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DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA

1. Aspectos introdutórios

É dever do Estado garantir a segurança e a harmonia do convívio social. Para tanto o


legislador erigiu à categoria de crimes as condutas que possam perturbar a
tranquilidade dos indivíduos, lesando bens ou interesses considerados indispensáveis à
sobrevivência do homem. Assim é que punem condutas que possam ofender a pessoa,
seus bens etc...

Os previstos nesta modalidade são basicamente de perigo comum para um número


indeterminado de pessoas, trazendo ao meio social uma intranquilidade generalizada,
ofendendo diretamente a coletividade como um todo.
Neste passo, observa-se que a vontade do legislador está relacionada à proteção dos
bens jurídicos de modo mais abrangente, incriminando-se fatos que provoquem
simples perigo à estes mesmos bens.

2. Conceito de Incolumidade Pública

Incolumidade é o estado ou qualidade daquilo que é incólume, ou seja, isento de


perigo ou seguro. É a preservação da segurança em face de possíveis eventos lesivos
contra pessoas (vida, integridade física) ou coisas patrimoniais (Nélson Hungria).
Incolumidade pública, por sua vez, é o estado de segurança e tranquilidade que deve
presidir a vida em sociedade, eis que o Código Penal, na rubrica “da periclitação da vida
e da saúde”, já tutelou a incolumidade individual.

Portanto, incolumidade pública significa um estado de segurança ou tranquilidade na


vida em sociedade, que é de todos sem ser de ninguém, individualmente.
Vê-se, portanto, que a incolumidade pública é um direito difuso, no sentido de que é:

 TRANSINDIVIDUAL: eis que não se limita ao indivíduo, existindo para além dele,
porque protege, necessariamente, uma coletividade indeterminada (embora
muitas vezes determinável a posteriori e in concreto) de pessoas

 INDIVISÍVEL: no sentido de que o estado de segurança pública não pode ser


fracionado para cada indivíduo, que o usufruiria como bem particular. Exemplo:
Rapaz causa epidemia, propagando, por qualquer meio, germes patogênicos.
Pessoas concretas serão atingidas, mas o bem tutelado não pode ser fracionado
para cada um dos ofendidos em particular.

Portanto, as qualidades da transindividualidade e da indivisibilidade são do bem


jurídico incolumidade pública e não dos outros bens que porventura venham também
a ser atingidos pela conduta punível, razão pela qual algumas condutas incriminadas
neste Título são de perigo e não de dano, podendo se configurar concurso de crimes se
outros resultados forem provocados pela conduta
O Código Penal Brasileiro consagrou um título para cuidar dos "Crimes contra a
incolumidade pública" e o dividiu em três capítulos:

 Crimes de perigo comum

 Crimes contra a segurança dos meios de comunicação e transporte e outros


serviços

 Crimes contra a saúde pública

 Pune o resultado ou a conduta do agente (conduta material e formal).

Situação de perigo

A situação de perigo ora é reconhecida em concreto, ora em abstrato.


Perigo abstrato é o que a lei presume de forma absoluta, pouco importando se a
conduta ocasionou ou não um perigo efetivo (basta que eu dirija embriagado, p.ex).
Perigo concreto é que deve ser demonstrado realmente, dependendo a configuração
do delito de sua verificação, como no caso dos crimes de Incêndio e Inundação (precisa
da perícia, caso de incêndio ou remédio, p. ex).

As modalidades de ataque ao bem jurídico:

 Condutas que ocasionam perigo comum (Incêndio, Explosão, Uso de gás tóxico
ou asfixiante, Inundação, Desabamento, Ocultação de material de salvamento,
Difusão de doença ou praga). A indeterminação do alvo é a nota característica
desses delitos. Se as pessoas ou coisas que sofrerão o perigo podiam ser
determináveis ab initio, estaremos diante de outras modalidades delitivas.
Exemplo: rapaz arma uma bomba dentro do ônibus UNOESC/direto para
explodir às 18h horas ou coloca o dispositivo debaixo de um dos assentos para
atingir o primeiro que ali se sentar. Haverá perigo comum, mesmo que naquele
momento somente um passageiro estivesse dentro do ônibus e mesmo que
apenas uma pessoa seja atingida, eis que todos os usuários do sistema
sofreram perigo.
Nesse caso a pessoa não se importa quem vai sentar lá, quem vai morrer, só
quer explodir a bomba no ônibus.

 Condutas que atentam contra a segurança dos meios de comunicação e


transporte, além de outros serviços públicos (Perigo de desastre ferroviário,
Desastre ferroviário, Atentado contra a segurança de transporte marítimo,
fluvial ou aéreo, Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo, Atentado
contra a segurança de outro meio de transporte, Arremesso de projétil,
Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública, Interrupção ou
perturbação de serviço telegráfico ou telefônico). DESUSO. Se isso acontecer é
por meio de Ciberterrorismo.
 Crimes contra a saúde pública (Epidemia, Infração de medida sanitária
preventiva, Omissão de notificação de doença, Envenenamento de água potável
ou de substância alimentícia ou medicinal, Corrupção ou poluição de água
potável, Falsificação, corrupção adulteração ou alteração de substância ou
produtos alimentícios, Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, Emprego de processo
proibido ou de substância não permitida, Invólucro ou recipiente com falsa
indicação, Substância destinada à falsificação, Substâncias nocivas à saúde
pública, Substância avariada, Medicamento em desacordo com receita médica,
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica, Charlatanismo,
Curandeirismo). É DIFERENTE FALCIFICAÇÃO DE MEDICAMENTO E TRAFICO DE
DROGAS.

2.Crimes de perigo comum


2.1. Incêndio

Conceito

Código Penal, artigo 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física
ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
(Imprudência ou negligencia). Exemplo: dono do imóvel não troca a rede elétrica há 20
anos, falta de manutenção, seria um perigo para as outras pessoas.
 Tanto no caput ou §2°, o crime vai ser provado com a perícia.

OBS: significada dar causa ao incêndio – dolo. PORÉM, se eu colocar a pessoa dentro
do carro e colocar fogo, não responde por incêndio. Posso usar fogo para lesionar,
torturar (respondo por tortura), matar. Ou, botar fogo na casa para receber seguro
(responde por fraude asseguradora).
Para responder por incêndio, preciso querer APENAS botar fogo, não quero destruir
patrimônio.
Se incêndio culposo for em área de preservação ambiental, vai responder como crime
ambiental.

 Núcleo do Tipo: “causar” → incêndio


 Conduta: ação ou omissão
 Tipo subjetivo: dolo genérico (com conhecimento do perigo comum) ou culpa
 Sujeito ativo: qualquer pessoa, inclusive o dono da coisa
 Sujeito passivo: a coletividade
 Consumação: delito de perigo concreto, só se consumando com a efetiva
exposição a perigo de pessoas e bens
 Tentativa: admite-se

 Ação penal: pública incondicionada


 Corpo de delito: No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar
em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para
o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato).

 Aumento de pena
 § 1º - As penas aumentam-se de um terço:
 I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito
próprio ou alheio;
 II - se o incêndio é:
 em casa habitada ou destinada a habitação;
 em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social
ou de cultura;
 em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
 em estação ferroviária ou aeródromo;
 em estaleiro, fábrica ou oficina;
 em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
 em poço petrolífico ou galeria de mineração;
 em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

 2.2. Explosão

Conceito

Código Penal, artigo 251- Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite
ou de substância de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos,
a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; nos demais casos, é de
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

OBS1: Se o explosivo for usado para furtar, o sujeito irá responder por furto qualificado
(o furto qualificado passou a ser considerado crime hediondo).
OBS2: Se o explosivo for utilizado para fins de terrorismo, o sujeito responde pela lei de
terrorismo no Brasil (precisa ter explosão, não necessariamente vítimas, e um grupo
que se responsabilize).
O tipo penal NÃO é EXPLODIR, só colocar um engenho explosivo, já responde.
É um crime que vai ter perícia. Explosão acidental, a pessoa não responde (p.ex. pegar
no sono com um cigarro na mão).

Núcleo do tipo: é o verbo “expor” → a perigo


Conduta: ação ou omissão
Meios de execução do núcleo do tipo: explosão, arremesso ou colocação de dinamite
ou de outro explosivo de efeitos análogos
Tipo subjetivo: dolo genérico, com consciência do perigo comum, ou culpa
Consumação: com a criação do perigo comum para indeterminado número de pessoas
Tentativa: admite-se EXPLODIR.
Figura privilegiada: (§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de
efeitos análogos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa).
Causa de aumento de pena: (§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre
qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida
qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo)

2.3. Uso de gás tóxico ou asfixiante


Conceito

Código Penal, artigo 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Modalidade Culposa
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Núcleo do tipo: expor → a perigo a vida... Se o gás propalado é insuficiente para


expor... a perigo... a vida... ou a integridade física, não se configurará o delito
Forma de execução: usando gás tóxico ou asfixiante. Vapor e fumaça não são gases.
Tipo subjetivo: dolo genérico com consciência de causar perigo comum, ou culpa
Consumação: com o surgimento da situação de perigo concreto
Tentativa: admite-se
Forma culposa: a mesma da dolosa, mas causada por não ter o agente observado o
dever de cuidado necessário na manipulação.

DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

        Epidemia (crime hediondo)

        Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:

        Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)

        § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.

        § 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta


morte, de dois a quatro anos.

Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins


terapêuticos ou medicinais (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
        Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

        Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)

        § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o
produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)

        § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os


medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os
saneantes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

        § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º
em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)

        I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária


competente; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

        II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso


anterior; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

        III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua


comercialização; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

        IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; ((Incluído pela Lei
nº 9.677, de 2.7.1998)

        V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

        VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária


competente. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

       Modalidade culposa

        § 2º - Se o crime é culposo: 

        Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)

 Esse crime se configura quando o autor utiliza produto ou matéria prima


PERMITIDA de forma irregular.

 Esse crime, a pena começa a 10 anos.


 Reembalei medicamento que comprei na argentina, medicamentos que
precisavam ficar no resfrigeramento e não ficam.

Charlatanismo – não prescreve medicamento, cura pela palavra ou algum método


para a cura.

        Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:

        Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

    Curandeirismo – quando a pessoa acredite que foi curado o mesmo não é
processado. (também no charlatismo)

   Art. 284 - Exercer o curandeirismo:

      I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância;

        II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;

       III - fazendo diagnósticos:

      Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

  Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica


também sujeito à multa.

         Forma qualificada
         Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste
Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267.

 Associação Criminosa

        Art. 288.  Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer
crimes:     (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013)     (Vigência)

        Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.     (Redação dada pela Lei nº 12.850, de
2013)     (Vigência)

        Parágrafo único.  A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se


houver a participação de criança ou adolescente. 

Plurisubjetivo; varias vontades. Não possui concurso de agentes.


- Para ter associação criminosa no código penal em que ter no mínimo 03 pessoas. (CP,
Art. 288)
- Para a lei de drogas, a associação criminosa, basta 2 pessoas. (lei 11.343/06)
- Para crime de lavagem de dinheiro, associação criminosa, mínimo 04 pessoas. (lei
12.850/13)
A diferença é o número de componentes.

Dos crimes contra a fé pública

Código Penal, artigos 289 a 311-A

1. Conceito de fé pública

 Documento serve para comprovar a relação jurídica travada entre as partes.


Ex; união estável ou casamento, prova-se por um documento. Nascimento,
pela certidão nascimento. Tudo é provado pelos documentos.
 Documento é meio de prova.
 Fé pública é a crença coletiva que recais sobre a autenticidade (vem da
fonte) e a veracidade (o conteúdo do documento é verdadeiro) dos
documentos utilizados na relação entre particulares ou entre estes e o
Estado. Nunca atinge os dois, é um ou o outro. Ex; papel moeda de 20 reais
impressa uma nota de 100, vai ser autentico, mas não será verdadeiro.
 Fé pública é a confiança e a segurança que devem presidir as relações
jurídicas, por meio da crença nos instrumentos que as consubstanciam e lhe
servem de prova.
 É também uma característica de certos documentos.
 A fé publica pode ser de palavra. O funcionário público, a palavra de, é
dotada de fé pública. Ex; oficial de justiça, policial.

1.2. Requisitos essenciais dos crimes de falso (fé pública)

 A alteração (tira a autenticidade do documento) de verdade sobre fato


juridicamente relevante; pode ser mensagens whats, ou qualquer meio de
prova que possa ter qualquer comprovação. No momento pode ser
irrelevante, mas que no processo pode ser algo com grande potencial
judicial. Documento não é necessariamente escrito. Pode ser falado
(gravado). Se não tem algo autentico não pode falar em veracidade.
 A imitação da verdade; só pode ser imitado o que for autentico, não pode
ter sido alterado. Se for alterado não é mais autêntico, então não poderá
mais falar em imitação. Sempre que ocorrer a alteração e a cópia, vai
responder pela alteração.
 A potencialidade de dano; tem que ser capaz de enganar o homem médio
(pessoa com capacidade de entendimento).
 O dolo; todos os crimes da fé publicam serão dolosos. Se não tiver dolo não
é considerado crime de fé pública.

Para que se configure os crimes de falso devem estar presentes 03 requisitos:


o Alteração, potencialização e dolo;
o Imitação, potencialidade de dano e dolo;
o Tem que ser três, nunca será os 04.

1.3. Divisão do CP

 Da moeda falsa
 Da falsidade de títulos e outros papéis públicos
 Da falsidade documental
 De outras falsidades

1.4. Dos crimes em espécie

1.4.1. MOEDA FALSA

Código Penal, artigo 289

MOEDA (nota e níquel)

Trata-se de um meio de troca e uma medida de valor, ou seja, uma unidade


monetária.

CF, artigo 48, inciso XIV: XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da
dívida mobiliária federal.

Moeda Falsa

        Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda


de curso legal no país ou no estrangeiro:

        Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

        § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.

        § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada,
a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis
meses a dois anos, e multa.

        § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público
ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a
fabricação ou emissão:

        I - De moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;


        II - De papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

        § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação
não estava ainda autorizada.

Conceito

Objetividade jurídica: proteção da fé pública

Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa.

Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima prejudicada pela


falsificação.

Tipo Objetivo:

1. A conduta típica é falsificar:

a) fabricando (fazendo, confeccionando a moeda);

b) alterando (modificando moeda verdadeira).

2. O objeto material do crime é moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no


país (Lei 9.069/95, que instituiu o Real) ou no estrangeiro, sendo irrelevante o
número de moedas ou cédulas. Para que seja caracterizado crime, falsificar
dinheiro vigente e não dinheiro antigo. Se o dinheiro estiver fora de circulação
responderá por crime de estelionato.

3. Não podem ser objeto material do crime em questão:


o o cheque de viagem;
o moeda retirada de circulação. Essa última pode, porém, ser meio para
estelionato ou objeto de furto ou roubo.

É elemento típico dos crimes de falso, uma vez que se pretende enganar o sujeito
passivo. Deve haver a possibilidade de gerar o engano. Se a falsificação for grosseira,
perceptível ictu oculi, será crime de estelionato, de acordo com a Súmula 73 do STJ e o
entendimento do STF: “O crime de moeda falsa exige, para sua configuração, que a
falsificação não seja grosseira. A moeda falsificada há de ser apta à circulação como se
verdadeira fosse” (STF, HC 83.526/CE, Min. Joaquim Barbosa, 1ª T, 16.3.04). (enganar o
homem médio).
- Uma vez aprendida a moeda falsa ela deverá ser periciada, se a perícia identificar
que falsificação grosseira, terá crime de estelionato.
- Como a moeda é um bem da união a competência para julgar o crime de moeda
falsa é da justiça federal. Caso verificada a falsificação grosseira e a consequente
desclassificação de crime de estelionato, o processo será encaminhado para a
justiça estadual. A justiça estadual do local que aconteceu o fato.
Tipo Subjetivo:

O dolo é a vontade de falsificar a moeda por meio de contrafação ou alteração.

Consumação e Tentativa:

O crime se consuma com a fabricação ou alteração, ainda que de apenas uma moeda.
Se foram falsificadas várias moedas, configura crime único e não concurso formal,
exceto se as falsificações forem em ocasiões diferentes.
Não se aplica crime de insignificância.
Admite-se a tentativa, exceto quando se tratar de petrechos para falsificação de
moeda, pois já constitui outro ilícito penal (Código penal, artigo 291).

Uma nota: crime falsificação;

Meia nota; tentativa.

 Petrechos para falsificação de moeda

        Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou
guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente
destinado à falsificação de moeda:

 Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Circulação de Moeda Falsa

Código penal, artigo 289, § 1.º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz
na circulação moeda falsa.

Trata-se de crime de conduta múltipla alt


ernativa (várias condutas). O agente que pratique duas ou mais ações típicas (adquiriu
e vende, por ex.) responde por crime único. Quem faz a falsificação e coloca ela
mesma em circulação, responde somente para um crime único. A mais grave, caput,
289.
- Quando uma pessoa fabrica o dinheiro e a outra coloca em circulação. Ambas
trabalham em concurso de agente, mas não vão responder pelo mesmo crime.

Circulação de Moeda Falsa (Figura Privilegiada)

Código penal, artigo 289, § 2.º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira,
moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é
punido com detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Tipo Objetivo:
A conduta típica é colocar em circulação moeda falsa, sendo que recebeu-a como
verdadeira e tomou conhecimento da sua falsidade.

Tipo Subjetivo:

O tipo apresenta três elementos subjetivos:

a) recebimento de boa-fé: o agente deve ter recebido a moeda pensando ser


verdadeira;
b) conhecimento da falsidade: o sujeito deve ter pleno conhecimento da falsidade da
moeda, não bastando a dúvida;
c) a vontade livre e consciente de colocar a moeda em circulação.

Princípio da Insignificância:

HC 112708 / MA - MARANHÃO
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 26/06/2012 Órgão Julgador: Segunda Turma

Ementa: HABEAS CORPUS. PENAL. MOEDA FALSA. ART. 289, § 1º, DO CÓDIGO
PENAL. PACIENTES QUE INTRODUZIRAM EM CIRCULAÇÃO DUAS NOTAS FALSAS
DE CINQUENTA REAIS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE EM
FUNÇÃO DO BEM JURÍDICO TUTELADO PELA NORMA, QUE, NO CASO, É A FÉ
PÚBLICA, DE CARÁTER SUPRAINDIVIDUAL. REPRIMENDA QUE NÃO DESBORDOU
OS LINDES DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. PRECEDENTES.
ORDEM DENEGADA. I - Mostra-se incabível, na espécie, a aplicação do princípio
da insignificância, pois a fé pública a que o Título X da Parte Especial do CP se
refere foi vulnerada. Precedentes. II – Em relação à credibilidade da moeda e do
sistema financeiro, o tipo exige apenas que estes bens sejam colocados em risco
para a imposição da reprimenda. III – Os limites da razoabilidade e da
proporcionalidade na aplicação da pena foram observados pelo TRF da 1ª Região,
que, além de fixar a reprimenda em seu patamar mínimo, substituiu a privação
da liberdade pela restrição de direitos. IV – Habeas corpus denegado.

Concurso de Crimes

Se o mesmo agente é autor da falsificação e posteriormente introduz as cédulas ou


moedas em circulação, responde apenas pela falsificação, cuidando-se de
progressão criminosa. Inexistindo prova da autoria da falsificação, poderá o agente
ser condenado pela introdução em circulação.
A introdução de várias cédulas ou moedas em circulação, no mesmo contexto de
fato, configura crime único.

Ação Penal
É sempre pública incondicionada, da competência da Justiça Federal, por violar o
interesse da União na emissão privativa de moedas (art. 21, VII, CF, c/c art. 109, IV,
CF). Tratando-se de crime que deixa vestígios, exige-se prova pericial.

Fabricação, Emissão ou Autorização Irregular

Código Penal , artigo 289 , ... § 3.º - É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze)
anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de
emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: (crime próprio,
tem que ser funcionário público e trabalhar, se encaixar nos tais requisitos:)

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;

II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

Desvio e Circulação Indevida

Código Penal, artigo 289, § 4.º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. (crime próprio)

Terceira aula 03/03/2020

1.4.2. Crimes assimilados ao de moeda falsa


CP, artigo 290

 Conceito
Código Penal, artigo 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de
moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em
nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal
indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais
condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Chamados de crimes assimilados aos de moeda falsa, pune-se aqui o infrator que
se vale das moedas ou suas frações que não mais poderiam ser utilizados.
Considerando a similaridade com o delito do artigo anterior, a principal diferença
neste tipo penal é que são usados objetos que em sua essência eram ainda válidos,
perdendo esta qualidade pelo seu perecimento material ou expressa vedação legal
posterior ao período em que era legal.
 Objetividade jurídica: proteção da fé pública
 Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima prejudicada pela
falsificação.
 Tipo Objetivo:
A conduta típica é falsificar:
Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de
cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros.
Significa a criação de cédula falsa por maio de junção de fragmentos. Refere-se
ao papel-moeda, não a moeda metálica.
Suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à
circulação, sinal indicativo de sua inutilização;

Restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos


para o fim de inutilização:

 Tipo Subjetivo:

O dolo é a vontade de falsificar a moeda por meio de contrafação ou alteração.

 Consumação e Tentativa:

O crime se consuma com a formação, ou supressão de sinal indicativo de


inutilização. Na terceira conduta típica, consuma-se quando o objeto volta a
circulação.

Admite-se a tentativa.
 Forma Qualificada
O Parágrafo único determina que o máximo da reclusão é elevado a doze anos e
multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o
dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.
1.4.3. Petrechos para falsificação de moeda
CP, artigo 291
Conceito
Código Penal, artigo 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou
qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
Pena: reclusão de 2 a 6 anos e multa (tem que provar demostrar)
O supracitado artigo pretende punir aquele que presta auxílio material à
falsificação de moeda, mesmo que de forma culposa ou omissiva, como no
caso em que um funcionário encarregado de dar fim à máquina de
fabricação de moeda a cede (fornece) para outrem por não inutilizá-la.
Assim, haverá punição àquele que criar a possibilidade de tais objetos
servirem ao crime de falsificação de moeda.
Deve-se fazer menção a dois assuntos do Direito Penal: a posição da
tentativa no iter criminis e o Princípio da Consunção.
Tal princípio faz com que o indivíduo que pratica duas ou mais ações
criminosas, mas uma ou mais delas são atos preparatórios de outra, seja
indiciado apenas pela ação principal.
E é sabido que o iter criminis compreende a cogitação, os atos
preparatórios, a execução e, para alguns autores, o exaurimento do fato
delituoso, como é considerada a tentativa apenas se a execução do crime já
teve início.
Assim, se uma pessoa pratica algum dos núcleos do tipo do artigo 291
do CP com a finalidade de reproduzir, ela só será enquadrada no crime de
falsificação.
 Objetividade jurídica: proteção da fé pública
 Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: Estado
Tipo Objetivo:
A conduta típica é:
Fabricar
Adquirir
Possuir
Guardar maquinismo, aparelho, instrumento, ou seja, petrechos para
falsificação de moeda.
 Tipo Subjetivo:

O dolo é a vontade de realizar as condutas descritas no tipo, ciente que os


objetos se destinam à falsificação de moeda.

 Consumação e Tentativa:

O crime se consuma com a realização das condutas descritas no tipo, ciente


que os objetos destinam-se à falsificação de moeda. Trata-se de crime formal.

Admite-se a tentativa.

DA FALSIFICAÇÃO DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

O Código Penal define papeis públicos, elencando-os em em rol


exemplificativo. Assim, os papeis públicos são todos aqueles previstos no
artigo293 incisos I a VI. E o objeto jurídico do artigo é garantir a fé pública e
a ordem tributária. enquanto que o objeto jurídico do 297 (crime de
falsificação de documento) é a fé pública.

Perceba que há diferença conceitual justamente para abarcar o outro objeto


jurídico que é a ordem tributária. As implicações da falsificação de uma
CNH ou a falsificação de um selo de IPI são essencialmente distintas.
Exemplo
ALVARÁ
O alvará judicial (formalmente público e essencialmente privado) é uma
ordem emanada do juiz que é materializada em um documento (emanada
de um ato do poder publico) para intervir em interesses particulares Quase
nada tem em comum com o alvará mencionado no 293,V (exceto o nome).
No alvará de funcionamento, por exemplo, (formalmente público e
essencialmente público) a autoridade avaliará a conveniência e
oportunidade de se conceder ou não o alvará, normalmente sua concessão
pressupões recolhimento de taxas aos cofres públicos (veja aqui o objeto
jurídico sendo tutelado - ordem tributária.
1.4.4. falsificação de papéis públicos
cp, artigo 293
Conceito
Código Penal, artigo 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
- selo postal, estampilha, papel selado ou qualquer papel de emissão
legal; selo dos estados.
- papel de crédito público, vale postal, cautela de penhor, caderneta de
depósito;
- talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a
arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução;
- bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte
administrada pela União, por Estado ou por Município;
Pena: Reclusão de 2 a 8 anos e multa

 Objetividade jurídica: proteção da fé pública, veracidade dos documentos


 Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Se se tratar de funcionário público,
que venha a cometer o crime prevalecendo-se do cargo, prevê o artigo 295 do
Código Penal, que a pena será aumentada de 1/6.
Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima prejudicada pela
falsificação.
 Tipo Objetivo
O caput emprega o verbo falsificar, por meio de:
Fabricação que é contrafazer, é imitar a verdade.
Alteração que é modificar título ou papel que já existe, com violação à fé
pública.
O crime traz a sanção para aqueles que fabricarem ou alterarem papéis de
controle público, tornando-os falsos e, conseguindo, assim, crédito ou
vantagem, atual ou superveniente. Qualquer falsificação destes documentos
será punida de acordo com a pena prevista no artigo, que condiz com o
caráter prejudicial que a alteração ou fabricação de papéis públicos acarreta
ao Estado. Observa-se que a pena para a falsificação de papéis públicos é
menor que a de moeda, mostrando menor grau de reprovação pelo Estado,
com pena base maior tanto em sua quantidade mínima quanto máxima.
Necessário é saber que estes papéis públicos estão relacionados
diretamente com patrimônio financeiro, ao contrário dos documentos e
selos públicos tratados adiante.
Estes papéis que trazem o selo oficial falsificado são muitas vezes
utilizados para o não pagamento de tributos, em que são apresentados os
documentos, modificados ou fabricados, já devidamente pagos.
 Tipo Subjetivo:

O dolo é a vontade de realizar as condutas descritas no tipo.


Consumação e Tentativa:

O crime se consuma com a realização das condutas descritas no tipo,


independentemente da sua circulação.

Admite-se a tentativa
 Forma equiparada
 CP, artigo 293, § 1º
Incorre na mesma pena quem:
I – Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que
se refere este artigo;
II – Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda,
fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle
tributário;
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em
depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário,
falsificado;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a
obrigatoriedade de sua aplicação.
Como trata o § 1°, aquele que manter em sua posse, o papel público
falsificado ao qual tenha sido colocado o selo que é destinado ao controle
tributário, para uso próprio ou de terceiros, seja doando, emprestando,
vendendo ou guardado, será responsabilizado penalmente pelo crime.
Considerando que este é um crime contra a fé pública, já que guardar
significa o risco de um dia se utilizar da coisa, e doar a outra pessoa
acarretaria o mesmo resultado para o Estado que se o fabricante o estivesse
usando pessoalmente, a pena será a mesma de quem produz ou altera o
papel público.
Por outro lado, se a falsificação foi feita de modo precário, e se tornar
grosseira a ponto de ser percebida por qualquer pessoa que não tenha
habilidade para a análise deste papel, o crime, provavelmente, não será
punido, pois o caráter enganador e prejudicial não irá existir se o
documento for descoberto como falso e recusado.
 Formas privilegiadas
CP, artigo 293, § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando
legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal
indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
CP, artigo 293, § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior.

Os §§2° e 3° apontam a pena àquele que, agindo de má fé, esconde o


carimbo ou comprovante de que aquele papel já foi utilizado. Com isso ele
provoca a impressão de que não foram cessados os direitos que aquele
documento proporciona, conseguindo-os uma segunda vez.
 CP, artigo 293, § 4º
Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer
dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu §
2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de
detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Mesmo que o papel tenha sido recebido em um ato de boa-fé, ele não
deve ser devolvido à circulação. Após o conhecimento de que o documento
não é verdadeiro em seu inteiro teor, ele não deve ser utilizado. Este ato
estaria condizente com a proibição dos §§ 2° e 3°, em que não se pode
reutilizar os papéis após supressão de marcas de uma utilização anterior.
 CP, artigo 293, § 5º
Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido
em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências.

Este último parágrafo especifica a amplitude do comércio irregular, que


é exercido em lugares inapropriados e que participa da venda, doação,
empréstimo, e demais ações descritas no inciso III do § 1°, de papéis
públicos, a fim de obter vantagem ilícita sobre tributos ou outros direitos
controlados pelo Estado.
1.4.5. falsificação de selo ou sinal público---- Bandeira nacional não entra como
selo.
cp, artigo 296
 Conceito
CP, artigo 296 -Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado
ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a
autoridade, ou sinal público de tabelião:
Pena -reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º -Incorre nas mesmas penas:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de
outrem ou em proveito próprio ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas
ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou
entidades da Administração Pública.
O selo ou sinal público é a marca, impressa, carimbada ou feita de outra
forma, que dá dimensão pública a determinados atos – o timbre. Assim,
aquele que os falsifica, incorre nesta pena.
Cabe aqui a distinção do que é a marca pública e o que é o documento
público: se um é o que apenas marca, dá sinal, atesta que qualquer
documento é público, o documento público por excelência é aquele advém
de órgãos estatais e/ou que só podem ser emitidos pelos mesmos (ou
equivalentes).
Um selo dos correios e uma escrituração podem exemplificar os casos
respectivamente.

Falsidade Documental
Documento:
Todo escrito devido a um autor determinado, contendo a exposição de fatos ou
declaração de vontade, dotado de significação ou relevância jurídica.
Necessário autor certo, posto que escrito anônimo não é documento.
Documento público é o elaborado com a intervenção de um representante do poder
público (funcionário público) e documento particular é o realizado sem esta
intervenção.

Todo documento deve ter três requisitos essenciais:


A forma escrita (seja impressa, datilografada, manuscrita, à tinta ou a lápis, etc.);
Autoria certa (só haverá documento quando puder ser determinada a sua origem, ou
melhor, da pessoa do qual emana);
Conteúdo documental ou teor, que consiste na declaração de vontade a exposição dos
fatos.
A doutrina classifica os documentos públicos em :
Documento formal e substancialmente público(formalmente publico o estado
que diz a forma, aquilo que ele tem interessa as partes.)
O documento é formado, criado e emitido por funcionário público no
exercício de suas atribuições legais, e seu conteúdo é relativo a questões de
natureza pública. Consideram-se como tais, todos os documentos
emanados de atos do executivo, legislativo e judiciário, bem como qualquer
outro expedido por funcionário público, desde que represente interesse do
Estado. Exemplo: RG, CNH, Título de Eleitor, Passaporte, etc.
 Documento formalmente público, mas substancialmente privado.
Na hipótese, o documento é formado, criado e emitido por funcionário
público, mas seu conteúdo é relativo a interesses particulares, p. ex.,
escritura pública de transferência de propriedade imóvel. O interesse
envolvido é particular, mas formalmente o documento é público, sendo a
escritura lavrada pelo oficial de registro públicos, dotado de fé-pública, a
quem é delegado o exercício dessa atividade.
O cheque é equiparado a documento público, por tratar-se de título ao
portador ou transmissível por endosso, deixando, portanto, de equiparar-se
a documento público quando já apresentado e rejeitado no
estabelecimento bancário por falta de fundos. Nessa hipótese desaparece a
equiparação por não ser mais transmissível por endosso.
 Documento particular é o que é feito sem a intervenção do funcionário público,
ou de alguém que tenha fé-pública.
A forma de falsificação do documento particular é a mesma da do
documento público, não havendo diferença substancial. Entretanto, por
razões óbvias , o tratamento penal da falsificação do documento público é
mais grave.
FALSIDADE MATERIAL - o que se frauda é a própria forma do documento, que é
alterada no todo ou em parte, ou é forjado pelo agente, tratando-se de
falsificação gráfica ,ou seja, visível.(diploma) carteira de trabalho
FALSIDADE IDEOLÓGICA - a forma do documento é verdadeira, mas seu
conteúdo é falso. É a falsificação de teor ideativo ou intelectual.
Assim, são as grandes ordens de falsificação documental. A material e a
ideológica. Na primeira espécie, ocorre a falsificação ou a alteração material
sobre o próprio documento, produzindo-se um diverso do primitivo. Na
falsidade ideológica esta incide sobre o conteúdo do documento, cuja forma
material é perfeita. Em outras palavras; a falsidade material diz respeito a
autenticidade do documento e a falsidade ideológica, á sua veracidade.
( órgão competente)
1.4.6. Falsidade de Documento Público
CP, artigo 297
Conceito
Código Penal, artigo 297 -Falsificar, no todo ou em parte, documento
público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
(Eu crio o documento)
Objetividade jurídica: proteção da fé pública
Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, aplicando-se o parágrafo 1º, do Artigo
297 do CP, em se tratando de funcionário público no exercício da função. Tem
aumento de pena.   § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima prejudicada pela
falsificação.
 Tipo Objetivo:
As ações físicas são as de falsificar e alterar. A primeira expressão é mais ampla
do que a segunda, já que pode inclusive, contê-la: falsificar é formar, fabricar,
contrafazer (que tem o significado de alteração).
Para o tipo legal a falsificação pode ser parcial ou total. Esta última é a
formação integral do documento, enquanto, a primeira se aproveita de
documento já existente, para nele inserir dizeres novos.
O objeto material é o documento público, ou seja, o emanado da
autoridade pública ou de pessoas investidas em funções públicas ou a ela
equiparadas. Incluem-se os documentos emanados de autoridade
estrangeira.
Evidente que o documento alterado ou contrafeito deve ter condições
para enganar as pessoas, uma vez que a falsificação grosseira, que não tem
condição de fraudar, não constitui o fato material exigido pela lei.
Para os efeitos penais, equiparam-se aos documentos públicos, os
emanados de autoridades paraestatais. (Autarquias e entidades
administrativas ou econômicas cuja ação se estende a todo território
nacional, como as Caixas Econômicas, Instituto Brasileiro do Café, etc.).
Equiparam-se aos documentos públicos para os efeitos penais, o título
ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial,
os livros mercantis e o testamento particular. Esta equiparação, tanto das
entidades paraestatais ou autárquicas e ações de sociedades comerciais e
livros mercantis, foi ditada por razões de ordem prática. As primeiras são
uma extensão da administração pública e os demais, devem receber uma
especial confiança, daí a proteção rigorosa que a lei lhes dá.
 Tipo Subjetivo:

O elemento subjetivo é o dolo genérico. É a vontade livre com consciência de


antijuridicidade da ação de falsificar ou alterar o documento público.
 Consumação e Tentativa:

Consuma-se o crime com a contrafação ou alteração parcial ou total do


documento.
Como ficou acima indicado não é admitida a tentativa, já que se trata de um
crime de perigo que se consuma com a própria falsificação
 No parágrafo 1º está a forma qualificada do artigo 297: se o crime é cometido
por funcionário público, que se prevalece do cargo ou função, a pena é
aumentada de uma sexta parte.
 O parágrafo 2º do artigo 297 informa sobre a equiparação dos documentos
citados (entidade paraestatal, título ao portador ou transmissível por endosso,
ações de sociedade comercial, livros mercantis e testamento particular) ao
documento público.
 § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja
destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua
a qualidade de segurado obrigatório;
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em
documento que deva produzir efeito perante a previdência social,
declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento
relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social,
declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. Inserir informação
errada.
1.4.7. Falsidade de documento particular
CP, artigo 298
 Conceito
Código Penal, artigo 298 -Falsificar, no todo ou em
parte, documento particular ou alterar documento
particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
O artigo 298 do Código Penal incrimina a falsificação de
documento particular. Como no artigo precedente, cuja
oração é idêntica (com a substituição, apenas, do termo
documento público pelo termo documento particular,
trata o artigo da falsidade material: falsificação
(imitação) e alteração, total ou parcial, de documento
particular.
 Objetividade jurídica: proteção da fé pública
 Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima
prejudicada pela falsificação.
 Tipo Objetivo:
Falsificar que significa a contrafação ou fabricação
total (o documento tem uma forma nova e completa),
sendo que alteração é a modificação material de um
documento particular verdadeiro, com acréscimo ou
supressão de termos ou expressões.
Estas são, como no artigo antecedente, as ações
físicas.
A distinção marcante deste artigo em relação ao anterior
é no que tange ao objeto material que é o documento
particular. Este é o realizado sem que nele intervenham
quaisquer pessoas que tenham fé pública.
O documento particular não tem a forma especial,
podendo conter reconhecimentos de firmas ou inscrição
no registro público, que não lhe modificam a essência.
 Tipo Subjetivo:

O elemento subjetivo é o dolo genérico. É a vontade livre


com consciência de antijuridicidade da ação de falsificar ou
alterar o documento particular.
 Consumação e Tentativa:

Consuma-se o crime com a contrafação ou alteração parcial


ou total do documento.
Como ficou acima indicado não é admitida a tentativa,
já que se trata de um crime de perigo que se consuma
com a própria falsificação.
 Falsificação de Cartão

Código penal, artigo 298, parágrafo único. Para fins do


disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de
crédito ou débito.
Falsificação de documento particular  

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar


documento particular verdadeiro:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Falsificação de cartão        

Parágrafo único.  Para fins do disposto no caput, equipara-se a


documento particular o cartão de crédito ou débito.    
1.4.8. Falsidade Ideológica
CP, artigo 299
2. Conceito – Crime omissivo
Código Penal, artigo 299 - Omitir, em documento
público ou particular, declaração que dele devia constar,
ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se
o documento é público, e reclusão de 1 (um) a 3 (três)
anos, e multa, se o documento é particular.
Consiste a falsidade ideológica em omitir o sujeito ativo, em
documento público ou particular, declaração que nele devia
constar, ou nela inserir ou fazer inserir (estupro de
vulnerável)declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com
o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade
sobre fato juridicamente relevante.
Consequentemente, a falsidade ideológica diz respeito, à
modificação do conteúdo de documento público ou particular,
quer pela supressão, quer pelo acréscimo, quer pela alteração do
que nele realmente deveria constar.
Declaração de hipossuficiente? No caso de declaração
hipossuficiente existe duas correntes, atípica
1- Entende que é crime
2- Que é majoritária intende não ser considerado crime pois é
obrigação do juiz verificar a hipossuficiência
 Objetividade jurídica: proteção da fé pública, tutelada em
relação à veracidade que devem ter os documentos, sejam
eles públicos ou particulares.
 Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, mas se o agente é
funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento
de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima
prejudicada pela falsificação.
 Tipo Objetivo
A ação física reveste-se de duas formas:
A comissiva, consistente em inserir ou fazer inserir
declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita e a
omissiva, que consiste em omitir declaração que deveria
ser feita.
Esta conduta, segundo a lei incide sobre fato
juridicamente relevante. A declaração falsa deve
constituir parte substancial do ato ou documento.
Alterações não substanciais, irrelevantes, meras
irregularidades, não constituem a ação incriminada.
A ação física se projeta através de:
- omissão de declaração que devia constar de
documento, de acordo com sua finalidade ou destinação;
- inserção de declaração falsa ou diferente da que
deveria ser escrita no documento, de acordo com sua
finalidade ou destinação.
Um dos casos mais comuns de falsidade ideológica está
no preenchimento abusivo de papel em branco
assinado e confiado ao agente. O seu preenchimento
contrário à realidade consuma a falsidade ideológica.
 Tipo Subjetivo:

O elemento subjetivo é o dolo específico revelado pela


expressão “com o fim de prejudicar direito, criar obrigação,
ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.
Nota-se assim que nem toda falsidade constituirá o
delito. É necessário que o agente esteja imbuído de
especial objetivo: prejudicar direito, criar obrigação, etc.
A falsidade deve prejudicar (ou prejudica ou contém
potencialmente esta qualidade) e o agente deve saber
que ela pode prejudicar direito de terceiro.
 Consumação e Tentativa:

Consuma-se o crime com a omissão ou a inserção, pelo


próprio agente, ou determinada por terceiro.
Como ficou acima indicado não é admitida a tentativa,
já que se trata de um crime de perigo que se consuma
com a própria falsificação.
1.4.9.FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA
CP, ARTIGO 300
 Conceito
 Código Penal, artigo 300 - Reconhecer, como verdadeira, no
exercício de função pública, firma ou letra que o não seja:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se


o documento é público; e de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa, se o documento é particular.
 Objetividade jurídica: proteção da fé pública
Sujeito Ativo: O sujeito ativo desta infração é a pessoa
que possui fé pública. Consequentemente, trata-se de
crime especial que exige sujeito ativo próprio, já que
apenas os tabeliães e pessoas que exercem função de
tabelião podem reconhecer firmas. Os cônsules e
agentes consulares também podem reconhecer firmas,
sendo potencialmente considerados agentes do delito.
Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima
prejudicada pela falsificação
 Tipo Objetivo
De três formas podem ser feitos os reconhecimentos;
autêntico ou semiautêntico: quando o oficial público
reconhece a firma que foi lançada à sua vista pelo autor,
ou quando este afirma ao oficial a sua autoria;
por semelhança: quando resulta da comparação da
firma apresentada com a que consta do arquivo de
firmas existentes na repartição;
por abonação quando duas pessoas do conhecimento
do oficial público asseguram a autenticidade da
assinatura.
A ação física é o reconhecimento da firma como
verdadeira, quando a mesma não o é. Reconhecer firma
ou letra é declarar legítima a assinatura de outrem. Isto
dá ao documento o valor probatório que o ato requer. A
forma mais comum de reconhecimento de firmas é a
“por semelhança”, realizada em tabelionatos públicos.
O objeto material é o próprio documento onde a firma
ou letra esteja aposta. O documento pode estar
impresso ou datilografado, em partes, e apenas
assinado, como pode por igual ser manuscrito.
 Tipo Subjetivo:

O elemento subjetivo é o dolo genérico, ou seja, a vontade


livre e consciente de reconhecer a firma ou letra como
emanadas de certa pessoa, quando sabe que isto não
ocorre.
 Consumação e Tentativa:

Consuma-se o crime com o reconhecimento falso do


documento.
Admite tentativa
302---- 1.4.10. Falsidade de atestado médico
CP, artigo 302
A jurisprudência entende que quem tem que dar o
atestado é o medico se for a secretaria entregar é atípica
para configurar o tipo quem tem que entregar é médico.
Se tratando de medico do SUS se visar lucro ele incorre
no crime do 317 do CP CORRUPÇÃO PASSIVA.
Se eu comprar um atestado, não é esse aqui será
falsidade de documento privado.
Falsidade de atestado médico
        Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua
profissão, atestado falso:
        Pena - detenção, de um mês a um ano.
        Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim
de lucro, aplica-se também multa.
 Objetividade jurídica: fé-pública, visando-se impedir que o
médico ofereça atestado falso.
 Sujeito Ativo: Somente o médico.
O legislador criou, uma lei que privilegia o ilícito do
Médico em relação ao crime de emissão de atestado
falso. Crime de falsidade ideológica privilegiada.
Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima
prejudicada pela falsificação.
 Tipo Objetivo:
A conduta típica vem descrita pelo verbo dar que significa
fornecer, proporcionar, entregar.
Atestado que fornecido pelo médico, e portanto,
materialmente verdadeiro, porém ideologicamente falso.
 Tipo Subjetivo:

O elemento subjetivo é o dolo. É a vontade livre com


consciência de antijuridicidade da ação de dar atestado
falso, ou seja, atestadas doença que sabe inexistente.
 Consumação e Tentativa:
Consuma-se com o fornecimento do atestado
ideologicamente falso.
Admite tentativa.
 Forma qualificada
Prevista no parágrafo único e ocorrendo quando o
crime é cometido com o fim de lucro, aplicando-se,
nesse caso, também a pena de multa.
Se o médico for funcionário público e emitir atestado
ideologicamente falso habilitando alguém a tomar posse
em cargo público, tipificado restará, pelo princípio da
especialidade, o artigo 301 do Código Penal.
1.4.11. Uso de Documento Falso
CP, artigo 304
 Conceito
Código Penal, artigo 304 -Fazer uso de qualquer dos
papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts.
297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
 Objetividade jurídica: proteção da fé-pública.
 Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, salvo falsário que responde
pela falsificação.
Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima
prejudicada pelo uso do documento falso.
 Tipo Objetivo:
A conduta típica vem descrita pelo verbo fazer uso que
significa usar documentos, atestados ou certidões falsas
como se verdadeiras fossem.
O porte de documento falso é penalmente atípico,
salvo se for de documento de porte obrigatório como
CNH ou Documento do veículo.
 Tipo Subjetivo:

O elemento subjetivo é o dolo. É a vontade livre com


consciência de antijuridicidade da ação de fazer uso de
documento, atestado ou certidões falsas.
 Consumação e Tentativa:

Consuma-se com o uso.


Não admite tentativa.
1.4.12 Falsa Identidade
CP, artigo 307 e 308
 Conceito
Código Penal, artigo 307 - Atribuir-se ou atribuir a
terceiro falsa identidade para obter vantagem, em
proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a
outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou
multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.
Código Penal, artigo308 - Usar, como próprio,
passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou
qualquer documento de identidade alheia ou ceder a
outrem, para que dele se utilize, documento dessa
natureza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de 4 (quatro) meses a 2 (dois) anos,
e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.
 Objetividade jurídica: proteção da fé-pública.
 Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: É o Estado e secundariamente a vítima
prejudicada.
 Tipo Objetivo:
Código Penal 307
A conduta típica vem descrita pelo verbo atribuir-se que
significa imputar a si ou a terceiro falsa identidade.
Identidade compreende todo o conjunto de
caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa, tais
como nome, idade, sexo, estado, profissão, condições
sociais...
Admite qualquer meio, oral o escrito.
Fato interessante é que a falsa identidade pode ser tanto
de pessoa existente quanto inexistente. Além disso, a
intenção pode ser tanto positiva para o sujeito ativo
quanto negativa a outrem, mesmo que este não tenha
conhecimento da ação (o que deixa claro que o sujeito
passivo é o Estado e não a pessoa lesada).
Código Penal, artigo 308
A conduta típica vem descrita pelo verbo usar como
próprio que significa fazer uso de documento alheio.

A primeira distinção deste artigo para com o anterior é


que, ao se falar em identidade, não se fala exatamente
do documento de identidade, ou RG, e sim em
identidade em seu sentido amplo, intangível, mesmo
que esta acabe sendo representada pelo uso do
documento falso.Agora já se vê a expressão “documento
de identidade”, ou seja, aquele documento que identifica
a pessoa para certas ocasiões especiais: o passaporte
para a viagem, o título de eleitor para o voto, a
caderneta de reservista para a devida prestação de
contas exigida pelo serviço militar.

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