Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Samuel Vida
1 Adaptado de mensagem eletrônica enviada para a lista pública que pode ser acessada no site <br.groups.yahoo.
com/group/discriminacaoracial/message/647>, postada em 3-8-2000.
g) Realização de Seminário, até o final do ano, para discutir a questão.
h) Viabilização de campanha pública de esclarecimento e combate à intolerância.
i) Criação de um site para abrigar a campanha na internet. Provisoriamente, serão
utilizados os sites disponibilizados pelas entidades que participam do
movimento.
j) Evitar declarações à imprensa que possam prejudicar a continuidade da
mobilização e sua dimensão plural.
Este relato representa a percepção do ENZP acerca das reuniões e deliberações,
não excluindo outras percepções ou deliberações por nós não captadas.
ANEXO – MANIFESTO
NÃO À DISCRIMINAÇÃO
Cansados de assistir às ofensas, cada vez mais freqüentes aos cultos afro-
brasileiros, proferidas por algumas seitas que tomaram de assalto os meios de
comunicação, os abaixo assinados, pertencentes a diversas instituições, religiosas
ou não, vêm a público denunciar:
Ao longo da História, oportunistas bem falantes, especialistas em manipular
fraquezas, aparecem nas épocas de crise.
As armas utilizadas são, quase sempre, as mesmas: perseguições a grupos raciais
e/ou religiosos.
Na Alemanha de Hitler, o grupo minoritário escolhido foi o judeu.
Desta vez, as religiões afro-brasileiras, herança mantida com tanto sacrifício pelos
ancestrais africanos e seus descendentes neste país, cujas inestimáveis
contribuições tanto enriqueceram nossa cultura, ao longo dos séculos, estão sendo
o alvo dos ataques, em tudo e por tudo, semelhantes aos dos antecessores
nazistas.
O objetivo perseguido parece não ser apenas o de arrecadar o dízimo dos seus
adeptos e influenciar a política local. O desejo de tomar as rédeas nacionais
apresenta-se de forma clara.
Não vamos permitir que os autodenominados pastores e bispos, usando a
mensagem de Jesus, não no seu original de amor, mas na versão perversa do ódio,
ataquem culturas milenares e todo o seu conteúdo ético e religioso.
Não vamos permitir ofensas a quaisquer grupos de nossa sociedade, sejam estes
minoritários ou não.
Não vamos permitir que atinjam o amor próprio de jovens brasileiros, tenham eles a
origem étnica, religiosa ou cultural que tenham.
Não vamos permitir que lavem o cérebro de pessoas ingênuas.
Não vamos permitir discriminações.
Não vamos permitir que nosso pacifismo e tolerância sejam interpretados como
omissão.
Não vamos permitir novos genocídios, físicos ou culturais.
Vamos combater o mal no nascedouro.
Vamos alertar a sociedade em geral e as autoridades, em particular, para os
permanentes ataques às normas constitucionais, infra-constitucionais e
internacionais pertinentes.
Apenas para ilustrar indicamos, a seguir, alguns dispositivos legais violados:
No âmbito federal - art. 5º, VI e XLII; art. 215 e 216 da Constituição Federal; art. 208
do Código Penal; art. 53, alínea "e" da Lei 4.117 (Código Brasileiro de
Telecomunicações); art. 22, II, da Lei 7.170 (Lei de Segurança Nacional); art. 20,
parágrafo 2º, da Lei 7.716 (Lei Caó - que define os crimes de preconceito de raça ou
de cor).
No âmbito estadual - art. 275 e 286 da Constituição do Estado da Bahia;
No âmbito municipal - art. 1º, parágrafo único da Lei Orgânica do Município do
Salvador.
No âmbito internacional - art. XVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos;
arts. 18 e 20 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; arts. 1º, caput, e
5º, d, "vii", da Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial.
3
À luz de acontecimentos mais recentes, alertamos, ainda, as autoridades e o povo
para o perigo que o fanatismo desgovernado pode representar para o nosso
patrimônio artístico, histórico e cultural, através da destruição de obras de arte de
valor inestimável, "ídolos, bonecos, representações do demônio" na visão dos mais
simplórios.
Lembramos que estes "objetos" podem ter saído das abençoadas mãos de um
Francisco Chagas, o Cabra, ou de um Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Assumimos total solidariedade para com os ultrajados e conclamamos aqueles que
acreditam na justiça e na igualdade de direitos para todos, sem distinção de raça,
cor ou credo religioso, a fazer o mesmo, em grupo ou como indivíduos.
nome
assinatura
instituição