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MÓDULO DE ESTUDOS 1 – FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

UNIDADE DE ESTUDOS 1 – FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

Objetivos:
• Apresentar aspectos importantes relacionados aos fundamentos da
educação;
• Explanar sobre o papel da educação no contexto do trânsito

Imagem: recorte da obra renascentista - Escola de Atenas de Raphael o mestre Euclides.

Figura 1 – Recorte Renascentista

O mestre Euclides acompanha atentamente o trabalho educativo dos estudantes

Nesta unidade vamos discutir sobre os fundamentos da


educação e compreender o papel da educação na relação com
a sociedade e o aspecto do trânsito neste contexto.
Para iniciar, fazemos a provocação com a imagem a seguir:

“‘Bichano de Cheshire’, começou, muita tímida, pois não estava nada certa de que esse nome
iria agradá-lo; mas ele só abriu um pouco mais o sorriso. ‘Bom, até agora ele está satisfeito’,
pensou e continuou: ‘Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora
daqui?’. ‘Depende bastante de para onde que ir’, respondeu o Gato. ‘Não me importa muito
para onde’, disse Alice. ‘Então não importa que caminho tome’, disse o Gato” (CARROLL, 2009,
p. 76-77).

Figura 2 - Aventuras de Alice no País das Maravilhas.


Fonte: Lewis Carroll, 2009.

Como você pode observar, a reflexão faz parte da atividade humana


e a filosofia sempre está presente neste processo. Ao realizar escolhas,
estamos filosofando. Ao compreendemos os caminhos que precisamos
trilhar para alcançar determinado objetivo, também estamos filosofando.
Nas críticas que realizamos aos caminhos percorridos, também estamos
filosofando. Quando resolvemos trilhar outro caminho para alcançar o
objetivo proposto, tem-se a expressão da filosofia novamente.
A filosofia está presente na atividade humana, uma vez que, o pensar
e o agir estão intimamente ligados a uma tarefa racional. Pensamos e
transformamos a natureza em função das nossas necessidades, isto é o
trabalho como princípio educativo. Portanto a filosofia faz parte das nossas
vidas e está sempre presente.

Você já estudou filosofia? Será que filosofia, educação e trânsito


congregam? Vamos verificar nesta unidade respostas para estas entre
outras reflexões.

1.1 Relação educação e sociedade: dimensões filosóficas

Para iniciar, a filosofia se propõe a questionar uma dada realidade e


a partir deste questionamento provocar novas compreensões. Já a
educação contribui para a transformação e o desenvolvimento da
sociedade, desde os tempos primórdios. É por meio da interação humana
que ocorre a evolução da educação. A educação transforma a sociedade,
assim como a sociedade transforma a educação, e o mais importante é que
nesta relação há a produção de vida. A filosofia da educação preza pela
reflexão rigorosa da ação pedagógica, desde as intencionalidades do que se
pretende elaborar, bem como os resultados das opções políticas, teóricas e
metodológicas.
Educação

Filosofia

Sociedade

Figura

A filosofia nos ajudar a entender os processos relativos à Educação,


pois permite a reflexão sobre os problemas que a realidade apresenta.
Como estamos tratando do contexto educacional, essa reflexão trata dos
problemas que a realidade educacional apresenta.

Exemplo:

Podemos partir de reflexões sobre os índices de acidentes de trânsito.


Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2009 realizado em
178 países, indicam que cerca de 1,3 milhões morrem vítimas da
imprudência ao volante, 50 milhões de pessoas vivem com sequelas e
resulta que o trânsito é a nona maior causa de morte no mundo.
A partir desta problemática como que a filosofia nos ajuda a mudar a
realidade?

Foi criada a campanha Maio Amarelo, que é um movimento nacional


que chama a atenção para os altos índices de mortos e feridos no
trânsito.

Destacamos que a campanha, por si só, não irá diminuir os índices de


mortos e feridos. Mas contribuirá para uma reflexão coletiva sobre o
papel individual na transformação do trânsito em um lugar mais seguro.

Segundo a OMS sem campanhas e sem conscientização, a projeção é que


as mortes no trânsito dobra os índices atuais em 2030.

Assista ao vídeo “Campanha de trânsito Erros (Nova Zelândia)”:

https://www.youtube.com/watch?v=kbYG3JyaDNI

É uma campanha de conscientização importante para refletir sobre o


trânsito e a vida.
Qual o papel do educador neste processo?

O educador sensibiliza os educandos, por meio da reflexão filosófica


das suas atitudes e, pautado na legislação vigente, a ter mais consciência
no trânsito. Assim, tem-se uma reflexão contínua sobre o próprio sentido
do que estamos fazendo bem como dos resultados daquilo que se faz.
A reflexão sobre os problemas educacionais nos remete à
necessidade de reformular e de caracterizar os objetivos das ações. É sabido
que o sentido da educação está em promover o homem. Para tanto, o
educador deve ser um profundo conhecedor do homem. Quando estamos
falando em homem, vamos convencionar que homem apresenta um corpo,
existe em um meio e se define por coordenadas de espaço e tempo. Esse
meio o condiciona e determina todas as suas manifestações. O meio a que
nos referimos não é só o meio relativo á natureza (espaço físico, clima,
vegetação, fauna, solo e subsolo), mas também ao meio cultural em que ele
se encontra.

Exemplo:

Ao nascer, além de uma localização geográfica que pode ser mais


ou menos favorável, o homem se depara com um momento histórico
sendo vivenciado, marcado pelo peso das tradições, uma língua
estruturada, costumes e crenças definidos, uma sociedade com
instituições próprias, uma vida econômica peculiar, uma forma de
governo e de seus poderes.

Uma criança de 5 anos que nasceu em Vitória (ES) não tem os


mesmos costumes de uma criança de 5 anos que nasceu na aldeia Araçaí
localizada em Piraquara (PR). Você concorda?

Segundo Saviani (2007), este é o quadro da existência humana onde


o homem é encaixado é enquadrado. A vida humana só pode ser sustentada
e desenvolvida a partir de um contexto determinado de onde o homem tira
os meios para sua sobrevivência. Esses fatores o levam a valorizar os
elementos do meio ambiente (água, terra, fauna, ar, flora, solo)
caracterizando o seu domínio sobre a natureza e o valor das instituições, as
ciências, as técnicas, caracterizando seu domínio da cultura.
A cultura é, por sua vez, a transformação que o homem opera sobre
o meio em que vive e os resultados desta transformação. Assim, o homem
é capaz de agir, refletir, fazer opções, avaliar, se colocar no lugar do outro,
interagir e não ser indiferente. Nasce assim o respeito e a valorização pelos
outros.

1.2 Os processos educativos e os grupos sociais

Os processos educativos ocorridos no nível do grupo social permitem


que os indivíduos se identifiquem pelas formas próprias de vivenciar e
interpretar as relações entre si e com a sociedade, produzindo uma cultura
própria. É neste nível que os jovens percebem as relações em que estão
imersos, se apropriam de significados, formando assim, sua consciência
individual e coletiva. Nesse momento os alunos vivenciam experiências de
novas relações na família, com grupos de amigos e formas de lazer.
São essas experiências, entre outras que constituem os alunos como
indivíduos concretos, com um lugar e com papéis sociais, umas escalas de
valores, e com padrões de normalidade. É um processo dinâmico, criativo,
ininterrupto, em que o indivíduo reelabora seus conceitos a partir de suas
interações e opções cotidianas.

Pergunta reflexiva:

Como o trânsito é visto e anunciado na vida das pessoas?

Por esse prisma, os jovens são os resultados de um processo


educativo amplo, que ocorre no cotidiano das relações sociais, de acordo
com os elementos culturais a que têm acesso, e não só pelos processos
educativos que a escola impõe.
Nessa medida, a educação e seus processos acontecem dentro e fora
das instituições escolares, compreendendo os mais diferentes espaços e
situações sociais, num complexo de experiências, relações e atividades,
cujos limites estão fixados pela estrutura material e simbólica da sociedade
em determinado momento histórico. Nesse campo educativo amplo, estão
incluídas as instituições (família, escola, igreja, etc.), assim como também o
cotidiano difuso do trabalho, do bairro, do lazer, etc.

1.3 teorias educacionais

Em relação às teorias educacionais, vamos acompanhar um pouco do


pensamento de alguns teóricos que contribuíram para a educação ocidental.
Os autores estudados serão: Rousseau, Kant, Pestalozzi, Herbart e Nietzsche.
As nossas reflexões serão pautadas nos escritos de Aranha (2006).

Jean-Jacques Rousseau

✓ Criticou o absolutismo e elaborou os fundamentos da doutrina


liberal.
✓ Para o teórico o individuo em estado de natureza é bom e se
corrompe na sociedade, que destrói sua liberdade.
✓ Traz os fundamentos da pedagogia naturalista, que se afasta do
artificialismo das convenções sociais e busca o agir por interesses
naturais.
✓ Rousseau é um opositor da educação do seu tempo, extremamente
autoritária, interessada em adaptar e adestrar a criança e que, ao
contrário dele, se apoiava na concepção de uma natureza má do ser
humano.

Immanuel Kant

✓ O autor indica que é por meio da consciência moral que o ser humano
rege sua vida prática, conforme certos princípios racionais (e não
religiosos).
✓ A moral formal se constrói a partir do postulado da liberdade que se
baseia na autonomia e exige a aprendizagem do controle do desejo
pela disciplina, a fim de que o indivíduo atinja seu próprio governo e
seja capaz de autodeterminação. O mesmo princípio da moral vale
para o saber. Nenhuma verdade é transmitida de fora, mas é
construída pelo sujeito.

Johann Heinrich Pestalozzi

✓ Pedagogo do século XIX, estudioso das ideias de Rousseau e Basedow


sempre se interessou pela educação elementar, sobretudo de
crianças pobres.
✓ Fundou uma escola que recolhia órfãos, mendigos e pequenos
ladrões, aos quais oferecia formação geral e reeducação profissional
por meio de trabalhos de fiação e tecelagem.
✓ É considerado um dos defensores da escola popular extensiva a
todos.

John Friedrich Herbart

✓ Propôs uma abordagem realista da pedagogia baseada na busca de


maior rigor dos métodos, cujas linhas principais são dadas pela
psicologia.
✓ Precursor da psicologia experimental aplicada à pedagogia.

Friedrich Nietzsche

✓ O teórico examina a cultura de seu tempo e lamenta o estilo de


educação de seu tempo: em toda sua obra condena a erudição vazia,
a educação intelectualizada, separada da vida.
✓ Nietzsche quer destruir a antiga ordem que aprisiona o espírito, mas
não sem apresentar a esperança da criação de novos valores que
sejam “afirmativos da vida”: a criança simboliza o começo, a
possibilidade de recuperação das energias vitais que foram abafadas
pela longa trajetória da educação greco-judaica-cristã.

Figura 4 – Teorias Educacionais

A seguir vamos acompanhar os apontamentos de cada tendência


pedagógica liberal e as suas intencionalidades na concepção de
mundo, concepção de ser humano, concepção de conhecimento e
de metodologia:

Tradicional
Pautada na repetição, com exercícios desvinculados da realidade, e
com a memorização e treinamento da mente para a incorporação. O
professor é o detentor do conhecimento e o aluno é um mero ouvinte e
acrítico. Não há atenção às necessidades emocionais ou sociais.
Escolanovista

Pauta-se principalmente pela prática. Volta-se a motivação do


individuo. A pesquisa é realizada pelos aprendizes de acordo com as suas
vontades. O professor é um facilitador um motivador do processo.

▪ As atividades voltam-se especialmente aos:

1 - Estudos dirigidos

2 - Método de projetos

3 - Fichas didáticas

4 - Contrato de ensino.

▪ Dão centralidade a recursos didáticos (material concreto).

Tecnicista

Enfatiza o fazer e não o saber (muitas vezes sabe-se fazer e não se sabe os
porquês). O professor é um administrador do processo, devendo seguir as
normas e procedimentos solicitados na execução do programa.

Já a tendência progressista é dividida em três concepções teóricas, a


pedagogia libertadora, pedagogia libertária e a pedagogia histórico-crítica.
Acompanhe a seguir algumas questões voltadas a cada uma das correntes
teóricas:
Pedagogia Libertadora - Parte de temas geradores extraídos da vida dos
alunos, saber do próprio aluno.
Pedagogia Libertária - O professor é o conselheiro, uma espécie de monitor
à disposição do aluno. Os conteúdos são colocados para o aluno, mas não
são exigidos. São resultantes das necessidades do grupo.
Pedagogia Histórico-crítica - As reflexões educacionais não podem ser
descoladas da realidade econômica, social, política e cultural do país.
Estas correntes representam uma sintetize da discussão teórica voltada
ao papel da filosofia da educação. Cada teoria anuncia um modo de
entender o mundo e aponta os resultados da educação oferecida à
sociedade.

IMPORTANTE:
Quando pensamos na realidade da educação para o trânsito,
compreendemos como fundamental. Está diretamente ligada à vida das
pessoas, pois todos transitam para o seu deslocamento. Neste sentido, é
fundamental refletir de maneira crítica sobre a educação para o trânsito
para a produção de competências de participação consciente dos espaços
públicos, tendo em vista as convivências coletivas.
A educação para o trânsito, pautada em uma concepção teórica que
compreende a vida como centralidade não se restringe aos estudos sobre
as regras, símbolos do sistema de trânsito, mas principalmente sobre o
exercício da cidadania com a efetivação de direitos sociais.

Pergunta reflexiva:
Como o instrutor de trânsito, que é um educador, pode contribuir com
uma postura reflexiva em relação ao trânsito?

Sensibilizando os educandos a compreender que o trânsito saudável


depende de escolhas a serem feitas, que se pautam em valores éticos e
morais de responsabilidade pela vida coletiva, do respeito e valorização
mútuos, justiça, cooperação, solidariedade, calma e conivência social. Além
de fundamento pautado na legislação que garante a segurança da
sociedade e existe para advertir e educar os usuários.
Ao pensar na filosofia da educação, sociedade e trânsito, destacamos
o exercício reflexivo em nosso trabalho educativo. O instrutor tem a função
social de sensibilizar os alunos a compreender e ter consciência dos
impactos das suas atitudes no trânsito que possibilitará uma atitude
coerente no trânsito. Neste sentido há valorização da vida.

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