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CERCOSPORIOSE

DO CAFEEIRO
Mancha de olho pardo ou Cercosporiose é
uma doença causada pelo fungo Cercospora
coffeicola BerK. & Cooke, fungo necrotrófico,
que invade as células e as matam, nutrindo-se
das mesmas. Essa doença pode atacar desde
mudas no viveiro causando intensa desfolha,
afetando o crescimento e desenvolvimento
das plantas, ou mesmo lavouras adultas, que
além da queda de folhas pode proporcionar
queda de frutos. Por isso, a falta de um manejo
adequado e sob condições favoráveis para o
desenvolvimento dessa doença, pode resultar
em grandes perdas na produção.
Condições
favoráveis
Umidade relativa alta
Temperatura amena

Ciclo
A disseminação do fungo é feita pelo vento, Germinação
Atingir a planta dos conídios
água ou insetos, que após atingir a planta e
com condições favoráveis de molhamento
foliar e temperatura, ocorre a germinação e
penetração do tubo germinativo, que penetra Penetração
Disseminação
Ciclo de vida do tubo
-Cutícula
-Aberturas Naturais
através da cutícula ou por aberturas naturais. Cercospora germinativo -Ferimentos

A temperatura ótima tanto para a germinação Água, vendo e insetos Coffeicola


máxima quanto para o crescimento do fungo
é de 24°C (QUESADA, 1950). Após a infecção o
fungo produz conídios e o ciclo de se reinicia. O fundo produz Infecção
conídios
Condições favoráveis 35
As variáveis ambientais apresentam grande
30
24,4b

Cercosoiruise em frutos de café


influência na relação patógeno hospedeiro,
dentre elas, a exposição ao sol, molhamento
25

Incidência (%)
foliar e temperatura. Pozza, em 2011mostrou 20
que a incidência de Cercosporiose é maior 15 13,5a
na face das plantas voltada para o lado norte,
10
que apresenta maior exposição ao sol, devido
a toxina cercosporina que é produzida e 5
ativada pela presença de luz, e causa danos 0
Norte Sul
à membrana celular do hospedeiro. Dessa Face da planta
forma, a intensidade da Cercosporiose é maior
Incidência em porcentagem da cercosporiose (Cercospora coffeicola) em frutos de café
em plantios a pleno sol. (Coffea arabica) localizados no terço mediano da planta, em cada face de exposição
(norte e sul), em lavoura irrigada por pivô central. UFLA, Lavras, MG, 2011.
O molhamento foliar é um fator indispensável 50
25°C
pois influencia na germinação, infecção
e esporulação dos fungos, dessa forma, 40
sendo mais favoráveis condições com maior

INCIDÊNCIA (%)
30
período de molhamento foliar, assim como a
temperatura também influencia na incidência
20
dessa doença. Silva em 2014, observou o
progresso de incidência da Cercosporiose do
10
cafeeiro, em diversas horas de molhamento
foliar e verificou que o maior progresso da
0
doença foi observado com temperatura 20 25 30 35 40 45 50
DAI
de 25°C no tratamento de 72 horas de
Curva de progresso da incidência da cercosporiose do cafeeiro. UFLA, Lavras, MG, 2014
molhamento foliar.
24 horas de molhamento 0 horas de molhamento
48 horas de molhamento 6 horas de molhamento
72 horas de molhamento 12 horas de molhamento
Além dessas variáveis, o desequilíbrio
nutricional também apresenta grande
influência na Cercosporiose, da mesma
forma, substratos de viveiros pobres em 18,0
matéria orgânica podem acarretar em maior = 19,56-2,48k+0,31k² R²=0,71
severidade da doença, assim como, plantios 17,4

efetuados tardiamente, devido a relação água


16,8
e absorção de nutrientes, também podem

AACP Incidência
resultar em maior incidência dessa doença. 16,2

Garcia Junior em 2003, realizou um trabalho


15,6
com diferentes níveis de cálcio e de potássio,
concluiu que, a menor área abaixo da curva 15,0

de progresso da incidência (AACPI) foi obtida


14,4
com a dose 4 mmol/L de potássio (K), após 1 3 5 7
essa dose, o acréscimo de potássio resulta em Potássio (mmol/L)

maior incidência de Cercospora, isso porque, Área abaixo da curva de progresso da incidência (AACPI) de Cercospora
coffeicola em cafeeiro (Coffea arabica) em função de doses de potássio.
maiores doses de K competem pelo mesmo
sitio de absorção do cálcio, tornando as mudas
debilitadas em cálcio.
Com o aumento das doses de cálcio resultou 18,0
= 18,78-0,51Ca R²=0,75
em menor área abaixo da curva de progresso 17,5
da incidência (AACPI), devido à presença desse
17,0
cátion no tecido foliar com níveis ideais de
potássio, inibir a ação de enzimas pectolíticas 16,5

AACP incidência
produzidas por muitos parasitas de etiologia 16,0
fúngica, que possuem o objetivo de dissolver
15,5
a lamela média da parede celular

(Marschner, 1995), por isso, o cálcio tem grande 15,0

importância na constituição da parede celular 14,5


2 4 6 8
e na integridade dos tecidos. Cálcio (mmol/L)

Área abaixo da curva de progresso de incidência (AACPI) de Cercospora coffeicola


em cafeeiro (Coffea arabica) em função das doses de cálcio em solução nutritiva.
Sintomas
Sintoma de Cercosporiose
nos frutos
Nos frutos, os sintomas são pequenas manchas
necróticas e deprimidas, de cor marrom a
negra, estendendo-se no sentido dos polos
do fruto.

Sintoma de Cercosporiose
nas folhas
A Cercospora pode atacar tanto folhas quanto
frutos em desenvolvimento, nas folhas
os sintomas característicos são manchas
circulares de coloração castanho-clara a
escura, com o centro branco-acinzentado,
quase sempre envolvidas por um halo
amarelado.
Danos
6,4
A Cercosporiose pode causar queda de folhas, Y= -0,0001X² + 0,02X +5,07 R² = 0,96**
6,2
devido a ação do etileno, reduzindo assim
6,0
o desenvolvimento da planta e podendo

Polifenóis (%)
5,8
afetar a produtividade. Os frutos apresentam
5,6
processo de maturação acelerada, dessa
5,4
forma resultando em mal granados ou
5,2
mesmo queda precoce dos frutos em vários
5,0
estádios de crescimento, podendo resultar em 0 20 40 60 80 100
Frutos doentes(%)
fermentações indesejadas.
Polifenóis, em função de diferentes proporções de frutos de
café infectados por Cercospora coffeicola

Além disso, a qualidade da bebida também


de compostos fenólicos é inversamente
pode ser afetada, uma vez que com o aumento
proporcional a qualidade de bebida, por isso,
de frutos infectados pela Cercospora, há um
sob condições adversas dos grãos a enzima
aumento da porcentagem de polifenóis,
polifenoloxidase age sobre os polifenóis
que exercem ação protetora antioxidante de
diminuindo assim sua ação antioxidante e
aldeídos e participam nos mecanismos de
facilitando a oxidação com interferência no
defesa da planta mediante injurias (Amorim,
sabor e aroma do café após a torração.
1978), destacando que a concentração
Controle
Como medidas gerais de controle é importante
Grupo químico Ingrediente ativo
evitar as deficiências e desequilíbrios nutricionais, Azoxistrobina
visto que a nutrição tem grande influência na Estrobilurina Piraclostrobina
Picoxistrobina
incidência dessa doença. Assim como fornecer Ciproconazol
matéria orgânica tanto na preparação de mudas Epoxiconazol
Triazol Tebuconazol
no viveiro como no campo, com o intuito de
Propiconazol
melhores condições nutricionais. No plantio, Flutriafol

além de evitar plantios tardios, é importante Benzimidazol Tiofanato-metílico


Isoftalonitrila Clororalonil
que seja feita uma boa preparação do solo, afim Oxicloreto de cobre
Inorgânico
de evitar a compactação do mesmo, para que Hidróxido de cobre
Ditiocarbamato Mancozebe
não afete na absorção de nutrientes pelas raízes.
Também pode-se optar pela utilização.
No controle químico é importante estar principalmente com Hidróxido de cobre e
atento às condições ambientais favoráveis Oxicloreto de Cobre que auxiliam no controle
para tomada de decisão da melhor época de preventivo da cercosporiose.
aplicação, sempre monitorando a lavoura e suas Além da escolha do ingrediente ativo a se
condições. Os grupos químicos utilizados são: utilizar, deve-se estar atento a tecnologia de
Estrobilurina, Triazol, Benzimidazol, Isoftalonitrila aplicação utilizada, envolvendo todos os fatores
e Ditiocarbamato, sempre destacando a que podem afetar a eficiência da aplicação e
importância de alternar os ingredientes ativos, consequentemente a prevenção contra essa
doença, que pode trazer grandes prejuízos a
produção.
Referências
ALVES, J., & GUIMARãES, R. J. (2010). Sintomas de desordens fisiológicas em cafeeiro. Semiologia do cafeeiro: sintomas de desordens nutricionais,
fitossanitárias e fisiológicas. Lavras: UFLA, 169-215.

AMORIM, H. V. Aspectos bioquímicos e histoquímicos do grão de café verde relacionados com a determinação da qualidade. 1978. 85 f. Tese (Livre
Docência em Bioquímica) – Escola Superior de agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba.

CÚSTODIO, A. A. D. P Irrigação, nutrição mineral e face de exposição ao sol no progresso da Ferrugem e da Cercosporiose do Cafeeiro. 2011. 198 f.
Tese – Universidade Federal de Lavras, Lavras.

GARCIA JUNIOR, D. POZZA, E. A. POZZA, A. A. SOUZA, P. E. CARVALHO, J. G. BALIEIRO, A. C. Incidência e Severidade da Cercosporiose do Cafeeiro em
Função do Suprimento de Potássio e Cálcio em Solução Nutritiva. Fitopatol. bras. 28(3), maio - jun 2003

LIMA, L. M. Variabilidade espacial da mancha de Phoma relacionada a nutrição do cafeeiro e incidência da Cercosporiose na qualidade do café. 2009.
102 f. Tese – Universidade Federal de Lavras, Lavras.

Marschner H. Mineral Nutrition of Higher Plants. 1995. San Diego, Academic Press.

QUESADA, G. T. R. Estudios sobre la mancha de la hoja del café producida por Cercospora em la región de Turrialba, Costa Rica. Turrialba. 90 p. 1950.

SILVA, M. G. D. Interação da luz, da temperatura e do molhamento foliar em Cercospora Coffeicola e na Cercosporiose em cafeeiro. 2014. 104 f. Tese –
Universidade Federal de Lavras, Lavras.
Obrigado ;)

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