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KELLEN APARECIDA DA SILVA

O USO DA Amora nigra l. NO TRATAMENTO DE SINTOMAS


DO CLIMATÉRIO

Divinópolis
2018
KELLEN APARECIDA DA SILVA

O USO DA Amora nigra l. NO TRATAMENTO DE SINTOMAS


DO CLIMATÉRIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade Pitágoras, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduação
em Farmácia.

Orientador:

Divinópolis
2018
KELLEN APARECIDA DA SILVA

O USO DA Amora nigra l. NO TRATAMENTO DE SINTOMAS


DO CLIMATÉRIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade Pitágoras, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduação
em Farmácia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Divinópolis, ___ de _____________ de 2018


SILVA, Kellen A. da. O uso da amora nigral l. no tratamento de sintomas do
climatério. 2018. 28 laudas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Farmácia) – Universidade Pitágoras, Divinópolis, 2018.

RESUMO

O presente estudo buscou estudar alternativas viáveis no combate sintomático


climatério em mulheres durante a menopausa e períodos adjacentes, como
alternativa fitoterápica foi sugerido o uso da amorna nigral l que possui alta eficiência
e segundo estudos anexos a este poderia substituir o controverso procedimento
deposição hormonal e evitar toda sintomatologia e efeitos colaterais oriundos deste.
Importante salientar que na própria visão do paciente o aceite por um tratamento
que não envolva produtos sintéticos pode ser mais bem vista e desta forma permitir
que um tratamento seja levado até o final sem interrupções que comumente
acontecem na TRH. Pela grande quantidade de pacientes que sofrem os efeitos
desagraveis desta fase da vida a divulgação e implementação de um tratamento
natural poderia ser de grande valia. Os próprios custos inerentes ao uso a deste
vegetal e também pela facilidade de aquisição do produto que em muitos casos
pode ser plantado na própria casa do paciente, mas que também é encontrado com
facilidade no comércio garantindo o abastecimento e consumo.

Palavras-chave: Amora Negra; Menopausa; Climatério.


SILVA, Kellen A. da. The use of blackberry l. in the treatment of climacteric
symptoms. 2018. 28 laudas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Farmácia) – Universidade Pitágoras, Divinópolis, 2018.

ABSTRACT

The present study sought to study viable alternatives in symptomatic climacteric


combat in women during menopause and adjacent periods, as an herbal alternative
suggested, the use of blackberry l that has high efficiency and according to studies
attached to it could replace the controversial hormonal deposition procedure and
avoid all symptomatology and side effects derived from this. It is important to
emphasize that in the patient's own view, the acceptance of a treatment that does not
involve synthetic products can be better seen and thus allow a treatment to be
carried through to the end without interruptions that commonly occur in HRT. For the
large number of patients suffering from the unpleasant effects of this phase of life the
disclosure and implementation of a natural treatment could be of great value. The
own costs associated with the use of this plant and also the ease of purchase of the
product, which in many cases can be planted in the patient's own home, but which is
also easily found in the trade, guaranteeing the supply and consumption.

Key words: Blackberry; Menopause; Climacteric.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................7
PERÍODO DE OCORRENCIA DO CLIMATÉRIO........................................................9
2.1 ENTENDENDO A MENOPAUSA......................................................................9
2.2 A MENOPAUSA E AS PREOCUPAÇÕES......................................................10
2.3 A QUEDA DOS NÍVEIS DE ESTROGÊNIO....................................................10
2.4 A MENSTRUAÇÃO IRREGULAR...................................................................11
2.5 A QUESTÃO DA DISFUNÇÃO SEXUAL........................................................11
2.6 ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO E HUMOR......................................12
2.7 TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL – PRÓS E CONTRAS...................13

FITO-HORMÔNIOS E SUA APLICAÇÃO FITOTERÁPICA......................................15


3.1 FITOTERAPIA – O CONCEITO......................................................................15
3.2 O USO DE PLANTAS MEDICINAIS...............................................................15
3.3 FITO-HORMÔNIOS NO BRASIL....................................................................16
3.4 OS FITO-HORMÔNIO E SUA ESTRUTURA..................................................18

CONHECENDO A MORUS NIGRA L........................................................................19


4.1 A ORIGIEM..................................................................................................... 19
4.2 REFERENCIAS BOTÂNICAS.........................................................................20
4.3 ANALISE FITOQUÍMICA.................................................................................21
4.4 AMORA NIGRA L. E CLIMATÉRIO................................................................22

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................23
REFERÊNCIAS...........................................................................................................24
7

1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que a Fitoterapia é conhecida como uma das formas mais arcaicas
das técnicas de cura humana e animal. Desde tempos longínquos as plantas já eram
usadas com o objetivo de curar feridas e doenças das mais diversas origens, com a
evolução cultural e intelectual do homem, tais conhecimentos sobre as plantas se
difundiram passando de uma geração a outra. Estudos relativos a plantas medicinais
tornaram-se mais difundidos, e intensificaram-se os objetivos de comprovar e
verificar as atividades biológicas que eventualmente poderiam ser atribuídas a estas
plantas, seja por crença cultural, ou ainda pela comprovação de princípios ativos
realmente eficazes no tratamento desta ou daquela enfermidade. Tanto a nível da
medicina popular, com chás, sementes e ervas ou ainda no caso de extratos
vegetais produzidos industrialmente e comercializados em farmácias de
manipulação pelo país. Devido à grande biodiversidade existente no Brasil e a
riqueza de plantas com propriedade medicinais também é importante salientar a
importância das pesquisas tanto a nível acadêmico como industrial para se
comprovar a eficácia destas nos tratamentos aos quais se dispõe emprega-las,
dispomos de aproximadamente cinquenta mil espécies de vegetais nestas
condições, principalmente distribuídas nos biomas amazônico e da mata atlântica
(FRANZOTTI, 2006).
O presente estudo retrata uma planta muito conhecida pela população
brasileira e extremamente difundida por suas propriedades medicinais, trata-se da
Amora pertencente ao gênero Morus e a família Moracea, originária da Ásia e hoje
perfeitamente adaptada no território brasileiro. Suas folhas, frutos, raiz e cascas são
amplamente usadas na medicina popular, está planta atua de forma terapêutica,
como anti-inflamatória, hipoglicemiante, antioxidante e também antinociceptiva, entre
outras propriedades. Estudos tem revelado que sua eficiência no que tange ao
tratamento de menopausa e sua sintomatologia.
A última menstruação na mulher marca o início do período conhecido como
Menopausa. Não existindo mais esta a mulher passa a não possuir mais a
capacidade de se reproduzir em condições normais, é uma fase de mudanças no
seu organismo e podem surgir outros sintomas como atrofia uterina, distúrbios nos
ciclos menstruais finais, calcificação diminuída nos ossos, causando a condição de
fraqueza destes conhecida como osteoporose devido à falta de cálcio, sintomas de
8

origem psicológica como a irritabilidade, crises de ansiedade e depressão também


podem ocorrer, a secura vaginal pode ocorrer em algumas mulheres devido a
diminuição da libido, o cansaço e fadiga com pouco esforço, a insônia e os
chamados fogachos além de outros menos comuns. Considera-se que uma mulher
se encontra na menopausa quando esta atinge um período de doze meses sem que
haja o fluxo menstrual, isso ocorre por voltas dos quarenta e cinco a cinquenta anos,
podendo variar por diversas situações. Existem casos de mulheres com a chamada
menopausa precoce já aos quarenta anos e outras que com sessenta ainda tem
suas regras todos os meses, ou esporadicamente (IBGE, 2000).
A medicina adota como principal forma de tratamento os procedimentos de
reposição hormonal, que tem por objetivo repor os hormônios que a mulher deixou
de produzir pela idade, neste ocorre a administração dos medicamentos contendo
composto estrogênico ou agregando este e uma combinação com progesterona
visando estimular receptores estrogênicos no organismo que proporcionaram alívio a
sintomática (PINTO et al., 2010; GAGNO et al., 2008).
Existe, entretanto, casos de mulheres que espontaneamente abandonam este
tipo de tratamento algum tempo depois do início devido a condições indesejáveis
provocadas por este, como o escape de sangramentos irregulares, cefaleias,
aumento de peso, náuseas, retenções hídricas, mastalgias ou ainda por lerem
pesquisas que sugerem a possibilidade de problemas futuros relacionados a
canceres e tromboses oriundas do procedimento (FRANZOTTI, 2006; GAGNO et
al.,2008).
Uma parcela de mulheres adere anualmente a terapias não convencionais e
ainda sem comprovação de eficiência alcançada de forma científica. Sem a
reposição hormonal a maioria dos sintomas indesejáveis do período dificilmente
podem ser controlados e a condição de bem-estar fica comprometida em
praticamente todos os casos analisados (GAGNO et al., 2008).
Fitoterápicos normalmente possuem vantagens relevantes em certos casos o
que eventualmente justificam seu uso, pode-se citar nesses casos os efeitos
sinérgicos recorrentes no uso destes como a associação de mecanismos por
compostos que agem em alvos moleculares distintos e desta forma ocorrem
menores riscos de situações com efeitos colaterais. Importante também é lembrar
que tais fármacos tem um custo de pesquisa e desenvolvimento extremamente mais
baixo que outros sintetizados pela indústria farmacêutica (PADILHA, 2009).
9

Segue uma síntese da estrutura proposta para a introdução do TCC:

 Um a dois parágrafos para contextualizar o tema;


 Um parágrafo que descreva a justificativa, ou seja, quais as motivações
foram importantes para a elaboração do trabalho;
 Um parágrafo que descreva o problema de pesquisa, de forma
interrogativa. (Elabore um pequeno comentário);
 Um parágrafo que apresente os objetivos (geral e específico) do
trabalho, em forma de texto único e corrido. Os mesmos objetivos que
foram desenvolvidos no semestre anterior;
 Um parágrafo que descreva a metodologia escolhida que será realizado
para o desenvolvimento do seu trabalho, no qual é uma revisão de
literatura, com pesquisas bibliográficas em livros acadêmicos, revistas
científicas e sites confiáveis. Mencione também os principais autores
utilizados. 
10

2. PERÍODO DE OCORRÊNCIA DO CLIMATÉRIO

2.1 MENOPAUSA

A menopausa é um período da vida da mulher que ocorre a sua última


menstruação, ou que a mulher perde a capacidade de se reproduzir. As funções dos
ovários são diminuídas até sua extinção, existe acentuada queda nos níveis de
estrogênios e progesterona, de forma inversa ocorre o aumento das gonadotrofinas,
hormônio Folículo Estimulante – FSH bem como dos Hormônios Luteinizantes - LH,
causados pela ausência do feedback negativo do estrogênio, acarretando inúmeras
mudanças fisiológicas e psicológicas na mulher (TRECH; SANTOS, 2005; CASTRO,
2010).
No caso do sintoma denominado climatério, sabe-se que normalmente tem
ocorrido quase que imediatamente ao cessar das funções reprodutivas femininas e
desaparece assim que ocorre a adaptação do organismo as novas condições que
prevaleceram até o final da vida. Com o declínio progressivo da fertilidade se
esgotam as últimas reservas dos folículos ovarianos, estudos adicionais
documentaram o fato por volta dos quarenta e cinco anos de idade em média. Esta
fase varia em tempo de mulher para mulher, de semanas a décadas. O
comportamento adverso das glândulas endócrinas está diretamente ligado as fases
do climatério (DOUGLAS, 2002).
As alterações somáticas em um grau variável definem normalmente fases
iniciais que precedem o período da menopausa e ocorrem devido a alterações
funcionais do ovário que está mudando. Ocorre em certas mulheres, irregularidades
menstruais que também podem ser interpretados como prenúncios da menopausa.
Desta forma um sangramento anormal pode significar além de problemas uterinos,
um período prévio menopausa quando a idade é condizente com a situação vivida.
Exames específicos de taxas hormonais podem confirmar o fato e excluir patologias
possíveis permitindo o início de um tratamento que viabilize uma melhor condição de
vida para a pessoa acometida dos sintomas (HURD; AMESSE; RANDOLPH, 2005).
Para Baracat et al. (2005), pode-se dizer que o momento previsto para início
da menopausa pode ser determinado geneticamente, deve ocorrer em uma idade
aproximada de 51 anos. Não se relaciona com raça ou questões nutricionais.
11

Entretanto, pode ocorrer em mulheres mais jovens que só tiveram um filho, ou que
façam uso de cigarros e no caso de histerectomizadas.
De acordo com estatísticas do IBGE a expectativa de vida no pais para
mulheres é de aproximadamente 79,4 anos, desta forma é correto afirmar que estas
passam cerca de um terço de suas vidas com deficiências hormonais (IBGE, 2010).

2.2 A MENOPAUSA E AS PREOCUPAÇÕES

De forma frequente, sabe-se que há um grande espectro de sentimentos e


emoções ligados as condições de alterações hormonais e corporais em especial no
sexo feminino. O estilo de vida aliado ao processo do envelhecimento progressivo
que todos passam pode afetar a resposta a tratamentos dos sintomas da
menopausa, a sensação de perda da fertilidade causadas pela ausência do fluxo
menstrual influenciam também os aspectos ligados ao bem-estar destas mulheres.
A sensibilidade o profissional de medicina pode ser um fator importante no
trato com pacientes nestas condições e muitas vezes o apoio psicológico é
recomendado. É importante que sinais sutis do início do período não sejam
negligenciados, em muitos casos a própria paciente se nega e relata-los
inconscientemente ou por vergonha e insegurança. O estigma social de se sentir
infértil assombra toda uma geração que apesar da evolução ainda carrega em seu
cerne a ideia de que a mulher é a que responde diretamente pela preservação da
espécie, reproduzindo. Seu papel é e sempre será reproduzir (HURD; AMESSE;
RANDOLPH, 2005).

2.3 A QUEDA DOS NÍVEIS DE ESTROGÊNIO

Alterações orgânicas mais acentuadas podem ser provocadas pelo


hipoestrogenismo na mulher, no aspecto ginecológico cita-se os sintomas das
disfunções urogenitais e menstruais ainda alterações na genitália externa e na
interna. Em um contexto não ginecológico podem ocorrer sintomáticas relacionada a
vasomotores, neuropsíquicos, atrofias da pele, mucosas nasais, oculares e anexos,
redução da acuidade auditiva, processos com inflamatórios com a gengivite e
mesmo a descalcificação dos dentes além de comprometimentos do SNC, com o
12

surgimento de patologias mais graves como o Alzheimer e disfunções que alterem o


metabolismo cardiovascular e ósseo (BARACAT et al., 2005).

2.4 A MENSTRUAÇÃO IRREGULAR

Para Gonçalves et al. (2005), uma menstruação regular reflete um equilíbrio


hormonal intrínseco a condição física feminina. Durante o período que precede a
menopausa, ocorrem irregularidades frequentes nos ciclos pela diminuição da
frequência da ovulação, e de concentrações inadequadas de hormônios ovarianos.
É extremamente comum que ocorram perdas de sangue de forma irregular entre 4 e
8 anos antes da menopausa.
Entende-se também que o sangramento irregular seja considerado nos casos
em que o ciclo menstrual se estende além dos 7 dias normais ou ainda em volumes
muito maiores do que os que ocorreram durante toda a vida da mulher, sendo que
nestas situações é recomendada uma investigação minuciosa dos motivos e
circunstancias que envolvem o fato. Um diagnóstico rápido e eficiente é importante
para que as situações não se repitam, deve se considerar as questões relativas ao
contraceptivo usado, pólipos, hiperplasias, miomas, descraseias sanguíneas,
hipotireoidismo, e mesmo o câncer de colo ou endométrio (WALL; DONA; OKUDA,
2003).

2.5 A QUESTÃO DA DISFUNÇÃO SEXUAL

Trata-se de uma questão preocupante para algumas mulheres, a diminuição


da libido e da satisfação sexual que as vezes pode acontecer durante a menopausa.
Vale ressaltar que na maioria dos casos atividade sexual continua normal,
exatamente como era antes desta fase. O que ocorre é que apenas um percentual
mediano de mulheres nesta fase da vida relata o exercício regular da atividade
sexual, talvez pela redução do número de parceiros ou por causa de problemas que
o companheiro regular possa ter passado influenciados pela idade ou patologias que
interferem na relação intima do casal (HURD; AMESSE; RANDOLPH, 2005).
Pesquisas comprovam que a queda na produção de estrogênios não está
associada a diminuição da libido, entretanto outras demonstram que o impacto
negativo do hipoestrogenismo no sangue arterial geram alterações ligadas ao desejo
13

sexual interferindo assim nas relações intimas pois afetam diretamente o Sistema
Nervoso Central com comprometimento da excitação e do tato.
Para Douglas (2002), a libido em mulheres é associada aos androgênios, em
especial a testosterona, entretanto de que forma isso acontece não está bem clara,
seja antes ou após a menopausa. O que foi descrito nos estudos é que os níveis de
testosterona são menores durante a pós menopausa e maiores anteriormente a
esse período.
Segundo Marinho et al. (2005), há uma expressiva redução de níveis dos
androgênios em períodos após a retirada de ovários. Por outro lado, em homens,
existe uma clara relação entre androgênios e libido. Devido a esses fatos, alguns
clínicos preferem o tratamento usando androgênios para mulheres que apresentam
libido diminuído. Contudo, nas mulheres não se demonstrou que tal diminuição nos
androgênios em circulação após a menopausa pode afetar regularmente a libido.
Evidencias que estão atualmente disponíveis podem sugerir que a satisfação sexual
em mulheres nos períodos da pós-menopausa tende a não diminuir com o passar do
tempo, aumentando a controvérsia relativa ao tratamento com androgênios.

2.6 ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO E HUMOR

Ao contrário do que se difunde, não existem evidencias cientificas da


responsabilidade da menopausa em relação a sintomas de depressão. No entanto,
mulheres na Peri menopausa relatam maior irritação, e mesmo alguns sintomas
depressivos, explicados pela flutuação estrogênica, causando impactos negativos
sobre as atividades neurotransmissoras do cérebro. É importante salientar que
sintomas depressivos neste período e, mesmo após ele, normalmente decorrem de
ondas de calor sem o tratamento adequado, que acabam gerando um sono de
qualidade inadequada, provocando irritabilidade, e afetando as condições
diretamente ligadas ao bem-estar e desencadeando inclusive distúrbios cognitivos e
intelectuais temporários (ALDRINGHI; FALUDI; MANSUR, 2005).
Vários estudos, entretanto, não conseguiram verificar sinais que sugestionem
que os sintomas psicológicos relatados na transição para a fase da menopausa se
relacionem as alterações estrogênicas. A ansiedade ou a irritabilidade aumentada
podem estar associadas a outros fatores psicossomáticos e não a níveis estrogênio.
Torna-se então de extrema importância investigar e tratar toda a sintomatologia
14

apresentada a transição que ocorrerá neste na menopausa, e também aspectos


psicológicos que podem afetar diretamente as condições de certas mulheres
(FRANÇA; ALDRIGHI; MARUCCI, 2005).

2.7 TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL – PRÓS E CONTRAS

De forma geral a maiorias dos médicos adota como principal tratamento a


terapia de reposição hormonal, que nada mais é do que a administração de
medicamentos específicos contendo compostos estrogênicos, alguns destes
produtos são naturais e outros sintéticos, em alguns casos combina-se a
progesterona, ou se agrega ela em uma composição conjunta. O tratamento reverte
em 90% dos casos as alterações provocadas pelo hipoestrogenismo, atuando
também de forma preventiva contra a osteoporose (CASTRO, 2010; PINTO et al.,
2010; VANONI, 2006).
Para Mahãs et al. (2003), vários outros efeitos colaterais também podem
ocorrer pelo uso de contraceptivos orais com altas dosagens hormonais tomados
inadvertidamente na menopausa ou ainda usados em terapia de reposição
hormonal. Entretanto devido à fragilidade e sensibilidade de certos tecidos a
exposição ao estrogênio, deve-se considerar riscos inerentes ao uso em mulheres
durante a pós-menopausa. Importante também salientar que o uso dos estrogênios
neste tipo de terapia pode ter algumas desvantagens, como o: aumento em certos
casos de risco de câncer no endométrio; cânceres de mama; problemas
gastrointestinais, predisposição a sangramento uterino; instabilidade humor e risco
de tromboembolismo venoso e ainda embolias pulmonares. Recomenda-se então a
terapia o alívio de sintomas em que se afetem vasomotores, atrofia vaginal e ainda
como preventivo a osteoporose. Normalmente em torno de setenta por cento das
mulheres que iniciam o tratamento o interrompem após o primeiro ano devido ao
sangramento irregular, ganho de peso e outros fatores.
Estudos recentes têm observado e indicado possível crescimento risco de
tromboembolismo venoso provocado pela terapia de reposição hormonal. Tais
observações induzem a suspeita de que estrogênios exógenos neste tipo de
tratamento elevam a chances de se desenvolver tais patologias. Questões genéticas
também foram parametrizadas para situações similares e históricos familiares
15

permitem ao médico optar por tratamentos alternativos por questões de segurança


da paciente (CAMPIOLO; MEDEIROS, 2003).
Neste contexto de certezas e incertezas sobre as vantagens, existe uma certa
resistência por parte de muitas mulheres em aceitar essa modalidade de tratamento,
em especial porque muitas delas relacionam o fato de utilizar hormônios sintéticos
com condutas antinaturais e perigosas (VANONI, 2006).
O que ocorre é que as terapias alternativas muitas vezes não têm seus
resultados comprovados cientificamente e algumas simplesmente não tem a
capacidade de gerar benefícios similares aos tratamentos éticos, existem casos
documentados que certos produtos até mesmo tornaram a sintomatologia mais
exacerbada praticamente incapacitando a paciente a exercer suas atividades diárias
normalmente (GAGNO et al., 2008).
Buscou-se neste estudo apresentar uma alternativa viável aos problemas
destas mulheres que sofrem os efeitos desagradáveis do climatério com a utilização
de fitogêneos. São vegetais que recebem esse nome porque tem afinidade pelos
receptores de estrogênio, e atuam de forma similar a ele. Estes compostos naturais,
com a característica de fenólicos e não são esteroidais, originam-se pelo
metabolismo de certas plantas, entre elas a soja que contém as Isoflavonas com
fitoestrogênio (PINTO et al., 2010).
16

3. FITO-HORMÔNIOS E SUA APLICAÇÃO FITOTERÁPICA

3.1 FITOTERAPIA

A técnica da utilização de plantas no tratamento de doenças, também


conhecido como fitoterapia, alcança um público imenso no Brasil, pela sua
diversidade vegetal e cultura dos primeiros povos sempre preconizou o uso do
natural para a cura de inúmeras doenças e tratamento de sintomáticas das mais
variadas. Tanto na medicina popular que sempre empregou sementes, chás e ervas
ou quando se usa extratos vegetais de diversas procedências a cultura do
tratamento natural sempre coexistiu com a medicina tradicional
O Brasil dispõe da maior biodiversidade vegetal do planeta, possui cerca de
50 mil espécies de vegetais catalogadas, principalmente distribuídas na Mata
Atlântica e na Amazônia (FRANZOTTI, 2006). Apesar do imenso potencial somente
uma pequena fonte deste é utilizada e a flora é negligenciada em função de
soluções industriais que normalmente acabam chegando do exterior. Representando
uma imensa perda para todo o país.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, pode-se dizer que uma


planta medicinal é aquele vegetal que possui intrinsecamente em seus
órgãos, quaisquer substâncias com características terapêuticas ou
curativas, ou ainda que possam ser enquadradas naquelas que são
precursoras de fármacos semissintéticos (FRANZOTTI, 2006).

Com base nesse conhecimento torna-se imprescindível usar o conhecimento


popular na busca por tais vegetais, uma vez que sempre existe uma certa verdade
por traz de cada tradição ou crendice divulgada e guardada nas entranhas de uma
cultura ou civilização (MACIEL; PINTO; VEIGA, 2002).

3.2 O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

De acordo com Franzotti (2006), vem da antiguidade o uso de plantas com


objetivo curativo, nas pinturas rupestres já se vê os primeiros humanos fazendo uso
delas. No Brasil é comum verificar que certas regiões tem um grande conhecimento
de plantas que poderiam ser utilizadas para a cura. Nessas populações o
conhecimento é passado de pai para filhos por inúmeras gerações, é evidente que
17

existem inverdades e distorções no que é transmitido e muitas vezes a própria


aplicação de um conhecimento passado desta forma torna inviável usa utilização
pratica, entretanto existe muito de verdadeiro e perfeitamente utilizável nesse
emaranhado de informações.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, ainda nos dias atuais 85%
da população do mundo se utiliza de plantas medicinais em várias situações durante
a vida, seja para o tratamento de enfermidades visando a cura ou amenizar
sintomas, no Brasil, 82% adere ocasionalmente a esse tipo de terapia (FRANZOTTI,
2006).
Importante também lembrar que a nível de internacional 30% de todo
medicamento prescrito é originado de plantas (FRANZOTTI, 2006). São dados que
demonstram a importância e a relevância de pesquisas e estudos que aprofundem o
conhecimento humano neste campo.
Para Padilha (2009), é possível dizer que fitoterápicos podem possuir
algumas vantagens que justificariam seu maior uso, como por exemplo:
 Efeitos sinérgicos;
 Associação de mecanismos específicos por compostos que poderiam
agir em alvos moleculares diferentes;
 Diminuição de efeitos colaterais;
 Menor custo de produção;
 Menor custo envolvido para o desenvolvimento de pesquisas
(PADILHA, 2009).
A própria indústria farmacêutica só tem a ganhar com tais pesquisas pois a
descoberta de novas moléculas e fármacos associados ao crescimento de novos
conhecimentos sobre os que já são utilizados pode aumentar significativamente a
quantidade de produtos que está eventualmente poderia oferecer a nível mundial
(FRANZOTTI, 2006).

3.3 FITO-HORMÔNIOS NO BRASIL

Por volta do ano 2000 o Brasil já divulgava através do meio farmacêutico


acadêmico notícias de uma possível alternativa viável e natural a TRH que vinha
sendo utilizada de forma maciça na época no tratamento de mulheres com os
sintomas do climatério. Na época já se sabia que o climatério era um fenômeno de
18

origem fisiológica provocado pela diminuição dos níveis hormonais oriundas do


período em que a mulher encerrava seus ciclos menstruais e se tornava estéril
(CHENG et al., 2007).
O país passou a receber em suas farmácias uma alternativa extra a quem
usava como única alternativa para o climatério os tratamentos com hormônios
sintéticos, o mesmo prometia a segurança e eficiência no tratamento da sintomática
aliado a fatores extremamente interessante para o consumidor, como um custo
inferior e riscos menores de utilização (IFTODA et al., 2006).
Para Vieira e Navarro (2007) após a divulgação destas notícias ocorreu um
grande interesse por parte do consumidor, mesmo com sem um respaldo científico e
com os profissionais médicos não prescrevendo os produtos.
É possível que tais produtos tivessem ainda mais sucesso se médicos da
época tivessem dada uma atenção mais especial a questão, entretanto as plantas
medicinais sempre foram relegadas pela biomedicina em detrimentos dos produtos
industrializados, desta forma de acordo com Latour (1983) em uma situação inversa
a essa os laboratórios fotoquímicos e farmacológicos poderiam ter aceitado o
desavio da implementação de estudos mais detalhados e possivelmente teriam dado
o respaldo necessário a nova terapia.
Pode-se perceber então que o profissional médico não prescrevia um
princípio ativo isolado da forma como o fazia com produtos sintéticos, mas sim um
apanhado de substâncias, dificultando a aquisição do produto fitoterápico (VIEIRA;
NAVARRO, 2007).
Na visão de Barreto (2007), o mais interessante é observar que quando
haviam abordagens visando a conscientização do paciente pelo meio público
médico-científico criava-se automaticamente uma contraposição de ideias entre a
eficiência dos produtos ditos naturais em relação aos equivalentes sintéticos
relegando os primeiros a meios se não menos eficientes a completamente sem
eficácia comprovada.

A fisioterapeuta [...] adotou a terapia com hormônios naturais há


aproximadamente 6 anos, tentou por inúmeras vezes usar hormônios
sintéticos. [...] “Tentei uma grande variedade, dosagens diferentes, [...]
nunca funcionou bem. Quando usei pela primeira vez fito-hormônios o
resultado foi surpreendente, não tenho mais nenhum sintoma, me sinto bem
novamente”, ela conta. [...] A fisioterapeuta […] comenta que nunca se
adaptou bem com os medicamentos sintéticos e sempre pensou em algo
alternativo, apenas não conhecia o que deveria usar (CASTRO, 2010).
19

3.4 OS FITO-HORMÔNIO E SUA ESTRUTURA

Em pacientes com contraindicação ou ainda intolerância a estrogênios como


terapia hormonal medicamentosa é possível prescrever o uso de fito estrogênios
como tratamento para sintomas da menopausa como o climatério (CHENG et al.,
2007). Nos Estados Unidos a SNAM - Sociedade Norte Americana de Menopausa
usa prescrever como linha terapêutica a sintomatologia vasomotora muito
característica de períodos de transição pres. e pós menopausa aliados as mudanças
do estilo de vida e prática de exercícios aeróbicos acompanhados de uma dieta
regularmente acompanhada da de medicamentos naturais como os fito-estrogênios
e as isoflavonas (NAMS, 2004).
Sabe-se que a propriedade estrogênica dos ditos fitoestrogênios provem de
uma formula estrutural química formada por agregado de anéis fenólicos
heterocíclicos, muito parecidos com estrogênios naturais (IBARRETA;
DAXENBERGER; MEYER, 2001).
Deve-se prescrever o uso clínico de fitoestrogênios para pacientes com
poucos sintomas e preferencialmente nas fases iniciais da (TEMPFER et al., 2007).
Para Beck et al. (2003) a descoberta de altos teores de fitoestrogênios em certas
plantas sinaliza uma alternativa natural e promissora para a terapia hormonal e pode
irremediavelmente surtir efeitos satisfatórios na menopausa.
20

4. CONHECENDO Amorus nigra l.

4.1 A ORIGEM

Proveniente da Ásia, estas amoras, provavelmente, foram trazidas para a


Europa no século XVII. No Brasil, seu desenvolvimento não enfrentou dificuldades
em especial no caso da negra, crescendo bem em todo o país, disponível em feiras
e mercados estão completamente adaptadas ao clima e preferem ambiente úmidos
(MOORE, 1984).
A sua versão branca é amplamente utilizada como alimento para a criação do
bicho-da-seda. Por outro lado, a amoreira-negra foi agregada a preferência humana
por ter um sabor mais pronunciado e ter um volume maior. Suas características
ornamentais e baixa altura também permitem seu uso em um excêntrico paisagismo
residencial.
De acordo com Antunes (2002), na versão negra a amora é um arbusto de
porte ereto ou rasteiro, com produção de frutos agregados em 4 a 7 gramas, como o
próprio nome da planta já diz a coloração das frutas é enegrecida e possui um sabor
ácido adocicado. Por seu caráter rústico tolera bem às intempéries e tem custo de
produção baixo, o manejo é fácil praticamente sem o uso de defensivos, a
EMBRAPA a qualifica com ideal para implementação na agricultura familiar.
A estação experimental da EMBRAPA em Pelotas Rio Grande do Sul, foi uma
das pioneiras nos anos 70 a estudar mais detalhadamente seu cultivo e as técnicas
produtiva, desta forma sua produção se destacou principalmente nos estados do sul
do país e posteriormente na região sudeste, onde também houve boa adaptação
principalmente em Minas Gerais e São Paulo (ANTUNES, 2002).
Nas grandes redes de supermercados nas principais capitais brasileiras as
amoras normalmente estão disponíveis in natura – frescas ou ainda congeladas, as
versões processadas de forma industrial ou caseira também encontram espaço no
comercio e podem ser encontradas como polpas, geleias e mesmo sucos
(ANTUNES, 2002; MOTA, 2006).
Ainda de acordo com Antunes (2002), entre as variedades de amora negra
selecionadas no país estão a: Ébano, Negrita, Tupy, Caingangue e Guarani. A
recomendação para consumo fresco é para a Tupy e a Guarani que possuem baixa
acidez, a nível industrial a Guarani é a mais preferida pela disponibilidade
21

proporcionada pelos cultivares que as produzem em lagar escala em relação as


demais versões (SANTOS; RASEIRA, 1988). Em países europeus e no Estados
Unidos uma variedade conhecia como Cherokee, ganhou a preferência dos
consumidores e conquistou esses mercados, por se adaptar melhor a climas
temperados (RASEIRA et al., 1984).
Ainda é importante comentar que amoreira-preta produz frutos com alta
qualidade nutricional agregando a seu valor econômico e favorecendo seu plantio
comercial (ANTUNES et al., 2002). Possuem quantidades acentuadas de vitamina C
e são hidricamente saturadas com aproximadamente 85% de água, e um percentual
de carboidratos de 10%, são ricas em minerais, com quantidades menores mais
ainda presentes de vitaminas do complexo A e B, os compostos funcionais também
estão presentes na forma de antocianinas, ácido elágico e ácido fólico (MORENO-
ALVAREZ et al., 2002).
A amora negra ainda possui os ácidos linolênico e o linoleico, que são
essenciais para regular várias funções do organismo humano, como a viscosidade
sanguínea a imunidade, o coeficiente anti-inflamatório e mesmo a pressão arterial
(PAWLOSKY et al., 1996). A alguns anos órgãos governamentais ligados a
agricultura vem incentivando o plantio da amora em todas as suas versões por seu
elevado potencial comercial e de industrialização, produto com alto destaque para a
exportação e sempre com condições favoráveis no mercado externo (RASEIRA;
FRANZON, 2012).

4.2 REFERÊNCIAS BOTÂNICAS

A amoreira é uma arvore pertencente à família das Moráceas, podendo


alcançar de 4 a 5m de altura, com casca rugosa de cor escura e copa expandida e
ampla, suas folhas têm cor verde-clara, e pilosidade leve tornando-a áspera e ainda
podem ser observadas pequenas Flores em certas estações do ano (WREGE;
HERTER, 2008).
Em se tratando da amora-preta in natura sabe-se que seu potencial nutritivo é
elevado, é composta basicamente de:
Água (87-93%);
Proteínas (1,5%);
Fibras (3,5 – 4,7%);
22

Cinzas (0,19 – 0,47%);


Lipídeos (0,03 – 0,08%);
Carboidratos (6 – 13%) (STRIK; FINN, 2012).
A quantidade de minerais e vitaminas que são consideráveis variam de
acordo com a variedade analisada, mas mesmo assim apresenta baixos níveis
calóricos sendo altamente indicada como suplemento alimentar em processos de
combate a obesidade (ABF, 2017).

4.3 ANÁLISE FITOQUÍMICA

As questões ligadas a melhoria da qualidade de vida associadas a saúde dos


indivíduos de uma sociedade é assunto para profunda reflexão, neste contexto a
busca por uma alimentação saudável deve ser a meta imediata a ser atingida.
Estudos relacionados a atividade antioxidante de certos alimentos e substâncias
encontradas em fontes naturais comprovam a importância de seu consumo, assim
deve-se impreterivelmente se consumir vegetais, frutas, chás e vinhos
principalmente por suas propriedades relacionadas a redução de doenças cardíacas
e vasculares e canceres (AJILA et al., 2007).
Estudos já revelaram que o amadurecimento das amoras envolve várias e
complexas reações bioquímicas, entre elas a hidrólise do amido e a produção de
carotenoides, se produz também antocianinas, compostos fenólicos e outros
compostos voláteis (EMPRAPA, 2015).
De acordo com Wang e Jiao (2000), a amora preta possui atividade
antioxidante em contato como radicais como oxigênio (O 2), hidroxila (OH) e peróxido
de hidrogênio (H2O2). Nos estudos in vitro, de Serraino et al. (2003), extratos da
amora negra produziram efeitos antioxidantes protegendo as células de falhas
vasculares e disfunções produzidas por radicais presentes.
Efeitos antimutagênicos também foram observados nos estudos de Tate et al.
(2006), que ainda relacionou o efeito provocado pelo uso das amoras negras com a
diminuição de eventos cancerígenos nas linhagens humanas.
23

4.4 Amora nigra l. E CLIMATÉRIO

Em regra geral, o climatério é um sintoma clássico característico da transição


que iniciada no final da menacme até a senilidade, alguns autores ainda o retratam
no intervalo compreende a passagem do período reprodutivo para o final deste
(TAECHAKRAICHANA et al., 2002).
Já era de conhecimento dos antigos habitantes do país que o chá das folhas
de amoreira Morus Nigra L, é largamente utilizado no alivio sintomático do climatério,
o que possivelmente está relacionado à existência de constituintes flavonoídicos, em
especial isoflavonas (NOTELOVITZ, 1989).
Entretanto, tais constituintes não foram identificados nas estruturas foliares da
M. nigra L, não existindo comprovação científica ou de uso de infusão em forma de
chás ou decocto da espécie para reposição hormonal. Contudo o xarope feito dos
frutos mostrou-se útil para o tratamento de inflamações de faringe e nos sistemas
gastrointestinais (LORENZI; MATOS, 2008).
Ainda se pode usar cascas e folhas como produto indicado como:
 Laxante;
 Refrescante;
 Diurético;
 Calmante;
 Anti-inflamatório;
 Tenífugo e outros (SENGUL; ERTUGAY; SENGUL, 2005).
Sabe-se que as isoflavonas contribuem de forma positiva na qualidade de
vida das mulheres que estão na pós-menopausa, contudo não existem estudos que
comprovem cientificamente que está possa substituir plenamente a terapia de
reposição hormonal (VIEIRA et al., 2007). Entretanto, como se pode observar que na
medicina popular estas tem surtido efeitos comprovadamente verdadeiros ainda que
não cientificamente documentados, mais estudos específicos sobre o assunto
seriam extremamente interessantes a um melhor aproveitamento da planta e
possivelmente uma solução alternativa para os sintomas do climatério tão
incômodos a um grande número de mulheres (MACKEY; EDEN, 1998).
24

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se observar durante todo o estudo a dificuldade enfrentada pelas


mulheres que dentro do período da menopausa e seus adjacentes passam a
sentir inúmeros sintomas que afetam a sua qualidade de vida, os aspectos
relevantes desta situação levaram vários profissionais a buscarem soluções que
amenizasse ou suprimissem tais sintomas, algumas soluções foram encontradas
ou paliativos que poderiam resolver ou ainda contornar os problemas, mas o
preço a se pagar por tais soluções em alguns casos foi muito alto.
A fitoterapia passou a ser observada com mais atenção, à medida que
passou a oferecer produtos que eventualmente promoviam além da eficiência nos
tratamentos a condição de menores efeitos colaterais e riscos menores de
utilização. Neste caso em especial e como alternativa mais viável foi proposto o
uso de um produto natural que poderia ser usado com riscos menores a paciente
e com efetiva viabilidade no que tange a seus efeitos.
Torna-se desta forma importante salientar que apesar de não existir uma
comprovação científica dos benefícios da amora negra na diminuição dos
sintomas da menopausa, em especial do climatério, deve-se levar em conta que a
cultura popular sempre provou ter um fundo de verdade e que mais pesquisas
destinadas a elucidação destas situações devem ser implementadas e assim
trazer a luz até que ponto este recurso alternativo pode ser realmente
implementado.
Estudos adicionais abrangendo o tema devem ser incentivados a medida
que além de trazerem para o mundo acadêmico, respostas a várias questões
importantes sobre uma melhor utilização de produtos naturais, podem ainda ser
usados como instrumento de incentivo a implementação de novas pesquisas na
área, seja por empresas ou organismos do setor público privado.
25

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