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INTRODUÇÃO AO
GEOPROCESSAMENTO E
GEORREFERENCIAMENTO
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3 UNIDADE 1 - Introdução
6 UNIDADE 2 - Geoprocessamento
6 2.1 Conceitos e definições

7 2.2 Técnicas e usos relacionados ao geoprocessamento

12 2.3 Um pouco de história

15 2.4 Orientação a objetos

17 UNIDADE 3 - Noções básicas de antropologia


21 UNIDADE 4 - Interdisciplinaridade: cartografia x geoinformação

SUMÁRIO
23 UNIDADE 5 - A urbanização brasileira, os problemas sociais e aplicações do geoprocessamento das informações
23 5.1 Desenvolvimento sustentável e qualidade de vida

25 5.2 Urbanização brasileira e os problemas sociais

35 5.3 Geoprocessamento e combate à criminalidade

39 UNIDADE 6 - Georreferenciamento
45 REFERÊNCIAS
49 ANEXO
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UNIDADE 1 - Introdução

Ao longo das últimas décadas o homem Cartografia, Análise de Recursos Natu-


veio interferindo de maneira muito inten- rais, Transportes, Comunicações, Energia
sa no meio natural que o cerca e, claro, e Planejamento Urbano e Regional, den-
modificou a paisagem contribuindo para tre outras.
o surgimento de diversos problemas am-
Geoprocessamento nada mais é que o
bientais e, por conseguinte, problemas
uso automatizado de informação que de
socioeconômicos, em níveis que podemos
alguma forma está vinculada a um deter-
dizer são hoje alarmantes.
minado lugar no espaço, seja por meio de
A urbanização modifica todos os ele- um simples endereço ou por coordenadas
mentos da paisagem: o solo, a geomorfo- (LAZZAROTTO, 2002). Vários sistemas fa-
logia, a vegetação, a fauna, a hidrografia, zem parte do Geoprocessamento, dentre
o ar e o clima. Esta ocupação indiscrimina- os quais o Sistema de Informações Geo-
da que veio ocorrendo nos centros urba- gráficas (SIG) que reúne maior capacida-
nos, principalmente a partir da segunda de de processamento e análise de dados
metade do século XX, é uma das princi- espaciais. A utilização destes sistemas
pais fontes de problemas ambientais das produz informações que permitem tomar
cidades, sendo que esses locais podem decisões para colocar em prática várias
ser caracterizados pela elevada desigual- ações.
dade em termos de distribuição da renda,
Estes sistemas se aplicam a qualquer
precárias condições de moradias e acesso
tema que manipule dados ou informações
reduzido aos serviços públicos, particu-
vinculadas a um determinado lugar no es-
larmente na parcela da população mais
paço, e que seus elementos possam ser
pobre e vulnerável em termos socioam-
representados em um mapa, como casas,
bientais. Pode-se afirmar, portanto, que
escolas, hospitais, etc.
os elevados níveis de pobreza urbana, ex-
clusão social e degradação ambiental têm Como ressaltam Câmara et al. (2005),
caracterizado a urbanização brasileira o entendimento da tecnologia de Geo-
(CARVALHO; BRAGA, 2001; MONTE-MÓR; processamento requer, preliminarmente,
FREITAS; BRAGA, 2003). uma descrição de alguns conceitos bási-
cos, os quais veremos ao longo deste mó-
Sendo fato a modificação da paisagem
dulo.
natural, como podemos saber o local exa-
to e as dimensões dessas modificações? Segundo Rodrigues (1993), Geoproces-
Eis que aqui lançamos mão do geoproces- samento é um conjunto de tecnologias de
samento que é uma disciplina do conheci- coleta, tratamento, manipulação e apre-
mento que utiliza técnicas matemáticas sentação de informações espaciais, volta-
e computacionais para o tratamento da do para um objetivo específico.
informação geográfica e que vem influen-
Este conjunto possui como principal
ciando de maneira crescente as áreas de
ferramenta o Geographical Information
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System – GIS, considerado também como Sistemas orbitais com sensores de alta
já citado, Sistema de Informação Geográ- resolução, imageando periodicamente a
fica (SIG). Embora na área seja muito usa- Terra, combinados com o processamento
do o jargão GIS, usaremos sua correspon- de imagens, oferecem diversas possibili-
dente em português – SIG. dades de extração de informações e aná-
lises temporais.
Para que o SIG cumpra suas finalidades,
há a necessidade de dados. A aquisição de O GPS (Global Position Sistem ou Sis-
dados em Geoprocessamento deve partir tema de Posicionamento Global), apesar
de uma definição clara dos parâmetros, de ter sido criado para finalidades nada
indicadores e variáveis, que serão neces- nobres, revelou-se um sistema extrema-
sários ao projeto a ser implementado. De- mente preciso e rápido para posiciona-
ve-se verificar a existência destes dados mento e mapeamento, apoiando também
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nos órgãos apropriados (IBGE , DSG , Pre- a Fotogrametria e o Sensoriamento Re-
feituras, concessionárias e outros). A sua moto.
ausência implicará num esforço de gera-
Quanto ao georreferenciamento, este
ção que dependerá de custos, prazos e
é por sua vez e de maneira bem concisa,
processos disponíveis para aquisição.
uma técnica moderna de agrimensura e
A digitalização é um dos processos tem duas funções básicas:
mais utilizados para aquisição de dados
1º. Servir de instrumento de Registro
já existentes. Como os custos para gera-
Público, possibilitando a segurança no
ção costumam ser significativos, deve-se
tráfico jurídico de imóveis.
aproveitar ao máximo possível os dados
analógicos, convertendo-os para a forma 2º. Servir de instrumento de cadastro,
digital através de digitalização manual ou com a finalidade preponderantemente
automática. fiscalizatória, como, aliás, dispõe o art. 1º
e seus parágrafos, da Lei nº 5.868/72 que
Outro conceito básico e muito impor-
trata do cadastramento rural (alterado
tante é a Fotogrametria, muito utilizada
pela Lei nº 10.267/01).
na geração de dados cartográficos. Du-
rante muitos anos, era a única forma de Para se ter uma ideia de sua utilização
mapeamento para grandes áreas. Com a e importância, até 2023, todas as 5,850
evolução da informática e das técnicas de milhões de propriedades rurais brasileiras
processamento digital de imagens, surgiu deverão ter as medidas atualizadas por
a Fotogrametria Digital. meio de sistema digital (vale a pena ler o
Decreto nº 4.449/2002, disponível em ht-
Inicialmente considerado como um
tps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/de-
ramo da fotogrametria, o Sensoriamen-
creto/2002/d4449.htm).
to Remoto (SR) emergiu com a capacida-
de impressionante de geração de dados. Pois bem, estes são alguns dos temas a
serem estudados de maneira ampla neste
1- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
2-Departamento de Sistema Geográfico do Exército Brasileiro – módulo.
mais informações serão oferecidas ao longo do curso.
Ressaltamos em primeiro lugar que em-
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bora a escrita acadêmica tenha como pre-


missa ser científica, baseada em normas
e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos
de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas
não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma
compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clás-
sicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o cará-
ter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de


referências básicas, encontram-se ou-
tras que foram ora utilizadas, ora somen-
te consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por
ventura venham a surgir ao longo dos es-
tudos.
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UNIDADE 2 - Geoprocessamento
A obtenção de informações sobre a dis- aparecimento do Geoprocessamento.
tribuição geográfica de fenômenos e ob-
Nesse contexto, o termo Geoproces-
jetos é parte importante das atividades
samento denota a disciplina do conheci-
de organização da sociedade. Antes con-
mento que utiliza técnicas matemáticas
tidas em mapas e documentos em papel
e computacionais para o tratamento da
impresso, o desenvolvimento da Informá-
informação geográfica e que vem influen-
tica na segunda metade do século XX pos-
ciando de maneira crescente as áreas de
sibilitou armazenar e representar tais in-
Cartografia, Análise de Recursos Natu-
formações em ambiente computacional,
rais, Transportes, Comunicações, Energia
culminando no advento da prática do Ge-
e Planejamento Urbano e Regional. As
oprocessamento que pode ser tido como
ferramentas computacionais para Geo-
“um ramo do processamento de dados que
processamento, chamadas de Sistemas
opera transformações nos dados contidos
de Informação Geográfica (SIG), permitem
em uma base de dados referenciada ter-
realizar análises complexas, ao integrar
ritorialmente (geocodificada), usando re-
dados de diversas fontes e ao criar ban-
cursos analíticos, gráficos e lógicos, para
cos de dados georreferenciados. Tornam
a obtenção e apresentação das transfor-
ainda possível automatizar a produção de
mações desejadas” (XAVIER-DA-SILVA,
documentos cartográficos (CÂMARA; DA-
1992, p. 48 apud MOURA, 2003, p. 9).
VIS, 2005).
Vamos analisar esse conceito?
Segundo Moura (2003), a palavra Ge-
oprocessamento é o hibridismo do termo
grego gew (Terra) com o termo latino pro-
2.1 Conceitos e definições cessus (progresso, “andar avante”), signi-
ficando implantar um processo que traga
É fato e historicamente registrado que
um progresso, um andar avante, na repre-
a coleta de informações sobre a distri-
sentação da superfície da Terra.
buição geográfica de recursos minerais,
propriedades, animais e plantas sempre Reúnem-se hardware, software, base
foi uma parte importante das atividades de dados, metodologias e operador, que
das sociedades organizadas. Até recen- analogicamente correspondem às ferra-
temente, no entanto, isto era feito ape- mentas materiais e virtuais de trabalho, à
nas em documentos e mapas em papel, o matéria-prima, às técnicas do ofício e ao
que impedia uma análise que combinasse trabalhador. Com os componentes técni-
diversos mapas e dados. Com o desenvol- cos de suporte material (hardware) e os
vimento simultâneo (na segunda metade programas de manipulação de dados no
do século XX) da tecnologia de informá- suporte lógico (software), trabalhar com
tica, tornou-se possível armazenar e re- Geoprocessamento significa utilizar com-
presentar tais informações em ambiente putadores como instrumentos de manu-
computacional, abrindo espaço para o seio de dados para representação digital
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do espaço geográfico. Apesar de aplicáveis, estas noções


De forma genérica, podemos explicar
escondem um problema conceitual:
assim: “Se onde é importante para seu a pretensa interdisciplinaridade dos
negócio, então Geoprocessamento é sua SIG’s é obtida pela redução dos con-
ferramenta de trabalho”. Sempre que o ceitos de cada disciplina a algoritmos
onde aparece, dentre as questões e pro- e estruturas de dados utilizados para
blemas que precisam ser resolvidos por armazenamento e tratamento dos
um sistema informatizado, haverá uma dados geográficos. Considere-se, a tí-
oportunidade para considerar a adoção tulo de ilustração, alguns problemas
de um SIG. típicos:
Num país de dimensões continentais um sociólogo deseja utilizar um SIG
como o Brasil, com uma grande carência para entender e quantificar o fenômeno
de informações adequadas para a tomada da exclusão social numa grande cidade
de decisões sobre os problemas urbanos, brasileira;
rurais e ambientais, o Geoprocessamento
um ecólogo usa o SIG com o obje-
apresenta um enorme potencial, princi-
tivo de compreender os remanescentes
palmente se baseado em tecnologias de
florestais da Mata Atlântica, através do
custo relativamente baixo, em que o co-
conceito de fragmento típico de Ecologia
nhecimento seja adquirido localmente.
da Paisagem;

um geólogo pretende usar um SIG


2.2 Técnicas e usos relacio- para determinar a distribuição de um mi-
neral numa área de prospecção, a partir
nados ao geoprocessamento de um conjunto de amostras de campo
Trabalhar com geoinformação significa, (CÂMARA; MONTEIRO, 2005).
antes de qualquer coisa, utilizar computa- O que há de comum em todos os casos
dores como instrumentos de representa- acima?
ção de dados espacialmente referencia-
dos. Deste modo, o problema fundamental Para começar, cada especialista lida
da Ciência da Geoinformação é o estudo e com conceitos de sua disciplina (exclusão
a implementação de diferentes formas de social, fragmentos, distribuição mineral).
representação computacional do espaço Para utilizar um SIG, é preciso que cada
geográfico. especialista transforme conceitos de sua
disciplina em representações computa-
É costume dizer-se que Geoprocessa- cionais. Após esta tradução, torna-se viá-
mento é uma tecnologia interdisciplinar, vel compartilhar os dados de estudo com
que permite a convergência de diferentes outros especialistas (eventualmente de
disciplinas científicas para o estudo de fe- disciplinas diferentes). Em outras pala-
nômenos ambientais e urbanos. Ou ainda, vras, e que fique bem claro: quando se fala
que “o espaço é uma linguagem comum” que o espaço é uma linguagem comum no
para as diferentes disciplinas do conheci- uso de SIG, a referência é ao espaço com-
mento.
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putacionalmente representado e não aos urbanização – a inclinação do relevo con-


conceitos abstratos de espaço geográfi- jugada ao uso e à ocupação do solo permi-
co. te a definição de áreas vulneráveis à ex-
pansão urbana, caracterizadas por relevo
Do ponto de vista da aplicação, utilizar
de baixa inclinação e próximas a áreas já
um SIG implica em escolher as represen-
ocupadas (FLORENZANO, 2002);
tações computacionais mais adequadas
para capturar a semântica de seu domínio a definição da taxa de expansão ur-
de aplicação. Do ponto de vista da tecno- bana – delimitação e cálculo do tamanho
logia, desenvolver um SIG significa ofe- da mancha urbana identificada em ima-
recer o conjunto mais amplo possível de gens de uma mesma área datadas suces-
estruturas de dados e algoritmos capazes sivamente (FLORENZANO, 2002).
de representar a grande diversidade de
Novamente podemos afirmar que vá-
concepções do espaço.
rias são as Ciências que se beneficiam de
O conjunto de dados cujo significado seus resultados, como a Agronomia e o
contém associações ou relações de na- Urbanismo. Transpondo limites científi-
tureza espacial formam uma informação cos disciplinares através dos trabalhos
geográfica (TEXEIRA et al., 1992 apud de localização dos fenômenos e equacio-
ROCHA, 2000), dispostas em planilhas al- namento e esclarecimento das condições
fanuméricas, matrizes e representações espaciais, o Geoprocessamento é
gráficas vetoriais.
uma tecnologia transdisciplinar, que,
Para que essas informações sejam sub- através da axiomática da localização
metidas ao processamento computacio- e do processamento de dados geo-
nal, a cada tipo de informação é associado gráficos, integra várias disciplinas,
um valor numa escala de medida ou refe- equipamentos, programas, proces-
rência, o que insere a representação dos sos, entidades, dados, metodologias
fenômenos geográficos na lógica dos sis- e pessoas para coleta, tratamento,
temas de informação. análise e apresentação de informa-
ções associadas a mapas digitais
Outros exemplos de usos do Geo- georreferenciados (ROCHA, 2000, p.
processamento: 210).
a determinação de aptidão agríco- Guarde...
la – com os mapas de solo, de declividade
e de precipitação de determinada região - Coleta, armazenamento, tratamento
submetidos a uma escala de medida de e análise e uso integrado são, portanto,
qualidade, o cálculo da média ponderada elementos participantes do conjunto de
entre o tipo de solo, o valor da declivida- técnicas relacionadas ao tratamento da
de e a quantidade de precipitação média informação espacial.
mensal indica como boa, média ou ruim a
- Geoprocessamento é uma tecnologia
aptidão agrícola das porções dessa região;
formada pela confluência de outras tec-
a indicação de susceptibilidade à nologias, a saber:
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Sistema de Posicionamento Global 4. Técnicas para o uso integrado de in-


(GPS); formação espacial.

Sensoriamento Remoto; Informações georreferenciadas têm


como característica principal a localiza-
Processamento Digital de Imagens
ção, ou seja, estão ligadas a uma posição
(PDI);
específica do globo terrestre por meio de
Cartografia Digital; suas coordenadas. Vários sistemas fazem
parte do Geoprocessamento, dentre os
Sistemas Gerenciadores de Banco
quais o SIG, como já dito, é o sistema que
de Dados (SGBD);
reúne maior capacidade de processamen-
Sistemas de Informações Geográfi- to e análise de dados espaciais, mas é im-
cas (SIG). portante frisar sempre, principalmente
para aqueles que estão chegando à área.
Cada uma possui características
que as singularizam, sendo, ainda, A utilização destes sistemas produz in-
agrupadas entre as que permitem: formações que permitem tomar decisões
para colocar ações em prática. Estes siste-
a aquisição de dados (Sensoria- mas se aplicam a qualquer tema que ma-
mento Remoto, Cartografia Digital e GPS); nipule dados ou informações vinculadas
as que permitem a organização, o a um determinado lugar no espaço, e que
gerenciamento e a apresentação dos da- seus elementos possam ser representa-
dos (SGBD, Cartografia Digital e SIG); e, dos em um mapa, como casas, escolas ou
hospitais.
as que permitem o processamento
dos dados (PDI, SGBD e SIG). Segue abaixo uma breve explicação das
principais técnicas relacionadas ao trata-
Algumas se enquadram em mais de mento da informação espacial, com des-
um grupo devido às várias possibilidades taque para as técnicas de uso integrado
de trabalho que permitem. Porém, todas de informação espacial (SIG).
convergem no SIG (COUTO, 2009).
a) Técnicas para coleta de informa-
Voltando às técnicas, Vieira (2002) ção espacial:
cita pelo menos quatro categorias de
Aqui temos como principal represen-
técnicas relacionadas ao tratamento
tante a Cartografia!
da informação espacial:
Segundo Timbó (2000, p. 1),
1. Técnicas para coleta de informação
espacial. Cartografia é a Ciência e Arte que
se propõe a representar através de
2. Técnicas de armazenamento de in-
mapas, cartas e outras formas gráfi-
formação espacial.
cas (computação gráfica) os diversos
3. Técnicas para tratamento e análise ramos do conhecimento do homem
de informação espacial. sobre a superfície e o ambiente ter-
restre. Ciência quando se utiliza do
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apoio científico da Astronomia, da gra, armazenadas em algum tipo de banco


Matemática, da Física, da Geodésica, de dados. Banco de dados é uma coleção
da Estatística e de outras ciências de registros ou conjunto de dados que
para alcançar exatidão satisfatória. contêm informações sobre um determi-
Arte quando recorre às leis estéticas nado assunto ou determinada organiza-
da simplicidade e da clareza, buscan- ção.
do atingir o ideal artístico da beleza.
Sistema de Banco de Dados (SBD) são
A Cartografia, cuja função essencial é softwares projetados para gerir grandes
representar a realidade através de infor- volumes de informações. Esse gerencia-
mações espaciais de uma forma organiza- mento implica na definição das estruturas
da e padronizada incluindo acuracidade, de armazenamento das informações e na
precisão, recursos matemáticos de pro- definição dos mecanismos para o trata-
jeções cartográficas, datum para a deter- mento dessas informações.
minação de coordenadas e ainda recursos
Um sistema de banco de dados tem
gráficos de símbolos e textos, têm tido
como principal objetivo permitir ao usu-
suas aplicações estendidas a todas as ati-
ário a utilização, de forma produtiva, das
vidades que de alguma forma necessitem
informações contidas em cada banco e
conhecer parte da superfície terrestre.
aquela resultante da interação entre eles.
São ferramentas fundamentais Destacam-se, entre as principais funções
para a cartografia: de um banco de dados: a seleção de da-
dos; a manipulação de dados e o controle
a aquisição de dados a partir de pla- de acesso aos dados.
taformas espaciais, através de sensores
montados em satélites artificiais; A estrutura do banco de dados é defini-
da através do processo de modelagem de
a restituição de imagens através de dados.
ortofotos digitais;
A integridade, eficiência e eficácia das
a representação, por uma projeção informações processadas pelo sistema de
ortogonal cotada, de todos os detalhes da banco de dados dependem exclusivamen-
configuração do solo (topografia); te da correta e adequada modelagem,
a precisão dos dados de localização onde serão definidos itens importantes
espacial fornecidos por sistemas de posi- para sua coleta e armazenamento. A mo-
cionamento global por satélites (GPS); e, delagem ocorre através de ferramentas
importantes, principalmente o modelo
a obtenção de medidas terrestres Entidade-Relacionamento, que se baseia
precisas através de fotografias especiais, na percepção do mundo real e a transfe-
obtidas com câmaras métricas e com reco- rência dessa percepção para o sistema de
brimento estereoscópico (fotogrametria). banco de dados.
b) Técnicas de armazenamento de Uma modelagem de dados bem feita
informação espacial: evita repetições de dados, isto é, diminui
As informações espaciais são, via de re- o retrabalho. Antes da modelagem, há
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necessidade de uma correta definição de c) Técnicas para tratamento e aná-


quais dados serão tratados pelo sistema. lise de informação espacial:
Os dados devem ser corretamente identi-
As principais técnicas para tratamen-
ficados e classificados.
to e análise de informação espacial são a
Uma das técnicas utilizadas para a aná- modelagem de dados, a geoestatística e a
lise dos dados é a normalização, uma téc- análise de redes.
nica que visa diminuir dificuldades nas
A modelagem de dados é um conjunto
operações sobre os dados, reduzir sua in-
de conceitos que podem ser usados para
consistência e facilitar sua manutenção,
descrever a estrutura e as operações em
determinando a melhor estrutura do ban-
um banco de dados. O modelo busca siste-
co que os contêm.
matizar o entendimento que é desenvol-
Utilizando a normalização, portanto, o vido a respeito de objetos e fenômenos
responsável pela construção e manuten- que serão representados em um sistema
ção de bancos de dados escolhe qual dado informatizado.
há em comum no conjunto deles, para fi-
Desta forma, é necessário construir
xá-lo como imutável. Esse procedimento
uma abstração dos objetos e fenômenos
é o que garante, em geoprocessamento,
do mundo real, de modo a obter uma for-
adaptações fáceis à troca de nomes de
ma de representação conveniente, embo-
ruas, expansão de bairros, surgimento de
ra simplificada, que seja adequada às fina-
novas codificações de crimes, etc. Neste
lidades das aplicações do banco de dados.
caso, a denominação de ruas será feita por
meio de códigos. Os números de RG e CPF; A abstração de conceitos e entidades
o CNPJ das empresas, e os números de pla- existentes no mundo real é uma parte
cas e chassis de veículos são os exemplos importante da criação de sistemas de in-
mais conhecidos. formação. Além disso, o sucesso de qual-
quer implementação em computador de
Os bancos de dados relacionais são
um sistema de informação é dependente
utilizados, com várias aplicações, em di-
da qualidade da transposição de entida-
versas empresas. Esses bancos contêm
des do mundo real e suas interações para
informações relacionadas a um determi-
um banco de dados informatizado. A abs-
nado assunto, o que se considera tradi-
tração funciona como uma ferramenta
cional. Além das aplicações tradicionais,
que nos ajuda a compreender o sistema,
como o controle de transações bancárias
dividindo-o em componentes separados.
e controle de estoques, o banco de dados
Cada um destes componentes pode ser vi-
relacional pode ser utilizado em sistemas
sualizado em diferentes níveis de comple-
de suporte à decisão, banco de dados es-
xidade e detalhe, de acordo com a neces-
paciais (trata de dados geográficos, re-
sidade de compreensão e representação
lacionando-os aos demais dados de um
das diversas entidades de interesse do
determinado assunto), banco de dados
sistema de informação e suas interações.
multimídia, banco de dados móvel.
A Geoestatística está baseada na te-
oria de variáveis regionalizadas, enten-
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dendo como tal, variáveis cujos valores sistema composto por ferramentas
são relacionados de algum modo com a de hardware, software, rotinas e
posição espacial que ocupam (variável métodos com o propósito de apoiar
aleatória georreferenciada) tendo uma a aquisição, manipulação, análise,
função de covariância espacial associa- modelagem e exibição de dados do
da. As variáveis regionalizadas são contí- mundo real, visando a solução de
nuas no espaço, pelo que não podem ser problemas complexos de planeja-
completamente aleatórias, não podendo, mento e gestão de recursos e/ou
no entanto, ser modeladas por nenhuma fenômenos geograficamente/espa-
função determinística (ou processo es- cialmente distribuídos (TIMBÓ, 2001,
pacial). Têm, portanto, características in- p. 2).
termediárias entre processos puramente
SIG são sistemas automatizados usa-
determinísticos e aleatórios puros, sendo
dos para armazenar, analisar e manipular
uma variável distribuída no espaço e não
dados geográficos, ou seja, dados que re-
envolve qualquer interpretação proba-
presentam objetos e fenômenos em que a
bilística. A análise espacial de dados via
localização geográfica é uma característi-
Geoestatística resume-se basicamente
ca inerente à informação e indispensável
em duas fases na estimação do variogra-
para analisá-la. É um sistema computacio-
ma (ou semivariograma) e krigagem que é
nal composto de softwares e hardwares,
predição (previsão) espacial.
que permite a integração entre bancos
Redes são o conjunto formado pelo re- de dados alfanuméricos (tabelas) e gráfi-
lacionamento entre entidades gráficas cos (mapas), para o processamento, aná-
que permite a navegação entre estas en- lise e saída de dados georreferenciados.
tidades, permitindo realizar análises de Os produtos criados são arquivos digitais
conectividade, caminho mais curto, cami- contendo Mapas, Gráficos, Tabelas e Rela-
nho ótimo e outras. tórios convencionais (COUTO, 2009).
d) Técnicas para o uso integrado de O SIG engloba em sua definição vários
informação espacial: aspectos abordados na definição de Geo-
processamento, porém ao SIG, agregam-
Dentre as principais técnicas para o
-se ainda os aspectos institucionais, de
uso integrado de informação espacial,
recursos humanos (peopleware) e princi-
destacam-se: o Sistema de Informações
palmente a aplicação específica a que se
Geográficas (SIG), também chamado de
destina.
GIS (Geographic Information Systems); o
AM/FM (Automated Mapping/Facilities
Management) e o CADD (Computer Aided
Design and Drafting), ou Projeto Assistido 2.3 Um pouco de história
por Computador.
As primeiras tentativas de automatizar
Definindo mais uma vez o Sistema de parte do processamento de dados com
Informações Geográficas (SIG)... pode ser características espaciais aconteceram na
entendido como um Inglaterra e nos Estados Unidos, nos anos
13

1950, com o objetivo principal de reduzir matizada. Também nos anos 1970 foram
os custos de produção e manutenção de desenvolvidos alguns fundamentos ma-
mapas. Dada a precariedade da informáti- temáticos voltados para a cartografia,
ca na época, e a especificidade das aplica- incluindo questões de geometria compu-
ções desenvolvidas (pesquisa em botâni- tacional. No entanto, devido aos custos e
ca, na Inglaterra, e estudos de volume de ao fato destes protossistemas ainda uti-
tráfego, nos Estados Unidos), estes sis- lizarem exclusivamente computadores de
temas ainda não podem ser classificados grande porte, apenas grandes organiza-
como “sistemas de informação” (CÂMARA; ções tinham acesso à tecnologia.
DAVIS, 2005).
A década de 1980 representa o mo-
Os primeiros Sistemas de Informação mento quando a tecnologia de sistemas
Geográfica surgiram na década de 1960, de informação geográfica inicia um perí-
no Canadá, como parte de um programa odo de acelerado crescimento que dura
governamental para criar um inventário até os dias de hoje. Até então limitados
de recursos naturais. Estes sistemas, no pelo alto custo do hardware e pela pouca
entanto, eram muito difíceis de usar: não quantidade de pesquisa específica sobre
existiam monitores gráficos de alta reso- o tema, os SIGs se beneficiaram grande-
lução, os computadores necessários eram mente da massificação causada pelos
excessivamente caros, e a mão de obra avanços da microinformática e do estabe-
tinha que ser altamente especializada e lecimento de centros de estudos sobre o
caríssima. Não existiam soluções comer- assunto. Nos EUA, a criação dos centros
ciais prontas para uso, e cada interessado de pesquisa que formam o NCGIA - Natio-
precisava desenvolver seus próprios pro- nal Centre for Geographical Information
gramas, o que demandava muito tempo e, and Analysis (NCGIA, 1989) marca o esta-
naturalmente, muito dinheiro. belecimento do Geoprocessamento como
disciplina científica independente.
Além disto, a capacidade de armazena-
mento e a velocidade de processamen- No decorrer dos anos 1990, com a gran-
to eram muito baixas. Ao longo dos anos de popularização e barateamento das es-
1970 foram desenvolvidos novos e mais tações de trabalho gráficos, além do sur-
acessíveis recursos de hardware, tornan- gimento e evolução dos computadores
do viável o desenvolvimento de sistemas pessoais e dos sistemas gerenciadores de
comerciais. Foi então que a expressão Ge- bancos de dados relacionais, ocorreu uma
ographic Information System foi criada. grande difusão do uso de SIG. A incorpora-
Foi também nesta época que começaram ção de muitas funções de análise espacial
a surgir os primeiros sistemas comer- proporcionou também um alargamento
ciais de CAD (Computer Aided Design, ou do leque de aplicações de SIG.
projeto assistido por computador), que
Neste século, observa-se um grande
melhoraram em muito as condições para
crescimento do ritmo de penetração do
a produção de desenhos e plantas para
SIG nas organizações, sempre alavancado
engenharia, e serviram de base para os
pelos custos decrescentes do hardware
primeiros sistemas de cartografia auto-
e do software, e também pelo surgimen-
14

to de alternativas menos custosas para a quisa e Desenvolvimento da TELEBRÁS


construção de bases de dados geográfi- iniciou, em 1990, o desenvolvimento do
cas. SAGRE (Sistema Automatizado de Gerên-
cia da Rede Externa), uma extensiva apli-
Em se tratando do Brasil, a introdução
cação de Geoprocessamento no setor de
do Geoprocessamento inicia-se a partir do
telefonia. Construído com base num am-
esforço de divulgação e formação de pes-
biente de um SIG (VISION) com um banco
soal feito pelo prof. Jorge Xavier da Silva
de dados cliente-servidor (ORACLE), o SA-
(UFRJ), no início dos anos 1980. A vinda
GRE envolve um significativo desenvolvi-
ao Brasil, em 1982, do Dr. Roger Tomlin-
mento e personalização de software.
son, responsável pela criação do primeiro
SIG (o Canadian Geographical Information INPE: em 1984, o INPE (Instituto
System), incentivou o aparecimento de Nacional de Pesquisas Espaciais) esta-
vários grupos interessados em desenvol- beleceu um grupo específico para o de-
ver tecnologia, entre os quais podemos senvolvimento de tecnologia de geopro-
citar: cessamento e sensoriamento remoto (a
Divisão de Processamento de Imagens
UFRJ: o grupo do Laboratório de
- DPI). De 1984 a 1990, a DPI desenvol-
Geoprocessamento do Departamento de
veu o SITIM (Sistema de Tratamento de
Geografia da UFRJ, sob a orientação do
Imagens) e o SGI (Sistema de Informações
professor Jorge Xavier, desenvolveu o
Geográficas) para ambiente PC/DOS, e,
SAGA (Sistema de Análise GeoAmbiental).
a partir de 1991, o SPRING (Sistema para
O SAGA tem seu forte na capacidade de
Processamento de Informações Geográfi-
análise geográfica e vem sendo utilizado
cas), para ambientes UNIX e MS/Windows.
com sucesso como veículo de estudos e
pesquisas. Sobre o SITIM/SGI, foi suporte de
MaxiDATA: os então responsáveis
um conjunto significativo de projetos
pelo setor de informática da empresa
ambientais, podendo-se citar:
de aerolevantamento AeroSul criaram, a) O levantamento dos remanescentes
em meados dos anos 1980, um sistema da Mata Atlântica Brasileira (cerca de 100
para automatização de processos carto- cartas), desenvolvido pela IMAGEM Sen-
gráficos. Posteriormente, constituíram soriamento Remoto, sob contrato do SOS
empresa MaxiDATA e lançaram o Maxi- Mata Atlântica.
CAD, software largamente utilizado no
Brasil, principalmente em aplicações de b) A cartografia fito-ecológica de Fer-
Mapeamento por Computador. Mais re- nando de Noronha, realizada pelo NMA/
centemente, o produto dbMapa permitiu EMBRAPA.
a junção de bancos de dados relacionais c) O mapeamento das áreas de risco
a arquivos gráficos MaxiCAD, produzindo para plantio para toda a Região Sul do Bra-
uma solução para “desktop mapping” para sil, para as culturas de milho, trigo e soja,
aplicações cadastrais. realizado pelo CPAC/EMBRAPA.
CPqD/TELEBRÁS: o Centro de Pes- d) O estudo das características geoló-
15

gicas da bacia do Recôncavo, através da mesmas propriedades da classe que lhe


integração de dados geofísicos, altimétri- deu origem, ou melhor, um objeto é uma
cos e de sensoriamento remoto, conduzi- “materialização” ou instanciação da clas-
do pelo CENPES/Petrobrás (ASSAD; SANO, se. Por exemplo, em biologia, a classe dos
1998). Mamíferos “agrega” todos os animais com
a propriedade de ter sangue quente e de
Enfim, na área agrícola temos um con-
ser amamentado. Neste caso, pode-se di-
junto significativo de resultados do SITIM/
zer do objeto “golfinho Flipper” que “golfi-
SGI.
nho Flipper” é um mamífero.
Já o SPRING unifica o tratamento de
Para uma análise mais completa, é mui-
imagens de Sensoriamento Remoto (óp-
to útil reconhecer subclasses, derivadas
ticas e micro-ondas), mapas temáticos,
de uma classe básica, que permitem uma
mapas cadastrais, redes e modelos nu-
análise mais detalhada. A este mecanis-
méricos de terreno tanto que a partir de
mo dá-se o nome de especialização ou
1997, passou a ser distribuído via Inter-
divisão. Assim, pode-se dizer que a classe
net e pode ser obtido através do website
“Primatas” é uma especialização da classe
http://www.dpi.inpe.br/spring.
“Mamíferos”. Este processo pode continu-
ar, e ainda poder-se-ia definir uma classe
“Homens” como especialização da classe
2.4 Orientação a objetos “Primatas”.

Segundo Medeiros (1999), o termo No processo de especialização, as clas-


“orientação-a-objetos” denota um para- ses derivadas herdam as propriedades
digma de trabalho que vem sendo utiliza- das classes básicas, acrescentando novos
do de forma ampla para o projeto e imple- atributos que serão específicos destas
mentação de sistemas computacionais. novas classes. Em consequência, vale a
afirmativa “todo homem é um mamífero,
A ideia geral da abordagem de orienta-
mas nem todo mamífero é um homem”.
ção-a-objetos para um problema é aplicar
as técnicas de classificação por divisão ou O outro mecanismo fundamental da te-
agrupamento. Dentre os conceitos fun- oria de orientação-a-objetos é a agrega-
damentais em orientação-a-objetos des- ção ou composição. Um objeto composto
tacam-se aqui, os conceitos de classe e ou objeto complexo é formado por agru-
objeto. pamento de objetos de tipos diferentes.
Tome-se o caso de um computador, for-
Uma classe pode ser definida como um
mado de CPU, memória, disco rígido, tecla-
molde básico, uma espécie de “fôrma” na
do, monitor e mouse.
qual se reúnem os objetos com certas pro-
priedades comuns, ou identificáveis no A modelagem orientada-a-objetos apli-
molde básico. ca-se de forma natural ao geoprocessa-
mento, onde cada um dos tipos de objetos
Um objeto denota uma entidade capaz
espaciais presentes será descrito através
de ser individualizada, única, com atribu-
de classes, que podem obedecer a uma re-
tos próprios, porém com pelo menos as
16

lação de hierarquia, onde subclasses deri- Agregação


vadas herdam comportamento de classes
mais gerais.

Em Geoprocessamento, a ideia de es-


pecialização (também chamada de é-um
ou is-a) é utilizada normalmente para de-
finir subclasses de entidades geográficas.
Por exemplo, no esquema abaixo ou mapa
Fonte: Medeiros (1999, p. 43).
cadastral, a classe de objetos indicada por
hospital pode ser especializada em hospi- Guarde...
tal público e hospital privado. Os atribu-
O Geoprocessamento é uma poderosa
tos da classe hospital são herdados pelas
ferramenta computacional, que processa
subclasses: hospital público e hospital pri-
dados geograficamente referenciados e
vado, que podem ter atributos próprios.
pode ser bastante útil na abordagem in-
Especialização tegrada, essencial ao gerenciamento dos
recursos naturais.

O relacionamento de agregação, tam-


bém chamado de relacionamento “parte-
-de” ou part of, permite combinar vários
objetos para formar um objeto de nível
semântico maior, no qual cada parte tem
funcionalidade própria. Como exemplo,
uma rede elétrica pode ser definida a par-
tir dos componentes postes, transforma-
dores, chaves, subestações e linhas de
transmissão, conforme pode ser visto no
próximo esquema.
17

UNIDADE 3 - Noções básicas de antropologia


Alguns devem estar se perguntando to de convergência de áreas como Infor-
por que abordar a epistemologia... mática, Geografia, Planejamento Urbano,
Engenharia, Estatística e Ciências do Am-
Se pensarmos no seu conceito, na teo-
biente, a Ciência da Geoinformação ainda
ria do conhecimento, realmente faz sen-
não se consolidou como disciplina científi-
tido. Mesmo que sejamos breves, é per-
ca independente; para que isto aconteça,
tinente conhecer a origem para validar o
será preciso estabelecer um conjunto de
conhecimento, ou seja, fundamentar te-
conceitos teóricos, de aplicação genérica
oricamente para que essas bases sejam
e independentes de aspectos de imple-
sólidas no momento de praticar.
mentação.
Câmara, Monteiro e Medeiros (2005) se
Para estabelecer as bases epistemo-
preocuparam em discorrer sobre a episte-
lógicas da Ciência da Geoinformação, é
mologia da geoinformação como veremos
preciso – em primeiro lugar – identificar as
adiante.
fontes de contribuição teórica nas quais
A tecnologia de sistemas de informa- poderemos buscar bases para a reflexão
ção geográfica evoluiu de maneira muito que vamos pontuar como sendo o espaço
rápida a partir da década de 1970. Como geográfico. Ele é a noção-chave, a partir
este desenvolvimento foi motivado desde da qual podemos construir os fundamen-
o início por forte interesse comercial, não tos teóricos desta disciplina científica.
foi acompanhado por um correspondente Apesar de seu caráter interdisciplinar, o
avanço nas bases conceituais da geoinfor- fundamento básico da Ciência da Geoin-
mação; como resultado, o aprendizado do formação é a construção de representa-
Geoprocessamento tornou-se singular- ções computacionais do espaço, portanto
mente dificultado. Ao contrário de outras é preciso revisar as principais concepções
disciplinas (como Banco de Dados), não da Geografia, na perspectiva da constru-
há um corpo básico de conceitos teóricos, ção de sistemas de informação (CÂMARA;
que sirva de suporte para o aprendizado MONTEIRO; MEDEIROS, 2005).
da tecnologia, mas uma diversidade por
Embora a ideia não seja aprofundar
vezes contraditória de noções empíricas.
nessas concepções, vale a pena estabe-
Muitos livros texto e cursos são organi-
lecer as relações possíveis e necessárias
zados e apresentados em função de um
que nos conduzem à tecnologia dos SIGs.
sistema específico, sem fornecer ao aluno
Podemos, por exemplo, pensar em geo-
uma visão sólida de fundamentos de apli-
grafia regional ou idiográfica, quantitati-
cação geral.
va ou geografia do tempo, ou até mesmo
Os autores explicam que as raízes des- a geografia crítica tão arraigada nos tra-
te problema estão na própria natureza balhos de Milton Santos.
interdisciplinar (alguns diriam transdisci-
Para a Geografia Idiográfica (SIG dos
plinar) da Ciência da Geoinformação. Pon-
anos 80), o conceito-chave é a unicidade
18

da região, expresso através de abstra- O quadro abaixo nos mostra a evolução


ções como a “unidade-área”, “unidade de das teorias geográficas em comparação
paisagem” e “land-unit”. A representação com o Geoprocessamento que resume a
computacional associada é o polígono questão do conhecimento da noção-cha-
com seus atributos (usualmente expres- ve do espaço geográfico. Para cada escola
sos numa tabela de um banco de dados re- temos o conceito chave em sua definição
lacional) e as técnicas de análise comuns, de espaço, a representação computacio-
e o uso da interseção de conjuntos (lógica nal que melhor aproxima este conceito,
booleana). e algumas técnicas de Análise Geográfica
típicas que estão associadas a esta escola
Para a Geografia Quantitativa (SIG de
geográfica. Se observarem, há uma dis-
1990), o conceito-chave é a distribuição
tinção entre os conceitos da escola de Ge-
espacial do fenômeno de estudo, expres-
ografia Quantitativa que tem expressão
sa através de um conjunto de eventos,
na geração de SIG dos anos 2000 e aque-
amostras pontuais, ou dados agregados
les que apontam para sua evolução neste
por área. A representação computacional
novo século.
associada é a superfície (expressa como
uma grade regular) e há uma grande ên-
fase no uso de técnicas de Estatística Es-
pacial e Lógica Nebulosa (“fuzzy”) para
caracterizar com o uso (respectivamente)
da teoria da probabilidade e da teoria da
possibilidade as distribuições espaciais.

Para a Geografia Quantitativa (SIG


dos anos 2000), o conceito-chave são os
modelos preditivos com representação
espaço-temporal, no qual a evolução do
fenômeno é expressa através de repre-
sentação funcional. Para capturar as dife-
rentes relações dinâmicas, as técnicas de
análise deverão incluir modelos multies-
cala, que estabeleçam conexões entre
fenômenos de macroescala (tipicamente
relacionados com fatores econômicos) e
fenômenos de microescala (tipicamente
associados a transições no uso da terra).

Enfim, para a Geografia Crítica (SIG do


século XXI), os conceitos-chave incluem o
espaço como “sistema de objetos e siste-
mas de ações” e a oposição entre “espaço
de fluxos” e “espaço de lugares”.
19

Teoria geográfica e Geoprocessamento

Teoria Tecnologia SIG Conceito-chave Repres. Comput. Técnicas de


associada análise

Geografia Idio- Anos 80 – mea- Unicidade da Polígono e atri- Interseção e


gráfica dos anos 90 região (unida- butos conjuntos
de-área)
Geografia quan- Final da década Superfícies Geoestatística
titativa 1 de 90 Distribuição (grades) + lógica fuzzy
espacial
Geografia quan- Meados da dé- Funções
titativa 2 cada de 2000 Modelos espa- Modelos mul-
ço-tempo tiescala
Geografia crí- Século XXI
tica Objetos e ações

Espaços de flu- Ontologias e Representação


xo e espaço de espaços não do conhecimen-
lugares cartográficos to
20

Evidentemente que o Geoprocessa- nhecimento geográfico. Afinal, como diz


mento possui certo alcance e igual limi- o próprio Milton Santos, geometrias não
tação e, embora tenhamos apresentado são geografias (CÂMARA; MONTEIRO; ME-
uma visão reducionista e limitada, a ideia DEIROS, 2005).
é exatamente esta: deixá-los pensar na
Ela, a Geografia crítica, contribui sobre-
importância do conceito-chave e na evo-
maneira para a Ciência da Geoinformação,
lução das representações computacionais
sendo um de seus principais méritos o de
e no ambiente tecnológico atual.
apontar para uma visão muito rica do es-
Lembramos que a tecnologia de siste- paço geográfico, enfatizando a noção do
mas de informação geográfica ainda não processo em contraposição à natureza
chegou ao seu ponto de “ótimo” para dar estática dos SIGs.
suporte adequado às diferentes concep-
ções de espaço geográfico. Atualmente,
os SIGs oferecem ferramentas que per-
mitem a expressão de procedimentos ló-
gicos e matemáticos sobre as variáveis
georreferenciadas com uma economia de
expressão e uma repetibilidade impossí-
veis de alcançar em análises tradicionais.
A tecnologia de SIG resolveu vários pro-
blemas de representação computacional
do espaço. Os atuais sistemas são forte-
mente baseados numa lógica “cartográ-
fica” do espaço, exigindo sempre a cons-
trução de “mapas computacionais”, tarefa
sempre custosa e nem sempre adequada
ao entendimento do problema em estudo.

O conceito de Milton Santos (1985) de


“espaço como sistemas de objetos e siste-
mas de ações” caracteriza um mundo em
permanente transformação, com intera-
ções complexas entre seus componentes.
Esse conceituado autor apresenta uma vi-
são geral, que admite diferentes leituras
e distintos processos de redução, neces-
sários à captura desta definição abstrata
num ambiente computacional. Não obs-
tante, a riqueza inerente a este conceito
está em deslocar a ênfase da análise do
espaço, da representação cartográfica
para a dimensão da representação do co-
21
UNIDADE 4 - Interdisciplinaridade: carto-
grafia x geoinformação
Não há como não falar da Cartogra- de comércio e com o desenvolvimento das
fia quando se trata das inter-relações da ciências chegou-se à Forma Esférica.
geoinformação!
Portanto, a razão principal da relação
Cartografia é a ciência e a arte de ex- interdisciplinar forte entre Cartografia e
pressar graficamente o conhecimento hu- Geoprocessamento é o espaço geográfi-
mano da superfície terrestre por meio de co. A Cartografia preocupa-se em apre-
representações gráficas sentar um modelo de representação de
dados para os processos que ocorrem no
espaço geográfico. O Geoprocessamento
representa a área do conhecimento que
utiliza técnicas matemáticas e compu-
tacionais, fornecidas pelos Sistemas de
Informação Geográfica (SIG), para tratar
os processos que ocorrem no espaço ge-
ográfico. Isso estabelece de forma clara a
relação interdisciplinar entre Cartografia
e Geoprocessamento.

Os resultados dos diversos levanta-


mentos possibilitam a elaboração de do-
cumentos cartográficos, a partir do esta-
belecimento das correlações espaciais e
da observação dos fenômenos naturais e
sociais que ocorrem na superfície terres-
tre.

Vejamos alguns conceitos importantes:


Dentre as principais representações
cartográficas destacam-se o globo, os mapeamento – processo de cons-
mapas, as cartas topográficas, as cartas trução de um documento cartográfico,
temáticas, e as plantas. que tem seu início na organização sistêmi-
ca dos dados e informações provenientes
O Problema Fundamental da Cartogra- de diversos levantamentos;
fia é justamente a representação gráfica
da superfície terrestre, tanto que para Levantamento – caracteriza-se
resolver este seu problema, é necessário pela realização de medidas e observa-
o conhecimento de sua forma. Inicialmen- ções, coleta de dados, e a seleção de do-
te, adotou-se a Terra com a Forma Plana, cumentos existentes, com o objetivo de
como o homem via o seu entorno; pos- elaborar uma informação cartográfica.
teriormente, o interesse do homem pela Exemplos: Levantamentos topográfi-
terra crescia com a distância dos lugares co, hidrográfico, climatológico.
22

Para estas atividades, utilizam-se equi- Spot, CBERS, IKONOS, etc., imagem orbi-
pamentos e técnicas da Topografia como tal).
teodolito, estação total, nível e trena.
A obtenção de informações a partir de
Sendo que esses equipamentos estão
dados de SR baseia-se no estudo das in-
sendo gradativamente substituídos e/ou
terações entre a energia eletromagnética
complementados (dependendo do caso)
e os alvos da superfície terrestre (MAIO,
pelo GPS.
2008).
O GPS é um importante aliado nos ser-
viços que exigem informações de posicio-
namento confiáveis, dada a rapidez e se-
gurança nos dados que fornece. Exemplos
de aplicações: locação de obras na cons-
trução civil, como estradas, barragens,
pontes, túneis, etc.

Alguns casos atendidos pelo GPS são


impossíveis através da Topografia, como
o monitoramento contínuo de veículos
(automóveis, aviões ou navios). Dentre
muitas, outra grande vantagem do GPS é
a não necessidade de intervisibilidade en-
tre as estações em determinadas áreas.

Sensoriamento Remoto: processo


de medição e obtenção de dados sobre
um objeto ou fenômeno, ou mesmo algu-
ma propriedade deste, através de senso-
res que não se encontram em contato físi-
co com o objeto ou fenômeno estudado.

O princípio básico é a transferência de


dados do objeto para o sensor, feita atra-
vés de energia – energia eletromagnética
ou radiação eletromagnética (REM).

A energia solar é a base dos princípios


que fundamentam essa tecnologia.

Aerolevantamento: realização de
observações, ou coleta de dados com o
emprego de equipamentos aerotranspor-
tados. Acontece geralmente pelo Sistema
suborbital (Avião – imagem aérea) ou sis-
temas Orbitais (satélites como Landsat,
23
UNIDADE 5 - A urbanização brasileira, os problemas
sociais e aplicações do geoprocessamento das informações
O geoprocessamento tem sido muito saúde pública (epidemiologia, dis-
empregado pelos órgãos governamen- tribuição e evolução das doenças, distri-
tais, entidades privadas e não-gover- buição dos serviços sociais sanitários, pla-
namentais, com o objetivo, principal, de nos de emergência, etc.).
integrar dados espaciais e não espaciais,
Embora os exemplos citados acima te-
em seus projetos e estudos relacionados
nham sido classificados nessas diferentes
ao meio ambiente.
áreas, isso se deve ao enfoque principal
Diversos são os exemplos de aplicação dos mesmos, uma vez que a maioria das
do geoprocessamento, tais como: aplicações de geoprocessamento possui
inerente caráter multidisciplinar (HAMA-
manejo e conservação de recursos
DA; GONÇALVES, 2007).
naturais (estudos de impacto ambiental,
modelagem das águas subterrâneas e do Dentre as várias aplicações do geopro-
caminhamento dos contaminantes, estu- cessamento de informações, lançaremos
dos das migrações e dos habitats das fau- neste módulo alguns excertos de traba-
nas, pesquisa do potencial mineral, etc.); lhos científicos que objetivaram mostrar a
aplicação do geoprocessamento em áreas
gestão das explorações agrícolas
específicas, como por exemplo, seguran-
(cultivo de campo, manejo de irrigação,
ça pública, combate as atividades ilícitas
avaliação do potencial agrícola da terra,
e controle da aplicação do policiamento
etc.);
ordinário, que proporcionam maior sensa-
planejamento de área urbana (pla- ção de segurança para a população.
nejamento dos transportes, desenvolvi-
Salientamos que outras aplicações
mento de plano de evacuação, localização
como, preservação dos recursos hídricos,
dos acidentes, seleção dos itinerários,
áreas da geologia, criação de zoneamento
etc.);
de potencial turístico em unidade de con-
gestão das instalações (localização servação e outras serão vistas ao longo
dos cabos e tubulações, planejamento e do curso.
manutenção das instalações, etc.);

administração pública (gestão de


cadastro, avaliação predial/territorial, 5.1 Desenvolvimento sus-
gestão da qualidade das águas, conserva- tentável e qualidade de vida
ção/manutenção das infraestruturas, pla-
nos de organização, etc.); Por um tempo, o homem que utilizava
a natureza apenas para saciar a fome e a
comércio (análise da estrutura de sede não tinha motivos para se preocu-
mercado, planejamento de desenvolvi- par com questões ambientais, embora ele
mento, análise da concorrência e das ten- respeitasse a mesmo e as forças naturais
dências de mercado, etc.); e, que traziam tempestades e outras intem-
24

péries eram consideradas manifestações ampla, define-se também como aquele


divinas, não cabendo a ele nenhuma ma- que atende às necessidades do presen-
neira de controlar essas situações, apenas te sem comprometer a possibilidade das
venerar e temer a natureza. Entretanto, a gerações futuras atenderem às suas pró-
sua evolução, o aumento populacional e o prias necessidades.
desenvolvimento das sociedades acaba-
Segundo Sachs (1993), o desenvolvi-
ram por levá-lo a pensar com seriedade no
mento sustentável deve contemplar as
modo como usava a natureza.
seguintes dimensões: social, econômica,
Com o passar do tempo e a evolução ecológica, espacial e cultural. Desta for-
da humanidade, foram surgindo diversas ma, o desenvolvimento sustentável é ob-
correntes de pensamento, discutindo a tido pela obediência simultânea ou con-
relação homem-natureza, principalmen- ciliação aos três critérios fundamentais:
te, com respeito à utilização dos recursos eficiência econômica, equidade social ou
naturais (conservação/ preservação e es- justiça social e prudência ecológica.
cassez), frente ao crescimento populacio-
No entendimento da FAO (2000), uma
nal (HAMADA; GONÇALVES, 2007).
característica inerente à maioria das deci-
Segundo Maurice Strong, Secretário- sões sobre desenvolvimento sustentável
-Geral da Conferência das Nações Unidas é que elas são multidisciplinares ou inter-
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ssetoriais, pois necessitam negociações
(CNUMAD), no encontro global realizado entre objetivos conflitantes de diferentes
no Rio de Janeiro, em 1992 concordou-se setores; e que, no entanto, a maioria das
que “o desenvolvimento e o meio ambien- agências de desenvolvimento de recursos
te estão indissoluvelmente vinculados e naturais são orientadas por um único se-
devem ser tratados mediante a mudança tor.
de conteúdo, das modalidades e das utili-
A importância de uma abordagem in-
zações do crescimento”.
tegrada do desenvolvimento e gerencia-
A Agenda 21, aprovada durante a CNU- mento dos recursos naturais é enfocada
MAD, conclamou a todos para uma asso- em muitos fóruns internacionais de de-
ciação mundial em prol do desenvolvimen- senvolvimento sustentável. A Agenda 21
to sustentável e apresentou um programa (ABORDAGEM..., 1992), em seu Capítulo
de ação para a sua implementação. 10, também observa que:

Desenvolvimento sustentável é o pro- As crescentes necessidades huma-


cesso de transformação no qual a explo- nas e a expansão das atividades eco-
ração de recursos, direção dos investi- nômicas estão exercendo uma pres-
mentos, orientação do desenvolvimento são cada vez maior sobre os recursos
tecnológico e mudanças institucionais se terrestres, criando competição e
harmonizam e reforçam o potencial pre- conflitos e tendo como resultado um
sente e futuro, a fim de atender às neces- uso impróprio tanto da terra como
sidades e aspirações humanas (COMISSÃO dos recursos terrestres. Caso queira-
MUNDIAL..., 1991). De uma forma mais mos, no futuro, atender às necessi-
25

dades humanas de maneira susten- pesquisadores, empresários e população


tável, é essencial resolver hoje esses de maneira geral, principalmente em vir-
conflitos e avançar para um uso mais tude das mudanças do clima do planeta
eficaz e eficiente da terra e de seus e todos os problemas que vem formando
recursos naturais. A abordagem in- uma cadeia de tempestades, secas, gea-
tegrada do planejamento e do ge- das, frio e calor excessivo colocando-nos
renciamento físico e do uso da terra a todos em situações de perigo.
é uma maneira eminentemente prá-
Pensando somente em termos de Brasil
tica de fazê-lo. Examinando todos
e mesmo de região sudeste, estamos ven-
os usos da terra de forma integrada
do os reservatórios de água com níveis ja-
é possível reduzir os conflitos ao mí-
mais esperados, problemas se agravando
nimo, fazer as alternâncias mais efi-
no setor elétrico, enfim, uma verdadeira
cientes e vincular o desenvolvimento
cascata de problemas que afetam a vida
social e econômico à proteção e me-
do ser humano e sem solução imediata
lhoria do meio ambiente, contribuin-
pela ação do homem. Não estamos falan-
do assim para atingir os objetivos
do apenas e amenizadamente em qualida-
do desenvolvimento sustentável. A
de de vida, estamos falando em sobrevi-
essência dessa abordagem integra-
vência mesmo. Pensem nisso!
da se expressa na coordenação de
planejamento setorial e atividades
de gerenciamento relacionadas aos
diversos aspectos do uso da terra e 5.2 Urbanização brasileira e
dos recursos terrestres. os problemas sociais
Neste sentido, o geoprocessamento O processo de urbanização brasileira
pode ser bastante útil na abordagem in- que em um primeiro momento remonta do
tegrada, por ser uma ferramenta com- século XVI até o início do século XX está
putacional muito poderosa, integrando vinculado às transformações sociais que
grandes bancos de dados, de diferentes começaram efetivamente e num segundo
setores, permitindo, entre outras, a análi- momento a partir da década de 1930 com
se matemática e estatística desses dados. a expansão das atividades industriais nos
No entanto, os usos potenciais do geo- grandes centros atraindo os trabalhado-
processamento devem ser entendidos em res das áreas rurais, tendo em vista uma
todos os aspectos na adoção dessa tecno- possibilidade de maiores rendimentos,
logia. Desta forma, é importante possuir o porém o país deixou de ser essencialmen-
entendimento geral da tecnologia do ge- te agrícola somente a partir da década de
oprocessamento, de forma que os geren- 1960. A mecanização do campo foi um
tes, especialistas técnicos e potenciais fator importante, pois “expulsou” enor-
usuários possam adequar essa ferramen- mes contingentes de trabalhadores rurais
ta à sua aplicação específica. (DANNA, 2011).

Este início de 2014 tem sido um grande Até então, conforme Santos (2005), o
alerta para dirigentes governamentais, Brasil foi durante muitos séculos um gran-
26

de arquipélago, formado por subespaços concentração dessa classe trabalhadora


que evoluíam segundo lógicas próprias, nas regiões periféricas como loteamentos
ditadas em grande parte por suas rela- irregulares e em favelas que eram luga-
ções com o mundo exterior. Estes “arqui- res mais baratos, porém desprovidos de
pélagos regionais” estavam polarizados vários serviços básicos e de infraestru-
nas capitais regionais e metrópoles. tura urbana. George (1983; p.127) analisa
e descreve esses loteamentos caracte-
Não havia ainda uma integração entre
rizando-os como “um amontoado de mo-
as diferentes atividades econômicas que
radias rudimentares” quando diz que “não
eram responsáveis por impulsionar o pro-
possuem vias de
cesso da urbanização brasileira.
acesso, adutoras de água, nenhum dis-
A partir da década de 1940, a infraes-
positivo de evacuação ou coleta de lixo e
trutura de transportes e comunicações
detritos, a miséria nas construções feitas
expandiu-se pelo país unificando o mer-
com materiais obtidos ao acaso”.
cado e acelerando a concentração urba-
no-industrial saindo da escala regional e A má distribuição de renda ampliou ain-
atingindo o Brasil como um todo. Cidades da mais o número de favelas e de lotea-
como São Paulo e Rio de Janeiro, come- mentos clandestinos ainda dos cortiços
çaram a atrair um contingente de mão de nos centros destas grandes metrópoles.
obra de outras regiões que não acompa- Hoje podemos expandir essa miséria para
nharam o ritmo de crescimento econômi- o entorno de todas as capitais brasileiras
co da região sudeste e, tornaram-se assim e outras cidades sem esquecer sequer
metrópoles nacionais. A falta de infraes- uma delas. Milton Santos (2005) define
trutura urbana necessária para atender essa urbanização como “territorialmente
à nova e crescente demanda decorrente seletiva”.
desse aumento populacional contribuiu
A rápida urbanização (se comparada
para torná-las regiões caóticas.
ao modelo europeu) fez com que as cida-
Após o processo de aceleração na in- des vizinhas aumentassem seu tamanho
dustrialização brasileira que teve seu pico e consequentemente formassem um só
durante o governo de Getúlio Vargas e foi conjunto, processo esse que é denomina-
até meados da década de 1970, o governo do conurbação. Esse fenômeno eclodiu no
federal concentrou seus investimentos Brasil na década de 1980 prolongando-se
em infraestrutura na região Sudeste, que, até meados da década de 1990 em várias
consequentemente se tornou o centro de regiões.
maior atração populacional no país.
Na década de 1970, foram instituídas
A migração populacional foi composta as primeiras regiões metropolitanas com a
de uma maioria esmagadora de trabalha- intenção de desenvolver economicamen-
dores desqualificados, sem escolaridade e te e socialmente determinadas regiões,
que em decorrência disso eram obrigados além de integrar e desafogar as grandes
e aceitar empregos que ofereciam uma cidades brasileiras, porém tiveram muitos
remuneração baixa, o que impulsionou a problemas devido à falta de serviços bási-
27

cos, como saúde, transporte público e ha- lidade são objetos de discussão por estar
bitação para atender o crescimento popu- relacionado ao homem e ao espaço criado
lacional deste novo conjunto de cidades. ou transformado por ele.

De acordo com estudos de Danna O estudo da criminalidade pela Geogra-


(2011), estas regiões metropolitanas re- fia se dá principalmente a partir da década
ceberam os nomes das principais cidades de 1970 com diversas teorias e análises
de cada localidade sendo elas: Belém (PA), associadas a outros campos científicos
Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Forta- na tentativa de elucidar os processos que
leza (CE), Porto Alegre (RS), Recife (PE), culminaram no problema.
Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São
[...] A análise geográfica pode levar a in-
Paulo (SP), este processo se estendeu de-
teressantes e relevantes hipóteses da es-
pois a outras localidades e atualmente o
pacialização da criminalidade, já que além
Brasil possui 31 regiões metropolitanas.
da lei, do ofensor e do alvo, a localização
O processo de urbanização em geral das ofensas é uma importante dimensão
não é uniforme, visto que sempre houve que caracteriza o evento criminal [...] (FE-
contrastes marcantes na distribuição es- LIX, 2002).
pacial da população brasileira entre o meio
Quando o geógrafo discute o espaço,
rural e urbano e entre as suas regiões po-
é preciso tentar encontrar uma interpre-
líticas além de ter sido um processo extre-
tação ou compreensão deste e o que o
mamente concentrador, e com isso acaba
cerca. Sendo assim, pode-se analisar a cri-
por apresentar também um abismo na dis-
minalidade como um fenômeno que está
tribuição de renda, o que vai contribuir de
distribuído no espaço, onde há agentes
forma acelerada na criminalidade em si. É
ativos e passivos. “O espaço é a condição
importante ressaltar que a pobreza não é
de possibilidade dos fenômenos” (SAN-
sinônimo de marginalidade, mas a distri-
TOS, 2002), e sendo esse espaço uma
buição de renda desigual é um fator que
“condição” ele será dotado de paradigmas
acaba por aflorar ainda mais as práticas
que uma vez quebrados, implicam em mu-
delituosas, algumas vezes por necessida-
danças complexas, que neste caso, vem a
de e outras por ganância (DANNA, 2011).
ser a legislação vigente, tornando o agen-
Eis que chegamos a um dos pontos que te ativo um alvo das sanções penais, onde
queríamos atenção: a questão da crimina- este é o que pratica a ação criminosa, não
lidade x geografia x geoprocessamento. permitido em lei e reprovado pela socie-
dade, e os paradigmas são o conjunto de
Os fenômenos de criminalidade tem
leis estabelecidas.
sido objeto de apreciação de diversos es-
tudiosos, seja na área da antropologia, so- Ao estabelecer a análise do espaço, o
ciologia entre outras ciências. A geografia geógrafo a faz também por meio de ma-
busca compreender a relação entre os pas que representam modelos simplifi-
homens e suas interferências na forma- cados da realidade espacial e por meio
ção e transformação do espaço, e neste desta estabelece deduções. Nos modelos
contexto, a violência urbana e a crimina- dinâmicos é possível realizar compara-
28

ções com os padrões observados em dife- NA, 2011), como um poderoso conjunto
rentes períodos. de ferramentas para a coleta, armazena-
mento, recuperação e exibição de dados
Haesbeart (2002, p. 99 apud DANNA,
do mundo real para determinados propó-
2011) afirma que a Geografia procura es-
sitos.
tabelecer “padrões formais e tipologias”
para os objetos de seu estudo, na busca Os Sistemas de Informação Geográ-
destes padrões espaciais tem-se explica- fica correspondem às ferramentas
ção e a localização dos fenômenos. computacionais de Geoprocessa-
mento, que permitem a realização
O estudo da violência pela Geografia
de análises complexas, ao integrar
não tende a resolução do problema, mas
dados de diversas fontes e ao criar
sim contribuir com o estudo das causas
bancos de dados georreferenciados
analisando as relações sociais que inter-
(CÂMARA et al., 2005).
ferem na vida do homem, e, para desen-
volver estratégias eficientes no combate Apesar do sistema manual e tradicional
à criminalidade, é necessário um trabalho de mapeamento da criminalidade ser um
integrado entre profissionais de diversas material utilizado pelas autoridades poli-
áreas. ciais já há algumas décadas, este se mos-
tra deficiente quando se trabalha com
Onde entra então o geoprocessamen-
grandes áreas, devido ao grande número
to?
de delitos que ocorrem e por diversos fa-
O avanço da tecnologia ocorrido nos úl- tores. A dinâmica destes eventos requer
timos anos, em especial a geotecnologia, que os dados sejam sempre atuais e as in-
é traduzida nesse contexto em ferramen- formações sejam eficientes e rápidas para
tas como o GPS (Global Positioning Sys- atender as necessidades nas áreas de sua
tem), o Sensoriamento Remoto, o SIG (Sis- implementação que neste caso vem a ser
temas de Informação Geográfica) entre a segurança pública. Estas exigências fa-
outras que realizam o tratamento de da- zem com que a utilização do geoproces-
dos espaciais e outras informações para samento aumente cada vez mais, já que a
serem aplicadas em diferentes organiza- sua eficiência possibilita direcionar corre-
ções públicas e privadas com a finalidade tamente os recursos disponíveis.
de otimizar gastos, tempo e direcionar
Reuland (s.d.) citado por Beato Filho
com mais precisão os recursos laborais.
(2001, p. 7) aponta que “a utilização in-
A partir da utilização de tecnologia de tensiva de tecnologias de informação
análise espacial, entra em cena uma pode- espacial tem promovido uma verdadeira
rosa alternativa integradora para as auto- revolução silenciosa nas polícias de todo
ridades policiais e nas políticas de comba- o mundo”. O surgimento de sistemas de
te à criminalidade, o geoprocessamento análises da criminalidade além de auxiliar
é então uma ferramenta de grande valor as operações policiais na segurança públi-
na aplicação de questões de segurança ca, se apresenta como um facilitador na
pública. Esta ferramenta pode ser enten- prestação de contas à sociedade na medi-
dida segundo Burrough (1986 apud DAN- da em que estas são solicitadas.
29

O mesmo autor ressalta que nas ativi- o que faz alguns estudos proporem a uti-
dades de investigação, a montagem de lização de ferramentas computacionais
bases de dados sobre suspeitos e seu inteligentes para trabalhar em prol da se-
modus operandi tem contribuído para in- gurança pública, substituindo uma meto-
crementar a qualidade das investigações dologia obsoleta e atuando com precisão,
com informações oriundas de organiza- quantificando e relacionando os delitos
ções não-policiais. com algumas variáveis que formam a com-
plexa dinâmica urbana.
A ideia de mapear o crime não é nova.
Na França, no início do século XVIII, Adria- Diante dessa situação, Beato Filho
no Balbi e André-Michael Guerry foram os (2001, p. 6) considera que [...] formas or-
criadores dos primeiros mapas de crime, todoxas de atuação policial tem sido ine-
onde combinavam as técnicas cartográfi- ficaz no controle da criminalidade. Mais
cas, estatísticas criminais e dados demo- relevante ainda [...] é a centralidade que
gráficos do censo francês (WEISBURG e sistemas de informação passam a ter nes-
MCEWEN, 1998 apud DANNA, 2011). te caso, pois a identificação de problemas
criminais específicos depende das análi-
O sistema de mapeamento digital exer-
ses efetuadas.
ce um papel importante no processo de
investigação, pois possui múltiplas capaci- A complexidade deste fenômeno exi-
dades na geração de informação e muitas ge um mecanismo complementar para a
informações podem ser acompanhadas construção de indicadores de segurança
praticamente em tempo real, porém para e georreferenciamento de informações,
isto é necessário a eficiência na elabora- como ferramenta que auxilia no aumento
ção do mapa por parte dos responsáveis da eficácia da ação policial e consequen-
como inclusão e georreferenciamento temente na redução da criminalidade.
de toda a área presente de jurisdição por
A análise criminal passa então a ser um
uma unidade policial, e a referência espa-
processo sistemático direcionado a infor-
cial das localidades mais problemáticas.
mações sobre características e padrão de
A análise técnico-científica destes ma- crimes a fim de apoiar o setor operacional
pas e do andamento da criminalidade é preventivo das polícias militares, que vai
feita por profissionais como o sociólogo, desde a distribuição de patrulhamento,
geógrafo, antropólogo e estudiosos da operações especiais com unidades táticas
segurança pública para que além do tra- até a prevenção criminal.
balho policial, seja feito também uma aná-
Sobre a aplicação do SIG na análise ge-
lise das raízes sociais que influenciaram a
ocriminal, há muitos anos o mapeamento
criminalidade em cada região.
e monitoramento da violência já faz par-
A violência no Brasil não é um fenômeno te do trabalho de análise das instituições
exclusivo de metrópoles como São Paulo policiais. Esse trabalho consistia em uma
e Rio de Janeiro, nem mesmo um proble- representação das localidades de ocor-
ma nacional, mas sim mundial, e afeta em rência dos delitos marcados nos mapas
maior escala os países de terceiro mundo, por alfinetes em que ocorriam os delitos.
30

As limitações neste trabalho de análise mapeamento por características


são significativas, pois os mapas produzi- registradas (vítima, suspeito e modus
dos são estáticos, sua leitura é difícil. Alia- operandi).
-se isto a dificuldade de armazenamento
Considerando que as instituições poli-
de dados, demora na confecção dos ma-
ciais dependem também de informações
pas e a falta de atualização sistemática.
para realizar seu trabalho tendo a popula-
Considerando o processo veloz de cresci-
ção através de denúncias e relatos, além
mento de muitas cidades os dados rapida-
de investigações como uma das principais
mente ficam obsoletos.
fontes de informações para a produção
Nos estudos realizados por Danna do serviço de inteligência como destaca
(2011), no Estado do Paraná, onde essa Manning (2003, p. 378) sobre o uso do SIG:
tecnologia foi implantada de forma ini-
As formas como a polícia obtêm, pro-
cial no ano de 2004, tem-se acrescido um
cessa, codifica, decodifica e usa a infor-
avanço na segurança pública em algumas
mação são críticas para a compreensão
regiões em que é utilizada como na cidade
de seu mandato e função. A polícia junta
de Londrina, pois auxilia no direcionamen-
diversos tipos de informações e as usa
to do policiamento dos locais onde ele é
para diferentes fins, orientando-se por
mais necessitado.
suposições, baseadas no senso comum, a
Com a introdução do SIG na área de se- respeito de seu trabalho, de sua atuação
gurança pública, os procedimentos ope- principal, e nas expectativas de seu públi-
racionais das instituições policiais (militar, co. A polícia junta informações primárias,
civil e científica) para prevenção e investi- [...] para resolver crimes ou encerrar even-
gação, que anteriormente eram limitados tos, se transformando em informações
ou impossíveis, podem passar a ser mais secundárias. Quando processadas duas
rápidos e com oportunidades de explora- vezes, juntadas e formatadas, elas po-
ção muito maiores, sendo praticamente dem avançar na organização e tornar-se
ilimitadas, podendo, por exemplo, realizar informações terciárias [...] essas formas
estudos delimitando áreas por: de informação e inteligência [...] são per-
cebidas e interagem com as estratégias
intensidade;
operacionais da polícia.
espécie de delito;
Sendo assim, as informações são pro-
abrangência de delitos; cessadas em um contexto organizacional
e de cultura profissional para definir uma
planejamento de barreiras policiais;
melhor maneira de se fazer o uso desta
localização instantânea de viatu- ferramenta, visando uma melhora signifi-
ras; cativa na prestação de serviços de segu-
rança por parte da administração pública.
mapeamento do tempo (local, hora,
dia, mês, ano do delito); Uma vez mapeada a ação criminal, o SIG
pode se tornar uma ferramenta também
mapeamento do espaço (visualiza- para o poder público, que pode ainda uti-
ção de todos os delitos por região);
31

lizá-lo para orientar um melhor planeja- denadas do local do crime, facilitando as


mento para a segurança pública da cida- decisões operacionais e estabelecendo
de quando utilizado também pela guarda assim as prioridades de deslocamento de
municipal. acordo com a espécie de ação criminosa
(DANNA, 2011).
Como justifica Danna (2011), aliar a
experiência empírica das ruas, processar Outro exemplo da aplicação do geopro-
com muito mais agilidade os dados crimi- cessamento de informações é encontrado
nais e propor as suas possíveis relações no trabalho de Vieira (2002) que também
e ainda utilizar as imagens levam a maior considerou a área de segurança pública.
mobilidade e agilidade no planejamento
Podemos dizer que o marco da utiliza-
operacional.
ção do geoprocessamento está, mesmo
Nesse sentido, o geoprocessamento que indiretamente na Lei Complementar
da criminalidade permite ainda identificar nº 101, de 05/05/2000, também conhe-
tendências e padrões da ação, e permitem cida por Lei de Responsabilidade Fiscal
ainda a construção de mapas que auxiliam (LRF).
na visualização dos dados o que facilita a
Esta lei aumentou a necessidade mu-
interpretação dos mesmos, além de, atra-
nicipal de investir em tecnologias da
vés das imagens geradas e guardadas,
informação como forma de otimizar a
permitirem a visualização e estudo das
administração de recursos e ampliar a ar-
transformações espaciais decorrentes da
recadação. A nova lei obriga os municípios
aplicação do policiamento, apontando de
a administrar melhor sua receita, conten-
forma clara e rápida se o planejamento
do gastos e evitando endividamento. A
operacional apresenta resultados, dife-
legislação define ainda que o município
rentemente da forma tradicional, onde os
que não cumprir às determinações dentro
relatórios se tornam objetos obsoletos e
do prazo estará sujeito às sanções penais,
não se mostra com tanta eficiência quan-
como prevê a Lei Federal nº 10.028 de
to o SIG.
19/10/2000.
Sendo assim, a eficácia do SIG se torna
Lembremos que o geoprocessamento
uma arma tão eficiente quanto as que os
pode ser definido, sucintamente, como o
policiais portam, por se tratar de uma fer-
tratamento da informação relacionada ao
ramenta preventiva com abrangência em
espaço geográfico, seja através de coor-
diversos tipos de ações criminosas e prin-
denadas, seja através de endereço, com o
cipalmente por não possuir um alto valor
uso de recursos computacionais. Envolve,
financeiro de investimento.
portanto, qualquer forma de manipulação
Outro benefício que esta ferramenta da informação de caráter geográfico.
pode fornecer é a identificação mais pre-
Segundo Assumpção (2001, p. 41),
cisa de determinadas ocorrências e as-
sim o operador pode facilmente deslocar [...] cerca de 85% de todas as infor-
a viatura ou guarnição mais próxima do mações da administração de uma
local, uma vez que há os dados das coor- prefeitura estão de alguma forma
32

relacionadas à localização geográfi- ção dos custos operacionais, redução dos


ca, e que uma parcela expressiva de prazos, otimização do trabalho de pessoal
seus recursos financeiros são pro- e aumento da produtividade.
venientes de elementos sobre a sua
O trabalho de Vieira (2002) realizado
geografia [...], não fica difícil perce-
em Belo Horizonte, intitulado “Orienta-
ber o papel do geoprocessamento na
ções para implantação de um SIG munici-
municipalidade.
pal, considerando aplicações na área de
Nesta nova mentalidade de Gestão Mu- segurança pública” é de interesse para
nicipal que veio sendo proposta, a variável ilustrar o assunto em tela, como veremos
locacional aparece para aumentar a efici- no excerto abaixo.
ência dos tradicionais sistemas de auto-
A crescente apreensão da sociedade
mação. O uso das geotecnologias não se
quanto à questão da segurança pública,
aplica apenas à melhora na arrecadação
causado pelo incremento da criminalida-
tributária, através do cadastro imobiliário
de, principalmente pelas ações do crime
atualizado, como pode-se pensar em pri-
organizado, tem atraído a atenção dos
meira instância. Se considerarmos que as
administradores públicos na busca de so-
ações da administração municipal aconte-
luções efetivas e eficazes para este pro-
cem em algum lugar e que os problemas a
blema.
serem resolvidos possuem uma localiza-
ção, percebemos que o conhecimento do A implantação do projeto de geopro-
espaço territorial pode levar a decisões cessamento da criminalidade, pela PMMG,
mais acertadas em todos os setores do em Belo Horizonte, possibilitou um trata-
município. mento mais científico dos problemas de
segurança pública, favorecendo o desen-
Entretanto, faz-se necessário obser-
volvimento mais eficaz de suas ativida-
var que para obter eficiência operacional
des.
neste sentido, é necessário que os dados
geográficos estejam integrados aos Sis- A repercussão positiva dos resultados
temas de Gestão Municipal, e não a sim- alcançados motivou várias prefeituras do
ples bancos de dados. O uso de um Siste- interior a solicitarem ao Estado-Maior a
ma de Informações Geográficas (SIG) tem ampliação do projeto até a respectiva re-
aparecido como uma ferramenta de apoio gião.
à gestão urbana, permitindo o conheci-
Contudo, o principal obstáculo para a
mento quantitativo e qualitativo da cida-
implantação do projeto costuma ser a ine-
de, fornecendo vínculos entre dados de
xistência de dados atualizados ou a difi-
diversas fontes.
culdade para conversão dos mesmos, uma
A otimização da arrecadação e a cons- vez que a análise criminal executada pela
trução de um novo conceito gerencial PMMG baseia-se principalmente na análi-
baseado na informação espacial são os se de dados estatísticos e de mapas temá-
principais benefícios obtidos pela implan- ticos, gerados a partir de um SIG.
tação do SIG associado ao Cadastro Técni-
O Brasil conta com mais de 5.500 muni-
co Municipal. Além disso, é notável a redu-
33

cípios. Dentre eles, 91,3% são de peque- vas escolas, hospitais, rodoviárias, merca-
no e médio porte, com até cinquenta mil dos, moradias, etc.
habitantes, 7,7% têm entre cinquenta e
5. Análise e estudo sobre a densidade
trezentos mil, e apenas 1% tem mais de
populacional, socioeconômica e outros.
trezentos mil habitantes. A modernização
destes municípios, principalmente dos 6. Suporte à elaboração de planos dire-
pequenos e médios, tem sido uma gran- tores.
de preocupação do governo federal, e de
7. Análise e planejamento da utilização
todo o setor público. Ou seja, moderniza-
de recursos hídricos, naturais, etc.
ção para melhorar a eficiência administra-
tiva, aumentando a arrecadação e racio-
nalizando os gastos. É se organizar para
ganhar mais e gastar com inteligência. a.2 Sistema Tributário:

Entre as diversas opções para a mo- 1. Unificação e georreferenciamento


dernização dos municípios, o Geoproces- do cadastro de contribuintes.
samento, em particular o Sistema de In- 2. Efetivo controle da arrecadação de
formações Geográficas (SIG), destaca-se taxas (IPTU, ISS, etc.).
como auxiliar do prefeito, principalmente
pela amplitude de atuação, alcançando, 3. Estabelecimento e controle de rotei-
de forma integrada, os mais diversos se- ros para fiscalização otimizados.
tores da atividade pública municipal.

O campo de aplicações de um SIG para a.3 Defesa Civil:


administração pública municipal é muito
amplo, contudo, podemos relacionar al- 1. Cadastramento e mapeamento das
guns exemplos que por si só já evidenciam áreas sujeitas à inundação.
a importância de SIG como ferramenta au- 2. Cadastramento e mapeamento das
xiliar aos administradores. indústrias de material químico (explosivo,
a) Gerenciamento de espaço físico- radioativo, etc.).
-territorial
3. Cadastramento e mapeamento das
a.1 Planejamento Urbano: indústrias para controle de poluentes.

1. Criação e manipulação da base carto- 4. Cadastramento e mapeamento de


gráfica digital da área urbana. postos de bombeiros, quartéis de polícia
militar, delegacias, hospitais, escolas, etc.
2. Planejamento do uso e ocupação do
solo.

3. Manutenção dos cadastros imobiliá- a.4 Projetos e Obras:


rios para fins de regularização e tributa-
1. Cadastramento e mapeamento das
ção.
obras e projetos.
4. Planejamento para localização de no-
2. Acompanhamento dos serviços por
34

tipo de obras (emergência, ampliação, ma- 5. Análise e simulação de vazamento


nutenção, etc.). das redes.

3. Análise e estudo da viabilidade de a.8 Serviços públicos – Eletricidade:


projetos.
1. Criação e manipulação da rede de
a.5 Recursos naturais - Meio Am- transmissão e distribuição de energia elé-
biente: trica.
1. Análise de impacto ambiental. 2. Monitoramento e cadastramento de
ligações domiciliares para fins de medição
2. Elaboração de zoneamentos ambien-
de consumo.
tais.
3. Análise, simulação, planejamento,
3. Monitoração de poluição ambiental.
projeto e monitoração de redes.
4. Preservação de parques, florestas,
a.9 Serviços públicos - Gás e telefo-
etc.
ne:
5. Análise e estudos de erosão e decli-
1. Criação e manipulação das redes de
vidade.
transmissão e distribuição de gás e tele-
a.6 Serviços públicos - Segurança fone.
Pública:
2. Monitoramento e cadastramento
1. Criação e otimização de rotas de via- de ligações domiciliares para medição de
turas policiais. consumo.

2. Mapeamento das áreas de risco (co- 3. Planejamento e projeto de novas re-


merciais, financeiras, favelas). des.

3. Monitoramento das viaturas identi- 4. Análise e simulação de vazamento


ficando onde se encontra e quais os poli- das redes.
ciais em ação.
5. Monitoramento e cadastramento de
a.7 Serviços públicos - Água e esgo- ligações domiciliares para fins de medição
to: de consumo.
1. Criação e manipulação das redes de a.10 Serviços públicos - Rede rodovi-
adução e distribuição de água. ária e ferroviária:
2. Criação e manipulação das redes de 1. Planejamento da manutenção e mo-
coleta de esgoto. nitoramento da infraestrutura e pavi-
mentação.
3. Monitoramento e cadastramento
de ligações domiciliares para medição de 2. Monitoramento de tráfego.
consumo.
3. Monitoramento das sinalizações.
4. Planejamento e projeto de novas re-
4. Planejamento de operações.
des.
35

5. Planejamento de rotas de transporte formações e a análise criminal possibili-


otimizadas. tam a identificação de padrões e auxiliam
na prevenção de futuros delitos (VIEIRA,
6. Análise, simulação, planejamento e
2002).
projeto de novas vias.
A segurança pública tem sido atual-
7. Planejamento de interligação dos
mente um dos temas mais discutidos pela
meios de transporte de diferentes natu-
sociedade brasileira, tendo-se em vista
rezas como: viário, ferroviário e metrovi-
o avanço da criminalidade e violência em
ário.
todo o país, sendo que, dentre os assun-
a.11 Serviços públicos - Coleta de tos discutidos, a integração de informa-
lixo: ções dos órgãos que compõem o Sistema
de Defesa Social sempre está presente.
1.Planejamento de rotas de coletas oti-
mizadas. O governo do Estado de Minas Gerais
designou, em dezembro de 2000, mais de
2. Planejamento de áreas depositárias.
uma década atrás, diga-se de passagem,
3. Monitoramento dos veículos de cole- uma comissão mista, composta por inte-
ta. grantes da Polícia Militar de Minas Gerais
e da Secretaria de Estado de Segurança
4. Análise de impacto ambiental.
Pública (SESP) para procederem a estudos
visando à criação do Centro Integrado de
Comunicações do Estado de Minas Gerais.
5.3 Geoprocessamento e Durante a realização dos trabalhos
combate à criminalidade foram convidados a participar das dis-
Vamos focar novamente na criminali- cussões representantes dos seguintes
dade, ou melhor, no seu combate! órgãos estaduais: Tribunal de Justiça,
Procuradoria Geral de Justiça e Direitos
No fim da década de 1990, teve início Humanos e Corpo de Bombeiros Militar. O
pela PMMG a implementação do modelo objetivo era viabilizar o desenvolvimento
em uso atualmente de análise criminal. de um Sistema de Gestão das Informações
Hoje, através de um SIG, é possível plotar de Segurança Pública e Defesa Social, em
em um mapa os locais onde houve a inci- razão da necessidade urgente de buscar a
dência de determinados delitos, possibili- integração de todos os órgãos e Poderes
tando a análise espacial da criminalidade. do Estado, que direta ou indiretamente
É possível ainda obter informações tem- são responsáveis pela Segurança Pública
porais sobre os delitos (dias da semana, e Defesa Social, sendo esta ação uma im-
horários), informações espaciais (logra- portante medida para melhorar a efetivi-
douros, rotas de fuga, pontos de comércio dade operacional no campo da Segurança
e serviços nas imediações) e informações Pública.
sobre os agentes criminais (quantidade,
descrição física, armamento, modo de A empresa Mobilair, do Canadá, foi con-
operação), etc. O cruzamento destas in- tratada pelo governo do Estado de Minas
36

Gerais para apresentar uma solução tec- nhia de Processamento de Dados do Es-
nológica (hardware/software) capaz de tado de Minas Gerais (PRODEMGE), que
atender as especificações do referido sis- desenvolveu e mantém a maioria dos sis-
tema de gestão de informações, denomi- temas que dão suporte às ações de Segu-
nado SIDS. rança Pública do Estado.

Para viabilizar a implantação do siste- As publicações da Lei Estadual nº


ma, buscou-se uma parceria com a Univer- 13.968, de 27 de julho de 2001 e do De-
sidade Federal de Minas Gerais (UFMG), creto Estadual nº 42.747, de 15 de julho
como elemento detentor de conhecimen- de 2002, que tratam da disponibilização
to específico e de excelência de qualidade. dos sistemas de informação relativos à
Segurança Pública pela PMMG e SESP fo-
A UFMG, que já mantém parceria com
ram grandes passos em direção à integra-
a PMMG desde o final da década de 90
ção das informações entre esses órgãos.
no projeto de geoprocessamento do cri-
Quanto aos demais integrantes do Siste-
me, atendeu prontamente à solicitação.
ma de Segurança Pública e Defesa Social,
A UFMG atuou por meio de seus departa-
a integração das informações provavel-
mentos de Engenharia de Produção (DEP),
mente se dará por intermédio de convê-
de Estatística (DEst) e de Ciência da Com-
nios, celebrados para este fim.
putação (DCC).
Com implantação parcial a partir
O DEP realizou pesquisas e propôs solu-
ções com vistas a implantar um novo mo-
de 2003, espera-se que o SIDS, quan-
delo de gestão da atividade operacional
do totalmente operacional, possibili-
da PMMG, mudando o enfoque do aten- te:
dimento ao cidadão. Foram constituídas 1. O atendimento e acompanhamento
três comissões, com participação de mili- das solicitações de emergências policiais
tares da PMMG, denominadas: Desenvol- (civil e militar) e de bombeiro, com utiliza-
vimento e Implementação da Estrutura ção de um único número telefônico.
Matricial, Gestão Estratégica e Portfólio
de Serviços. 2. A integração de todos os órgãos e
Poderes responsáveis pela Segurança
O DEst desenvolveu o Mapa de Kernel Pública e Defesa Social, visto que todos
e o Sistema de Vigilância para serem in- poderão armazenar, manter e recuperar
tegrados ao SIDS e analisou e propôs mu- informações organizadas em um banco de
danças nos relatórios estatísticos gera- dados único, cada um dentro de sua fun-
dos pelo produto da empresa Mobilair. ção e de acordo com o perfil de seu aces-
O DCC trabalhou no conhecimento e so.
adaptação do produto às necessidades do 3. A visão completa do caminho percor-
governo do Estado, em laboratório expe- rido pela informação de segurança públi-
rimental instalado no Quartel do Comando ca desde o atendimento da solicitação do
Geral da PMMG. cidadão até o controle da execução penal;
Buscou-se também o apoio da Compa- 4. A implantação do Centro de Análise
37

Criminal, integrando os setores de inteli- tempo oportuno, de forma padronizada,


gência das polícias. utilizando a base de dados integrada.

5. O aumento da eficiência no empre- 13. A melhoria do atendimento ao cida-


go e na atuação policial, com ênfase na dão, decorrente da melhoria da operacio-
prevenção, diante do conhecimento ade- nalidade dos órgãos ligados ao Sistema de
quado das variáveis do problema: pontos Segurança Pública e Defesa Social.
críticos, atuação nas excepcionalidades,
Na data da elaboração deste trabalho,
definição e classificação de emergências,
eram pré-requisitos para a implantação
determinação das prioridades de atendi-
do SIDS nos municípios mineiros:
mento, etc.
1. Gerar mais de seis mil ocorrências po-
6. O emprego imediato do efetivo nos
liciais (PMMG) por ano.
locais de risco, com base em estatísticas
mapeadas, com acompanhamento gráfico 2. Providenciar o preenchimento (com
da criminalidade, em tempo real, baseado dados atualizados) das planilhas geradas
nos índices de criminalidade de determi- a partir dos campos das tabelas 4 a 13 (ex-
nado espaço geográfico (rua, bairro, cida- ceto os dados de responsabilidade da pró-
de, etc.) e no mapeamento dos recursos pria PMMG).
disponíveis para empenho.
Deve-se observar ainda as seguintes
7. O provimento das informações ne- regras de preenchimento das plani-
cessárias ao deslocamento imediato de lhas:
tropas, realizações de ações e operações
1. Os dados das tabelas acima deverão
inopinadas, para o combate ao crime no
ser entregue obrigatoriamente em arqui-
momento exato em que ele ocorrer.
vos no formato .xls (planilha do Microsoft
8. O estudo e melhoria dos processos e Excel).
das relações entre os órgãos responsáveis
2. Cada informação deve ser preenchi-
pela Segurança Pública e Defesa Social.
da em uma única célula da planilha. ‘RUA
9. O acesso do cidadão ao serviço e às PERNAMBUCO’, por exemplo, são dois da-
informações produzidas, respeitadas as dos: tipo de logradouro e nome de logra-
restrições de acesso para consulta às in- douro e, portanto, devem ser preenchidas
formações. duas células na planilha.

10. A eliminação do retrabalho, prove- 3. Os dados devem ser digitados na


niente da coleta de dados e produção de sua totalidade, sem abreviação. ‘DOUTOR
informações entre os órgãos do Sistema BORGES’ ao invés de ‘DR BORGES’ ou ‘SETE
de Segurança Pública e Defesa Social. DE SETEMBRO’ ao invés de ‘7 DE SETEM-
BRO’.
11. O compartilhamento da tecnologia
de informações a ser instalada. 4. Cada tabela listada acima é uma pla-
nilha diferente a ser preenchida.
12. A produção de informações estatís-
ticas do sistema de segurança pública em 5. Todos os dados devem estar em caixa
38

alta (letras maiúsculas). A Universidade Federal de Minas Gerais


oferece cursos para capacitação em Ge-
6. Os dados referentes a pessoal e via-
oprocessamento para técnicos para pre-
turas serão de responsabilidade da PMMG.
feituras municipais do Estado de Minas
O Sistema de Informações Geográficas Gerais. Maiores informações podem ser
(SIG), por sua grande abrangência e efi- obtidas no sítio: http://www.arq.ufmg.br/
ciência, mais uma vez consolida-se como MC-sig/html/INDEX.htm
importante ferramenta estratégica para
otimizar a administração pública munici-
pal, aumentando a arrecadação e raciona-
lizando os gastos.

A implantação do SIG, no entanto, é


complexa e com resultados, principalmen-
te a longo prazo. Envolve uma quantidade
enorme de informações e, se mal imple-
mentado, produz resultados incipientes,
alcançados depois de grande período de
tempo e gastos sem retornos efetivos.

A informação de qualidade, necessária


a um planejamento eficiente e eficaz, au-
menta significativamente as chances de
sucesso na implementação de um SIG.

Vieira (2002) lembra aos interessados


na implantação do SIDS em seu município,
que a modelagem dos dados bem execu-
tada atende as necessidades do município
ao mesmo tempo em que garante que os
dados sejam facilmente portados de um
sistema para o outro, enquanto que a atu-
alização sistemáticas dos dados garante a
confiabilidade das informações.

Informações atualizadas sobre o siste-


ma no Estado de Minas Gerais podem ser
encontradas no sítio eletrônico: http://
www2.sids.mg.gov.br , no qual ainda po-
demos encontrar vários outros links que
levam às informações como os mapas, as
áreas integradas, as resoluções que dis-
põem sobre as mesmas e outras informa-
ções necessárias.
39

UNIDADE 6 - Georreferenciamento
O poder da informação, quando bem agrimensura. Seu uso não é exclusivo do
gerenciado, Instituto Nacional de Colonização e Re-
forma Agrária (INCRA) para o atendimen-
é inquestionável nos dias de hoje.
to da exigência legal trazida pela Lei nº
Vimos na introdução que a partir da 10.267/01, podendo ser feito por inicia-
promulgação do Decreto nº 4.449, de 30 tiva particular de quem queira conhecer
de outubro de 2002, que regulamenta a melhor ou definir precisamente os limites
Lei nº 10.267/2001, ficou estabelecido de sua propriedade. Para sua realização,
que todo e qualquer imóvel rural locali- que é feita por profissional de agrimen-
zado em território brasileiro, deve conter sura, devem ser utilizadas normas técni-
seus limites (vértices) vinculados a um cas específicas para a correta distinção do
sistema de coordenadas referenciado ao imóvel.
Sistema Geodésico Brasileiro (SGB).
Na seara do Direito, Oliveira Junior
Segundo o INCRA (2002), Philips (2007) (2005) explica que o fenômeno do geor-
e Batista (2008), a obrigatoriedade do referenciamento na legislação pátria foi
georreferenciamento das propriedades instituído em nosso sistema jurídico via
rurais constitui-se num importante marco alteração dos art. 176 e 225 da Lei dos Re-
no ordenamento da estrutura fundiária gistros Públicos (nº 6.015/73), por força
do país, uma vez que, proporcionará iden- da lei nº 10.267/2001. Por esses disposi-
tificar através de coordenadas geométri- tivos, o proprietário rural, em prazos que
cas a localização destes imóveis, livres de a norma regulamentadora viria instituir,
superposições e com precisão posicional deveria promovê-la, mediante utilização
dos vértices não superior a 0,50m. do sistema geodésico brasileiro e às suas
expensas, em casos de desmembramen-
Georreferenciamento nada mais é do
to, parcelamento e remembramento e,
que o mapeamento de uma propriedade
obrigatoriamente, em caso de alienação
realizado por meio de GPS. O georreferen-
do imóvel rural, pena de ver gessado o di-
ciamento é uma ferramenta eficaz para
reito de fruição de seu imóvel.
desatar o nó fundiário que ainda existe
em grandes porções do Brasil. Por meio do Tais dispositivos foram regulamenta-
monitoramento por GPS, é possível esta- dos pelo Dec. 4.449/2002, que pormeno-
belecer os limites do imóvel com alto grau rizou os deveres do proprietário.
de precisão, identificando as áreas de
O georreferenciamento, de acordo
preservação permanente (APPs), reserva
legal (RL), lavouras, pastagens, reflores-
com essa legislação, tem duas fun-
tamento e também áreas inservíveis ou
ções básicas:
mesmo com benfeitorias. 1º. A de servir de instrumento de Re-
gistro Público, possibilitando a segurança
Segundo Folle (2010), o georrefe-
no tráfico jurídico de imóveis.
renciamento é uma técnica moderna de
40

2º. A de servir de instrumento de ca- renciamento foi imposto ao proprietário


dastro, com a finalidade preponderan- rural, inserindo tal obrigatoriedade em
temente fiscalizatória, como, aliás, dis- artigos da Lei dos Registros Públicos. Ten-
põe o art. 1° e seus parágrafos da Lei nº do em vista que a Lei nº 10.267/01 não é
5.868/72, que trata do cadastramento autônoma, conclui-se que é a Lei dos Re-
rural, alterado também pela dita lei nº gistros Públicos que determina o georre-
10.267/01. ferenciamento do imóvel rural (AUGUSTO,
2006).
Moraes (2007) ensina que o documen-
to destinado à composição da matrícula Seguindo esse raciocínio, podemos en-
imobiliária, no qual o agrimensor descreve tender que o imóvel a ser georreferencia-
o perímetro do prédio, é chamado de “me- do é somente aquele caracterizado como
morial da caracterização de estremas”, propriedade imobiliária pela Lei dos Re-
conhecido popularmente como “memorial gistros Públicos, ou seja, aquele descrito
descritivo”. e especializado na matrícula do registro
imobiliário, e não qualquer outra configu-
O termo “estrema” (na linguagem jurí-
ração que conste em cadastros do INCRA
dica, possui o sentido de marco divisório)
ou da Receita Federal, pois a lei que obriga
com a metodologia de sua caracterização
a tal medida trata somente da proprieda-
é importante porque se constitui um dos
de imobiliária juridicamente constituída,
suportes do Direito Imobiliário, parte da
e qualquer outra exigência ficaria fora de
essência do princípio da especialidade do
sua alçada.
registro público de imóveis concernente
à individualização obrigatória de proprie- Augusto (2006) alega que trabalho ge-
dade fundiária, pois a certeza dos limites orreferenciado que abranja área não ade-
físicos do prédio é dependente do conte- quada ao conceito jurídico de “proprieda-
údo do título de domínio no qual se assen- de imobiliária”, mesmo que devidamente
taram as quantidades geodésicas e esta- certificada pelo INCRA, não terá ingresso
tísticas, com as quais se caracterizaram as na matrícula, continuando o imóvel sujei-
estremas. to às restrições legais até o integral cum-
primento da legislação do georreferencia-
O que o georreferenciamento estabe-
mento.
lecerá são perímetros rigorosamente po-
ligonais e geométricos, geograficamente Imprescindível esclarecer que o geor-
referidos ao sistema de coordenadas ofi- referenciamento apresentado a registro
cial e único do país e sua precisão absolu- não serve para criar ou extinguir direitos
ta, limitada à diferença de cinquenta cen- reais, ou seja, o proprietário de um imó-
3
tímetros (DIAS, 2005). vel rural com cem hectares, que dete-
nha a posse sem título de outros trinta
Em decorrência da Lei nº 10.267/01,
hectares, não pode pretender que, ge-
como dito anteriormente, o georrefe-
orreferenciando a área de cento e trinta
hectares, essa conste do registro. A área
3- Precisão estabelecida pelo INCRA através da Portaria nº 932/02,
ou seja, o erro máximo na determinação das coordenadas de cada georreferenciada que constará no Regis-
vértice dos polígonos não deverá ultrapassar 50 cm. tro de Imóveis poderá ser somente a área
41

dos cem hectares de seu efetivo domínio to nº 5.570, de 31 de outubro de 2005. O


(PAIVA, 2005). Contudo, a falta da descri- referencial dos prazos, ou seja, seu dies a
ção georreferenciada não tem o condão quo é a data da publicação dos atos nor-
de tornar o imóvel indisponível, apenas mativos do INCRA, dia 20 de novembro
se trata de exigência a ser cumprida no de 2003. Dependendo da dimensão do
momento em que o proprietário realizar a imóvel eles serão diferenciados, sendo
alienação, desmembramento, remembra- os seguintes: 20 de novembro de 2008
mento ou parcelamento do imóvel rural (cinco anos) o prazo para enquadramen-
(AUGUSTO, 2006). to dos imóveis com área de quinhentos a
menos de mil hectares e 20 de novembro
Depois de realizado o levantamento,
de 2011 (oito anos) o prazo para os casos
ao qual chama-se georreferenciamento,
de desmembramento, parcelamento, re-
este será encaminhado ao INCRA para a
membramento e transferência de imóveis
elaboração do Certificado de Cadastro de
rurais conforme o Decreto nº 5.570/05:
Imóvel Rural, que será, por exigência dos
arts. 176 e 225 da Lei dos Registros Públi- Art. 1º Os arts. 5º, 9º, 10 e 16 do Decreto
cos, parte integrante do título a ser apre- nº 4.449, de 30 de outubro de 2002, pas-
sentado ao Registro de Imóveis, se esse sam a vigorar com a seguinte redação:
título objetivar o registro de alienação,
“Art. 10. A identificação da área do imó-
desmembramento, remembramento ou
vel rural, prevista nos §§ 3º e 4º do art.
parcelamento do imóvel rural.
176 da Lei nº 6.015, de 1973, será exigida
Quem executa o georreferenciamento nos casos de desmembramento, parcela-
são profissionais inscritos nos Conselhos mento, remembramento e em qualquer
Regionais de Engenharia e Arquitetu- situação de transferência de imóvel rural,
ra (CREA) habilitados no INCRA, que, por na forma do art. 9º, somente após trans-
meio da Anotação de Responsabilidade corridos os seguintes prazos:
Técnica (ART), assumem a responsabili-
III - cinco anos, para os imóveis com área
dade pelos serviços. Esses profissionais,
de quinhentos a menos de mil hectares;
ao assumirem tal responsabilidade, ficam
obrigados a responder por danos que a má IV - oito anos, para os imóveis com área
execução de seus trabalhos possa ocasio- inferior a quinhentos hectares.
nar (FOLLE, 2010).
Como o Decreto alterador não mudou o
Questão recorrente quando se trata texto dos incisos I e II do art. 10 do Decreto
do presente tema são os prazos a serem 4.449/0219, entende-se que continuam
observados para o enquadramento dos valendo os prazos de noventa dias, para
imóveis rurais à nova exigência. Após inú- os imóveis com área de cinco mil hectares,
meros debates e arguições salientando a ou superior, e de um ano, para os imóveis
impossibilidade do cumprimento das nor- com área de mil a menos de cinco mil hec-
mas do georreferenciamento nos prazos tares.
primeiramente fixados e a preocupação
Para os casos de imóvel rural objeto
com o travamento do mercado imobiliário,
de ação judicial, o prazo para a realização
o cronograma foi prorrogado pelo Decre-
42

das exigências será: imediato para ações pal característica a diversidade de fontes
ajuizadas a partir da publicação do Decre- geradoras e de formatos apresentados.
to 5.570/05 e, para as ações protocoladas
O Geoprocessamento é um conjunto de
anteriormente ao referido Decreto, con-
atividades de trabalho para o avanço de
tinuarão valendo os prazos estipulados
conhecimento através da manipulação di-
pelo art. 10 do Decreto nº 4.449/02.
gital de informações espaciais conforme
A legislação eximiu de custos os pro- um sistema de coordenadas de localização
prietários de imóveis com proporções me- definido. Seus resultados servem sempre
nores ou iguais a quatro módulos fiscais. a algum propósito, como em um Mapa de
Apesar de ter concedido tal gratuidade, a Áreas Indicadas para Aterro Sanitário
lei não excluiu os aludidos imóveis da ne- (ROCHA, BRITO FILHO E XAVIER-DA-SIL-
cessidade de descrição georreferenciada VA, 2004), em um mapa de área de risco
no prazo legal, o que gera uma incoerên- de enchentes pluviais (ALCÂNTARA E ZEI-
cia na medida em que o pequeno proprie- LHOFER, 2006) e, ainda, no método para
tário, não podendo arcar com os custos do determinação espacial de potenciais Áre-
procedimento e não conseguindo que o as de Preservação Permanentes (APP’s)
Estado o faça, fica impossibilitado de dis- em topos de morro (HOTT, GUIMARÃES E
por de seu imóvel em decorrência do blo- MIRANDA, 2004), mostrando-se, por essa
queio de sua matrícula, pois o registrador condição, como uma ferramenta de traba-
não poderá praticar nela nenhum ato até o lho com implicações políticas e sociais.
cumprimento da norma (AUGUSTO, 2006).
São contribuições de um Geoprocessa-
Guarde... mento: atender a um propósito específico
ou a uma demanda ou ainda como meto-
O termo Geoprocessamento denota o
dologia e técnica.
conjunto de conhecimentos que utilizam
técnicas matemáticas e computacionais O Geoprocessamento é usualmente
para o tratamento da informação geográ- realizado por mais de uma pessoa, sendo
fica. A tecnologia de geoprocessamento a equipe de trabalho composta por pro-
influencia de maneira crescente as áreas fissionais de diferentes áreas do saber
de cartografia, análise de recursos natu- científico. Isso se justifica em parte pela
rais, transportes, comunicações, energia quantidade de dados a ser processada
e planejamento urbano e regional. e pela quantidade de tarefas, etapas e
procedimentos a serem metodicamente
O termo Sistema de Informação Geo-
seguidos, porém, o principal motivo da
gráfica (SIG) é aqui aplicado para sistemas
combinação de diferentes profissionais
que realizam o tratamento computacional
está no uso ferramental em abordagens
de dados geográficos. Um SIG armazena
interdisciplinares.
a geometria e os atributos dos dados que
estão georreferenciados, isto é, localiza- Ao mesmo tempo em que demanda a
dos na superfície terrestre segundo uma articulação de diferentes conhecimentos
projeção cartográfica. Os dados tratados científicos, no adequado processamento
em geoprocessamento têm como princi- digital das informações espaciais perti-
43

nentes à solução da questão-problema Os fenômenos relacionados ao mundo


proposta, também a sua oferta é a de real podem ser descritos de três manei-
um produto interdisciplinar, a ser utiliza- ras: espacial, temporal e temática. Espa-
do como base para a tomada de decisões cial quando a variação muda de lugar (de-
(COUTO, 2009). clividade, altitude, profundidade do solo);
temporal quando a variação muda com o
Em um país que possui uma dimensão
tempo (densidade demográfica, ocupação
continental de tamanha proporção como
do solo) e temática quando as variações
a do Brasil, com uma enorme carência de
são detectadas através de mudanças de
informações as quais julgamos serem as
características (geologia, cobertura vege-
mais adequadas para que sejam tomadas
tal). Estas três maneiras de se observar os
decisões sobre os problemas urbanos, ru-
fenômenos que ocorrem na superfície da
rais e ambientais, o geoprocessamento
terra são, coletivamente, denominados
apresenta e dispõe de um enorme poten-
espaciais (SILVA, 2003, p. 29).
cial, principalmente quando se diz respei-
to às tecnologias de custo relativamente Por exemplo, ao se definir um imóvel
baixo, em que o conhecimento seja adqui- (que seria o alvo) para efeito de tributa-
rido no local. ção (que seria o fenômeno), atribui-se
a ele características de localização, tipo
O mapeamento por GPS é exigido pelo
de construção, tipo de ocupação, apenas
INCRA no ato de venda ou compra de ter-
para citar algumas. Essas características
ras, assim como para o desmembramento
todos os imóveis possuem e sobre elas é
e remembramento (incorporação) de pro-
construído um sistema de informações:
priedades. Transferências de titularidade
também é possível que se queira localizar
de imóveis - de pai para filho, por exem-
todos os imóveis que tenham um determi-
plo – também necessitam do mapeamen-
nado tipo de construção (de madeira, por
to. “Essa medida permitirá que daqui a
exemplo), ou seja, pesquisa pelo atributo
uma geração o país conheça a sua malha
específico (calçamento por asfalto, por
fundiária”, diz Edaldo Gomes, engenheiro
exemplo); além disso, é possível levantar
cartográfico e coordenador-geral de car-
informações através do fenômeno rela-
tografia do INCRA.
cionado, ou uma derivação disso, isto é:
Georreferenciamento é o processo quais os imóveis desse sistema que não
pelo qual se executa um levantamento pagaram o imposto.
topográfico materializando as divisas com
Como a gestão disso é um sistema com-
utilização de marcos onde os mesmos re-
putacional, é possível retirar informações
cebem coordenadas geográficas (latitude
sobre cada ponto ou sobre todos os pon-
e longitude) reais e corrigidas com nível
tos. Assim, é possível estruturar mapas de
de precisão menor que 50 cm, processo
área, mapas temáticos (solo, ocupação, lo-
este que só pode ser executado por pro-
calização ambiental, distribuição espacial
fissionais devidamente qualificados e
por faixa etária ou renda, localização das
credenciados pelo INCRA utilizando equi-
atividades que mais geram tributos, etc.).
pamentos modernos e de grande precisão
(www.mgambiental.com.br). O mercado está em alta, com oportu-
44

nidades, sobretudo, em empresas res-


ponsáveis pela execução de projetos de
infraestrutura sanitária e ambiental. As
obras de infraestrutura conduzidas pelo
governo federal, juntamente com aquelas
voltadas para a Copa do Mundo de 2014 e
as Olimpíadas em 2016, são os indicado-
res de um mercado promissor para o pro-
fissional que atua com geoprocessamen-
to, sem falar no segmento da construção
civil, que ainda está aquecido.

Segundo Teodoro (2012), as pesso-


as começam então a perceber que se faz
necessário o uso de um novo enfoque, ou
seja, uma visão que seja geral, que englo-
be e que se relacione com o mundo como
um todo. Atualmente no Brasil, qualquer
organização pública ou privada pode utili-
zar geoprocessamento, sem a necessida-
de de grandes investimentos financeiros,
sendo assim cabe ao engenheiro – seja ele
ambiental, agrônomo ou civil – incentivar
o uso da ciência do geoprocessamento
para fins benéficos a todos em nossa so-
ciedade.
45

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49

ANEXO
O Serviço Geográfico foi criado em 31 minação Diretoria de Serviço Geográfico
de maio de 1890, inicialmente anexo ao (DSG) é atribuída por Portaria Ministerial
Observatório do Rio de Janeiro e depois de 1953, em conformidade com a nova es-
transferido para o Ministério do Exército, trutura de organização do Exército.
então Ministério da Guerra. Em 20 de ju-
A DSG é o órgão de apoio Técnico Nor-
nho de 1903, iniciava a execução do Proje-
mativo do Departamento de Ciência e Tec-
to “A Carta Geral do Brasil”, elaborado pelo
nologia (DCT), incumbido de superinten-
Estado-Maior do Exército, com a instala-
der, no âmbito do Exército Brasileiro, as
ção da Comissão da Carta Geral, em Porto
atividades cartográficas relativas à ela-
Alegre - RS.
boração de produtos, suprimento e ma-
Em 1920 chega ao Brasil a Missão Aus- nutenção de material, e as decorrentes de
tríaca, contratada pelo Estado-Maior do convênios estabelecidos com órgãos da
Exército, com a finalidade de fornecer administração pública.
o embasamento técnico necessário ao
Dentre as atribuições da DSG desta-
mapeamento do Território Nacional. Os
cam-se:
austríacos introduziram no país o levan-
tamento topográfico à prancheta, os mé- normatizar e participar da exe-
todos estereofotogramétricos de empre- cução do Mapeamento Sistemático Ter-
go de fotografias terrestres e aéreas e a restre Nacional, nas escalas 1/25.000,
impressão offset. 1/50.000, 1/100.000 e 1/250.000;
Até 1932, o Serviço Geográfico Militar e produzir o mapeamento de interes-
a Comissão da Carta Geral atuavam de for- se do Exército;
ma independente. O primeiro, executando
executar trabalhos de cooperação
o mapeamento de áreas no então Distrito
técnica, de interesse do exército, com ou-
Federal e a segunda, realizando levanta-
tros órgãos públicos;
mentos no Rio Grande do Sul. A partir da-
quele ano, o Serviço passa a denominar-se fornecer apoio cartográfico, por
Serviço Geográfico do Exército (SGE), e a meio de dados digitais do terreno, para
então Comissão da Carta Geral dá origem os sistemas de Comando e Controle de Si-
à Primeira Divisão de Levantamento. mulação de Combate de Inteligência e de
Guerra eletrônica;
Finalmente, em 1946, são regulamen-
tadas as atividades da Diretoria do Servi- realizar o suprimento de imagens e
ço Geográfico do Exército, que funciona- produtos cartográficos ao Exército.
ria nas instalações históricas do Antigo
Palácio Episcopal da Conceição, no Rio de Geoportal do Exército Brasileiro. Dis-
Janeiro - RJ, desde então, até ser transfe- ponível em: http://www.geoportal.eb.
rida para o Quartel General do Exército, mil.br/index.php/39-noticias/destaque/
em Brasília - DF em 1972. A atual deno- 153-dsg
50

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