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Fruticultura Tropical
espécies regionais e exóticas
ISBN 978-85-7383-461-1
Cajá
Célio Kersul do Sacramento
Francisco Xavier de Souza
Imagem de abertura do capítulo: Francisco Xavier de Souza
Capítulo 5 – Cajá 85
que percorreram o Brasil nos séculos 16 e 17. – Alagoa Grande, Alagoa Nova, Areia, Bana-
Essas descrições, portanto, são bem ante- neiras, Borborema, Pilões e Serraria. No Ceará,
riores à criação da nomenclatura binomial e do ocorre com maior freqüência nas zonas litorâneas
sistema de classificação científica concebido próximas a Fortaleza e nas serras de Guarami-
pelo médico, botânico e zoólogo sueco Carolus ranga, Baturité, Meruoca e Ibiapaba. Na Bahia,
Lineaus, e posteriormente aperfeiçoado por seus as cajazeiras são encontradas principalmente
seguidores. Esses autores relatam também que em áreas de cultivo de cacau da região sul, entre
Gabriel Saoares de Souza, um português que se os paralelos 14º e 16º, numa faixa de 100 km a
tornou senhor de engenho na Bahia e percorreu partir do litoral (SACRAMENTO; SOUZA,
o Brasil, em particular a Região Nordeste, em 2000); a maior concentração se dá, portanto, nos
busca de riquezas, tem a primazia de ter descrito municípios onde há exploração de cacau: Ilhéus,
a espécie. Essa descrição se encontra em seu Itabuna, Camacã, Pau Brasil, Uruçuca, Ibicaraí,
Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Ipiau, Ubatã, Ubaitaba, Aurelino Leal, Tancredo
Abbeville (1975) e Spruce (2006), citados Neves, Santa Luzia, Itapé, Floresta Azul, Coaraci,
por Urano de Carvalho e Alves (2008), relatam Jussari e São José da Vitória. As cajazeiras são
que os nomes cajá e taperebá são corruptelas mais raras no Recôncavo Baiano e no norte do
das palavras acaja e tapiriba, como os indígenas Espírito Santo.
a denominavam. A primeira palavra significa
“fruto de caroço” (de acâ, caroço, e ya, fruto); e a Sistemática e
segunda, “fruto de anta” (de tapir e iba, fruto), em
alusão ao fato de que a fruta é um dos alimentos descrição botânica
desse mamífero.
Em seu tratado botânico Genera Plantarum,
O fruto da cajazeira é conhecido, no mundo, de 1753, Linnaeus criou o gênero Spondias, que
por vários nomes. Em português: cajá, cajá- compreende as bem conhecidas “ameixas dos
mirim, taperebá, cajá verdadeiro; em inglês: hog trópicos”. Naquela época, era conhecida apenas
plum e yellow mombin; em espanhol: ciruela marilla; e uma espécie do gênero, a cajazeira (Spondias mombin
em francês, mombin, mombin jaune, prune dor, prunier L.), ficando o gênero monotípico por cerca de 10
mombin e prunier myrobolan (SACRAMENTO; anos (AIRY SHAW; FORMAN, 1967).
SOUZA, 2000).
A família Anacardiaceae possui 79 gêneros,
No Brasil, as cajazeiras são encontradas com distribuição predominantemente nas regiões
isoladas ou agrupadas, notadamente na Amazônia tropicais e subtropicais do mundo (JOLY, 2002).
e na Mata Atlântica, prováveis zonas de dispersão Entre os gêneros está o Spondias, que, segundo
da espécie, e nas zonas mais úmidas dos estados a literatura, tem a seguinte posição taxonô-
do Nordeste. mica: Domínio – Eukarya; Reino – Plantae; Filo
Na Amazônia, as cajazeiras são encon- – Anthophyta; Divisão – Spermatophyta; Subdi-
tradas nas florestas de terra firme e em várzea, visão – Angiospermae; Classe – Eudicotiledoneae;
sendo comum em lugares habitados, porém em Subclasse – Archichlamidae; Ordem – Sapindales;
estado subespontâneo (CAVALCANTE, 1976). Família – Anacardiaceae; Tribo – Spondiadeae, e
No Amapá, é freqüente em quintais, margeando Gênero – Spondias L. (AIRY SHAW; FORMAN,
canais de drenagem natural e outras áreas úmidas. 1967; JOLY, 2002; RAVEN et al., 2001). Muitas
Na Paraíba, as cajazeiras ocorrem em várias espécies de Anacardiaceae destacam-se comercial-
regiões do Estado, porém mais freqüentemente mente, como a mangueira (Mangifera indica L.), o
em povoamentos naturais nos municípios que pistache (Pistacia vera L.) e o cajueiro (Anacardium
constituem a microrregião do Brejo-Paraibano occidentale L.). Outras são ainda pouco exploradas,
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como as do gênero Spondias – cajazeira (S. mombin comprimento; folíolos opostos ou alternos;
L.), cajaraneira (S. dulcis Parkinson), serigüeleira lâmina oblonga, cartácea, de 5 cm a 11 cm de
(S. purpurea L.), umbuzeiro (S. tuberosa Arruda), comprimento por 2 cm a 5 cm de largura;
umbu-cajazeira e umbugueleira (Spondias spp.) margem inteira; ápice agudo, base arredondada
– muito valorizadas graças a seus saborosos (Figura 2) (BRAGA, 1960).
frutos e produtos processados, como sucos, As flores são dispostas em inflorescên-
geléias, néctares, sorvetes e picolés – e as aroeiras cias do tipo panículas terminais piramidais,
(Astronium fraxinifolium Schoot. e Schinus terebentifo- de 20 cm a 60 cm de comprimento (Figura 2).
lius Raddi.), conhecidas como árvores produtoras As inflorescências apresentam flores unisse-
de madeira de excelente qualidade. xuais e hermafroditas na mesma planta, cálice de
A cajazeira, segundo Airy Shaw e Forman 0,5 cm de diâmetro; receptáculo arredondado, de
(1967), provavelmente a mais antiga espécie de 1 mm a 4 mm de comprimento; cinco sépalas,
Spondias conhecida no Velho Mundo, faz parte cinco pétalas, estames em número de dez com
da coleção do Jardim Botânico de Calcutá desde dois verticilos, os cinco primeiros inseridos num
1847. disco, alternos às pétalas, os outros cinco são
A cajazeira apresenta tronco ereto, revestido epipétalos. O número de flores por panícula é
por casca acinzentada ou brancacenta, rugosa, variável, podendo atingir mais de 2 mil (SILVA;
fendida e muito grossa. As folhas são caducas SILVA, 1995), porém somente cerca de dez
e a copa se ramifica na parte terminal, apresen- frutos alcançam a maturação em cada panícula.
tando forma capitata corimbiforme dominante O fruto da cajazeira é classificado como
e imponente quando em fase de floração e fruti- drupa (BRAGA, 1960; CAVALCANTE, 1976)
ficação, o que confere porte alto à planta – que e como nuculânio, com mesocarpo carnoso,
alcança até 30 m de altura –, fazendo desta a amarelo, de sabor agridoce, contendo carote-
árvore mais alta do gênero Spondias (Figura 1). nóides (BARROSO et al., 1999). Apresenta
A copa varia de 8 m a 24 m de diâmetro e o cerca de 6 cm de comprimento, formato ovóide
tronco apresenta até 2 m de circunferência ou oblongo, achatado na base, cor variando do
(BRAGA, 1960). amarelo ao alaranjado, casca fina, lisa, polpa
As folhas são compostas, alternas, imparipi- pouco espessa, também variando do amarelo ao
nadas, com 5 a 11 pares de folíolos, espiraladas alaranjado, suculenta e de sabor ácido-adocicado
¼, pecioladas, peciólulo curto de 5 cm de (Figuras 3 e 4).
O endocarpo, comumente chamado de
caroço, é grande, branco, súbero-lignificado e
Foto: Célio Kersul do Sacramento
a cultivar Oliveira Neto apresenta 8% de flores safras menores, não havendo relatos de estudos
férteis e a cultivar Extrema, 34%. em plantas individuais (SACRAMENTO et al.,
Tomando por base o conhecimento 2008). Simão (1960) e Singh (1960), citados por
disponível em melhoramento da mangueira, Donadio e Ferreira (2002), relatam que a ocor-
Sacramento et al. (2008) sugerem a avaliação de rência de produções alternadas em mangueira
genótipos de cajazeiras quanto à porcentagem deve-se, principalmente, à sua biologia, relativa
de flores perfeitas na panícula, escolhendo-se à produção de carboidratos, à produção da safra
aquelas plantas que apresentassem inflorescências anterior, ao florescimento, à polinização e ao
com maior percentual de flores hermafroditas e pegamento dos frutinhos. Fatores biológicos
femininas. Aliado a esse aspecto, há necessidade ligados à estrutura das flores, além de fatores
de estudos que identifiquem os insetos polini- fisiológicos e climáticos, também são impor-
zadores das flores da cajazeira. Lozano (1986), tantes na frutificação da mangueira.
baseado nas características das flores, afirmou A cajazeira, encontrada de forma silvestre,
que a polinização da cajazeira é anemófila, e que apresenta somente um período de lançamento
não observou nenhum indivíduo atraído pelas de fluxos vegetativos anual, o que ocorre depois
flores com possibilidade de polinizá-las. Donadio de um período de repouso, depois da queda
e Ferreira (2002) citam que, na mangueira, a poli- das folhas. Esses novos ramos são os responsá-
nização é feita por insetos, e que abelhas não veis pelo lançamento das inflorescências. Desse
são muito atraídas por ela e, ainda, que a polini- modo, estudos de fenologia e da fisiologia da
zação feita por tripes e moscas não é eficiente. planta permitirão identificar genótipos que
Na Índia, conforme esses autores, foi observado possam produzir em diferentes épocas, natu-
que apenas 3% a 35% das flores hermafroditas ralmente ou com indução floral, à semelhança
da mangueira são polinizadas. Além dos fatores das técnicas aplicadas em mangueira (SACRA-
biológicos citados, a chuva e o vento concorrem MENTO et al., 2008).
para a baixa polinização.
Além do benefício do estudo da seleção de plantas
com inflorescências contendo maior porcentagem
Clima e solo
de flores hermafroditas e femininas, pesquisas da
A cajazeira desenvolve-se bem nas regiões
biologia reprodutiva da cajazeira representariam
Norte e Nordeste do Brasil, em clima quente
um grande avanço para aumentar o conhe-
úmido ou subúmido, e resiste a longos períodos
cimento sobre o melhoramento da cajazeira,
de seca.
principalmente para verificar a ocorrência de
auto-incompatibilidade, cujo fenômeno é bem Na região do Brejo Paraibano, onde ocorre
estudado em mangueira (SACRAMENTO et al., maior concentração de cajazeiras, a altitude oscila
2008). Em algumas cultivares de mangueira, de 130 m a 618 m, a temperatura média do ar
ocorre a degeneração do endosperma 15 dias situa-se entre 23,0 °C e 24,5 °C e a precipitação
depois da polinização e também a incompati- média é cerca de 1.400 mm ao ano, com concen-
bilidade cruzada entre alguns cultivares (LYER; tração no período de março a agosto e escassez
DEGANI, 1977 citados por DONADIO; durante 5 meses por ano.
FERREIRA, 2002). No Ceará, as cajazeiras ocorrem com maior
O problema da alternância de produção tem freqüência nas regiões de precipitação média
sido observado em cajazeiras, porém o conhe- anual superior a 1.100 mm, ou seja, nas zonas
cimento desse fenômeno nessa espécie somente litorâneas próximas à Fortaleza e nas serras de
foi constatado em safras maiores alternadas com Guaramiranga, Baturité e Ibiapaba. Entretanto,
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secar ao ambiente até 135 dias. O período de ocorre em razão de a propagação assexual ou
dessecamento das sementes diminuiu o tempo vegetativa transmitir todo o patrimônio genético
médio de germinação. Os endocarpos de cajá são da planta que forneceu o propágulo para as
euricárpicos e contém de uma a quatro sementes mudas formadas, além de reduzir a juvenilidade e
viáveis. A germinação do cajá é do tipo epígeo o porte das plantas. Na propagação assexuada da
fanerocotiledonar. A protrusão da raiz primária cajazeira, são utilizados os métodos de enxertia
e do hipocótilo ocorre na parte truncada do e de estaquia.
endocarpo. De cada endocarpo pode germinar
mais de uma semente ao mesmo tempo, porém Enxertia
apenas uma raiz principal se desenvolve.
Para evitar a dormência, recomenda-se a A arte da enxertia é muita antiga, tendo sido
semeadura dos endocarpos em canteiros ou em praticada pelos povos antigos desde o início das
bandejas de plástico, usando-se como substrato civilizações. Trata-se de um método de propa-
areia quartzosa esterilizada. A semeadura deve gação assexual ou vegetativa, que consiste na
ser efetuada a uma profundidade de 3 cm, colo- junção de um propágulo contendo tecido vivo da
planta, chamado de garfo (pedaço de ramo com
cando-se o endocarpo na posição vertical, com a
várias gemas) ou borbulha (uma única gema),
parte proximal (parte mais fina, que liga o fruto
o qual é inserido em cortes feitos na base do
ao pedúnculo) voltada para baixo. Os canteiros
caule do porta-enxerto e rapidamente amarrado,
ou as bandejas devem ficar em ambiente coberto
para permitir perfeitas união e cicatrização das
com sombrite, que retenha de 50% a 70% da
partes enxertadas, com subseqüente desenvol-
radiação solar. Em um mesmo lote, podem existir
vimento de uma planta composta, chamada
sementes que começam a germinar aos 30 dias
clone. A técnica de enxertia que utiliza garfos é
e aos 406 dias depois de semeadas (SOUZA; chamada de garfagem, e a que usa apenas uma
ARAÚJO, 1999). gema é denominada borbulhia.
Pode ocorrer a germinação de uma a três A cajazeira pode ser enxertada por garfagem
sementes por endocarpo. Depois da germinação em fenda cheia e em fenda lateral sobre porta-
das sementes, as plântulas devem ser repicadas enxertos da própria cajazeira, do umbuzeiro
para sacos de plástico de 15 cm de largura por (Spondias tuberosa Arr. Câm.) e da cajaraneira
28 cm de comprimento, previamente cheios com (Spondias dulcis Parkinson), os quais possibilitam
terriço. Depois da repicagem, os sacos devem rápida cicatrização, boa compatibilidade entre as
ser colocados em viveiro coberto com sombrite, partes enxertadas e altas porcentagens de pega
que retenha 70% da radiação solar, até as plantas dos enxertos, permitindo avanços nos trabalhos
emitam as quatro primeiras folhas. A partir desse de melhoramento e no lançamento de clones
estádio, as plantas devem ficar em ambiente a comerciais. Em Pacajus, CE, clones de cajazeira
pleno sol, até atingirem cerca de 30 cm ou 40 cm enxertados sobre umbuzeiro também apresen-
de altura, quando estarão prontas para plantio ou taram altas taxas de crescimento, com troncos
para serem enxertadas. monopodias (haste única) e tendência a formar
copas altas, e algumas plantas produziram
Propagação assexual apenas no primeiro ano de cultivo (SOUZA;
BLEICHER, 2002).
A propagação assexual ou vegetativa é a mais A borbulhia também pode ser utilizada, mas
usada na maioria das fruteiras perenes, especial- apresenta baixa porcentagem de pega (SOUZA,
mente naquelas de polinização cruzada. Isso 1998; SOUZA et al., 1999; 2002). Para serem
Capítulo 5 – Cajá 93
partes da planta pode auxiliar nas recomenda- danificam as frutíferas dos países do Cone
ções de adubação. Silva et al. (1984) encontraram Sul, notadamente Brasil, Argentina, Paraguai e
os seguintes resultados em folhas e frutos da Uruguai. É uma praga que causa dano direto ao
cajazeira (Tabela 1). produto final, sendo classificada como praga-
chave nas frutíferas, e como tal atinge o nível de
dano econômico em densidades populacionais
Controle de pragas e doenças baixas, merecendo cuidados especiais durante
o período de frutificação. No Brasil, de acordo
Considerando a exploração extrativista da
com Zucchi (1988), entre os hospedeiros das
cajazeira, são relativamente poucos os trabalhos
espécies Anastrepha fraterculus e Anastrepha obliqua,
de levantamento fitossanitário nessa espécie.
encontram-se cajazeira, mangueira, goiabeira,
Quando uma espécie é cultivada extensivamente,
jaboticabeira, jambeiro, caramboleira e uvaeira.
aparecem pragas que antes não eram detectadas,
Na Bahia, Vidal e Silva (2004) verificaram que os
ou que passavam despercebidas por causa do
frutos hospedeiros com maiores taxas de infes-
tipo de exploração extrativa, como ocorre no
tação foram cajá e cajarana (Spondias cytherea),
caso da cajazeira.
infestadas por A. obliqua.
Naturalmente, pragas e doenças necessitam de
Como a cajazeira é uma espécie em fase de
um hospedeiro para sobreviver e preferem plantas
da mesma espécie ou gênero. Desse modo, as prin- domesticação, ainda não foram feitos levanta-
cipais espécies que compõem o gênero Spondias mentos sobre os níveis de danos econômicos
(cajá, cajararana, serigüela, umbu, umbuguela e causados por essa praga. Desse modo, torna-se
umbu-cajá) apresentam pragas e doenças comuns. difícil estabelecer qualquer método de controle
Cumpre lembrar, também, que o principal critério antes do estabelecimento de sistema de cultivo
para considerar a importância de uma praga ou racional.
doença é o dano econômico causado às plantas,
e, como algumas dessas enfermidades ocorrem Outras pragas
em outras frutíferas extensivamente cultivadas,
pode-se, em alguns casos, extrapolar os mesmos Em um ensaio de avaliação de clones de
métodos de controle. Spondias em execução na Embrapa Agroindús-
tria Tropical, constatou-se o ataque de saúvas
Controle de pragas do gênero Atta, mané-magro, bicho-pau (Stiphra
robusta Leitão) e pulgão, todas com nível de dano
Moscas-das-frutas (Anastrepha spp.) econômico, sendo necessário o uso de controle
químico. Em endocarpos armazenados, cons-
As moscas-das-frutas representam um tatou-se o ataque de um gorgulho, que destruiu
dos mais importantes grupos de pragas que as sementes (SACRAMENTO; SOUZA, 2000).
Na região sul da Bahia, observaram-se larvas lesões exibem as mesmas características, que se
abrindo galerias e causando danos em ramos de aprofundam na polpa de frutos jovens e causam
plantas jovens, e em Caucaia, CE, as larvas dani- deterioração. Em frutos já maduros, as lesões,
ficaram os ramos terminais de plantas adultas em mesmo que não provoquem a deterioração,
início de brotação. deprecia-os para o consumo. Como método de
controle, Queiroz (1997) sugere pulverizações
Doenças a intervalos de 15 a 21 dias, com oxicloreto de
cobre a 0,25%.
Em relação às doenças, Freire e Cardoso
(1997) descrevem as principais enfermidades Resinose (Botryosphaeria rhodina
das Spondias (cajazeira, cajaraneira, umbuzeiro (Cooke) Ark)
e serigüeleira) no Brasil e discutem as possíveis
medidas para seu controle. Essa enfermidade caracteriza-se pelo apare-
cimento de cancros escuros, salientes, às vezes
Antracnose (Glomerella cingulata exibindo rachaduras, com abundante liberação de
(Ston.) Spauld. & Schrenk) goma. Mesmo infectada, a planta sobrevive por
longos períodos, sem maiores problemas. Entre-
Doença disseminada em todos os estados tanto, quando a lesão circunda todo o diâmetro
do Nordeste, a antracnose é facilmente encon- do caule ou do ramo, aprofundando-se no lenho,
trada, causando lesões em folhas, inflorescências surgem os sintomas reflexos de amarelecimento,
e frutos. O controle pode ser feito por meio de murcha e seca do ramo ou de toda a planta, em
pulverizações semanais, com um dos seguintes virtude do bloqueio dos tecidos condutores
fungicidas: chlrotalonil, oxicloreto de cobre (Figura 11). Em algumas oportunidades, a planta
e mancozeb (3 g/L de água). Queiroz (1997) emite novas ramificações a partir dos ramos
sugere a pulverização de plantas adultas com infectados. Posteriormente, as novas brotações
oxicloreto de cobre, a 0,25%, em intervalos de são também afetadas. Ainda que de progressão
15 a 21 dias. lenta, a enfermidade inevitavelmente leva a planta
à morte, se não for controlada. Todas as espécies
Verrugose (Sphaceloma spondiadis do gênero Spondias têm se revelado suscetíveis à
Bitancourt e Jenkins) resinose.
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