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Direito penal

• Para que serve o Direito penal?


• Quais as funções do direito penal nas sociedades?
• Seria possível uma sociedade prosperar sem direito penal?
• Você já matou alguém? (ou furtou algo.... Ou causou lesão corporal...)
• Você já teve vontade de matar alguém? (ou de furtar... Ou lesionar
fisicamente..)
• Você já corrompeu ou foi corrompido?
• O que aconteceu? Vamos refletir sobre o que nos impede (ou não) de
cometer atos que ofendem bens jurídicos!!!!!
CONCEITO DE DIREITO PENAL

• GUILHERME DE SOUZA NUCCI: “É o conjunto de normas


jurídicas voltado à fixação dos limites do poder punitivo do
Estado, instituindo infrações penais e as sanções
correspondentes, bom como regras atinentes à sua aplicação”.

• ESTEFAM e GONÇALVES: “Ramo do Direito Público que se ocupa de


estudar os valores fundamentais sobre os quais se assentam as bases da
convivência e da paz social, os fatos que os violam e o conjunto de
normas jurídicas (princípios e regras) destinadas a proteger tais valores,
mediante a imposição de penas e medidas de segurança”.
CONCEITO E RELEVÂNCIA DE UM DIREITO PENAL
FUNDADO EM PRINCÍPIOS
• No sentido jurídico, ‘PRINCÍPIOS’ referem-se a proposições fundamentais
que ordenam, orientam e se irradiam sobre os sistemas de normas,
servindo de base para as atividades legislativa, jurisdicional, interpretativa,
para a integração, conhecimento e aplicação do direito positivo.
• Atuam como GARANTIAS DIRETAS aos cidadãos (proteção política e de
bens jurídicos)
• Podem ser explícitos ou implícitos – Constituição Federal
• Orientam a interpretação e a aplicação de normas penais, processuais
penais e de execução penal
• Têm a função de afastar DP do terror, o DP simbólico e mediático
PRINCÍPIOS MAIS RELEVANTES PARA O
DIREITO PENAL
• Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA – art. 1º, III CF
• Princípio da HUMANIDADE DA PENA – art. 5º, XLVII CF
• Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA (Direito Penal é subsidiário e é ultima ratio)
• Princípio da LESIVIDADE ou OFENSIVIDADE (nullum crimen sine iniuria)
• Princípio da INSIGNIFICÂNCIA (da bagatela ) – afasta tipicidade material em face da verificação de
certos critérios:
• mínima ofensividade da conduta; ausência de periculosidade social da ação; reduzido grau de
reprovabilidade; inexpressividade da lesão
• Princípio da FRAGMENTARIEDADE -
• Princípio da PESSOALIDADE (intranscendência) da pena – art. 5º, XLV CF
• Princípio da SECULARIZAÇÃO – necessidade de distinção entre MORAL e DP
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da
livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019); V - o pluralismo político.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, (....);
XLVI - a lei regulará a individualização da pena (....);
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Pirâmide do Direito
FATORES DE CONTROLE SOCIAL * COERCITIVOS – SISTEMA JURÍDICO
* NÃO COERCITIVOS
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – art. 1º CP e 5º,
XXXIX CF
• NULLUM CRIMEM, NULLA POENA SINE LEGE
• Garantia política dos cidadãos em face do arbítrio do Estado
• Desdobra-se em outros relevantes princípios:
• Princípio da reserva legal / estrita legalidade
• Princípio da anterioridade da lei
• Princípio da taxatividade
• Derivações:
• Lex scripta – veda costumes
• Lex stricta – veda analogia in malam partem
• Lex certa – veda leis genéricas (princípio da taxatividade da lei penal)
• Lex praevia – veda retroatividade in malam partem
FONTES DO DIREITO PENAL - DE ONDE PROVÉM O
DIREITO PENAL

1. MATERIAL / DE PRODUÇÃO / SUBSTANCIAL: ÓRGÃO QUE ELABORA - A única fonte material de Direito
Penal é o ESTADO – UNIÃO – LEI FEDERAL
• Competência privativa da União para legislar sobre matéria penal (CF, art. 22, inc. I).
▪ Iniciativa de leis penais: membros do Congresso Nacional; Presidente da República; Iniciativa
Popular (art. 61, § 2º CF).

2. FORMAL / DE COGNIÇÃO / DE CONHECIMENTO: MODO PELO QUAL O DIREITO PENAL EXTERIORIZA-


SE. Pode ser:
• Imediata/direta/primária: LEI – princípio da estrita legalidade
• Mediata/indireta/secundária: incidem somente na seara da licitude penal, ampliando-a, ou seja, só podem
servir como base para normas penais permissivas.
• COSTUMES: conjunto de normas de comportamento obedecidas uniformemente como se obrigatórias
fossem. Não cria ou revoga crimes, mas influencia na interpretação e elaboração da lei penal (Ex.
interpretação de “atos obscenos”, art. 215 CP).
• PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO premissas éticas extraídas do material legislativo
• ANALOGIA IN BONAM PARTEM: só pode ser utilizado para ampliar o ius libertatis
Conceito de LEI PENAL
• Sentido lato (material) - toda norma jurídica emanada dos órgãos do Estado competentes para
formulação do direito. Abrange, portanto, o conceito formal e informal de lei. Atos legislativos,
provimentos, resoluções, atos administrativos etc.
• Sentido estrito (formal) – “Manifestação da vontade coletiva expressada através dos órgãos
constitucionais” = ato legislativo, aprovado pelo Congresso e sancionado pelo Presidente da
República. – legislada pela União Federal, através do legislador federal
• Somente uma lei federal (sentido estrito, formal) pode definir a conduta criminosa e cominar
penas – princípio da legalidade
• EMENDA CONSTITUCIONAL N. 45: Tratados internacionais relativos a direitos humanos ratificados pelo Brasil
passou a ter status constitucional, desde que aprovados em cada casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, passando a ter, após tal procedimento, valor de emenda
constitucional.
Classificação das normas penais – espécies
− Incriminadoras: descrevem crimes e cominam penas. (Ex: art. 121 (homicídio), art. 151 (furto),
art. 213 (estupro) – parte especial do CP

− Não incriminadoras: declaram a licitude ou punibilidade de certas condutas, ou apenas


esclarecem o conteúdo de outras normas. Elas podem ser:
− Permissivas (exculpantes, eximentes): afastam a punibilidade do agente, ou seja, tornam lícitas
determinadas condutas tipificadas em leis incriminadoras. Ex. art. 128 (não se pune aborto
praticado por médico.....), art. 23 (não há crime ..... - excludentes de ilicitude: estado de
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito).
− Explicativas (complementares): esclarecem o conteúdo de outras normas e delimitam o âmbito
de sua aplicação. Arts. 1º, 2º, 3º etc.
ESTRUTURA ATUAL DA NORMA PENAL BRASILEIRA

Código Penal brasileiro vigente:


• Decreto Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (entrou em vigor em 1º de janeiro de 1942;
influência do Código Penal italiano de 1930 e do estatuto penal da Suíça de 1937).
• Lei n. 7.209, de 11 de julho de 1984 (em vigor desde 13 de janeiro de 1985, tendo modificado a
redação da parte geral do CP).

Estrutura interna do CP:


• Parte Geral: art. 1 até 120
• Parte Especial: art. 121 até 361

Exposições de Motivos do Código Penal – Parte Geral Lei 7209/84 e da Lei de Execuções
Penais, Lei 7210/84 – IMPORTANTÍSSIMA A LEITURA das Exposições de motivos de todas as
novas leis!!!!!
Leis complementares mais importantes:

• Decreto Lei 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal


• Decreto Lei 3.688, de 3/10/1941 – Lei de Contravenções Penais
• Lei 7.210, 1984 – LEP – Lei de Execuções Penais
• Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995 – Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Justiça
Estadual.
• Lei 10.259, de 12 de julho de 2001 – Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Justiça Federal.
• Lei 8.072/90 – Lei dos crimes hediondos
• Lei 12403/11 – Alterou disciplina de prisões cautelares
• Lei 13.964/2019 – Pacote Anticrime
• Demais leis especiais
ESTRUTURA DA NORMA PENAL
INCRIMINADORA

Cada dispositivo da lei penal é uma norma, e a norma


incriminadora estrutura-se em ARTIGOS, compostos, na parte
especial, de 02 preceitos:
• Preceito primário: descrição da conduta – tipo penal
• Preceito secundário: sanção abstratamente cominada em um
valor mínimo e um máximo.
• Ex.
• Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Pena: Detenção,
de 3 meses a 1 ano, e multa
NORMA PENAL EM BRANCO: NORMAS PENAIS INCOMPLETAS – Normas nas quais o preceito
secundário está completo (sanção), permanecendo indeterminado o seu preceito primário (descrição
da conduta é incompleta). Para que tenha eficácia, são normas que precisam de complementação de
outro dispositivo legal ou regulamentar, ou seja, complementação de outra lei em sentido lato (ato
legislativo, provimentos, resoluções, atos administrativos);

• Podem ser:
• NPB homogêneas, impróprias: quando o complemento provém da mesma origem legislativa da
norma penal em branco: ex. um dispositivo do C.Civil (Lei Federal) complementa um dispositivo do
C.Penal (Lei Federal). Ex. Art. 169, I CP é completado por art. 1264 CC; Art. 237 é completado
pelo art. 1521 CC.
• NPB heterogêneas, próprias: quando o complemento provém de fonte formal diversa, ou seja, a
lei é complementada por ato normativo infralegal, como uma portaria, um decreto. Ex. art. 269, Lei
de drogas (11.343/2006) complementada por portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(portaria SVS/MS 344/1998, que é periodicamente modificada).
• NPB inversa ou ao avesso: o preceito primário é completo, carecendo de complementação o
preceito secundário, que deve ser complementado por lei (princípio da reserva legal). Ex. Lei
2.889/56, arts. 1º a 3º (crimes de genocídio)
APLICAÇÃO DA NORMA PENAL NO TEMPO, NO
ESPAÇO E EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS
APLICAÇÃO DA NORMA PENAL NO TEMPO
• Conceitos:
• Vigência = Atividade da lei: Princípio tempus regit actum – aplicação da lei vigente à época do
fato, em razão do princípio da legalidade.
• Período de vigência da lei - intervalo de tempo que se inicia no momento em que a lei que define
o fato típico se torna obrigatória pela sua entrada em vigor (projeto, sanção, promulgação,
publicação e vacatio legis) e que termina no momento em que a lei deixa de ser obrigatória por ter
cessado a sua vigência (revogação tácita ou expressa, total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).
• QUAL A IMPORTÂNCIA POLÍTICA DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE?
• Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) – ABOLITIO CRIMINIS
• Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A Lei penal pode RETROAGIR?

• O que é retroatividade da lei? Aplicação de uma norma


jurídica a fato ocorrido antes da sua vigência.

• O que é irretroatividade da lei? Impossibilidade da lei ser


aplicada a fatos ocorridos antes de sua vigência.

PORTANTO, A LEI PENAL É RETROATIVA OU


IRRETROATIVA??????
CONCLUSÃO

• As normas penais incriminadoras ou que de qualquer forma


prejudiquem o cidadão (novatio legis incriminadoras ou novatio legis
in pejus), são obrigatoriamente IRRETROATIVAS
• As normas penais benéficas ao cidadão (abolitio criminis ou novatio
legis in mellius) são obrigatoriamente RETROATIVAS

• E O QUE EXPLICA ISSO? A FUNÇÃO POLÍTICA DO DE PROTEÇÃO DO


CIDADÃO EM FACE DO ESTADO, IMPOSTA PELO PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE E DEMAIS PRINCÍCPIOS DERIVADOS
A DESGRAÇA SÃO AS EXCEÇÕES!!!!!!
• Ultratividade da lei: fenômeno pelo qual uma norma jurídica é
aplicada após o término de sua vigência, mas somente a
condutas praticadas DURANTE sua vigência . Possibilidade da
lei alcançar fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo
após o término da mesma.
• Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
• Ex. Lei Geral da Copa – Lei 12.663/12 – definição de infrações
penais somente durante a copa do mundo
EM QUE MOMENTO CONSIDERA-SE O CRIME
COMETIDO?
• Qual a relevância de se determinar uma regra para esta definição?

• Teorias sobre o momento do crime


 Teoria da Atividade – Considera-se praticado o crime no momento da conduta, da ação ou
omissão
 Teoria do Resultado – Considera-se praticado o crime no momento do resultado.
 Teoria da Ubiqüidade (Mista) – Teoria mista.

Art. 4º - “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado”.

• O CP adotou a teoria da atividade, ou seja, a imputabilidade do agente deve ser aferida no momento
em que o crime é praticado, pouco importando a data em que o resultado venha a acontecer.

• Obs. Em matéria de prescrição o CP adotou a teoria do resultado - o lapso prescricional começa a correr
a partir da data da consumação

UAI! E NESSES CASOS ESQUISITOS????

• João sequestra Maria e a mantem em cativeiro durante 7 dias (do dia 11 ao dia 18 de Agosto)
• Quando o crime foi cometido?
• Qual o nome que se dá para esse tipo de crime, em que a consumação se protrai no tempo? CRIMES PERMANENTES

• Crime permanente: consumação se prolonga no tempo, ou seja, é considerado tempo do


crime todo o período em que se desenvolver a atividade delituosa. Ex. art. 148 CP
(sequestro); art. 33 da Lei 11.343/06 (tráfico de drogas); art. 223 CP (casa de prostituição)

• João furtou um posto de gasolina em Goiânia dia 04/08, outro dia 08/08 e um terceiro dia 10/08,
sempre com o mesmo modus operandi.
• Crime continuado: considerado uma unidade delitiva (ainda que ficcional), aplicando-se a
lei do momento em que cessou a continuação, exceto com relação à inimputabilidade.
CONTAGEM DE PRAZOS
• Art. 10: O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.
• Art. 11: FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA: Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e
nas restritivas de direito, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

• Relevância: duração da pena, livramento condicional, sursis, etc.


• No DP, quanto mais breve o prazo, melhor para o réu (inclui-se o primeiro dia no cômputo). No DPP,
quanto mais longo o prazo, melhor para o réu (não se inclui o primeiro dia no cômputo- art. 798, par. 1º
do CPP).
• Contam-se os dias, meses e anos pelo calendário Gregoriano, ou seja, sem atenção às frações. Uma
pena cuja execução iniciou às 23h50 min do dia 10 de março de 2020, terá esse dia computado como
dia de pena cumprida, pois não interessam as horas ou os minutos, e sim o dia. Contagem de mês e
ano: não importa o nº de dias de cada um, e sim o período (mês, ano). 6 meses a partir de abril: o
prazo termina em setembro, não importando se o mês tem 30 ou 31 dias;
• A regra aplica-se para prescrição e decadência;
• Os prazos de natureza penal são fatais e improrrogáveis, mesmo que terminem em feriados ou
domingos.
APLICAÇÃO DA NORMA PENAL NO ESPAÇO
ONDE CONSIDERA-SE UM CRIME COMETIDO? Onde foi cometido? Ou onde
consumou-se?

• TEORIAS:
o Teoria da Atividade – Considera-se praticado o crime no lugar da ação ou da
omissão, isto é, no local da conduta
o Teoria do Resultado – Considera-se praticado o crime no lugar onde houve a
consumação
o Teoria da Ubiqüidade (Mista) – Considera-se praticado o crime tanto no local da
conduta quanto no local do resultado.
• A doutrina adota a Teoria da Ubiqüidade por acreditar que o lugar do crime é tanto o da
conduta como o do resultado
Art. 6º: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado. COMO ASSIM?????

• APARENTE conflito entre art. 6º do CP (teoria da ubiquidade) e art. 70 do


CPC (teoria do resultado).

• Art. 6º do CP destina-se à determinação de regras de direito penal


internacional – hipóteses de aplicação da norma penal brasileira.
Internamente a questão é irrelevante, uma vez que há apenas uma lei
penal aplicável em todo o território nacional.

• A regra processual diz respeito aos critérios para definição de


competência.
PRINCÍPIOS que definem a aplicação da
norma penal no espaço
- FUNDAMENTAL: Princípio da territorialidade: Decorre da
soberania do Estado (o Estado tem jurisdição sobre as pessoas
dentro de seu território, Art. 5º CP).

- SECUNDÁRIOS (Justificam as exceções do art. 7º


(extraterritorialidade)
Art. 5º CP – territorialidade temperada
• Aplica-se a lei brasileira, SEM PREJUÍZO DE CONVENÇÕES, TRATADOS E REGRAS DE DIREITO
INTERNACIONAL, ao crime cometido no território nacional.
• O QUE É TERRITÓRIO NACIONAL PARA OS EFEITOS PENAIS?
• Espaço terrestre, aéreo e marítimo onde o Brasil exerce sua soberania
• Limites terrestres fronteiriços (rios, lagos, cavernas etc), projeção aérea correspondente
e território marítimo (12 + 188 milhas náuticas)
• Extensão do território nacional
• Embarcações e aeronaves brasileiras
• De natureza pública ou a serviço do governo brasileiro
• De propriedade privada ou mercantes, desde que se encontrem em território
brasileiro OU em alto mar
• Embarcações e aeronaves privadas estrangeiras, desde que se encontrem no território
brasileiro
PRINCÍPIOS SECUNDÁRIOS
• Princípio da nacionalidade / personalidade: aplicação da lei do país de origem do agente
(nacionalidade ativa e passiva), independentemente do local onde o crime é cometido.
Art. 7º, I, ‘a’; art. 7º, II, ‘b’, o que fundamenta a proibição de extradição de brasileiros (art.
5º, LI, CF)
• Princípio da proteção / competência real / de defesa: aplicação da lei nacional ao fato
que atinge bem jurídico nacional, independentemente do local em que foi praticado ou
da nacionalidade do agente. Art. 7º, I, e § 3º do CP.
• Princípio da competência universal / justiça cosmopolita: prevê que o criminoso seja
punido onde quer que seja detido, segundo as leis desse país, desconsiderando o local
do crime, a nacionalidade do autor ou o bem jurídico lesado. Este princípio leva em
conta os crimes contra a humanidade (Crimes ambientais, terrorismo, genocídio, crimes
de guerra, etc). Art. 7º, II, ‘a’.
• Princípio da representação - substituição: prevê a aplicação da lei do país quando, por
deficiência legislativa ou desinteresse do país que deveria reprimir o crime, este deixa
de fazê-lo, com relação a delitos cometidos em aeronaves ou embarcações
(nacionalidade do meio de transporte onde ocorreu o crime). Art. 7º, II, ‘c’.
EXTRATERRITORIALIDADE – ART. 7º CP

• Incondicionada: Art. 7º, I, CP – A norma penal brasileira NÃO é


subsidiária, impondo-se independentemente de julgamento do criminoso
no exterior ou de seu ingresso no território nacional. Regra recebe
críticas, invocando-se, inclusive, a Convenção Americana de Direitos
Humanos (1992), que proíbe o duplo processo e a dupla punição pelo
mesmo fato

• Condicionada: Art. 7º, II e § 3º - A aplicação da norma penal brasileira


sujeita-se ás condições legais, bem como ao ingresso do criminoso no
território nacional.
COMO ASSIM? A PESSOA PODE SER PUNIDA DUAS VEZES PELO
MESMO FATO (art. 7º, §1º)? BIS IN IDEM? ISSO NÃO OFENDE
PRINCÍPIOS DO DIREITO?
❖ Art. 8º CP – Compensação de penas – constitucionalidade questionada

❖ Art. 9º Eficácia da sentença estrangeira: : A sentença estrangeira pode


ser homologada no Brasil para:
o obrigar o condenado à reparação do dano, restituições e outros efeitos
civis. Nesse caso, a homologação depende de pedido do interessado.
o sujeitar o condenado ao cumprimento de pena / medida de segurança.
Neste caso, a homologação depende da existência de tratado de
extradição com o país que proferiu a sentença ou, não havendo, de
requisição do Ministério da Justiça.

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