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Direito Tributário
SEMINARIO 8 – 01/06/2021
THIAGO MACIEL
RA002124457D
SEMINÁRIO VIII
Questões:
1. Qual a função das normas gerais de direito tributário no sistema jurídico brasileiro?
Elas inovam no ordenamento jurídico, ou apenas explicitam o que já está implícito na
Constituição? No que se refere à aplicabilidade das normas gerais de direito tributário,
explicar as diferenças fundamentais entre as correntes denominadas “dicotômica” e
“tricotômica”, posicionando-se perante a questão. Considerando a tese da corrente
tricotômica, qual seria o sentido da expressão “Normas Gerais de Direito Tributário?”
Resposta: Incialmente ao discorrer sobre ao que se refere normas gerias é preciso
dimensionar que estas são aplicáveis a todos os entes federativos, sendo normas
dirigidas pelo legislador a cada pessoa jurídica de direito público que detenham a
competência para criar tributos. A existência no ordenamento jurídico brasileiro, das
normas gerais, serve para que os assuntos específicos pertencentes à União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, sejam obrigados e exigidos de maneira coesa e restrita,
manter a uniformidade na produção e aplicação das normal, não havendo, portanto
inovação ao ordenamento.
Correntes denominadas “dicotômica” e “tricotômica” são correntes visam explicar a
função da lei complementar no Sistema Tributário. Na corrente dicotômica o
pensamento era de que a lei complementar que estava presente no artigo 18, §1º da
CF de 1967, com o desígnio de editar as normas gerais de direito tributário, a saber: I)
dos conflitos de competências entre os entes federativos e II) regular as limitações
constitucionais à tributação. Já a corrente tricotômica, tem a ideia de que a referida lei
complementar detinha a finalidade de: I) emitir as normas gerais de direito tributário;
II) debater sobre os conflitos de competência nas matérias que pareiam os entes
políticos e III) regular as limitações constitucionais ao poder de tributar.
A teoria tricotômica prevê que a expressão “normas gerais” acarreta em si dificuldade
interpretativa, posto que, seu real sentido seria de atingir a finalidade pretendida no
texto constitucional, qual seja a de assegurar a atuação adequada e continua dos
preceitos da constituição em matéria tributária e decidir o conteúdo a serem editadas,
por cada ente federativo, da lei tributária. A exemplo, as normas de prescrição e
decadência tributárias teriam sido recepcionadas com o caráter de “normas gerais”, as
quais são conduzidas somente através de lei complementar federal.
4. Elisão S.A. é pessoa jurídica que detém prejuízo fiscal em seu apurado, mas não
possui qualquer atividade operacional há três anos. Em 30 de março de 1999, Elisão
S.A. incorpora a Lucrativa Ltda., sociedade que atua na área de varejo. Ato contínuo,
no dia seguinte, Elisão S.A. passa a se chamar Lucrativa Ltda., adota a atividade
exercida pela referida sociedade, bem como passa a ser gerida pelos administradores
que atuavam na sociedade incorporada. Com essa movimentação societária, há
aproveitamento de prejuízo fiscal, que é utilizado na compensação com a base de
cálculo do IRPJ, com economia considerável. Em 15 de março de 2.003, é lavrado
lançamento de ofício sob a argumentação de que, pelo prisma econômico, Elisão S.A.
foi incorporada por Lucrativa Ltda., de tal sorte que o prejuízo fiscal foi indevidamente
aproveitado para compensar a base de cálculo do IRPJ (artigo 33 do Decreto-lei
2.341/87). A autuação, contudo, foi julgada improcedente pelo Conselho de
Contribuintes, sob argumentação de que os contribuintes têm liberdade de se
organizar para reduzir sua carga tributária. Em 25 de junho de 2.007, a operação
semelhante se efetiva, havendo nova autuação. Contudo, dessa vez, o Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”) julgou procedente a autuação, com base
nos seguintes argumentos: (i) o novo Código Civil de 2.002, passou a proibir a
realização de atos com abuso de direito e fraude à lei. (ii) o parágrafo único do artigo
116 do Código Tributário Nacional permite que os negócios jurídicos praticados pelos
contribuintes, sem propósito negocial, possam ser desconsiderados pelo Fisco. Com
base nesses dados, pergunta-se:
a) Os artigos 109 e 110 do Código Tributário Nacional são normas gerais de direito
tributário? Qual o efeito que suas dicções acarretam no sistema tributário nacional?
Resposta: Sim, ambos os artigos são normas gerais de direito tributário. Ambos os
artigos visam estabelecer uma hierarquia de métodos para interpretação da norma
tributaria, não havendo, contudo, uma prevalência de um método sobre outro, o que
ocorre é que em cada caso concreto aplica-se a interpretação que melhor traduza o
sentido da norma, seja ela histórica, literal, sistemática ou teleológica.
b) O Novo Código Civil exige que os negócios jurídicos sejam efetivados com propósito
negocial? De acordo com sua resposta, essa previsão (ou ausência de previsão), tem
algum impacto na seara tributária?
Resposta: A verificação da existência de propósito negocial em determinada
operação, não pode ser reduzida à desconsideração da substância de determinado
negócio em detrimento da forma legal utilizada, pois, mesmo quando for constatada a
utilização de formas inusitadas, sendo possível identificar a observância dos efeitos
jurídicos e implicações da forma legal adotada, com suas vantagens e desvantagens,
benefícios e prejuízo, estará confirmada a validade e licitude do negócio para efeitos
fiscais. Pois bem, se o negócio jurídico realizado não configurar um fato tributário
previsto em lei, a imposição tributária sob o fundamento da ausência de propósito
negocial não será compatível com a estrutura de delimitação de competências
tributárias estabelecida pela Constituição Federal, assim sendo a operação realizada
implica em uma manifestação de capacidade econômica por parte do contribuinte,
que deve ser tributada com base nos princípios da solidariedade social e justiça fiscal.
(b) O que significa “critérios especiais de tributação”, nos termos do art. 146-A da CF?
Resposta: Antes de adentrar ao mérito da questão, necessário cotejar o termo
“critérios especiais de tributação”: “Critério” pode ser entendido como “um modo de
apreciar coisas ou pessoas”, “especial” indica algo “fora do comum, distinto” e
“tributação” diz respeito com “ato ou efeito de tributar”, ou seja, de “impor tributos”.
Entendido isto e organizando esses conceitos na busca de um sentido lógico, tendo em
vista o escopo do art. 146-A da Constituição, pode-se definir o critério especial de
tributação como um modo diferenciado na instituição ou cobrança de tributos.