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NAS TRILHAS DO PILAR: BAIRRO DO RECIFE, MEMÓRIA E ENSINO DE

HISTÓRIA

Allan Alves da Mata Ribeiro


(Graduando de Licenciatura em História na UFPE e Bolsista do PIBID/UFPE/CAPS)
Jeani Gomes de Pontes
(Graduanda de Licenciatura em História na UFPE e Bolsista do PIBID/UFPE/CAPS)

Resumo:

O presente artigo é resultado das reflexões construídas durante o primeiro bimestre


de atividades do projeto Nas Trilhas do Pilar, desenvolvido no âmbito do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/ História) da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE). Realizado em articulação com os docentes da
Escola de Referência em Ensino Médio Porto Digital (EREM PD), localizada no
Bairro do Recife, este projeto visou desenvolver atividades na área da história local
junto à comunidade escolar. Considerando ainda as potencialidades da história oral
como ferramenta metodológica para o desenvolvimento de pesquisas em história
local e para o ensino escolarizado de História, esta pesquisa teve como foco a
memória, a história e as possibilidades de inclusão socioespacial dos moradores da
comunidade do Pilar, tendo como marco inicial a década de 1970.

Palavras-chave: História oral, História local, Pilar

Abstract:

This article is the result of reflections built during the first two months of the project's
activities on the trails of the pillar, developed within the framework of the Institutional
Program of Scholarship of Initiation to Teaching (PIBID/ History) at the Federal
University of Pernambuco (UFPE). Held in conjunction with the faculty of Reference
School in Middle School Porto Digital (EREM PD), located in the District of Recife,
this project aimed to develop activities in the area of Local History with the school
community. Considering the potential of Oral History as a methodological tool for the
development of research in Local History and for teaching schooled in History, this
research focused on memory, history and the possibilities of inclusion socio-spatial of
residents of the community of Pillar, taking as initial landmark the decade of 1970.

Keywords: Oral History, local History, Pilar.

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1. Introdução

O presente trabalho resulta da atividade de intervenção em desenvolvimento


junto a Escola de Referência em Ensino Médio Porto Digital (EREM PD).
Empreendido no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência
(PIBID/ UFPE), este trabalho visa discutir a atuação do projeto Nas Trilhas do Pilar,
atividade pedagógica articulada entre estudantes de licenciatura do Departamento
de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professores da
referida unidade de ensino.
Localizada na Avenida Rio Branco, Bairro do Recife, a EREM Porto Digital
conta com um público de aproximadamente seiscentos estudantes, provenientes de
diversos bairros da cidade do Recife. Durante o período de observação – primeiros
meses de atividade do PIBID/História –, constatamos que a relação estabelecida
entre os estudantes e o bairro histórico onde está localizada a escola é, em grande
medida, limitada à rotina de atividade escolar, elemento comum a instituições
situadas em grandes centros comerciais e urbanos.
É destacado ainda, a relação estabelecida entre a EREM Porto Digital e a
comunidade do Pilar. Embora localizada a alguma quadras da escola, ainda no
Bairro do Recife, a comunidade, também conhecida como Favela do Rato, chama a
atenção por não estar inserida na comunidade escolar – sendo, inclusive,
desconhecida por grande parte dos alunos.
Tendo em vista intervir nestas distâncias sociais e históricas, foi desenvolvido
o projeto Nas Trilhas do Pilar. Como referência bibliográfica, este projeto parte do
debate empreendido por FONSECA (2012) sobre as potencialidades da história local
para o ensino de história. Em consonância com a autora, neste trabalho, a história
oral desponta enquanto estratégia metodológica para o desenvolvimento das
atividades pesquisa.
Partimos do princípio de que, no estudo da história local, a análise das fontes
orais oferece a possibilidade de “ampliar a compreensão do contexto, de revelar os
silêncios e as omissões da documentação escrita, de produzir outras evidencias,
captar, registrar e preservar a memória viva” (FONSECA, 2012, p. 155)

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Buscando desenvolver uma estratégia pedagógica que tenha como
pressupostos a investigação, pesquisa e produção de saberes (FONSECA, 2012, p.
160), o projeto Nas Trilhas do Pilar foi estruturado em quatro etapas.
Primeiramente, foram realizadas intervenções em sala de aula, iniciando as
investigações sobre a história da comunidade do Pilar e do Bairro do Recife. Na
sequência, realizamos oficinas sobre a utilização das fontes orais na construção do
conhecimento histórico, ressaltando os procedimentos técnicos na captação destas
narrativas. No terceiro momento, foi realizada a atividade de campo, possibilitando
ao grupo o contato com a comunidade e a observação das dinâmicas estabelecidas
entre o Pilar e o Bairro do Recife. Por último, os estudantes participaram das
atividades de entrevista com os moradores da comunidade, elaborando roteiros nas
investigações junto aos depoentes.
Durante a realização das entrevistas, contamos com o apoio e participação
dos moradores da comunidade do Pilar. Para esta atividade, atuaram como
depoentes: Antônio Nilo Santos, Lindacy Alves Silva, Sandra Maria Souza e
Fernandina Oliveira Lima.
Nesta perspectiva, o projeto Nas Trilhas do Pilar busca desenvolver a
inserção dos estudantes na comunidade da qual a escola faz parte, tendo em vista
possibilitar ao grupo a construção de “sua própria historicidade e produzir a
identificação de si mesmo e também de seu redor, dentro da História” (SCHMIDT,
2007, p. 200).

2. A história local e oral em sala de aula: Possibilidades no ensino de História

Segundo BARROS (2013), a história local pode ser compreendida como uma
modalidade dos estudos históricos que, partindo da investigação sobre uma
determinada localidade, estabelece relações com uma perspectiva histórica mais
ampla e atenta “as formas como os atores sociais se constituem historicamente em
seus modos de viver, situados em espaços que são socialmente construídos” (Ibid,
2013, p. 15).
Do ponto de vista educacional, o debate em torno do ensino de história local,
e sua potencialidade na construção do sentido histórico nas relações sociais dos

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estudantes, pode ser acompanhado ainda nas recomendações expressas pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais:

O ensino e a aprendizagem de História estão voltados, inicialmente,


para atividades em que os alunos possam compreender as
semelhanças e as diferenças, as permanências e as transformações
no modo de vida social, cultural e econômico de sua localidade, no
presente e no passado, mediante a leitura de diferentes obras
humanas. (Brasil/MEC/SEF, 1997, apud FONSECA, 2012, p. 154).

Vista como estratégia no ensino escolarizado, a história local possibilita a


construção e compreensão do conhecimento histórico, partindo de proposições
vinculadas à vida cotidiana dos estudantes, entendida “como expressão concreta de
problemas mais amplos” (SCHMIDT, 2007, p. 200).
Incorporando atividades de pesquisa no ensino de História, a história local
possibilita a análise de elementos sociais, culturais e econômicos. Partindo de
determinado recorte, tal abordagem torna possível evidenciar diferenças de
durações e ritmos temporais, atuando para um ensino de História que não silencie
especificidades, atento a pluralidade de permanências, rupturas e conflitos no
processo histórico (SCHMIDT, 2007, p. 201).
Nesta perspectiva, a aproximação com a história oral desponta enquanto
estratégia para a pesquisa e o ensino de história local. Tendo em vista a
potencialidade das fontes orais para a análise de novas perspectivas históricas,
articulando narrativas e memórias individuais com a memória coletiva, a história oral
se destaca enquanto

[...] procedimento metodológico que busca, pela construção de fontes


e documentos, registrar, através de narrativas induzidas e
estimuladas, testemunhos, versões e interpretações sobre a História
em suas múltiplas dimensões: factuais, temporais, espaciais,
conflituosas, consensuais. Não é, portanto um compartimento da
História vivida, mas, sim, o registro de depoimentos sobre essa
história vivida. (DELGADO, 2006, p.15).

Prática de pesquisa na produção de conhecimento histórico, a história oral


possibilita, através da mobilização da memória de seus depoentes, a construção de
uma documentação estabelecida na relação entre “múltiplos tempos” (Ibid, 2006,

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p.16), entrelaçando o passado sob investigação, a trajetória de vida dos depoentes e
o tempo presente, atuante nas perguntas e respostas desenvolvidas.
Pensada em articulação com a pesquisa e o ensino de história local, a história
oral propicia ainda a identificação dos estudantes enquanto produtores de
conhecimento histórico, recriado a partir de sua própria experiência. Nesta
perspectiva, o projeto Nas Trilas do Pilar se insere do desafio de articular
historiografia, pesquisa e um ensino de História atento a formação da consciência
histórica quanto às dinâmicas sociais, econômicas e culturais que marcam a
sociedade.

3. O Pilar em perspectiva: Primeiras impressões

A cidade de Recife é conhecida pelos canais e pontes que interligam alguns


de seus bairros. Sua área urbana, em constante transformação, recebeu influencia
de diversos estilos arquitetônicos, garantindo sua diversidade. Tendo em vista o
Bairro do Recife, é destacada ainda a riqueza histórica representada em sua
paisagem.
Entretanto, ao caminharmos pelo do bairro, podemos encontra a Favela do
Rato, atualmente conhecida como a comunidade do Pilar. Formada na década de
1970, de acordo com o IBGE, a comunidade vem apresentando um dos piores IDH
do município. Segundo Nery (2008), na comunidade, os moradores:

Vivem em condições precárias de existência, subsistindo


economicamente da informalidade, lá se observa a presença de
apenas uma escola pública municipal, um posto de saúde da família
e alguns barracos têm atividade comercial de lanchonetes e bares
cujos frequentadores são, basicamente, os trabalhadores do Porto e
das fábricas vizinhas. (NERY, 2008 p. 28 - 29 )

Nessa perspectiva, a comunidade foi inserida no Plano de Revitalização do


Bairro do Recife. Inicialmente, o plano, concluído em 1993, tinha por objetivo a
revitalização das áreas consideradas com grande potencial de turismo, animação e
lazer.
Para as atividades de revitalização, o bairro foi dividido em três setores: Setor
de Intervenção Controlada: (Polo Alfândega /Madre de Deus, Bom Jesus e Arrecifes)
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no qual foi definido por seu de valor cultural reconhecido e onde deveria haver
recuperações em termos de infraestrutura e dinamização das atividades; o Setor de
Setor de Consolidação (Polo Capibaribe) é um local de instituições publicas que
deveriam programar ações que dinamizasse as áreas de convívio; e por fim o setor
de Renovação Urbana (Polo Pilar), no qual sua caracterização foi definida da
seguinte forma:
[...] a área está praticamente destruída e ocupada por uma favela,
deverá ser reconstruída segundo um plano de ocupação que será
elaborado pela prefeitura, imediatamente após a aprovação da lei de
uso e ocupação do solo específica para o bairro, este mesmo plano
deverá fornecer solução para a relocação das construções da favela.
(Zanchet et all, 1998, apud NERY, 2008,).

O projeto de intervenção, segundo Nery (2008), propunha a construção de um


“Centro Múltiplo”: uma estrutura de usos de comércio, serviços, lazer e habitação,
com o objetivo de contribuir para a eficiência econômica do Bairro do Recife a partir
da recuperação física da área. No entanto, o que se observou foi que apenas alguns
dos projetos foram empreendidos. No caso da comunidade do Pilar, nenhum dos
projetos de renovação urbana foi de fato concretizado, até mesmo a Igreja Nossa
Senhora do Pilar, patrimônio histórico e artístico tombado, permanece abandonada,
em estado muito precário de manutenção.
Com o passar do tempo, outros projetos foram surgindo, como O Programa
de Requalificação Urbanística e Inclusão Social da Comunidade do Pilar, em 2002, e
o Plano de Implementação do Complexo Turístico Cultural Recife Olinda, em 2007.
Contudo estes projetos que visavam à melhoria da comunidade do Pilar não saíram
da instancia burocrática. Atualmente a comunidade ainda luta por demandas básicas
de qualquer centro urbano, como água encanada, iluminação pública e saneamento
básico – além da conclusão de conjuntos habitacionais para a comunidade.

4. Nas Trilhas do Pilar: Atividades desenvolvidas

O projeto Nas trilas do Pilar resulta da análise das dinâmicas estabelecidas


entre a EREM Porto Digital, o Bairro do Recife e a comunidade do Pilar. Como ponto
de partida, foi iniciado o levantamento bibliográfico quanto à história do bairro, tendo
como foco a comunidade do Pilar.
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Após as primeiras impressões quanto à história da comunidade, iniciamos
nosso primeiro contato com os alunos da EREM PD. Visando uma maior integração
com os estudantes e o desenvolvimento da atividade de pesquisa, foi feito um
levantamento sobre quantos alunos conheciam a comunidade do Pilar.
Nesta atividade, percebemos que, de toda a comunidade escolar,
aproximadamente seiscentos estudantes, apenas duas alunas se apresentaram
enquanto moradoras da comunidade do Pilar – enquanto a maioria desconhecia a
sua existência. A participação dos alunos moradores da comunidade foi fundamental
para o desenvolvimento das atividades de campo do projeto.
O primeiro contato com a comunidade foi realizado apenas pela a equipe de
bolsistas do PIBID, assim definimos uma trilha para levarmos os alunos e
identificarmos possíveis depoentes para nossas entrevistas posteriores. Vale
destacar que, como critérios básicos para a seleção dos depoentes, foi adotado o
tempo de vivência do depoente junto à comunidade.
Na sequência, iniciamos o projeto Nas Trilhas do Pilar com uma série de
oficinas problematizando a história local e a pesquisa em história oral. Atividade de
caráter voluntário, o projeto conta com a participação de trinta estudantes dos
primeiros e segundo anos do ensino médio.
Formada a equipe, realizamos a atividade de campo intitulada na Trilha no
Pilar junto aos estudantes. Durante o percurso, os elementos discutidos sobre a
história da comunidade foram mais uma vez apresentados. Destacou-se o
sentimento de descoberta de toda uma comunidade ocultada por entre as travessas
do bairro histórico, cada vez mais voltado às atividades turísticas.
Após a realização da primeira atividade de campo, foram iniciadas as
entrevistas para o projeto. Divididos em equipes, os estudantes da EREM PD
acompanharam a elaboração dos roteiros e os aspectos técnicos que envolvem a
metodologia da história oral. Esta fase do projeto também foi vista por nós como
bastante satisfatória, pois grandes partes dos alunos mostraram entusiasmo em
participar efetivamente das entrevistas.
Foram realizadas quatro entrevistas, todas desenvolvidas durantes o mês de
maio. Participaram da atividade: Sandra Maria Souza, residente na comunidade há
uma década; Antônio Nilo dos santos, morador da comunidade há mais de vinte

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anos; Lindacy Alves da Silva, moradora do Pilar há vinte e cinto anos; e Fernandina
Oliveira de Lima, residente há mais de quarenta anos na comunidade.
Os depoentes nos informaram da situação da comunidade e nos contaram as
histórias de suas vidas, suas memórias. Bastante produtivas, as entrevistas
possibilitaram, além do reforço de alguns elementos encontrados durante as
primeiras pesquisas, uma nova perspectiva diante das fontes históricas levantadas
sobre a comunidade.
Durante a entrevista, a senhora Fernandina (2015), moradora da Rua São
Bernardo, nos afirma que, durante suas as quatro décadas enquanto moradora do
Pilar, o descaso foi uma constante, “Sempre foi assim, sempre foi assim” (LIMA,
2015, p.6). De forma semelhante, Lindacy (2015), moradora há mais de duas
décadas da Rua São Jorge, complementa:

“É muito esquecida... De tudo, aqui não tem nem saneamento


básico, pra ninguém aqui. [...] Não tem água, um lugar que não tem
água, um lugar esquecido, uma favela, ali em cima da prefeitura e o
prefeito não esta vendo a gente [...]” (SILVA, 2015, p 6-7.)

As críticas quanto a precariedade dos serviços que atendem a comunidade


são uma constante nas falas dos entrevistados. Durante entrevista, Sandra (2015),
moradora há dez anos na Rua São Jorge, denuncia: “(...) A COMPESA me cobra
uma água que eu nunca tive dela, porque toda minha vida eu usei a água do
colégio” (SOUZA, 2015, p.11). Outros serviços também são inexistentes na
comunidade, em entrevista, senhor Antônio (2015) desabafa dizendo o que não tem
“ (...)Uma farmácia aqui perto, uma padaria que também não tem, tem que ir pra
Santo Amaro [Bairro visinho ao do Recife]” (SANTOS, 2015, p.9 )
Outro elemento que chama a atenção durante as entrevistas diz respeito aos
achados arqueológicos no interior da comunidade. Por ocasião do início das
construções dos conjuntos habitacionais, foi localizada uma série de evidencias que
apontam para a existência de um antigo cemitério no interior da comunidade. Nesta
senda, devido a intervenção de grupos de arqueólogos, as obras foram paralisadas.
Sobre os eventos que estão acontecendo na comunidade, os depoentes relatam:

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Ali começaram a cavar, e esse povo aí que defende esse negócio aí
de história... Assim... Achou muito osso humano, aí disseram que
não tem mais condições de fazer os condomínios. Sim, e a gente vai
pra onde? Resolvam à situação da gente, minha gente.[...] (SILVA,
2015, p. 8)

Eu achei um desastre, porque vim catar osso que tem mais de


trezentos anos que tá lá enterrado e deixar de fazer os prédios, os
apartamentos do povo, que é o que o povo precisa. Atrasou tudo.
Ficou a céu aberto aí, que o mosquito da dengue era cheio. Agora é
que tão tapando. [...] (SANTOS, 2015, p, 6)

Olhe benção, eu vou ser sincera com o senhor. É isso que eu digo...
É isso que às vezes eu digo assim, olhe, veja: “A Pilar, a Igreja,
esses prédios ai... Que às vezes dizem... Que não vão derrubar,
dizem que é patrimônio público”. Sim, e a gente é o que? Que está
no meio? Eu respeito ali, dizem: “Eu vou tirar o povo daqui da frente
por causa da igreja”, tudo bem, agora vai fazer o que com o povo?
Que dizer que a igreja está ali há muito tempo, é um patrimônio, e
nós somos o quê? Ser humano é o quê? Que Deixe a igreja, eu não
quero que tire não... Cada um no seu cada um. Né patrimônio? Né
antigo? Pode fica lá. Agora eu quero saber o que vai fazer com a
gente, que eu quero saber. [...] (SILVA, 2015, p. 10-11)

Embora uma parte da comunidade já seja atendida pelos conjuntos


habitacionais, como é o caso da senhora Fernandina Oliveira de Lima, boa parte do
Pilar ainda aguarda para ter acesso aos novos conjuntos. A paralisação das obras,
neste sentido, dificulta ainda mais o processo.
Nesta perspectiva, após a realização das entrevistas, foi desenvolvido mais
um encontro com grupo e realizado uma roda de diálogos sobre as experiências que
eles obtiveram nas entrevistas e em todos os encontros. Rimos, compartilhamos e
aprendemos, foi um momento bem agradável. Empreendida uma primeira análise
das entrevistas, foi iniciada a fase de construção da nova documentação histórica.
Nesse processo, a equipe foi divida para a transcrição dos relatos e todo material
levantado servirá para as atividades de conclusão do projeto.

5. Conclusão

Enquanto estratégia pedagógica e ferramenta metodológica para a pesquisa


de história local, a história oral oferece novas perspectivas de análise e registro das
evidências – além de despertar a curiosidade e a participação dos estudantes.

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Após a realização das entrevistas do projeto Nas trilhas do Pilar, será
proposto aos estudantes à organização do acervo documental construído. Nesta
atividade, buscamos promover, junto ao grupo, a análise dos documentos históricos,
salientando a importância daquelas narrativas, relacionadas aos elementos
históricos apresentados sobre a comunidade, para a compreensão do momento
histórico em que os próprios estudantes estão imersos.
Nesta perspectiva, tendo em vista promover um ensino de história
comprometido com a transformação social, desponta ainda a importância da história
local. Como estratégia pedagógica para o ensino médio, a história local permite ao
educando perceber-se integrante da história, não um simples espectador do ensino,
mas objeto e sujeito num fluxo de continuidades e descontinuidades. Tal estratégia
possibilita ao aluno
[..] a identificação do próprio grupo de convívio e as relações que
estabelecem com outros tempos e espaços; valorizar o patrimônio
sociocultural e respeitar a diversidade, reconhecendo-a como um
direito dos povos e indivíduos e como um elemento de fortalecimento
da democracia (NORONHA, 2007, p. 06).

A título de conclusão, ao término das atividades do projeto, será proposto ao


grupo a exposição do acervo selecionado à comunidade escolar. Buscando
promover a participação criativa dos estudantes, serão apresentadas fotografias e
trechos das entrevistas realizadas, retratando a experiência junto a comunidade do
Pilar.
Merece destaque ainda que toda documentação elaborada durante o projeto
foi destinada ao Laboratório de História Oral e da Imagem (LAHOI) da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), estando disponível para análises posteriores

6. Referências

BARROS, C. H. F. . ENSINO DE HISTÓRIA, MEMÓRIA E HISTÓRIA LOCAL.


CRIAR EDUCAÇÃO Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação
UNESC, v. 2, p. 3-24, 2013

DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. História oral: memória, tempo identidades.


Belo Horizonte: Autêntica, 2006

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FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prática de Ensino de História 13ª
reedição revista e ampliada. 13. ed. Campinas: Papirus, 2012. v. 1. 443 p.

LIMA, Fernandina Oliveira. Projeto Nas Trilhas do Pilar, em 2015, apoiado pela
CAPS. Arquivo no LAHOI – CFCH – UFPE.

NERY, N. S.; CASTILHO, C. J. M. Comunidade do Pilar e a revitalização do bairro


do recife: possibilidades de inclusão socioespacial dos moradores ou
gentrificação. 2008.

NORONHA, I. L. A. Livro Didático e Ensino de História Local no Ensino


Fundamental. In: XXIV Simpósio Nacional de História, 2007. XXIV Simpósio
Nacional de História. São Leopoldo/RS: Oikos, 2007. p. 327-32

SANTOS, Antônio Nilo. Projeto Nas Trilhas do Pilar, em 2015, apoiado pela CAPS.
Arquivado no LAHOI – CFCH – UFPE.

SCHMIDT, M. A. O ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL E OS DESAFIOS DA


FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRIA. In: MONTEIRO, A. M. et al. Ensino de
História: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro: Mauad, 2007.

SILVA, Lindacy Alves. Projeto Nas Trilhas do Pilar, em 2015, apoiado pela CAPS.
Arquivado no LAHOI – CFCH – UFPE.

SOUZA, Sandra Maria. Projeto Nas Trilhas do Pilar, em 2015, apoiado pela CAPS.
Arquivado no LAHOI – CFCH – UFPE.

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