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Universidade Estadual de Montes Claros

Centro de Ciências Humanas Departamento de Comunicação e


Letras Curso de Graduação em Letras
Nome: Guiney Gonçalves Botelho 06/10/2021
Teoria da Literatura 2021/2
Letras Inglês 3º periodo

BOSI, Alfredo. “O som no signo” “Frase: música e silêncio” In: O ser e tempo
da poesia. São Paulo Cultrix, Ed. da Universidade de São Paulo, 1977.

As palavras “ser” e “tempo”, utilizadas por Alfredo Bosi em sua obra,


constituem-se em um verdadeiro jogo criativo da inteligência em movimento,
alerta e sensível, no espaço que vai do geral ao particular; dos parâmetros da
essência às formas de sua atualização histórica; do ser ao tempo da poesia. O
ser da poesia, aimagem que “busca aprisionar a alteridade estranha das coisas
e dos homens”; o som no signo, “a figura do mundo e a música dos
sentimentos” recuperadas via linguagem; o ritmo da frase do discurso poético,
“imagem das coisas e movimento do espírito”; esses são conceitos que Bosi
nos transmite de forma . Alfredo Bosi é um grande divulgador das idéias
estéticas do filósofo italiano, Giambattista Vico, que foi uma mente poética em
tempos analíticos e investigou o ser da Poesia, em termos de linguagem, numa
abordagem antecipadoramente estrutural.
O interesse de Bosi é pelo “Ser” e a “Origem” da Poesia. Ele busca
salientar o primado da linguagem poética numa nova ordem de valores. Bosi
faz uma analise da orientação pedagógica de Vico, que apelava para que a
Filosofia não se isolasse em “puras abstrações lógicas”, mas que ela tivesse
interesse, desenvolvesse interesses, também, no campo de outros “produtos
culturais, como a literatura. Era preciso dar destaque à arte da invenção, tendo
em primeiro plano a arte poética e o espírito platônico”. Segundo o filosofo
Vico, seria uma “pretensão quimérica”, querer, com a lógica, explicar todas as
realizações humanas, como a poesia, que não pode ser demonstrada
logicamente, não tendo assim nada a ver com as “verdades matemáticas”.
Segundo o comentário do professor Bosi, Vico distingue a “linguagem
mítica da linguagem silogística”. Na “linguagem mítica”, está contida a mimese
de Aristóteles, ou seja, a verossimilhança da Arte, que não é a realidade pura e
simples, mas algo semelhante a realidade à realidade. Na linguagem silogística
está amarrada a sentenças precisas. O único modelo do saber, o lógico, está
ultrapassado, e torna assim a Filosofia impraticável numa conversação em que
entrasse a experiência da Poesia. Não haveria diálogo entre mimese e
logicidade. A redução do conhecimento à razão seria comoreduzir o sensível,

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inteiramente, ao sentido.
Portanto, em seu livro “O Ser e o Tempo da Poesia”, Alfredo Bosi, constrói
uma teoria/crítica que focaliza a Literatura, mas também dá destaque a
erudição e o interesse humanístico tornando-a transcende para todas as outras
formas de arte e expressões da cultura humana: música, artes plásticas,
religião, mitologia, filosofia, psicologia, antropologia e até mesmo a sétima arte,
o cinema.
Bosi ressalta que Vico procura a união entre Filosofia e Filologia, isso
porque ele considera a linguagem um repositório de mitos, de fábulas, o que
chamam de “expressões do espírito”, a cuja vinculação se acha, de modo
preponderante, a Poesia. O professor Bosi, desenvolve seu estudo no sentido
de que não haja uma separação entre o sensível e o inteligente. Nos nossos
dias, há também essa tendência entre a Filosofia e a Estética, em reconhecer
os dois estados, o do sensível e o da inteligência. Tal postura, em relação à
aceitação das duas categorias, separadamente, seria hierarquizar o saber, ou
seja, o luminoso e o cego, o racional e o sensível, o lógico e o empírico.
Portanto, os modos de dizer e de pensar unem o significante e o significado, e
o lado sensível do ser humano adquiriria maior liberdade. Vico foi o fundador
da Estética moderna, filosoficamente falando, como uma “fenomenologia do
saber imaginário”, do fantástico. Ele monta a palavra “mitopoética” exatamente
para indicar a origem sagrada das posturas antigas do “saber sensível”.
Neste artigo, procurarei ver como a construção de um poema aplica de maneira
prática, e como os conselhos de Bosi são essenciais neste desenvolvimento. O
poema utilizado será de Gilberto Mendonça Teles, de sua obra, “Fábula de
Fogo” (1961), com o poema que se intitula: Poética. Trata-se de um
“metapoema”, onde Gilberto Mendonça Teles, fala sobre a arte de fazer
poema. Com seus versos curtos, composto de sestinas, ele nos explica como a
construção de um poema pode ser comparado a construção da vida.

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