinente à resolução dos problemas que vão surgindo na sociedade, assim como as exigências
ambientais.
CURRÍCULO
Conforme PACHECO (2007) citado por PEREIRA (2014:17), o termo currículo vem do latim
curriculum que significa lugar onde se corre ou corrida, derivado do verbo currere que quer
dizer percurso a ser seguido ou carreira. Neste sentido, o significado de currículo refere-se “a um
curso a ser seguido, a um conteúdo a ser estudado”.
Reflecte, assim, “uma sequência de conteúdos definidos socialmente, com base em sequências
definidas para o processo de aprendizagem”.
Referindo-se TANNER, WHEELER e GALEÃO (2005:10) citado por PEREIRA (2014:18)
dizem que “currículo é o conjunto de acções desenvolvidas pela escola no sentido de criar
oportunidades para a aprendizagem” e citando Abrantes, expõe que o currículo é o conjunto dos
conhecimentos que o aluno desenvolve.
O currículo é constituído por elemento nuclear do processo pedagógico, pois é ele que viabiliza o
processo de ensino e aprendizagem onde são trabalhados o que devo ensinar, para que ensinar,
como ensinar. O currículo é a ligação entre a cultura e a sociedade exterior a escola é a educação
entre os conhecimentos herdados e a aprendizagem dos alunos.
MODELO CURRICULAR
Analisam se, agora modelos de organização curricular mais correntes, tentando descrevê – los
nas suas características significativas, pontos de vista que advogam vantagens, limitações e
aplicações possíveis.
Os modelos de organização curricular disponíveis não existem, na prática, sob formas «puras» e
estão sujeitos a evolução ou adaptações, permanecendo sempre a hipótese de invenção de novos
tipos de estruturas curriculares, em função das realidades concretas do ensino. Em especial,
tendo em conta limitações e vantagens inerentes a cada um dos modelos disponíveis, pode ser
benéfico e equilibrado utilizar diferentes estruturas para diferentes segmentos de um currículo
total adoptado no sistema escolar, em vez de este se restringir a um único tipo de organização,
facto que, na prática, tende a acontecer (GRESS, 1978; KLEIN, 1985 citado por RIBEIRO,
2012).
As características e pontos de vista expressos pelos proponentes deste modelo podem sintetizar-
se nas seguintes afirmações:
Há uma característica muito comum em todos os modelos ora elencados, os cursos têm um
suporte curricular baseado em disciplinas e ou áreas de formação. A mesma constatação foi feita
por NIQUICE (2005); ASSANE (2017). Segundo ZABALZA (2001, p.112), no modelo
curricular baseado em disciplinas e aprendizagens formais “dá-se muita importância aos
conhecimentos a adquirir. Organizam-se os espaços, tempos e actividades em função de tais
conhecimentos. Procuram-se resultados, diretamente comprováveis como produto da
instrução”.
As limitações deste tipo curricular - pelo menos, na sua forma mais pura - têm que ver, em
síntese, com os seguintes aspectos maiores:
a) É discutível que a organização lógica das disciplinas represente a melhor estrutura para a
aprendizagem dos conteúdos curriculares, tendo presente que o processo de
aprendizagem de uma matéria pelos alunos não segue, necessariamente, a lógica de
transmissão de um saber já previamente completo e estruturado segundo critérios
exclusivos do especialista dessa matéria;
b) Pode contribuir para a fragmentação de conhecimentos propostos ao educando, pondo em
risco a relacionação ou integração de saberes provenientes de várias disciplinas, a qual é,
na maioria dos casos, deixada à iniciativa e capacidade real dos alunos para o fazer;
c) Pode evidenciar um conflito difícil de sanar entre a formação geral do aluno e a acção
especializada - concebendo o aluno como «miniatura» do especialista de uma disciplina e
formando-o num estilo de pensar específico desse domínio - designadamente no contexto
de uma educação básica alargada;
d) Pode afastar-se dos problemas sociais e situações reais, ou dos interesses e experiências
dos alunos, em virtude da orientação «académica», de uma certa complexidade
conceptual e de um tratamento pouco funcional que parecem presidir a este modelo bem
como da natureza pluridisciplinar, ou mesmo interdisciplinar, dos problemas sociais e
reais a resolver;
e) Levanta a questão de saber como integrar num currículo já bastante «congestionado»
novas disciplinas ou áreas disciplinares que, por força das transformações sociais,
culturais e tecnológicas, se vão afirmando também com potencial formativo e estatuto
académico-científico, para não falar já de actividades ou experiências práticas de
desenvolvimento pessoal e social dificilmente «enquadráveis» na organização rígida de
disciplinas curriculares (RIBEIRO, 2012)
3. QUADRO COMPARATIVO (MODELO, CARACTERÍSTICAS, VANTAGENS E LIMITAÇÕES)
– A formação de
professores ainda não
responde às reais exigências
do ensino;
– O nível de preparação
dos formadores não é o
mais adequado, resultando
na fraca preparação dos
formandos;
- Produção e distribuição do
Livro Escolar não é
equitativo.
- Manuais explicativos que
procurem detalhar o
processo de avaliação no
novo plano curricular do
ensino básico.
PLANO - Profissionalização como a - Na formação dos professores -A exiguidade na formação
CURRICULAR pedra angular de todo o e educadores de adultos; dos professores de 12 classe
- processo, em torno do qual o + 3;
Curso de desenvolvimento de - Introdução de línguas de - Seleção (isto é pós exame
Formação de competências no domínio sinais; de admissão);
professores de pessoal e social, de - Produção do material de
Ensino Primário conhecimentos científicos e de -Inclusão Social. didático (que é manuscrito);
e habilidades inerentes à
Educadores de profissão; - Na escrita (Caligrafia)
Adultos - A falta de envolvimento de
- Alinhamento no projecto professores e outros atores
quinquenal do governo nos estudos preliminares,
- Mas valia no corpo docente para a revisão das políticas
(comportamental). de formação de professores
4. DISCUSSÃO DOS PLANOS CURRICULARES
Entretanto, em 1996 foram introduzidos os IMAP’s cujo modelo de formação inicial era de
10ª+2 anos (NIQUICE, 2005). Embora Niquice se limite em 5 modelos, outros autores como o
caso de MUGIME et al (2019) defendem ter havido várias mudanças tanto nos modelos cuja
base de ingresso era 7ª classe, os que a base era 10ª classe, assim como os que definem a 12ª
classe como pré-requisito de ingresso.
Deste modo, o aumento da rede escolar teve como consequência imediata a elevação da
demanda de professores. Assim, para fazer face à procura, o Ministério de Educação introduziu
o curso de 1 ano, cujo fim último era de “formar mais professores em curto espaço de tempo e
manter o crescimento da massa salarial, bem como a necessidade de responder aos desafios do
milénio” (MUGIME et al 2019, pág. 5). Primeiro aconteceu o modelo 12ª +3 meses e, por fim,
o modelo 12ª+ 1 ano.
Mesmo assim, constata- se que na miscelânea dos professores um dos factores que cria
limitações na realização de encontros entre professores na escola para a sua autoformação a
partir da partilha de experiências sem esperar que alguém venha orientar a formação e atribuir
certificados.
Olhando para as posições assumidas tanto por NOVOA (2009) assim como por ESTEVES
(2014), e conjugadas com o real cenário da formação de professores em Moçambique, existe
uma tendência de se repetir os mesmos processos em cada alternativa que se pretendem adotar
para tornar o professor mais habilitado e profissional. Entretanto, a partilha de experiências que
é menos valiosa na nossa realidade parece ser um aspeto extremamente relevante a tomar-se em
consideração e, sobretudo, na implementação da formação contínua a partir da escola e com a
escola.
Na medida, que entra se em consonância com os dois planos, o PCEB e Plano curricular Curso
de Formação de professores de Ensino Primário e Educadores de Adultos, encontramos
factores ou elementos de vária ordem onde cingiu na explanação de alguns.
Ao olhar do PCEB;
As reflexões sobre as políticas curriculares foram fundamentadas nos seguintes autores: Luckesi
(1990), Tyler (1989) entre outros. Foram também utilizados como referência os documentos
oficiais do Ministério de Educação, designadamente, o Plano Curricular do Ensino Básico.
Segundo a mesma lei, lei 6/92 de 6 de Maio, o ensino primário, compreende as primeiras sete
classes, e subdivididas em dois graus a saber:
Deste modo, todo o ensino primário do primeiro grau é feito em cinco anos em obediência às
perspectivas do programa. O segundo ciclo corresponde à fase de consolidar os
conhecimentos adquiridos no primeiro, acompanhado pela introdução de novas disciplinas
como é o caso das ciências naturais, na 3ª classe, na 4ª e, a as ciências sociais e também, as
disciplinas de educação visual, educação musical e ofícios e é a fase da introdução
experimental das línguas nacionais.
O ensino primário 2° grau, da 6ª e 7ª classe (EP2). O ensino primário de 2°
grau compreende somente um ciclo, da 6ª e 7ª classe. Deste modo, aqui, os alunos
consolidam os conhecimentos do segundo ciclo da escola primária do 1° grau e,
ao mesmo tempo, são preparados para o ensino secundário geral.
Quanto a avaliação
Desta forma, o principal desafio do novo currículo é: tornar a educação mais relevante, o que
significa formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria das suas vidas, a vida da
sua família, comunidade e país na tentativa de preservar a unidade nacional e a cultura de
Moçambique (INDE, 2003, p.7).
Para superar este desafio, a introdução do currículo local (CL) é considerada pelo MINED
uma das principais inovações do novo currículo (INDE, 2003). O CL deve, em teoria, reunir
as escolas, comunidade e professores para planear e decidir a nível local, 20% do tempo
lectivo.
O currículo em vigor em Moçambique fora concebido no quadro de uma nova visão político-
teórica. Em conformidade com Castiano et al. (2005), citado por Basílio (2006, p.67), a
transformação curricular do Ensino Básico visa responder três questões, nomeadamente: a
expansão das oportunidades educativas, a melhoria da qualidade do ensino e uma administração
escolar descentralizada, e a estas questões, se acrescenta uma quarta, que está vinculada à
adaptação do sistema educativo às novas condições.
Este trabalho foi realizado com intuito de se debruçar sobre a hipótese de que “da comparação
dos planos: PCEB e Plano curricular Curso de Formação de professores de Ensino Primário e
Educadores de Adultos”. Qual se constatou que um número significativo dos professores
carece de um domínio apropriado das políticas educativas emanadas nos programas de
ensino em vigor.
A falta de envolvimento de professores e outros atores nos estudos preliminares, para a revisão
das políticas de formação de professores, constitui um dos maiores embaraços para a efetivação
e adoção de um modelo que se mostre eficaz e eficiente para a formação de professores do
ensino primário.
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