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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

APOIO:

Juiz de Fora - MG
2
ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

Comissão Científica:

Ayumi Sakiyama Macedo


Bárbara Neto Campos
Lara Ferreira Camacho
Leticia Nunes Arantes Fuhr

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

Sumário

USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS POR ACADÊMICOS DE MEDICINA E SUA


RELAÇÃO COM O ESTRESSE DA GRADUAÇÃO...........................................................05

UTILIZAÇÃO DO ANTIPSICÓTICO DE AÇÃO PROLONGADA TRIMESTRAL NO


MANEJO DO PACIENTE COM ESQUIZOFRENIA............................................................07
A HABILIDADE DO PROFISSIONAL MÉDICO E DO ESTUDANTE DE MEDICINA NA
COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS ...............................................................................09
ASSOCIAÇÃO ENTRE MICROBIOTA INTESTINAL E TRANSTORNO DEPRESSIVO:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA..........................................................................................11
ATROFIA CORTICAL POSTERIOR: UM RELATO DE CASO...........................................13
A REPERCUSSÃO DO USO DOS BENZODIAZEPÍNICOS PRESCRITOS DE FORMA
IRRACIONAL......................................................................................................................14

CANABIDIOL: UM COMPONENTE DA CANNABIS SATIVA UTILIZADO NO


TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA..................................................................................15
CANNABIS E A SUA ASSOCIAÇÃO COM A ESQUIZOFRENIA......................................17
D- DIETILAMIDA DE ÁCIDO LISÉRGICO E SUA RELAÇÃO COM DISTÚRBIOS
PSICÓTICOS: UM ESTUDO DE REVISÃO......................................................................19
IMPORTÂNCIA DA CLÍNICA PARA DIAGNÓSTICO PRECOCE DA AFASIA
PROGRESSIVA PRIMÁRIA: REVISÃO SISTEMÁTICA....................................................21
EFEITO DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA COM CORRENTE DIRETA NO
NÚMERO DE CIGARROS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................23
EFEITOS DA LACOSAMIDA NA REMISSÃO DOS SINTOMAS DA EPILEPSIA FOCAL:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.........................................................................................25
EMERGÊNCIAS DE SAÚDE MENTAL PEDIÁTRICA NOS DEPARTAMENTOS DE
EMERGÊNCIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA...........................................................27
EXERCÍCIO FÍSICO: UM ALIADO PARA AS TERAPIAS TRADICIONAIS DA
DEPRESSÃO ....................................................................................................................29
IMPORTÂNCIA DA PSIQUIATRIA ESPORTIVA E O USO DE PSICOTRÓPICOS:
RELATO DE CASO............................................................................................................31
OCITOCINA INTRANASAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNOS DO ESPECTRO
AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA........................................................................33

OS DESAFIOS DA SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA......................................35


TRANSTORNOS PSICÓTICOS DE CURTA DURAÇÃO-
CLASSIFICAÇÃO..............................................................................................................37

REPERCUSSÕES PSIQUIÁTRICAS QUE INCLUÍRAM O VÍCIO EM JOGOS NA


CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS........................................................38

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DEPENDÊNCIA QUÍMICA NOS PROFISSIONAIS DA ÁREA MÉDICA............................40


IMPACTO DA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO NA QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS
COM TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICO............................................................................41
SÍNDROME DE BURNOUT NOS ESTUDANTES DE MEDICINA.....................................43

A TERAPIA DE ESTIMULAÇÃO DO NERVO VAGO NO TRATAMENTO DA


DEPRESSÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.................................................................45

PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PSIQUIÁTRICA EM URGÊNCIA E


EMERGÊNCIA: REVISÃO INTEGRATIVA........................................................................46
A PREVALÊNCIA DE EMPATIA DENTRE OS ESTUDANTES DE
MEDICINA..........................................................................................................................48
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS EM PESSOAS TABAGISTAS...................................49
USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS POR ACADÊMICOS DE MEDICINA E SUA
RELAÇÃO COM O ESTRESSE DA GRADUAÇÃO...........................................................51
RELAÇÃO ENTRE TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS E CONVERSIVOS
E ESPIRITUALIDADE: REVISÃO SISTEMÁTICA..............................................................53
USO DO CANABIDIOL NO TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS
TRAUMÁTICO...................................................................................................................54

PROCESSO DE TRABALHO DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA COM


GESTANTES USUARIAS DE DROGAS............................................................................56
USO DA CETAMINA NA TERAPIA ELETROCONVULSIVA NO PROGNÓSTICO DA
DEPRESSÃO MAIOR: REVISÃO SISTEMATICA.............................................................58
TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE: SUA CAUSA DECORRE DE UM
TRAUMA OU DE IATROGENIA TERAPÊUTICA?.............................................................60
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS TRAUMÁTICO NA INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO
COM O DESENVOLVIMENTO PESSOAL.........................................................................62

INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS ALIMENTARES:


REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................................64

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USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS POR ACADÊMICOS DE MEDICINA E SUA


RELAÇÃO COM O ESTRESSE DA GRADUAÇÃO

Schiavon, B.S.R¹; Takeuchi, M.C1; Freitas, P.C1; Macedo, M.E.G¹

1
Acadêmicos do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora – Suprema.
2
Docente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora –
Suprema.

RESUMO
Introdução: A vida universitária vai muito além de um período em que se busca conquistar
uma profissão futura, podendo configurar-se como uma fase de experiências novas para o
acadêmico, bem como de maior vulnerabilidade para o início e a manutenção do uso de
substâncias psicoativas (SPAs). Cursos de graduação, como a Medicina, que sabidamente
geram uma sobrecarga nos estudantes em decorrência da grande quantidade de
informação a ser assimilada, das competições entre alunos, da cobrança por parte dos
familiares e de problemas financeiros podem induzir os estudantes a procurarem meios de
melhorar o desempenho acadêmico, inclusive por drogas que estimulem o sistema nervoso
central. Objetivo: Avaliar a relação entre o aumento do estresse causado pelo curso de
Medicina e o uso de substâncias psicoativas pelos estudantes ao longo da graduação.
Método: Realizou-se uma pesquisa bibliográfica na base de dados PubMed e SciELO,
utilizando os seguintes termos: “substâncias psicoativas”, “estudantes de medicina” e
“estresse” e suas respectivas variações, de acordo com o MeSH. Foram encontrados 9
artigos que contemplaram o estudo. Discussão: O índice de estresse e ansiedade entre
acadêmicos de medicina é maior do que entre a população em geral, e a prevalência de
distúrbios psicológicos aumenta gradativamente ao longo da graduação. Os estudos
apontam que até 1/3 dos estudantes de medicina fazem uso de SPAs devido aos diversos
impactos na atividade mental que incluem aumento na capacidade de concentração,
privação do sono, alívio da carga de responsabilidades e da pressão de estarem
constantemente sob avaliação, e sensação de superação dos próprios limites. Esse número
é maior entre os estudantes do último ano do curso que, além de viverem sob o estresse
da graduação, também são assombrados pela proximidade das provas de residência e pelo
peso das responsabilidades de se tornarem médicos. Conclusão: O curso de medicina é
fatigante e muitas vezes os estudantes buscam nas SPAs uma forma de excederem seus
limites para cumprir as cobranças impostas. Contudo, vale ressaltar que são substâncias
nocivas à saúde e que trazem prejuízos quando usados indiscriminadamente. É preciso um
acompanhamento mais longo para analisar os reais impactos a saúde, além de um apoio
das faculdades de medicina para amenizar tal situação.

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Referências:

1. Bassols AM, Okabayashi LS, Silva AB, et al. First- and last-year medical students: is
there a difference in the prevalence and intensity of anxiety and depressive symptoms?
Rev Bras Psiq 2014; 36:233–40.
2. Emanuel RM, Frellsen SL, Kashima KJ, et al. Cognitive enhancement drug use among
future physicians: findings from a multi-Institutional census of medical students. J Gen
Intern Med 2012; 28(8):1028–34.
3. Fallah G, Moudi S, Hamidia A, et al. Stimulant use in medical students and residents
requires more careful attention. Caspian J Intern Med 2018; 9(1): 87-91.
4. Fernandes TF, Monteiro BMM, Silva JBM, et al. Use of psychoactives substances among
college students: epidemiological profile, settings and methodological limitations. Cad
Saúde Colet 2017; 25(4): 498-507.
5. Morgan HL, Petry AF, Licks PAK, et al. The consumption of brain stimulants by medical
students at a university in southern Brazil: prevalence, motivation, and perceived effects.
Rev Bras Educ Med 2017; 41(1): 102-9.

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UTILIZAÇÃO DO ANTIPSICÓTICO DE AÇÃO PROLONGADA TRIMESTRAL NO


MANEJO DO PACIENTE COM ESQUIZOFRENIA.

Sousa ACV¹; Carvalho GS¹; Costa GPQ¹; Oliveira MEA¹; Bassoli T¹; Souza TV²

¹ Acadêmico de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de


Fora/SUPREMA

² Professor Adjunto da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

RESUMO
Introdução: A esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico crônico caracterizado por psicose
ativa, déficits no funcionamento cognitivo e psicossocial. Sua taxa de prevalência é ao redor
de 0,9-11 por 1.000 habitantes e sua incidência anual está entre 0,1-0,7 novos casos para
cada 1.000 habitantes. A falha na adesão do uso de antipsicóticos aumentam as chances
de recaída, hospitalização e tentativas de suicídio. Neste cenário, o palmitato de
paliperidona de aplicação trimestral (PP3M), um antipsicótico injetável de ação prolongada,
torna-se uma alternativa viável, visto que permite um intervalo mais longo entre as
dosagens. Objetivo: Analisar, por meio de revisão sistemática, o atual estado da arte
acerca da utilização do PP3M em pacientes com esquizofrenia. Metodologia: Trata-se de
uma revisão de literatura realizada por meio de pesquisa na base de dados MedLine,
utilizando-se os descritores “paliperidone palmitate”, “schizophrenia” e “injectable” e suas
respectivas variações do MeSH. Utilizou-se como critério de inclusão os filtros "controlled
clinical trial", "humans", "5 years" e “review”. Foram encontrados dezessete artigos, dos
quais quatro foram selecionados para confecção do trabalho. Resultados: O PP3M
demonstrou benefícios em relação aos resultados clínicos e econômicos para pacientes,
cuidadores e sistema de saúde em geral, apresentando melhorias acerca dos sintomas
positivos e negativos, sendo este último um domínio com poucas opções terapêuticas. Além
disso, evidenciou-se que seu uso está atrelado à melhora na adesão e redução das taxas
de recaída e re-hospitalização. Isso foi comprovado por meio do baixo número necessário
para tratar (NNT) em 2 momentos do tratamento (6 e 12 meses), provando a eficácia na
manutenção da remissão na esquizofrenia, importante componente na recuperação dos
pacientes. Apresentou ainda um alto número de necessidade de causar dano (NNH), tendo
o mesmo englobado os efeitos extrapiramidais (EEP’s) como: acatisia, tremor, discinesia e
parkinsonismo. Ademais, cefaleia, ganho ponderal e nasofaringite também foram descritos.
Conclusão: Embora eventos adversos possam ocorrer, apresentam-se em baixa
propensão. Dessa forma, as evidências disponíveis apoiam uma posição de destaque para
o PP3M no atual arsenal terapêutico para esquizofrenia, visto que comprovam ser um
tratamento efetivo e com benefícios superiores ao uso dos antipsicóticos orais e injetáveis
mensais.

Palavras-chave: Palmitato de Paliperidona, Esquizofrenia, injetável

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Referências:

1. Savitz AJ, Xu H, Gopal S et al. Efficacy and Safety of Paliperidone Palmitate 3-Month
Formulation for Patients with Schizophrenia: A Randomized, Multicenter, Double-Blind,
Noninferiority Study. Int J Neuropsychopharmacol. 2016 Jul; 19(7).
2. Mathews M,Gopal Si,Nuamah I et al. Clinical relevance of paliperidone palmitate 3-
monthly in treating schizophrenia. Neuropsychiatr Dis Treat 2019:15 1365–1379.
3. Morris MT, Tarpada SP.Long-Acting Injectable Paliperidone Palmitate: A Review of
Efficacy and Safety. Psychopharmacol Bull. 2017 May 15; 47(2): 42–52.
4. Lopez A, Rey J. Role of paliperidone palmitate 3-monthly in the management of
schizophrenia: insights from clinical practice. Neuropsychiatr Dis Treat 2019; 15: 449–
456.

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A HABILIDADE DO PROFISSIONAL MÉDICO E DO ESTUDANTE DE MEDICINA NA


COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS

Bárbara Soares Parreira¹, Lara Ferreira Camacho¹, Lívia Ramos Lage¹, Carlos Eduardo
Oliveira Alves²

¹ Acadêmica de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora


² Docente da UFJF
RESUMO
Introdução: É notório o desafio de médicos e acadêmicos frente a aquisição de habilidades
para a transmissão de más notícias aos pacientes e familiares. Entende-se como má notícia
toda informação fornecida que implica em alterações e elucubrações negativas sobre as
perspectivas de futuro do paciente. A necessidade de clareza e empatia na comunicação
para o alcance de melhor adesão e satisfação com a terapêutica proposta tornou-se
evidente. Com isso, formas de aprimorar essa habilidade são cada vez mais estudadas e
valorizadas, tanto por médicos como por acadêmicos, mediante o incremento de alterações
curriculares durante a formação acadêmica. Objetivos: Explorar a importância da
habilidade de comunicação de más notícias na área da saúde. Método: Foram analisados
artigos publicados em inglês e português tendo como referência a base de dados MEDLINE
e SciELO. Os descritores e termos utilizados foram: “comunicação de más-notícias”,
“comunicação em saúde” e “modelos educacionais”. Resultados: A análise das evidências
permitiu verificar que más notícias, ao serem transmitidas de forma empática e habilidosa,
podem reduzir a ansiedade do paciente e sua família, aprimorar a comunicação contínua
entre a equipe de saúde, além de influir no ajuste psicológico com base em taxas mais
baixas de luto complicado. Entretanto, quando comunicada de forma inadequada, resulta
em má adesão aos tratamentos preconizados e, ao mesmo tempo, em morbidade
psicológica a longo prazo. Dessa forma, escolas médicas objetivam o desenvolvimento das
habilidades de comunicação verbal e não verbal, por meio de oficinas de treinamento com
utilização de protocolos validados, como o protocolo SPIKES, simulações e observações
de condutas exercidas em diferentes circunstâncias por profissionais experientes. Portanto,
a aplicação desses recursos em oficinas e treinamentos são potencialmente capazes de
oferecer aos estudantes técnicas para a elaboração de comunicação efetiva e,
consequentemente, conduzem à formação de médicos mais bem preparados e confiantes.
Conclusão: Os profissionais de saúde, em sua maioria, não se comunicam de forma a
influenciar positivamente o modo como os pacientes experienciam o impacto psicológico
inerente ao sofrimento gerado pelas más notícias comunicadas. Ademais, a habilidade de
comunicar más notícias não é inata, sendo necessário seu aprimoramento durante a
graduação, além de ser uma obrigação ética a ser cumprida, emergindo como uma
ampliação terapêutica integral.

Referências:
1. Buckman R. Breaking bad news: why is it still so difficult? Br Med J (Clin Res Ed). 1984
May 26;288(6430):1597-9.

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2. Freiberger  MH , Carvalho D, Bonamigo EL. Comunicação de más notícias a pacientes na


perspectiva de estudantes de medicina. Rev. bioét. (Impr.). 2019; 27 (2): 318-25

3. Silveira FJF, Botelho CC, Valadão CC. Breaking bad news: doctors’ skills in
communicating with patients. Sao Paulo Med J. 2017; 135(4):323-31

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ASSOCIAÇÃO ENTRE MICROBIOTA INTESTINAL E TRANSTORNO DEPRESSIVO:


UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Fernando Rosental, Gabriela Coelho Couto Rocha Corrêa, Eduarda Purgato Mesquita
Monteiro, João Vitor Tavares Silveira, Patrícia Boechat Gomes Rosental F1, Corrêa
GCCR1, Monteiro EPM¹, Silveira JVT¹, Gomes PB²

1
Discentes da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora/ SUPREMA
2
Docentes da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora/ SUPREMA

RESUMO
Introdução: A depressão é uma doença com alta prevalência e lidera como principal
problema de saúde no mundo. Pessoas depressivas tem maior risco de morte por todas as
doenças comparadas aos não depressivos. É capaz de comprometer a vida em múltiplos
aspectos, incluindo social e profissional, o que gera altos custos para sociedade e maior
suscetibilidade ao suicídio. A terapia usual possui eficácia insatisfatória, baixa adesão e a
refratariedade não é rara. Urge novas estratégias de prevenção e tratamento e o estudo
sobre microbiota abre a possibilidade de tornar-se uma delas. Objetivo: Analisar, por meio
de uma revisão sistematizada, o estado da arte sobre microbiota intestinal e sua provável
interação com transtorno depressivo. Métodos: Foram analisados ensaios clínicos
controlados e randomizados e revisões sistemáticas, com níveis de evidência A, indexados
na base de dados MedLine, publicados originalmente em inglês, nos últimos 5 anos. Os
descritores utilizados mediante consulta ao MeSH foram: “Depression”, “Intestinal
Microbiota”. Resultados: As evidências sugerem que a microbiota intestinal participa da
função do sistema nervoso central, principalmente por mecanismos inflamatórios, através
do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e sistema imune, alterando os neurotransmissores.
Indivíduos com depressão tem seu conjunto de microorganismos intestinais diferente de
indivíduos saudáveis. Espécies associadas a mecanismos estressores e pró-inflamatórios
em maior número; outras com atividade anti-inflamatória e no metabolismo da serotonina,
ácido gama-aminobutírico (GABA) e Fator Neurotrófico derivado do Cérebro (BDNF, em
inglês) em menor quantidade. A doença também exibe níveis elevados de marcadores
inflamatórios como IL-6, TNF- α, IL-1β, além de IgA e IgM, possivelmente associado aos
outros achados. Testes em animais reforçam a hipótese: ao induzir-lhes sintomas
depressivos, suas microbiotas se alteram; roedores previamente hígidos ao receberem
transplante de microbiota de pessoas com depressão apresentam sintomas
correlacionados ao transtorno. Conclusão: Conclui-se, portanto, que há fortes evidências
suportando a relação entre microbiota intestinal e as alterações encontradas em indivíduos
com transtorno depressivo. Esses dados abrem a possibilidade para novas formas de
prevenção e tratamento, as quais poderiam ser mais eficazes, melhor aderidas e com
menos efeitos colaterais que as utilizadas atualmente. Todavia, ainda necessitam melhores
investigações.
Palavras-chave: Depressão, Microbiota Intestinal

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Referências:
1. Aizawa E, Tsuji H, Asahara T, et al. Possible association of Bifidobacterium and
Lactobacillus in the gut microbiota of patients with major depressive disorder. Journal of
Affective Disorders 2016; 202: 254-257.
2. Jiang H, Ling Z, Zhang Y, et al. Altered fecal microbiota composition in patients with major
depressive disorder. Brain Behav Immun 2015; 48: 186-194.
3. Zheng P, Zeng B, Zhou C, et al. Gut microbiome remodeling induces depressive-like
behaviors through a pathway mediated by the host’s metabolism. Molecular Psychiatric
2016: 1-11.
4. Kelly JR, Clarke G, Cryan JF, et al. Brain-gut-microbiota axis: challenges for translation
in psychiatry. Annals of Epidemiology 2016.
5. Cenit MC, Sanz Y, Codoñer-Franch P. Influence of gut microbiota on neuropsychiatric
disorders. World Journal of Gastroenterology 2017; 23(30): 5486-98.

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ATROFIA CORTICAL POSTERIOR: UM RELATO DE CASO

Ferreira ACL¹, Ramos HG¹, Oliveira GC¹, Andrade DBB¹, Pereira ACRB¹, Toledo PMS²,
Fonseca SL³

¹ Acadêmica do 12º período de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde


de Juiz de Fora – SUPREMA
² Docente da disciplina de Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de
Juiz de Fora – SUPREMA
³ Psiquiatra, especialista em Geriatria, docente do programa de residência em Psiquiatria da
Universidade Federal de Juiz de Fora

RESUMO
Introdução: A Atrofia Cortical Posterior (ACP) é um subtipo raro da doença de Alzheimer,
de apresentação atípica - não-amnésica. É uma doença neurodegenerativa progressiva, de
acometimento precoce, que possui diferentes padrões de atrofia cerebral, com predomínio
parietal e posterior, áreas responsáveis pelas atividades visuais, gestuais e de percepção
espacial. Objetivos: Relatar o caso de um paciente diagnosticado com ACP, assistido pelo
Hospital Sírio Libanês, São Paulo – SP, ressaltando a importância do diagnóstico e
tratamento precoces. Relato de caso: C.J.B.G., sexo masculino, 58 anos, diabético tipo 2,
hipertenso e dislipidêmico. Há 2 anos, procurou serviço de Neurologia acompanhado de
sua esposa, por apresentar de forma insidiosa, após 2015, sintomas visuo-espaciais
complexos. Destacam-se a dificuldade de localização de rotas e trajetos, simultanagnosia,
ataxia óptica, desorientação espacial, alexia, agrafia, apraxia ocular e do vestir, “navegação
corporal” em relação a objetos sólidos e anosognosia. Ao exame neurocognitivo,
evidenciaram-se alterações importantes no Teste do Relógio e Mini Exame do Estado
Mental (MEEM). Foi solicitado Cintilografia de Perfusão Cerebral (SPECT) e Ressonância
Magnética do Crânio (RNM). No SPECT, verificou-se “hipofluxo sanguíneo cerebral com
destaque para a região parietal superior direita, com extensão para a transição
temporoparietal posterior e temporal inferior homolateral e para a região paracentral parietal
bilateral, particularmente para o giro pós-central”. À RMN, “importante alargamento dos
sulcos corticais inferindo sinais de redução volumétrica encefálica de forma mais acentuada
nas regiões parietais, sobretudo à direita. Raros focos de alteração do sinal da substância
branca dos hemisférios cerebrais, inespecíficos, podendo representar gliose”. Descartada
a possibilidade de doença oftalmológica ou tumor cerebral, foi confirmado o diagnóstico de
ACP. Atualmente, recebe acompanhamento multiprofissional e faz uso de Memantina
20mg/dia, Rivastigmina 12mg/dia e Escitalopram 20mg/dia. Conclusão: Por se tratar de
uma doença neurodegenerativa progressiva, o diagnóstico precoce e tratamento correto da
ACP garantem muitos benefícios, como a manutenção do nível cognitivo e funcional. Faz-
se necessário, portanto, novas pesquisas e divulgação do tema, inclusive para o cuidador,
cujo o apoio é fundamental no suporte das atividades mais complexas, evitando estresse
emocional e maior sofrimento do paciente.

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A REPERCUSSÃO DO USO DOS BENZODIAZEPÍNICOS PRESCRITOS DE FORMA


IRRACIONAL

Ana Laura Campos Valadares ¹, Artur Laizo²,Flavia Mancilha Bernardes ¹, Daniel


Queiroz¹,Gabriela Borges Teixeira ¹, Wallyson Ferreira da Costa³

¹Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora – FAME/JF


– UNIPAC.
² Docente do curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Juiz de ForaFAME/JF
³Acadêmico do curso de Medicina da FAMINAS-BH

RESUMO
Introdução: Os benzodiazepínicos constituem o grupo de psicotrópicos mais comumente
usados na prática clínica devido as suas quatro atividades principais: ansiolítica, hipnótica,
anticonvulsivantes e relaxante muscular. O uso irracional dessa medicação têm aumentado
exponencialmente na última década. Objetivo: A pesquisa teve como objetivo listar a
repercussão do abuso dessas drogas no âmbito biológico e social, bem como medidas para
minimizar o consumo exagerado dessas medicações. Metodologia: Foram revisados
artigos nas bases de dados do MEDLINE (PubMed) e Scielo. Resultado: Evidências
literárias médicas sugerem aumento no risco de mortalidade por todas as causas entre
adultos que utilizam benzodiazepínicos, mesmo por curta duração. O uso irracional dessa
classe terapêutica têm implicações importantes para a saúde pública devido ao grande
número de pessoas que utilizam estes medicamentos. Conclusão: Diante do exposto,
pode-se concluir que o aumento do consumo dos benzodiazepínicos nas capitais de maior
densidade demográfica e percentual de médicos se deve à crescente medicalização da
sociedade moderna; refletindo na dependência da droga, uma vez que o uso é, muitas
vezes, incentivado e mantido pelos próprios profissionais de saúde. Ademais, torna - se de
suma importância avaliar a relação de risco – benefício antes de realizar a prescrição das
citadas drogas, a fim de que não afete a qualidade de vida do paciente com as cascatas
iatrogênicas que a inadequação do uso de fármacos podem causar aos usuários.
Palavras Chaves: Benzodiazepínicos, uso irracional, dependência, iatrogênicas.

Referências:
1.Naloto, Daniele Cristina Cominoet al. Prescrição de
benzodiazepínicos para adultos e idosos de um ambulatório de saúde mental.
Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2016, v. 21, n. 4 [Acessado 29 Agosto 2019],
pp. 1267-1276. Disponível em:<https://doi.org/10.1590/141381232015214.10292015>.
ISSN 1678-4561.
https://doi.org/10.1590/1413-81232015214.10292015.
2.Sonnenberg CM, Bierman EJM, Deeg DJH, Comijs HC, Van Tilburg W,
Beekman AT. Ten-year trends in benzodiazepine use in the Dutch population.
Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2012;47(2):293-301.http://dx.doi.org/10.1007/s00127-
011-0344-1
3.Correia GAR, Gondim APS.Utilização de benzodiazepínicos e estratégias farmacêuticas
em saúde mental.Saúde Debate. 2014;38(101):393-8. http://dx.doi.org/10.5935/0103-
1104.20140036

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CANABIDIOL: UM COMPONENTE DA CANNABIS SATIVA UTILIZADO NO


TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA

Lage LR3, Lage RR2, Parreira BS3, Sabioni ALE3, Santis DB3, Saldanha RM1

¹ Docente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora


² Médico formado no Centro Universitário de Volta Redonda
3
Acadêmica de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora

RESUMO
Introdução: A dor crônica é uma condição clínica heterogênea, muitas vezes associada à
diabetes, AIDS, esclerose múltipla, artrite reumatoide, fibromialgia, câncer, traumas e
neuropatias periféricas. Uma vez que a dor crônica apresenta alta prevalência nos
atendimentos médicos e resposta insatisfatória a certos medicamentos, torna-se imperativa
a busca por novas terapêuticas para o seu tratamento. Com isso, o canabidiol (CBD),
composto produzido pela Cannabis sativa (Cs), é fonte de pesquisa no uso alternativo para
a analgesia da dor. Objetivo: Explicar, através de artigos nacionais e internacionais, a
utilização do CBD no tratamento da dor crônica. Métodos: As informações foram retiradas
de artigos científicos em inglês e português, publicados nos últimos 5 anos nas bases
indexadoras PubMed e SciELO. Para seleção dos artigos utilizaram-se os seguintes
descritores: canabidiol, cannabis sativa, CBD e dor crônica. Foram excluídos artigos não
disponíveis de forma íntegra e estudos não realizados em seres humanos. Resultados: A
Cs contêm 2 principais ligantes dos receptores canabinóides (CB), o tetrahidrocanabinol
(THC) e o CBD, que se ligam aos receptores CB1 e CB2, encontrados em vários órgãos e
tecidos do corpo humano. O CBD atua nos sistemas neuronais e no endocanabinóide, não
interagindo com o sistema dopaminérgico e, por isso, não gera euforia, agitação e outros
efeitos psicotrópicos associados ao uso do THC. Os receptores CB1 e CB2 estão acoplados
à proteína G e o aumento do cálcio intracelular permite que o CBD ligue-se aos receptores,
ocasionando a inibição da enzima adenilato ciclase, abertura dos canais de potássio,
diminuição da transmissão dos sinais e fechamento dos canais de cálcio. Tudo isso leva a
um decréscimo na liberação de neurotransmissores e, consequente, inibição do impulso
nervoso da dor. Conclusão: O CBD é indicado como opção terapêutica para pacientes com
dor neuropática severa, pacientes com baixa resposta ao uso de gabapentinoides,

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

antidepressivos tricíclicos e opióides ou com baixa tolerabilidade aos efeitos colaterais


desses medicamentos. Assim, o CBD representa uma alternativa eficaz no tratamento da
dor crônica por ser bem tolerado, ter uma ampla faixa de dosagem, não causar depressão
respiratória e não possuir efeitos psicoativos. No entanto, é de extrema importância que se
invista em pesquisas a longo prazo para que o CBD seja recomendado com segurança na
cura de enfermidades, delimitando suas contraindicações e benefícios.

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CANNABIS E A SUA ASSOCIAÇÃO COM A ESQUIZOFRENIA

Ana Laura Campos Valadares1 , Daniel Oliveira Queiroz1 , Flavia Mancilha Bernardes1 ,
Gabriela Borges Teixeira1 , Wallyson Ferreira da Costa2 , Artur Laizo3

1
Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora – FAME/JF
– UNIPAC.
2
Acadêmico do curso de Medicina da FAMINAS-BH
3
Docente do curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora –
FAME/JFUNIPAC.

RESUMO
Introdução: A cannabis, conhecida popularmente como maconha, é uma das drogas mais
consumidas no mundo, sobretudo por doentes com doença psiquiátrica. O seu uso durante
a adolescência pode estar associado a importantes efeitos adversos em longo prazo e, no
que se refere à esquizofrenia, existem evidências de que a intoxicação por maconha pode
desencadear ou promover a exacerbação de sintomas psicóticos já existentes em
indivíduos vulneráveis. Objetivo: Fazer um levantamento bibliográfico dos trabalhos que
estabelecem uma relação causal entre o uso abusivo de maconha e a manifestação de
esquizofrenia; se o consumo de cannabis aumenta o risco de desenvolver esse transtorno
(e se existem fatores de susceptibilidade individual) e o impacto do consumo na doença
estabelecida. Metodologia: Foi utilizado do método de revisão bibliográfica, coletando
dados através de pesquisas nas bases de dados eletrônicas SciElo, BIREME e Portal de
Revistas da USP, utilizando os descritores “Cannabis”, “Abuso de maconha”,
“Dependência”, “Transtornos mentais” e “Esquizofrenia”. O estudo foi realizado durante o
mês de agosto de 2019. Resultados: Os estudos analisados revelaram que a maconha
pode ser considerada como um fator de risco, com seu uso aumentando em cerca de três
vezes a chance de desenvolver esquizofrenia. Como a maior parte dos indivíduos que
utilizaram a droga não desenvolveram esse transtorno, sugere-se que seja necessária a
ocorrência simultânea de outros fatores que contribuam para o desfecho. Junto a isso,
averiguou-se a associação entre uso de maconha na adolescência (< 15 anos) e
desenvolvimento de psicose em indivíduos homozigotos para o alelo Val na posição 158 do
gene da catecol-Omeitltransferase (COMT), sugerindo a existência de uma susceptibilidade
individual. Por fim, foi evidenciado o impacto negativo da droga na doença já estabelecida,
como, por exemplo, a maior severidade dos sintomas psicóticos e o aumento de recaídas,
pior aderência ao tratamento e mais hospitalizações. Conclusão: Observa-se que, de
acordo com os artigos revisados, há uma íntima relação entre abuso de cannabis e
desencadeamento de psicoses agudas. Os esquizofrénicos que consomem a droga
apresentam um pior prognóstico do que os não consumidores, logo, é importante encorajar
a abstinência desta droga, particularmente em grupos de risco, como os jovens e os
indivíduos com predisposição genética.

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

Referências:
1. ARARIPE NETO, A.; BRESSAN, R.; BUSATTO FILHO, G. Physiopathology of
schizophrenia: current aspects . Archives of Clinical Psychiatry, v. 34, n. supl.2, p. 198-
203, 1 jan. 2007.
2. IEHL, Alessandra; CORDEIRO, Daniel Cruz; LARANJEIRA, Ronaldo. Abuso de cannabis
em pacientes com transtornos psiquiátricos: atualização para uma antiga evidência. Rev.
Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 32, supl. 1, p. 541- 545, May 2010 . Available from . access
on 27 Aug. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462010000500007.
3. SOARES-WEISER, Karla; WEISER, Mark; DAVIDSON, Michael. Uso de maconha na
adolescência e risco de esquizofrenia. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 25, n. 3, p.
131-132, Sept. 2003 . Available from . access on 27 Aug. 2019.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462003000300003.
4. RIBEIRO, Marcelo et al . Abuso e dependência da maconha. Rev. Assoc. Med. Bras.,
São Paulo , v. 51, n. 5, p. 247-249, Oct. 2005 .
5. Lopes Freitas da Silveira, Jássia., Lazzarini de Oliveira, Roberto., Magalhães Viola,
Bárbara., Marques da Silva, Thaís., Miranda Machado, Richardson., Esquizofrenia e o
uso de álcool e outras drogas: perfil epidemiológico. Rev Rene [en linea]. 2014, 15(3),
436-446. http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=324031781008

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D- DIETILAMIDA DE ÁCIDO LISÉRGICO E SUA RELAÇÃO COM DISTÚRBIOS


PSICÓTICOS: UM ESTUDO DE REVISÃO

Bárbara Figueiredo Ferreira¹, Giovanni Henrique Silva Lima¹, Isabela Salim Ferreira¹, João
Vitor Tavares Silveira¹, Leandro Véspoli Campos².

1
Acadêmico de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora
– Suprema
2
Docente da disciplina de Farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde
de Juiz de Fora – Suprema

RESUMO
Introdução: A Dietilamida do ácido D-lisérgico (LSD) é a substância mais notável por alterar
profundamente o comportamento humano, principalmente distúrbios de percepção
sensorial e alucinações, quadro semelhante a um estado psicótico. Objetivo: Abordar as
evidências mais recentes no que se refere ao LSD e sua relação com distúrbios psicóticos.
Método: Foi feita busca em literatura e no MEDLINE em setembro de 2017. A busca pelos
descritores foi efetuada mediante consulta no MeSH, sendo eles: d-Lysergic Acid
Diethylamide, schizophrenia e psychosis. Incluiu-se estudos em inglês, feitos com humanos
e publicados nos últimos cinco anos excluindo-se os estudos que não estabeleceram uma
relação entre o LSD e psicoses. Foram encontrados vinte e um estudos e, após aplicação
dos critérios de inclusão e exclusão, apenas três artigos fizeram parte da análise final.
Resultados: Houve uma confirmação entre os efeitos produzidos pelo LSD e os primeiros
sintomas de esquizofrenia, induzido por um estado transito-psicótico. Verificou-se que, em
doses elevadas, são comuns alucinações, desorganização conceitual e pensamentos
incomuns. Ademais, os indivíduos com um risco pré-existente, podem ser induzidos a
psicose, descrita como paranoia, pânico, confusão e comprometimento de raciocínio. Na
neuroimagem, revelou-se mudanças relevantes na atividade cerebral após o uso de LSD,
semelhantes a alterações observadas em pacientes esquizofrênicos. A partir da diminuição
da sinalização entre o parahipocampus e o córtex retrosplenial, houve correlação com
classificações de "dissolução do ego" e "significado alterado", ambos considerados como
características da psicose. Outros efeitos comuns, são a distorção de espaço/tempo,
mudança de metamorfose em contornos do corpo e imagens visuais intensas, com
conteúdo de transformação e déficit em giro sensório-motor. Conclusão: Torna-se
evidenciado, portanto, a ação mimética à esquizofrenia que a D- Dietilamida de ácido
lisérgico produz no indivíduo que faz uso dessa substância, principalmente distúrbios de
identidade, distorção do tempo, assim como alterações nos sentidos.
Palavras-chave: d-Lysergic Acid Diethylamide. Esquizofrenia. Efeitos Psicóticos

Referências:
1. Brunton L. Laurence, Chabner Bruce A., Knollmann Björn C.. As bases da
Farmacológicas da Terapêutica de Goodman e Gilman. 12th ed. New York: AMGH; 2012.
2. Gregorio D, Comai Stefano, Posa L, Gobbi G. d-Lysergic Acid Diethylamide (LSD) as a
Model of Psychosis: Mechanism of Action and Pharmacology. Int J Mol Sci. 2016 Nov;
17(11): 1953.

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3. K Dydak, M Śliwińska-Mossoń, H Milnerowicz. [Psilocybin - public available


psychodysleptic]. Postepy Hig Med Dosw. 2015 Sep 7;69:986-95.
4.Szabo A. Psychedelics and Immunomodulation: Novel Approaches and Therapeutic
Opportunities. Front Immunol 2015 Jul 14;6:358

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IMPORTÂNCIA DA CLÍNICA PARA DIAGNÓSTICO PRECOCE DA AFASIA


PROGRESSIVA PRIMÁRIA: REVISÃO SISTEMÁTICA

Oliveira MEA1; Bassoli T1; Carvalho GS1; Silva LCL2; Costa GPQ1; Sousa ACV1

1
Faculdade de Ciência Médicas e da Saúde de Juiz de Fora/SUPREMA
2
Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora/SUPREMA

RESUMO
Introdução: Afasia Progressiva Primária (APP) refere-se a uma desordem linguística
causada por doença neurodegenerativa, sendo uma síndrome clínica e patológica
caracterizada por perda progressiva em cognição ou linguagem, classificando-se como uma
demência fronto-temporal. Essa demência, com prevalência de 0,13-0,18%, é a mais
comum depois do Alzheimer. Os pacientes são frequentemente afetados no final da meia-
idade e apresentam histórico de declínio gradual, ao longo de vários meses ou vários anos,
mas algumas flutuações não são incomuns. Objetivo: Ratificar a importância da análise
clínica para o diagnóstico precoce e um melhor prognóstico de APP. Metodologia: Revisão
Sistemática da literatura nas bases de dados MedLine, utilizando-se o descritor “Primary
Progressive Nonfluent Aphasia” e suas variações segundo o MeSH, com os filtros “humans”
e “5 years”. Deu-se preferência aos estudos de revisão, de revisão sistemática e aos
ensaios clínicos. Resultados: Um dos estudos analisados visava classificar as variantes
da APP, sendo observados 100 casos caracterizados pelos seguintes critérios clínicos:
agramatismo de fala espontânea, distúrbios motores de fala e compreensão sintática,
padronizando, clinicamente, os 3 tipos dessa doença. Outro estudo também ratifica a
importância de estabelecer o contexto do distúrbio da linguagem para caracterizar a
síndrome. Esse mesmo estudo aponta que o tratamento eficaz da APP depende do
diagnóstico precoce, melhor caracterização entres os 3 tipos de APP, estadiamento mais
preciso da doença e da incapacidade e identificação de novos biomarcadores que podem
direcionar a patologia do tecido e rastrear os efeitos terapêuticos, antes da atrofia
irrecuperável do cérebro. Outros 4 artigos discutem a APP como uma perda progressiva
das funções da linguagem com preservação relativa inicial de outros domínios cognitivos,
sendo uma síndrome clínica diagnosticada pela presença de afasia, pela

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neurodegeneração sem alteração inicial de comportamento ou memória. Apenas um artigo


foi inconclusivo à revisão, por discutir prevalência da APP em países latino-americanos.
Conclusão: Os resultados apontam para a necessidade de reconhecer esses pacientes
com alta precisão durante a vida, a fim de aumentar a compreensão da doença, que
compromete funções humanas. Assim, a tarefa do clínico é reconhecer a APP e diferenciá-
la de outros fenótipos neurodegenerativos, instituindo intervenções multimodais cabíveis.
Palavras-chave: Afasia Progressiva Primária, Doença Fronto-Temporal, Diagnóstico
Clínico.

Referências:
1- Harris JM, Jones M. Pathology in Primary Progressive Aphasia Syndromes. Curr Neurol
Neurosci Rep 2014; 14:1-10.
2- Custodio N, Herrera-Perez E, Lira D, Montesinos R, Bendezu L. Prevalence of
Frontotemporal Dementia in Community-Based Studies in Latin America A Systematic
Review. Dement Neuropsychol 2013; 7:27-32.
3- Marshall CR, Hardy CJD, Volkmer A, Russell LL, Bond RL, Fletcher PD et al. Primary
progressive aphasia: a clinical approach. Journal of Neurology 2018; 265:1474–90.
4- Mesulam M. Primary Progressive Aphasia A Dementia of the Language Network.
Dement Neuropsychol 2013; 7:2-9.
5- Mesulam M, Rogalski EJ, Wieneke C, Hurley RS, Geula C, Bigio EH et al. Primary
Progressive Aphasia and the Evolving Neurology of the Language Network. Nat Rev
Neurol 2014; 10:554-69.
6- Senaha MLH, Caramelli P, Brucki SMD, Smid J, Takada LT, Porto CS et al. Primary
Progressive Aphasia Classification of Variants in 100 Consecutive Brazilian Cases.
Dement Neuropsychol 2013; 7:110-21.
7- Kertesz A, Harciarek M. Primary Progressive Aphasia. Scand J Psychol 2014; 55:191-
201.

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

EFEITO DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA COM CORRENTE DIRETA NO


NÚMERO DE CIGARROS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Larissa Freesz de Almeida1, Lucas Abreu de Souza1, Guilherme Rangel e Souza1, Felipe
Freesz de Almeida2, César Augusto Souza Lima de Mello3, Maria Célia Vitor de Souza
Brangioni4

1
Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz
de Fora – Suprema.
2
Médico Clínico Geral - Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora –
Suprema.
3
Médico Psiquiatra - Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora –
Suprema.
4
Médica Psiquiatra - Hospital Universitário de Brasília-DF.

RESUMO
Introdução: A Estimulação Transcraniana com Corrente Direta (ETCD) consiste na
aplicação de uma corrente de baixa intensidade através do couro cabeludo, utilizando-se
dois eletrodos. Essa técnica é empregada em diversas pesquisas, visando alcançar, por
exemplo, uma possível redução do número de cigarros diários (NCD) fumados1. Objetivo:
Analisar os efeitos da ETCD no NCD em tabagistas. Metodologia: Revisão bibliográfica de
evidências científicas da base de dados indexada MedLine, utilizando os descritores
"Transcranial Direct Current Stimulation", "Smoking" e "Cigarrette" e suas respectivas
variações segundo o MeSH; sendo escolhidos 9 artigos diretamente relacionados ao tema
dentre os 18 encontrados. Resultados: Dentre os artigos analisados, um não demonstrou
redução no NCD após a ETCD (Falcone et al., 2019) 2. Quatro relataram redução do NCD,
porém sem diferença significativa entre os grupos ativo e placebo (Mondino et al., 2018;
Alghamdi et al., 2019; Falcone et al., 2016; Meng et al., 2014) 1,3,4,5. Quatro obtiveram
redução no NCD com diferença significativa para o grupo ativo (Boggio et al., 2009; Fecteau
et al., 2014; Ghorbani Behnam et al., 2019; Vitor de Souza Brangioni et al., 2018) 6,7,8,9.
Boggio et al. (2009) realizou 5 sessões de potência 2 mA por 20 minutos, aplicando o anodo
no Córtex Pré-Frontal Dorsolateral (CPFDL) esquerdo e o catodo no CPFDL direito, e
obteve redução de 30% no NCD no grupo ativo contra 10% no grupo placebo 6. Fecteau et
al. (2014) estimulou com o anodo no CPFDL direito e o catodo no CPFDL esquerdo em 2
sessões de 2 mA por 30 minutos, e alcançou diferença significativa entre a diminuição do
NCD no grupo ativo (p=0,03)7. Ghorbani Behnam et al. (2019), que realizou 20 sessões de
2 mA por 20 minutos com o anodo no CPFDL esquerdo e o catodo no CPFDL direito, relatou
diferença significativa no grupo ativo em relação ao placebo, sem diferença no grupo ativo
em relação ao grupo que recebeu Bupropiona 8. Por fim, Vitor de Souza Brangioni et al.
(2018) usou o anodo no CPFDL esquerdo e o catodo na região Supraorbital direita, em 5
sessões de 1 mA por 20 minutos, e concluiu que o grupo ativo consumiu, em média, 7,11
cigarros a menos que o grupo placebo 9. Conclusão: Os resultados demonstram uma

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possível efetividade da ETCD na redução do NCD consumidos. Entretanto, são necessários


mais estudos com amostras maiores para determinar os parâmetros ótimos de estimulação
e as montagens de eletrodos que possam ser mais eficazes e bem toleradas.

Referências:
1. Mondino M, Luck D, Grot S. et al. Effects of repeated transcranial direct current
stimulation on smoking, craving and brain reactivity to smoking cues. Sci Rep 2018; 8(1),
8724.
2. Falcone M, Bernardo L, Wileyto EP. et al. Lack of effect of transcranial direct current
stimulation (tDCS) on short-term smoking cessation: Results of a randomized, sham-
controlled clinical trial. Drug Alcohol Depend 2019; 194, 244–251.
3. Alghamdi F, Alhussien A, Alohli M. et al. Effect of transcranial direct current stimulation
on the number of smoked cigarettes in tobacco smokers. PLoS One 2019; 14(2),
e0212312.
4. Falcone M, Bernardo L, Ashare RL. et al. Transcranial direct current brain stimulation
increases ability to resist smoking. Brain Stimul 2016; 9(2), 191–196.
5. Meng ZQ, Liu C, Yu CY, Ma YY. Transcranial direct current stimulation of the frontal-
parietal-temporal area attenuates smoking behavior. J Psychiatr Res 2014; 54, 19–25.
6. Boggio PS, Liguori P, Sultani N, Rezende L, Fecteau S, Fregni F. Cumulative priming
effects of cortical stimulation on smoking cue-induced craving. Neurosci Lett 2009;
463(1), 82–86.
7. Fecteau S, Agosta S, Hone-Blanchet A. et al. Modulation of smoking and decision-making
behaviors with transcranial direct current stimulation in tobacco smokers: A preliminary
study. Drug Alcohol Depend 2014; 140, 78–84.
8. Ghorbani Behnam S, Mousavi SA, Emamian MH. The effects of transcranial direct current
stimulation compared to standard bupropion for the treatment of tobacco dependence: A
randomized sham-controlled trial. Eur Psychiatry 2019; 60 (2019) 41–48.
9. Vitor de Souza Brangioni MC, Pereira DA, Thibaut A, Fregni F, Brasil-Neto JP, Boechat-
Barros R. Effects of prefrontal transcranial direct current stimulation and motivation to quit
in tobacco smokers: A randomized, sham controlled, double-blind trial. Front Pharmacol
2018; 9.

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EFEITOS DA LACOSAMIDA NA REMISSÃO DOS SINTOMAS DA EPILEPSIA FOCAL:


UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Meirelles JPSC2; Mata AA1; Bernardes FS1; Bernardes PS1; Nogueira MLP1; Ferreira
MBS1; Souza GHL2; Macedo MEG3.

1
Acadêmico de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora
– SUPREMA
2
Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF.
3
Docente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora – SUPREMA

RESUMO
Introdução: A epilepsia é caracterizada pela convulsão associada à descarga episódica de
alta frequência de impulso por grupo de neurônios cerebrais. A lacosamida é um novo
medicamento antiepilético (FAE) liberado como terapia para epilepsia focal. Esse fármaco
apresenta aminoácidos funcionalizados e tem sua ação mediada pelo prolongamento da
inativação dos canais de sódio regulados por voltagem. Métodos: Foram analisados
ensaios clínicos controlados e randomizados publicados originalmente na língua inglesa,
nos últimos 10 anos, em humanos acima de 19 anos, tendo como referência a base de
dados MedLine. Após consulta ao MeSH utilizou-se os descritores: Treatment, Partial
Epilepsy, Lacosamide. Foram incluídos estudos envolvendo adultos maiores de 19 anos
portadores de epilepsia parcial que foram tratados com o fármaco lacosamida. Foram
excluídos estudos com métodos pouco claros e publicações pouco relacionadas ao objetivo
da revisão. Inicialmente foram encontrados 177 estudos e, após aplicar critérios de inclusão
e exclusão, 5 artigos fizeram parte da análise final. A escala PRISMA foi utilizada para
melhorar o relato dessa revisão. Resultados: A lacosamida se mostrou eficaz na melhora
clínica, na redução das crises parciais, principalmente em pacientes inadequadamente
controlados, sendo a reposta mais notável em crises tônico-clônicas, e na amenização em
pacientes com crise parcial complexa e generalizada secundária, como monoterapia ou
adjuvante a outros FAEs, independente do histórico cirúrgico de epilepsia. Quando
associada a FAE de forte indutor do metabolismo do citocromo P450 (em comparação a
FAE sem forte indução), apresentou redução significativa da concentração plasmática. Os
efeitos adversos emergentes do tratamento (EAET) com LCM mais comuns encontrados
nas evidências científicas foram: tontura, cefaleia, náuseas, convulsão, sonolência, diplopia
e visão turva. Essa análise indicou que a incidência de efeitos adversos foi maior durante a

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

politerapia medicamentosa. Além disso, os achados científicos corroboraram que a


tolerabilidade da LCM é favorável e que diminui com o aumento da dose. Conclusão: Isto
posto, as evidências demonstraram que o uso de lacosamida apresenta um impacto
relevante e positivo em indivíduos com epilepsia, podendo causar remissão de sintomas
como diminuição de crise parciais. Embora existam efeitos adversos, a monoterapia de
LCM ainda constitui uma alternativa bem tolerável.

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

EMERGÊNCIAS DE SAÚDE MENTAL PEDIÁTRICA NOS DEPARTAMENTOS DE


EMERGÊNCIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Moitinho, L. M. N.; Ghigliermino, M. C. M.; Gomes, M. I. B.

¹Acadêmico do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora


– SUPREMA
2 Docente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA

RESUMO

Introdução: pacientes pediátricos com emergências de saúde mental (PPESM) são


crescentes na prática da emergência, pois departamentos de emergência (DEs) se
tornaram a rede de mais fácil acesso frente a infraestrutura de saúde mental fragmentada
que passa por declínio de serviços e recursos. Objetivo: analisar atendimentos de PPESM
nos DEs. Métodos: revisão de literatura na base de dados MedLine com a frase de
pesquisa: “emergency” AND “psychiatry pediatric” AND “treatment” e suas respectivas
variações de acordo com o MeSh, optando por publicações dos últimos 12 anos e
encontrando 37 artigos. Resultados: foram utilizados quatro artigos na confecção desse
trabalho. O trauma emocional pode causar alterações cerebrais importantes, o que
proporciona o desenvolvimento ou agravamento de uma doença mental durante o
crescimento da criança. Dessa forma, o cuidado recebido na agudização da doença é uma
parte essencial do tratamento. Os DEs devem abordar de maneira adequada os PPESM,
como crianças com retardo mental, transtornos do espectro autista, TDAH ou em crise
comportamental. Também devem identificar e gerenciar pacientes com condições
previamente não diagnosticadas, como ideação suicida, depressão, agressão, abuso de
substâncias e transtorno de estresse pós-traumático. A falha na comunicação entre DEs e
atenção primaria à saúde sobrecarrega os serviços de emergência por não promover um
tratamento adequado com aumento dos quadros de crises das doenças mentais e sua
hospitalização. Os principais impasses encontrados nos DEs que dificultam a realização de
atendimentos adequados são carências em: infraestrutura, disponibilidade de especialistas
em saúde mental devidamente orientados em pediatria, diretriz clara para o tratamento,
remuneração e dados epidemiológicos. Conclusão: Embora a intervenção precoce e o
manejo baseado na comunidade a longo prazo sejam ideais para uma criança com
necessidades de saúde mental, o tratamento de emergência recebido em tempos de crise
ou exacerbação aguda da doença também representa uma parte vital da terapêutica. Dessa
forma, é necessário que haja uma concordância entre as redes de atenção psico-social,
atenção primária e DEs para a correta implantação de protocolos e serviços especializados
em saúde mental pediátrica na emergência. Ademais, deve-se implementar maiores
investimentos em recursos econômicos nos DEs e realizar estudos a fim de desenvolver
programas de treinamento para o profissional de saúde e equipe envolvida.

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

Referências:
1. Dolan MA , Mace SE . Pediatric Mental Health Emergencies in the Emergency Medical
Services System. Ann Emerg Med. 2006; 48(4): 484-6.
2. Hamm MP, Osmond M, Curan J, et all. A systematic review of crisis interventions used
in the emergency department: recommendations for pediatric care and research. Pedietr
Emerg Cere. 2010; 26(12): 952-62.
3. Jabbour M, Reid S, Polihronis C, et all. Improving mental health care transitions for
children and youth: a protocol to implement and evaluate an emergency department
clinical pathway. Implement sci. 2016; 11(1): 90.
4. Pittsenbarger ZE, Mannix R. Trends in Pediatric Visits to the Emergency Department for
Psychiatric Illnesses. 2014; 21(1): 25-30.

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EXERCÍCIO FÍSICO: UM ALIADO PARA AS TERAPIAS TRADICIONAIS DA


DEPRESSÃO

Adriny dos Santos Araújo¹, Carla de Mendonça Rêgo², Maria Lídia Pereira Cabral³

¹Acadêmico do curso de medicina da Universidade Federal de São João del-Rey - UFSJ


²Acadêmico do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz
de Fora – SUPREMA
³Médica formada pela Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC
e-mail: adriny_asa@yahoo.com.br

RESUMO
Introdução: A depressão é um transtorno de humor que exerce um enorme impacto em
diferentes domínios do funcionamento individual, podendo incluir sentimentos como tristeza
e desesperança entre outros, além de alterações somáticas, envolvendo o sono, apetite,
atividade motora e função sexual. O exercício físico é cada vez mais reconhecido como
uma intervenção eficaz sobre esses aspectos do indivíduo que se encontram
comprometidos. Objetivos: Investigar os efeitos do exercício físico na depressão.
Metodologia: Pesquisaram-se evidências científicas nas bases de dados indexadoras
Scielo e Medline, na qual foram utilizados os descritores “exercício físico” e “depressão”.
Foram utilizados como critérios de inclusão artigos que analisavam a repercussão do
exercício físico na depressão. Como critérios de exclusão, artigos que abordavam apenas
tratamentos farmacológicos para depressão. A pesquisa limitou-se a artigos publicados nos
anos de 2007 a 2019. Resultados: Os tratamentos de depressão são, frequentemente,
desenvolvidos por psiquiatras e psicólogos, através de aconselhamento e anti-depressivos.
O exercício físico pode ser um auxiliar nas terapêuticas tradicionais, demonstrando
influência positiva sobre os estados de depressão. A atividade física está associada à
redução da depressão e exerce um efeito protetor no surgimento de sintomas depressivos.
O exercício promove sentimento de bem-estar e melhora a saúde mental, acredita-se que
os mecanismos responsáveis por isso estejam relacionados a aspectos psicológicos (como
distração, melhora do humor, auto-estima e interação social) e ao aumento da liberação de
monoaminas e endorfinas e estímulo à transmissão sináptica, que têm efeitos inibitórios no
sistema nervoso central. Além disso, o exercício melhora a qualidade e a duração do sono.
Para uma maior eficácia, o exercício deve ser aeróbico, realizado em grupos e
supervisionado por um instrutor, preferencialmente por profissionais com experiência em

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cuidados de saúde mental. Conclusão: O exercício físico exerce influência positiva como
complemento terapêutico na depressão, de forma que, ao aumentar a prática de exercícios,
os sintomas depressivos tendem a diminuir; além disso, existe um efeito protetor no
surgimento de sintomas depressivos. A prescrição ideal do exercício para o tratamento da
depressão permanece desconhecida e a resposta terapêutica necessita ser mais estudada.
Palavras-chaves: Exercício Físico; Depressão; Saúde Mental.

Referências:
1. Murri MB, Ekkekakis P, Magagnoli M, Zampogna D, Cattedra S, Capobianco L, et al.
Physical Exercise in Major Depression: Reducing the Mortality Gap While Improving
Clinical Outcomes. Front Psychiatry 2019; 9:1-10.
2. Sanches A, Costa R, Marcondes FK, Cunha TS. Relationship among stress, depression,
cardiovascular and metabolic changes and physical exercise. Fisioter. mov. 2016; 29:
23-36.
3. Vasconcelos-Raposo J, Fernandes HM, Mano M, Martins M. Relação entre exercício
físico, depressão e índice de massa corporal. Motricidade 2009; 5: 21-32.
4. Vieira JLL, Porcu M, Rocha PGM. A prática de exercícios físicos regulares como terapia
complementar ao tratamento de mulheres com depressão. J Bras Psiquiatr 2007; 56: 23-
28.

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

IMPORTÂNCIA DA PSIQUIATRIA ESPORTIVA E O USO DE PSICOTRÓPICOS:


RELATO DE CASO

Paula Ribeiro Pena, Felícia Barcelos de Almeida, Gianluca Carvalho Quinet de Andrade,
Viviane Andrade Chequer Khoury, Helio Fádel de Freitas Araujo
Pena PR1; Almeida FB1; Andrade GCQ1; Khoury VAC1; Araujo HFF2

1
Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz
de Fora – Suprema.
2
Psiquiatra pelo Hospital Central da Aeronáutica do Rio de Janeiro / RJ.

RESUMO
Introdução: A psiquiatria do esporte se concentra no diagnóstico e tratamento de doenças
psiquiátricas em atletas, além da utilização de abordagens psicológicas para melhora do
desempenho. Entretanto, os médicos que não trabalham rotineiramente com atletas com
doença mental podem ter pouca experiência para orientá-los na escolha de medicamentos
que são satisfatoriamente tolerados e seguros². Além disso, há um estigma muito grande
em torno deste assunto, o que torna a psiquiatria esportiva ainda mais desafiadora3
.Objetivos: Evidenciar a importância da psiquiatria esportiva, combater o estigma e
fomentar a realização de estudos sistemáticos sobre o assunto.Relato de Caso: E.N., sexo
masculino, 22 anos, jogador de futebol, solteiro. Problemas com compulsão alimentar,
cefaleia, ansiedade importante com acometimento das atividades diárias e funções
fisiológicas, como o sono e a alimentação, e transtornos de humor. Dificuldade de lidar com
a distância da família e amigos, desconta sua ansiedade e tempo ocioso na comida. Fez
uso de Fluoxetina 20mg/dia e Zolpidem 5mg em dias alternados. Após 7 dias foi feita
avaliação médica e observada melhora da qualidade do sono, embora ainda sem melhora
do quadro de ansiedade devido ao pouco tempo de uso de Fluoxetina. Não houve queda
no rendimento do atleta, sem lentificação do pensamento/raciocínio. Reavaliação após
transcorridos 40 dias do tratamento, com resposta significativa ao uso de psicofármacos,
performance inalterada e melhora da ansiedade, apesar de ainda não ocorrer mudanças
no apetite durante o período fora dos treinos. Diminuição do uso de Zolpidem. Introdução
do uso de Topiramato 25mg/dia, com preocupação em observar o seu rendimento esportivo
e melhora do quadro clínico. Reavaliado após 55 dias de tratamento e 2 semanas de uso
do Topiramato com melhora significativa do rendimento nos treinos, sentindo-se muito
melhor desde que começou o tratamento. Houve redução do apetite e quadro de ansiedade.
A performance do atleta seguiu inalterada com o uso dos psicofármacos e a conduta do
tratamento foi mantida. Conclusão: A partir deste relato evidencia-se a importância da
psiquiatria esportiva e destaca-se a melhora notória e significativa no rendimento. Embora
muitos psicotrópicos possam influenciar negativamente no rendimento e na performance
dos atletas, é importante priorizar a saúde mental, adaptando os métodos clínicos ás
necessidades exclusivas dessa população1.

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REFERÊNCIAS:
1. Reardon CL, Creado S. Psychiatric medication preferences of sports psychiatrists. The
Physician and Sportsmedicine 2016; 44 (4):2-5.
2. Reardon CL, Factor RM. Sport Psychiatry: A Systematic Review of Diagnosis and
Medical Treatment of Mental Illness in Athletes. Sports Med 2010; 40 (11): 961-980.
3. Gulliver et al. Barriers and facilitators to mental health help-seeking for young elite
athletes: a qualitative study. BMC Psychiatry 2012, 12(157) :7-12.

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OCITOCINA INTRANASAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNOS DO ESPECTRO


AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Zarif Humze Hamid, Isabela Benevenuto Teixeira, Vitória Lima Franco, Natalia Miranda
Milagres, Hemeli Geanine Bertoldi Hamid ZH1, Cancella JM1, Teixeira IB1, Franco VL1,
Milagres NM1, Bertoldi HG²

1
Discentes da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora/ suprema
2
Médica pela Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora/ suprema

RESUMO
Introdução: O interesse na utilização de ocitocina como tratamento para crianças com
transtornos do espectro autista (AUT), como Autismo e Asperger, vem atraindo crescente
interesse, sobretudo diante das restritas possibilidades de intervenção disponíveis para
estes pacientes. Objetivo: Analisar, através de uma revisão sistemática, os resultados da
administração de ocitocina intranasal (OCI) em crianças com AUT. Métodos: Foram
analisados estudos publicados em inglês nos últimos cinco anos, em humanos, utilizando
como referência a base de dados National Library of Medicine (MedLine). Os descritores
utilizados mediante consulta ao MeSH foram: autism, oxytocin, children e youth. Foram
incluídos ensaios clínicos duplo-cego com controle através de placebo. Resultados: Após
a leitura do abstract, quatro artigos foram selecionados para a revisão, totalizando 129
pacientes com idade entre 3 e 19 anos. Resultados mais satisfatórios foram encontrados
em estudos com pacientes mais novos, entre 3 e 12 anos, obtendo-se melhora em relação
às habilidades sociais e ao funcionamento global. Em pacientes mais velhos, entre 8 e 19
anos, as respostas terapêuticas foram divergentes: um estudo não mostrou nenhuma
melhora expressiva em relação aos sintomas sociais comparando os grupos que receberam
ocitocina e o controle; porém, em se tratando de sintomas não sociais como a
sistematização, outro estudo demonstrou melhora nos indivíduos que receberam o
tratamento, avaliando a diminuição da preferência visual por imagens que apresentam
correlação. De modo geral, a OCI foi bem tolerada, sendo administrada em três dos estudos
em períodos de 4 a 5 semanas, com duas doses de 12 a 24 unidades internacionais (UI)
por dia via spray nasal. No ensaio relativo a sintomas não-sociais, a administração foi feita
em uma única dose, variando de 12 a 24 UI. Entre os poucos efeitos adversos observados,
destacam-se sede, aumento da urina e constipação. Conclusão: Conclui-se que o
tratamento com ocitocina é uma opção terapêutica promissora para crianças e jovens com
transtornos do espectro autista, apresentando resultados tanto em sintomas sociais quanto
não sociais e poucos efeitos colaterais; no entanto, estudos com maior número de
indivíduos são necessários para assegurar as respostas favoráveis esperadas.
Palavras-chave: Autismo; Ocitocina

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Referências:
1.Yatawara CJ, Einfeld SL, Hickie IB, et al. The effect of oxytocin nasal spray on social
interaction deficits observed in young children with autism: a randomized clinical
crossover trial. Mol Psychiatry 2016;21(9):1225–1231.
2. Guastella AJ, Gray KM, Rinehart NJ, Alvares AG, et al. The effects of a course of
intranasal oxytocin on social behaviors in youth diagnosed with autism spectrum
disorders: a randomized controlled trial. J Child Psychol Psychiatry 2015;56(4):444-52.
3. Parker KJ, Oztan O, Libove RA, et al. Intranasal oxytocin treatment for social deficits
and biomarkers of response in children with autismo. Proc Natl Acad Sci U S A
2017;114(30):8119-8124.
4.Strathearn L, Kim S, Bastian DA, et al. Visual systemizing preference in children with
autism: A randomized controlled trial of intranasal oxytocin. Dev Psychopathol 2018;30(2):
511–521.

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OS DESAFIOS DA SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Carla de Mendonça Rêgo¹, Adriny dos Santos Araújo², Maria Lídia Pereira Cabral³

¹Acadêmico do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz


de Fora – SUPREMA
²Acadêmico do curso de medicina da Universidade Federal de São João del-Rey - UFSJ
³Médica formada pela Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC

RESUMO
Introdução: A Atenção Primária (AP) é um dos componentes da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS), ela é porta de entrada para os usuários do SUS e se configura como
nível preferencial para oferta de ações em saúde mental (SM). Espera-se que a AP execute
o cuidado em SM, superando o modelo hospitalocêntrico e consolidando a reforma
psiquiátrica. Objetivos: Investigar o papel da AP na saúde mental e seus desafios.
Metodologia: Pesquisaram-se evidências científicas na base de dados indexadora Scielo,
na qual foi utilizado os descritores “saúde mental”, “atenção primária” e “atenção básica”.
Foram utilizados como critérios de inclusão artigos que analisavam a SM na atenção
primária. Como critérios de exclusão, artigos que abordavam a SM em outros níveis
assistenciais. A pesquisa limitou-se a artigos publicados nos anos de 2014 a 2019.
Resultados: A atribuição da AP na RAPS é oferecer o cuidado em SM ao indivíduo com
sofrimento psíquico dentro da comunidade, superando o modelo hospitalocêntrico
excludente. Esse cuidado pode ser oferecido sob a forma de visitas domiciliares, grupos
em saúde mental e desenvolvimento de projeto terapêutico singular; cuja realização deve
se dar pela lógica da territorialidade, buscando o desenvolvimento de vínculo com o usuário
e valorização do contexto familiar e social do mesmo. Porém, a execução dessas
atribuições encontra diversos desafios, como: despreparo dos profissionais, concepções
estereotipadas sobre a pessoa com sofrimento psíquico, encaminhamento para
especialistas, transcrição de prescrições, valorização da doença a despeito da
subjetividade, necessidade de oferta de educação permanente, etc. Parte dessas
dificuldades se dá devido a formação dos profissionais segundo o modelo biomédico,
centrada na medicalização. Além disso, os profissionais da AP não reconhecem suas
atribuições em SM, por isso transferem a assistência para hospitais ou Centros de Atenção
Psicossocial. Conclusão: A articulação entre a SM e a AP ainda apresenta lacunas, é

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preciso que sejam estabelecidas mudanças no paradigma de cuidado, com práticas que
valorizem a singularidade do sujeito para além do aspecto biológico. É necessário ainda a
oferta de educação permanente aos profissionais para a melhoria da qualidade do cuidado
e mudança da visão estigmatizada sobre a loucura. A AP deve também ter apoio do
matriciamento, para ser fortalecida e atuar ativamente na consolidação da Reforma
Psiquiátrica.
Palavras-chaves: Saúde Mental; Atenção Primária; Rede de atenção Psicossocial.

Referências:
1. Gazignato ECS, Silva CRC. Saúde mental na atenção básica: o trabalho em rede e o
matriciamento em saúde mental na estratégia de saúde da família. Saúde Debate
2014;38(101):296-304.
2. Gerbaldo TB, Arruda AT, Horta BL, Garnelo L. Avaliação da organização do cuidado em
saúde mental na atenção básica à saúde do Brasil. Trab. Educ. Saúde 2018; 16(3):1.079-
1.094.
3. Oliveira EC, Medeiros AT, Trajano FMP, Chaves Neto G, Almeida AS, Almedida LR. O
cuidado em saúde mental no território: concepções de profissionais da atenção básica.
Esc Anna Nery 2017;21(3):1-7.
4. Rotoli A, Silva MRS, Santos AM, Oliveira AMN, Gomes GC. Saúde mental na atenção
primária: desafios para a resolutividade das ações. Esc Anna Nery 2019;23(2):1-9.

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TRANSTORNOS PSICÓTICOS DE CURTA DURAÇÃO- CLASSIFICAÇÃO

Marcelo Jacob Loures; Adriana Kelmer Siano

1Residente em Psiquiatria no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de


Fora
2Médico Psiquiatra no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora

RESUMO
Introdução: Os TPCD são atualmente classificados em "transtornos psicóticos agudos e
transitórios" (TPATs) na CID-10 e "transtorno psicótico breve" (TPB) no DSM-5. Há poucos
estudos sobre Epidemiologia, Vulnerabilidade, Neurobiologia e Tratamento desses
transtornos. Evidências sugerem que são condições pouco frequentes, afetam mais
mulheres no início da idade adulta e não estão associadas à disfunção pré-mórbida nem à
história familiar. Os TPATs são caracterizados por início agudo dentro de 2 semanas;
síndromes polimórficas, esquizofrênicas ou predominantemente delirantes; e associação
ou não com eventos estressantes. O TPB se caracteriza por início repentino de sintomas
psicóticos que duraram pelo menos 1 dia, mas menos de 1 mês, em resposta ou não a
evento estressor.
Objetivos: Discutir as Classificações atuais para TPCD, com base em um relato de
caso.Relato de caso: TRL, feminino, 29 anos, casada, sem filhos, agente de saúde, ensino
médio, natural de JF. Atendida no CAPS HU devido a alterações comportamentais iniciadas
1 semana após morte do pai. Apresentou quadro de agitação, crença em ter recebido
mensagens do pai através de um sonho, que estaria grávida e que teria uma missão.
Achava que as pessoas tiveram o mesmo sonho; justificava dizendo que estavam falando
com o mesmo tom de voz de seu pai. Ouvia vozes comentando sobre seu sonho, além de
achar que recebia mensagens com tais comentários pelo celular. Mantinha ideia sobre a
gestação, apesar de BHCG negativo. Apresentou prejuízo funcional e alteração do sono.
Alternava períodos de agitação e choro. No 3º dia de evolução dos sintomas foi avaliada e
iniciamos Risperidona 2mg. Paciente apresentou recuperação completa e retorno da
funcionalidade em cerca de 15 dias. Conclusão: A paciente apresentou sintomas
psicóticos e alterações comportamentais após evento estressante. A duração não excedeu
30 dias, com recuperação e retorno da funcionalidade. O quadro pode ser classificado em
ambas as categorias para episódios psicóticos de curta duração. Os TPATs e o TPB
apresentam características clínicas e Epidemiológicas diferentes dos demais Transtornos
psicóticos. Apesar da falta de correlatos neurobiológicos, do risco de recorrência e da
possível subsequente alteração em outro diagnóstico argumentarem contra sua validade, é
importante que tais categorias sejam mantidas separadas dos transtornos psicóticos de
maior duração.

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REPERCUSSÕES PSIQUIÁTRICAS QUE INCLUÍRAM O VÍCIO EM JOGOS NA


CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS

Coutinho, GC¹; Delgado, ME²; Thomé, LC¹; Amaral, GHF³

¹Acadêmico do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz


de Fora – SUPREMA
2
Acadêmico do curso de medicina da Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC
3
Médico Psiquiatra

RESUMO
Introdução: Com a evolução tecnológica das últimas décadas houve uma mudança na
forma com que nos relacionamos com os aparelhos eletrônicos. Os jogos eletrônicos
passaram a ser uma das principais atividades de lazer, especialmente entre crianças e
jovens. Apesar de muitos estudos associarem o uso dos videogames com uma maior
facilidade de aprendizado e com o desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras,
conseqüências negativas de seu uso indiscriminado motivou a inclusão da condição como
patológica, denominada ‘’Distúrbio de games’’ pela nova Classificação Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID 11. Objetivos: O presente estudo visa
avaliar fatores predisponentes, comorbidades psiquiátricas associadas e estudos de
neuroimagem relacionadas ao distúrbio de games, através de uma revisão bibliográfica,
apresentando os malefícios e a relevância dessa nova patologia. Metodologia: revisão de
literatura utilizando as bases indexadas PubMed e SciELO, com as palavras chaves:
videogame, dependence, gaming disorder, adolescents, ansiedade e agressividade.
Resultados: Dentre os estudos avaliados, agressividade, descontrole, impulsividade,
isolamento, solidão, tédio ao lazer e traços de personalidade narcisista sugeriram
predisposição para o desenvolvimento do distúrbio em games. Em relação às
comorbidades psiquiátricas associadas, ansiedade social, transtornos de personalidade do
grupamento A, TDAH, transtornos de humor e depressão, de maneira primária ou
secundária, demonstraram relação com a nova patologia. Não foi encontrada associação
com sintomas de hiperatividade e transtorno de oposição e desafio, assim como associação
ao uso de tabaco, álcool ou outras drogas. Quanto aos exames de neuroimagem,
tomografia computadorizada demonstrou uma concentração de dopamina extracelular no
núcleo Accumbens duas vezes mais elevada após a atividade de jogo. Esse aumento foi
diretamente proporcional ao desempenho do jogador, sendo comparável em intensidade à
liberação da dopamina após ingestão de metanfetamina, comprovando através de
neuroimagem o potencial de dependência da atividade. Conclusão: O uso abusivo de
videogames é passível de desencadear dependência em seus usuários, e deve ser tratada
com seriedade pelo médico psiquiatra. Por ser uma patologia nova, é fundamental estudos
acerca de fatores predisponentes e patologias associadas, a fim de criar um perfil e facilitar
o diagnóstico, oferecendo a melhor terapia possível aos pacientes.

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Referências:
1. BREZING, C.; DEREVENSKY, J.L; POTANZA, M.N. Non-substance-addictivebehaviors
in youth: pathological gambling and problematic internet use. ChildAdolesc.
PsychiatricClin. N. Am. 19, 625-641, 2010;
2. Câmara PF. Comentários sobre a nova Classificação Estatística Internacional de
Doenças da OMS, CID-11.Psychiatryonline Brasil, 2 de julho de 2018. Disponível e m
<https://www.polbr.med.br/2018/07/02/a-11a-classificacao-internacional-de-doencas-
da-oms/>. Acesso em 29 de Agosto de 2019;

3. Abreu FN et al. Dependência de Internet e de jogos eletrônicos: uma revisão. RevBras


Psiquiatr. 2008; 30(2):156-67.7;

4. Lemos IL, Santana SM. Dependência de jogos eletrônicos: a possibilidade de um novo


diagnóstico psiquiátrico. RevPsiq Clín. 2012;39(1):28-33;

5. Lemos IL, et al. Dependência de Internet e de jogos eletrônicos: um enfoque cognitivo-


comportamental. Rev. psiquiatr. clín. 2014, vol.41, n.3, pp.82-88;

6. KimEJ, et al. The relationshipbetween online game addiction and aggression, self-control and
narcissistic personality traits. EuropeanPsychiatry 23 (2008) 212- 218;

7. Zhou SX. Gratification, Loneliness, LeisureBoredom, and Self-Esteem as Predictorsof


SNS-Game Addiction and Usage Pattern Among Chinese College Students. International
Journalof Cyber Behavior, Psychologyand Learning, 2(4), 34-48, October-December
2012.

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DEPENDÊNCIA QUÍMICA NOS PROFISSIONAIS DA ÁREA MÉDICA

Alinne Salomão Pimentel¹, Ana Carolina Mendes Saada¹, Larissa Silva de Moraes¹.

¹ Discentes do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora

RESUMO
Introdução: O uso de substâncias psicoativas (como maconha, cocaína, álcool,
benzodiazepínicos, nicotina, heroína, entre outros) quando ingerida leva a uma ou a várias
modificações no funcionamento do sistema nervoso central, produzindo efeitos psíquicos e
de comportamento. O uso dessas substâncias leva a uma sensação de bem-estar ou até
mesmo de excitação por estimular áreas de recompensa do cérebro. A dependência por
essas substâncias é uma patologia que é definida pelo padrão mal-adaptativo em que o
seu uso interfere nas áreas sociais, psicológicas e físicas levando ao uso contínuo ou
frequente em quantidades elevadas que podem levar a tolerância e a abstinência. A classe
médica demanda uma importante atenção com relação a essa prática já que, devido ao
estresse que a profissão acarreta e o relativo fácil acesso à essas substâncias, o número
de médicos dependentes químicos vem crescendo com extrema relevância. Objetivos:
Avaliar as especialidades médicas mais acometidas pela dependência química, assim
como quais são as substâncias mais prevalentes. Métodos: Foi realizada uma revisão de
literatura onde o conteúdo foi retirado dos seguintes bancos de dados: PUBMED, Scielo,
Medscape e BIREME. Além desses foi consultado o livro intitulado como Psicopatologia e
semiologia dos transtornos mentais – 2ª edição. Foram utilizadas as seguintes palavras
chaves: Detecção do Abuso de Substâncias, Anestésicos, Médicos, Dependência de
drogas, Substâncias psicoativas. Resultados: A população médica apresenta uma
porcentagem de abuso de substâncias psicoativas de 10% a 12% maior que na população
em geral. Sendo as especialidades mais citadas anestesiologia, medicina intensiva e
psiquiatria. Geralmente tem associação com o estresse do ambiente e as longas horas de
trabalho, juntamente com a facilidade de acesso aos medicamentos com que trabalham,
que são altamente viciantes. As substâncias mais citadas foram os benzodiazepínicos,
opioide (principalmente fentanil e sufentanil), opiáceos e o propofol. Além do álcool que é a
substância mais consumida pelos médicos em geral, chegando a quase 50% dos casos.
Conclusão: Após essa pesquisa pode-se perceber que a dependência química na área
médica é maior do que a população em geral, que a partir dela os profissionais buscam
alivio do ambiente estressante o qual estão inseridos e que existem especialidades e
classes de medicamentos dos quais são mais prevalentes nos estudos.

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IMPACTO DA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO NA QUALIDADE DE VIDA DE


INDIVÍDUOS COM TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICO

Schiavon, B.S.R¹; Schettino¹, K.S¹; M; Vilas Bôas V.L¹; Pereira, H.M.B¹. Gama, J.R.A.²

1
Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz
de Fora – Suprema.
2
Docente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora – Suprema.

RESUMO
Introdução. O processo de desinstitucionalização da assistência psiquiátrica prolongada
no Brasil iniciou-se a partir da década de 1990, com objetivo de reinserir os pacientes na
sociedade, uma vez que o espaço fechado do hospital psiquiátrico contribui para efeitos
deletérios associados à diminuição na Qualidade de Vida (QV). Contudo, um dos desafios
existentes para a reintegração desses pacientes na comunidade é a transferência dos
cuidados hospitalares para alternativas de atendimento na comunidade. Com isso, houve
uma reorganização na rede de atenção à saúde mental no Brasil, realizada através da
criação de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços de Residências Terapêuticas
(SRT), o Programa de Volta para Casa e centros de convivência.Objetivo. Caracterizar e
analisar a qualidade de vida (QV) de usuários desinstitucionalizados atendidos pelo Centros
de Atenção Psicossocial (CAPS) de uma cidade da Zona da Mata Mineira. Métodos. Trata-
se de um estudo do tipo observacional, de corte transversal. Foram incluídos 75
participantes de ambos os sexos, com idade variando entre 18 e 65 anos, usuários do CAPS
localizado em uma cidade da Zona da Mata Mineira. Todos os participantes foram
submetidos inicialmente a uma anamnese contendo dados de histórico sócio demográfico
e clínico e em seguida tiveram sua QV avaliada pelo instrumento validado SF-36.
Resultados. Dos 75 pacientes entrevistados, 63 deles (84%) informaram melhora
significativa em sua QV e progresso no âmbito psicossocial após a desinstitucionalização
e a entrada para o CAPS. Observou-se ainda que após a saída desses pacientes da
internação hospitalar psiquiátrica prolongada, apenas 30 (40%) retornaram ao mercado de
trabalho e 5 (6,6%) ao âmbito estudantil. Conclusão. Por fim, os dados deste trabalho
reforçam a importância do processo de desinstitucionalização psiquiátrica na melhoria da
QV dos usuários e familiares e na oferta da integralidade do cuidado, de modo que a
valorização social, o desenvolvimento de potencialidades e a capacidade de atuar como
agente ativo na sociedade sejam tão importantes quanto o acompanhamento clínico da
enfermidade mental.
Palavras-chave: Desinstitucionalização, Qualidade de Vida, Psiquiatria.

REFERÊNCIAS
1. Gonçalves AM, Sena RR. A Reforma Psiquiátrica no Brasil: contextualização e reflexos
sobre o cuidado com o doente mental na família. Rev. Latino-Americano 2001; 9(2):48-55.

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2. Hirdes, A. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re)visão. Ciência &amp; Saúde


Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 297-305, 2009.
3. Khoury HTT, Sá-Neves AC. Percepção de controle e qualidade de vida: comparação
entre idosos institucionalizados e não institucionalizados. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol.,
Rio de Janeiro, 2014; 17(3):553- 565.
4. Kunitoh N. From hospital to the community: the influence of deinstitutionalization on
discharged long-stay psychiatric patients. Psychiatry Clin Neurosci 2013; 67(6):384-96.

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SÍNDROME DE BURNOUT NOS ESTUDANTES DE MEDICINA

Bárbara Soares Parreira¹, Lara Ferreira Camacho¹, Lívia Ramos Lage¹, Sabrina Varella
Soares², Douglas Nunes Abreu³

¹ Acadêmica de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora


² Acadêmica de Psicologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
³ Docente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora
e-mail: larafcam@gmail.com

RESUMO
Introdução: A saúde mental dos estudantes de Medicina tem sido um recorrente objeto de
estudo, principalmente nos últimos anos, devido à maior incidência de transtornos psíquicos
nessa população quando comparada à população geral. A alta prevalência desses
transtornos pode estar relacionada à exaustão emocional, despersonalização e baixa
realização profissional, dimensões que caracterizam a Síndrome de Burnout. Objetivos: O
objetivo do trabalho consiste em avaliar uma das possíveis consequências do modelo atual
de ensino das escolas médicas brasileiras na saúde mental dos estudantes, a Síndrome de
Burnout. Métodos: As informações foram retiradas das bases indexadoras PubMed e
SciELO, sendo artigos publicados nos últimos 5 anos a partir dos descritores: “Síndrome
de Burnout”, “Estudantes de Medicina”, “Brasil”, excluindo-se artigos que não
contemplavam o período de graduação. Resultados: Em relação ao desencadeamento de
transtornos mentais nos estudantes de Medicina, um número de fatores potencialmente
estressantes foram relatados, como: ambiente altamente extenuante, competitividade,
carga horária elevada, organização do currículo, privação de sono, pressão dos pares e
outros fatores pessoais. Esses fatores, quando negligenciados durante a formação médica,
parecem precipitar a falta de confiança na aquisição de habilidades, a diminuição da
empatia e do altruísmo, afetando negativamente a relação médico-paciente e o equilíbrio
psicoemocional do aluno, que não alcança satisfação pessoal nem profissional.
Conclusão: É notório que o curso de Medicina é um dos mais desgastantes, devido à alta
exigência e dedicação requerida dos acadêmicos. Dessa forma, os estudantes estão
sujeitos a apresentarem episódios intensos de esgotamento emocional e físico, com a
consequente diminuição da capacidade de organização de tarefas, estudos, de socialização
e realização acadêmica. Este fato deve ser alarmante às escolas médicas, devido ao
potencial de afetar o atendimento ao paciente, uma vez que prejudica a empatia e o
profissionalismo, além de afetar diretamente a qualidade de vida de seus alunos.
Palavras-chaves: Síndrome de burnout. Estudantes de medicina. Educação médica.
Saúde mental.

Referências:
1. Boni RAS, Paiva CE, Oliveira MA, Lucchetti G, Fregnani JHTG, Paiva BSR. Burnout
among medical students during the first years of undergraduate school: Prevalence and
associated factors. PLoS ONE. 2018;13:1-15.
2. Mori MO, Valente TCO, Nascimento LFC. Síndrome de Burnout e rendimento acadêmico
em estudantes da primeira à quarta série de um curso de graduação em medicina. Rev
Bras Educ Med. 2012; 36:536-40.
3. Pacheco JP, Giacomin HT, Tam WW, Ribeiro TB, Arab C, Bezerra IM, et al. Mental
health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-
analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017;39:369–78.

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

4. Pereira MAD, Barbosa MA, Rezende JC, Damiano RF. Medical student stress: an
elective course as a possibility of help. BMC Res Notes. 2015; 8:430.

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

A TERAPIA DE ESTIMULAÇÃO DO NERVO VAGO NO TRATAMENTO DA


DEPRESSÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Bruna Pirassol Gomes, Zarif Humze Hamid, Bárbara Isadora Amâncio de Souza, Hemeli Bertoldi
Gomes BP¹, Hamid ZH¹, Amâncio BIA¹, Bertoldi H²

1
Discentes da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora/ Suprema
2
Médica formada pela Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora/
Suprema

RESUMO
Introdução: Objetivo: Analisar, por meio de uma revisão sistemática, a eficácia e a
segurança da terapia de estimulação do nervo vago (ENV) nos casos de depressão resistente ao
tratamento. Métodos: Foram analisados estudos publicados originalmente em inglês nos últimos
dez anos, em humanos, tendo como referência a base de dados National Library of Medicine
(MedLine). Os descritores utilizados mediante consulta ao MeSH foram: "Vagus Nerve Stimulation",
"Treatment-resistant" e Depression. A recomendação PRISMA foi utilizada no intuito de aperfeiçoar
o relato da revisão. Resultados: Após a leitura do abstract, quatro artigos foram selecionados para
o escopo da revisão, contemplando um total de 1171 pacientes. A análise dos estudos investigados
sugere que a ENV se configura como uma terapêutica segura e eficaz para o tratamento da
depressão, bem como apresenta resultados significativos no que tange à resposta ao tratamento e
ao índice de remissão à doença. Ressalta-se que a maioria dos participantes não havia respondido
a pelo menos 2 tratamentos com antidepressivo antes da admissão no ensaio. Não foi demonstrada
deterioração da função cognitiva global em nenhum dos estudos. Em um deles, com 5 anos de
seguimento, foi evidenciado como único efeito colateral a alteração da voz ou rouquidão, geralmente
correlacionado com a intensidade da corrente, o que corrobora com achado de efeito colateral mais
prevalente em um estudo clínico controlado com n=331, que também demonstrou que parâmetros
mais altos de dose elétrica foram associados com a durabilidade da resposta. Conclusão: Portanto,
apesar de o mecanismo da ação antidepressiva da ENV não ser totalmente esclarecido, se trata de
uma importante e segura opção terapêutica para pacientes que não tiveram resposta satisfatória a
outros tratamentos. No entanto não há um estado da arte sobre os dados analisados, sendo
necessário novos estudos com maior follow-up para novos resultados.

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PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PSIQUIÁTRICA EM URGÊNCIA E


EMERGÊNCIA: REVISÃO INTEGRATIVA

Lairana Dineli Pacheco dos Santos1, Marina Chiaini de Oliveira Lopes2,Roberta Teixeira
Prado3

1
Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora/FCMS/JF-Suprema.
2
Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora/FCMS/JF-Suprema.
3
Pós- Doutora em Enfermagem. Docente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde
de Juiz de Fora-Suprema.

RESUMO
Introdução: A Reforma Psiquiátrica na década de 1970, traça objetivos de criação,
execução de leis, portarias e decretos que garantem direito aos indivíduos com sofrimento
mental, num progresso de cuidado, através da reforma sanitária na 8° Conferência Nacional
de Saúde, em 1986, que norteou a criação do Sistema Único de Saúde (SUS).objetivo:
Compreender o processo de cuidados de Enfermagem a pacientes com transtorno mental
em atendimento de urgência e emergência. Método: Revisão Integrativa realizada nas
bases de dados MEDLINE e SciELO, utilizando os DESCRITORES EM CIÊNCIAS DA
SAÚDE: “emergências”, “urgências”, “profissionais de enfermagem” e “psiquiatria”.
Incluindo artigos publicados em 2015 a 2019, disponíveis na íntegra, em inglês e português,
que abordavam está temática. Foram excluídos artigos que não estavam de acordo com o
tema abordado. Resultados: Identificados 10 estudos, no entanto a partir de critérios
previamente definidos, 06 foram incluídos nessa revisão. Percebe-se que os profissionais
de Enfermagem costumam ser os primeiros a prestarem assistência aos pacientes
psiquiátricos, tendo um trabalho desafiador nos atendimentos psiquiátricos de urgência e
emergência e que as experiências contribuem para a construção de conhecimento,
humanização, com o paciente no centro do cuidado, considerando o bem-estar
biopsicossocial do paciente. Também, há uma dificuldade no processo de enfermagem
mediante a saúde mental, porém profissionais de Enfermagem especializados, capacitados
e com experiências têm mais facilidade em comunicação, intervenção e educação.
Conclusão: A equipe de Enfermagem demonstra conhecimento sobre técnicas e
procedimentos de cuidado, mas apresenta dificuldades ao enfrentar o processo de crises
psíquicas. São necessários investimentos em educação permanente diante da demanda
do enfrentamento dessas situações e oferecimento de um cuidado adequado aos pacientes
e familiares.
Palavras-chave: Emergências. Urgências. Profissionais de Enfermagem. Psiquiatria.

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

Referencias:
1.Caveião C; Hey AP; Montezeli JH; Sales WB; Visentin A; Kaled M. MENTAL PATIENTS
IN AN EMERGENCY: CALL DIFFICULTIES PERCEIVED BY
NURSING STAFF IN A MIXED UNIT. Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, 2015.V.2 N.14: 21-
31.
2.Almeida AB; Nascimento ERP; Rodrigues J; Zeferino MT; Souza AIZ; Hermida PMV.
ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA NA CRISE PSÍQUICA E O
PARADIGMA PSICOSSOCIAL. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2015;24(4): 1035-
43.
3.Veloso C; Monteiro LSS; Veloso LUP; Moreira ICCC; Monteiro CFS. ATENDIMENTOS
DE NATUREZA PSIQUIÁTRICA REALIZADOS PELO
SERVIÇO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL DE URGÊNCIA. Texto Contexto Enferm, 2018;
27(2):e0170016.
4.Souza MC; Afonso ALM. Knowledge and practices of nurses in mental health: challenges
in face of the Psychiatric Reform. Revista Interinstitucional de Psicologia,8 (2),2015, 332 –
347.
5.Oliveira GC; Cavalcante RA; Vaz SBV; Oliveira BK; Costa RV; Oliveira OMA. Urgências
e emergências em saúde mental: a experiência do Núcleo de Saúde Mental do SAMU/DF.
Com. Ciências Saúde. 2018;29 Suppl 1:75-78.

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A PREVALÊNCIA DE EMPATIA DENTRE OS ESTUDANTES DE MEDICINA

Miguel Eduardo Guimarães Macedo¹, Flávio Vieira Marques Filho², Ana Luisa Ervilha
Sabioni², Víctor de Oliveira Costa²,Macedo MEG¹,Marques Filho FV²,Sabioni ALE², Costa
VO².

¹ Médico Docente do Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde


de Juiz de Fora- Suprema.
² Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz
de Fora – Suprema.

RESUMO
Introdução: Empatia advém do grego empatheia, ou seja, afeição, termo interpretado,
atualmente, como interesse genuíno pelo paciente, bem como um aspecto da própria
personalidade do ser humano. Diversos estudos apontam que a construção de diálogo
empático ajuda na adesão a tratamentos propostos, bem como agiliza a melhora dos
pacientes. Objetivo: investigar a prevalência da empatia em alunos do 1º ao 8º período
durante a graduação do curso de medicina em uma instituição de ensino superior médico
da cidade de Juiz de Fora - MG. Métodos: Estudo descritivo transversal em que foram
incluídos estudantes do 1º ao 8º período durante a graduação e excluídos aqueles com
matrícula trancada ou de períodos superiores. A coleta de dados se deu por aplicação da
Escala de Jefferson, composta por 20 perguntas, cada uma respondida em uma escala
Likert de 7 pontos. Os escores possíveis variam de 20 a 140, sendo 140 o maior nível de
empatia. O estudo foi realizado após a submissão e aprovação do CEP conforme resolução
466/12 do Conselho Nacional de Saúde e aprovado com o parecer 3.024.936. Resultados:
Foram aplicados 370 formulários, sendo destes, 266 do sexo feminino e 104 do sexo
masculino. A pesquisa em questão demonstrou que a média de pontuação varia de 124-
118 entre os períodos com desvio padrão máximo de 12,6. Além disso, não foi evidenciado
correlação entre os gêneros (p=0,03) e não houve diferença significativa entre as idades,
evidenciando que a mesma não foi critério influenciador na empatia. Conclusão: Nota-se
que a empatia do curso de medicina da faculdade analisada permanece a mesma do
primeiro ao oitavo período, não sendo observado o decréscimo como acreditava-se. Esse
fato pode ser creditado, pois o questionário é baseado em autoavaliação, sendo assim, o
estudante pode ter um impressão pouco verídica de seu comportamento.
Palavras Chave: Empatia; Escala Jefferson; Graduação em medicina.
Referências:
1. Hayward R. Historical Keywords: Empathy. The Lancet. 2005;366(9491):1071
2. Paro HBMS, Daud-Gallotti RM, Tibério IC, Pinto RMC, Martins MA. Brazilian version of
the Jefferson Scale of Empathy: psychometric properties and factor analysis. BMC Med
Educ. 2012;12:73
3. Hojat M, Mangione S, Nasca TJ, Rattner S, Erdmann JB, Gonnella JS, et al. An empirical
study of decline in empathy in medical school. Med Educ. 2004;38(9): 934-41
4. Hojat M, Mangione S. Jefferson Scale of Physician Empathy. Health Policy Newsl.
2001;14(4)

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TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS EM PESSOAS TABAGISTAS.

Isabela Araújo Schmidt. Schmidt IA. Fernanda Bartoli Carvalho. Carvalho FB. Laura Krepk
Vieira. Viera LK. Lucas Lanna Cunha. Cunha LN.Thais Sette Espósito. Espósito TS. Olivia
Féres Varela. Varela OF.

Acadêmicos de Medicina da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC).

RESUMO
Introdução: O tabagismo é considerado uma doença crônica causada pela dependência
da nicotina e é um dos principais fatores de risco de diversas enfermidades, dentre elas, as
psicopatologias. Relacionado aos transtornos psíquicos os que mais se destacam são a
ansiedade, depressão e estresse. As características dos efeitos psicoativos da substância
como a diminuição da ansiedade, euforia e outras sensações percebidas como prazerosas
pelo usuário tendem a ser fortes reforçadores do seu uso. Dessa forma, se torna fator
primordial para a utilização abusiva do tabaco. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo
relacionar a incidência de transtornos psíquicos em pessoas tabagistas. Metodologia: A
revisão de literatura foi realizada a partir de uma extensa leitura de artigos encontrados nas
plataformas digitais, como: SciELO, PuBMed, Ipub e Science Direct.”,encontradas no
período de 2010 a 2019, tanto no idioma português quanto no inglês. Resultados: Existem
evidências de uma associação entre dependência à nicotina e presença concomitante de
transtornos psiquiátricos. A depressão é a comorbidade psiquiátrica mais comumente
associada a isso. Tabagistas deprimidos podem fumar para aliviar seus sintomas e, dessa
forma, reforçam o desejo de fumar, logo vão apresentar uma menor possibilidade de
sucesso em suas tentativas de desvencilhamentodo do hábito. A abstinência de tabaco se
constitui em um fator de risco para a manutenção ou desenvolvimento do quadro
depressivo, uma vez que a nicotina ajuda a manter a homeostase interna. Interfere nos
sistemas neuroquímicos (neurorreguladores como acetilcolina, dopamina e norepinefrina),
que, por seu turno, afetam circuitos neurais, tais como mecanismos reforçadores
associados à regulação de humor. Indivíduos com depressão tendem a ter um nível maior
de consumo de cigarros e de dependência quando comparados àqueles sem depressão.
Sendo que, esse alto consumo está associado a um maior risco de agorafobia, transtorno
de ansiedade generalizada e transtorno de pânico em jovens adultos. Além disso, os
tabagistas apresentam um risco maior de uso de álcool e outras drogas, ansiedade e
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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

transtornos de humor. Conclusão: A presença de comorbidades psiquiátricas em


tabagistas são fatores que podem comprometer a eficácia das diversas modalidades de
intervenções terapêuticas, sendo fundamental o correto diagnóstico das patologias
envolvidas, para que essas abordagens passem a ser mais direcionadas e efetivas.

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USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS POR ACADÊMICOS DE MEDICINA E SUA


RELAÇÃO COM O ESTRESSE DA GRADUAÇÃO

Schiavon, B.S.R¹; Takeuchi, M.C1; Freitas, P.C1; Macedo, M.E.G¹

1
Acadêmicos do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de
Juiz de Fora – Suprema.
2
Docente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora – Suprema.

RESUMO
Introdução: A vida universitária vai muito além de um período em que se busca conquistar
uma profissão futura, podendo configurar-se como uma fase de experiências novas para o
acadêmico, bem como de maior vulnerabilidade para o início e a manutenção do uso de
substâncias psicoativas (SPAs). Cursos de graduação, como a Medicina, que sabidamente
geram uma sobrecarga nos estudantes em decorrência da grande quantidade de
informação a ser assimilada, das competições entre alunos, da cobrança por parte dos
familiares e de problemas financeiros podem induzir os estudantes a procurarem meios de
melhorar o desempenho acadêmico, inclusive por drogas que estimulem o sistema nervoso
central. Objetivo: Avaliar a relação entre o aumento do estresse causado pelo curso de
Medicina e o uso de substâncias psicoativas pelos estudantes ao longo da graduação.
Método: Realizou-se uma pesquisa bibliográfica na base de dados PubMed e SciELO,
utilizando os seguintes termos: “substâncias psicoativas”, “estudantes de medicina” e
“estresse” e suas respectivas variações, de acordo com o MeSH. Foram encontrados cinco
artigos que contemplaram o estudo. Discussão: O índice de estresse e ansiedade entre
acadêmicos de medicina é maior do que entre a população em geral, e a prevalência de
distúrbios psicológicos aumenta gradativamente ao longo da graduação. Os estudos
apontam que até 1/3 dos estudantes de medicina fazem uso de SPAs devido aos diversos
impactos na atividade mental que incluem aumento na capacidade de concentração,
privação do sono, alívio da carga de responsabilidades e da pressão de estarem
constantemente sob avaliação, e sensação de superação dos próprios limites. Esse número
é maior entre os estudantes do último ano do curso que, além de viverem sob o estresse
da graduação, também são assombrados pela proximidade das provas de residência e pelo
peso das responsabilidades de se tornarem médicos. Conclusão: O curso de medicina é
fatigante e muitas vezes os estudantes buscam nas SPAs uma forma de excederem seus
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limites para cumprir as cobranças impostas. Contudo, vale ressaltar que são substâncias
nocivas à saúde e que trazem prejuízos quando usados indiscriminadamente. É preciso um
acompanhamento mais longo para analisar os reais impactos a saúde, além de um apoio
das faculdades de medicina para amenizar tal situação.

Referências:
1. Bassols AM, Okabayashi LS, Silva AB, et al. First- and last-year medical students: is

there a difference in the prevalence and intensity of anxiety and depressive symptoms?
Rev Bras Psiq 2014; 36:233–40.
2. Emanuel RM, Frellsen SL, Kashima KJ, et al. Cognitive enhancement drug use among

future physicians: findings from a multi-Institutional census of medical students. J Gen


Intern Med 2012; 28(8):1028–34.
3. Fallah G, Moudi S, Hamidia A, et al. Stimulant use in medical students and residents

requires more careful attention. Caspian J Intern Med 2018; 9(1): 87-91.
4. Fernandes TF, Monteiro BMM, Silva JBM, et al. Use of psychoactives substances among

college students: epidemiological profile, settings and methodological limitations. Cad


Saúde Colet 2017; 25(4): 498-507.
5. Morgan HL, Petry AF, Licks PAK, et al. The consumption of brain stimulants by medical

students at a university in southern Brazil: prevalence, motivation, and perceived effects.


Rev Bras Educ Med 2017; 41(1): 102-9.

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

RELAÇÃO ENTRE TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS E CONVERSIVOS


E ESPIRITUALIDADE: REVISÃO SISTEMÁTICA

S, R.S¹; F, G.A.²

¹ Graduado em Medicina pela Universidade Iguaçu- Campus Itaperuna/RJ e Pós


Graduado em Psiquiatria pela IESPE.
² Orientadora - Enfermeira; MBA em Gestão de Serviço de Saúde, Acreditação e Auditoria
(UFJF); Mestre em Saúde (UFJF). Professora em cursos de especialização na Faculdade
Redentor/IESPE Juiz de Fora.

RESUMO
Introdução: Crenças espirituais e religiosas são comuns mundialmente. Conforme
pesquisas, em pelo menos 90% do mundo, a população está envolvida em alguma forma
na prática espiritual, existindo evidências de que a religiosidade e a espiritualidade (R/S)
exercem um papel em vários aspectos da vida, principalmente na saúde mental. Objetivo:
Aprofundar o papel do R/S na prática psiquiátrica, fornecendo evidências sensatas,
orientações baseadas na sua relação com a existência de sintomas dissociativos e
conversivos. Métodos: Foi realizada busca na base indexadora MedLine com a frase de
pesquisa: “spirituality” AND “conversion” AND “psychiatry” e suas variações de acordo com
o MeSH. Resultados: Há evidências positivas da importância do fator espiritualidade na
saúde psíquica na prática clínica, isto quando há interesse prévio do paciente para tal. São
necessárias novas práticas no cuidar e a realização de mais pesquisas para melhor
compreensão da temática. Conclusão: O estudo indica nova perspectiva para as
pesquisas na área, colaborando para compreensão da relação dos sintomas dissociativos
e conversivos com as crenças espirituais dos pacientes e para observação de até que ponto
tais práticas podem ser causadoras de manifestações psíquicas ou por outras
possibilidades não religiosas ou espiritualistas. Assim, o estudo pode auxiliar na criação de
táticas de fortalecimento do bem-estar espiritual na prática clínica para contribuir na
promoção da saúde mental e prevenção de transtornos psíquicos.

REFERÊNCIAS
1. Alves, R.R.N. et al. The influence of religiosity on health. Cienc. Saude Colet., Rio de
Janeiro, v. 15, n. 4, jun./jul. 2010.
2. Ammondson, I.et al. Competências espirituais e religiosas para psicólogos. Psicologia da
Religião e Espiritualidade. 2013.
3. Bursztyn, D.C. O Tratamento da histeria: um desafio para a rede de saúde mental. Psicol.
cienc. prof., Brasília, v. 31, n. 4, 2011.
4. Cook C.C.H. Recommendations for psychiatrists on spirituality and religion. Position
Statement. London: Royal College of Psychiatrists, 2011.

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USO DO CANABIDIOL NO TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS TRAUMÁTICO

Vilas Bôas, V.L¹; Cancella, J.M¹; Coutinho, B.A.P.B¹; Depe, I¹; Nissan, S.T.N¹; Oliveira,
M.M.M¹; Gama¹, J.R.A.²

1
Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz
de Fora – Suprema.
2
Docente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora – Suprema.

RESUMO

Introdução: O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma doença crônica


psiquiátrica que se desenvolve em indivíduos após a experiência de um evento traumático
intenso e com risco de vida. A sintomatologia pós-traumática engloba alterações nos
processos de memória, humor, ansiedade e excitação. O surgimento de sintomas ou
mesmo seu reaparecimento após o tratamento, destaca a eficácia limitada das terapias
psicológicas e farmacológicas atualmente disponíveis para reduzir a recaída dos sintomas
a longo prazo. No entanto, houve indícios de que o canabidiol (CBD), diminui os sintomas
específicos do TEPT. Objetivo: Avaliar o uso do CBD no tratamento do TEPT. Métodos:
Tendo como referência a base de dados MedLine, foi realizado uma busca com a frase de
pesquisa “cannabidiol” AND “post-traumatic stress disorder”, estabelecendo como critério
de inclusão: artigos publicados nos últimos 5 anos na língua inglesa. Discussão: Os
processos cerebrais que governam o desenvolvimento e persistência do TEPT ainda não
foram totalmente identificados, porém, o CBD tornou-se uma possibilidade terapêutica para
o tratamento do TEPT pois além de possuir propriedades ansiolíticas, diminui a saliência
de estímulos normalmente significativos e regula diferentes processos tendo função central
na extinção de memórias aversivas ao modular processos cognitivos que levam à redução
duradoura do medo aprendido. A administração sistêmica do CBD reduz a expressão da
memória do medo quando aplicada de forma aguda e a exposição prolongada implica na
extinção de memórias emocionais. Pacientes em uso diário de CBD oral por um período de
8 semanas demonstraram uma diminuição geral na gravidade dos sintomas de TEPT, e
relataram melhora dos sintomas com doses mais altas. Apesar disso ainda é necessária
uma investigação mais aprofundada sobre a dosagem ideal de CBD para TEPT e
determinar os efeitos do tratamento crônico. Conclusão: O progresso na compreensão do
potencial impacto positivo e negativo do CBD em situações clínicas tem sido limitado, e o
conjunto de sintomas de TEPT, bem como a magnitude e o tipo de trauma experimentado
em humanos variam ao longo do tempo após o trauma. Logo, a eficácia dos tratamentos
relacionados ao CBD também pode variar, porém, um número crescente de estudos mostra
que o CBD é um candidato em potencial como adjuvante farmacológico no tratamento do
TEPT podendo ser de grande ajuda para melhorar o resultado das psicoterapias e o
prognóstico dos pacientes.
Palavras-chave: cannabidiol, post-traumatic stress disorder

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ANAIS DA II JORNADA DE PSIQUIATRIA DE JUIZ DE FORA,2019;05-64

Referências:
1. Abizaid A, Merali Z, Anisman H. Cannabis: A potential efficacious intervention for PTSD
or simply snake oil? J Psychiatry Neurosci 2019; 44(2): 75–78.
2. Berardi A, Schelling G, Campolongo P.The endocannabinoid system and Post
Traumatic Stress Disorder (PTSD): From preclinical findings to innovative therapeutic
approaches in clinical settings. Pharmacol Res 2016;111:668-678.
3. Bitencourt RM, Takahashiiol RN. Cannabidiol as a Therapeutic Alternative for Post-
traumatic Stress Disorder: From Bench Research to Confirmation in Human Trials.Front
Neurosci 2018; 12:502.
4. Elms L, Shannon S, Hughes S, Lewis N. Cannabidiol in the Treatment of Post-
Traumatic Stress Disorder: A Case Series. J Altern Complement Med 2019; 25(4): 392–
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5. Lee JLC, Bertoglio JL, Guimarães FS, Stevenson CW. Cannabidiol regulation of
emotion and emotional memory processing: relevance for treating anxiety‐related and
substance abuse disorders. Br J Pharmacol 2017; 174(19): 3242–3256.
6. O'Neil ME, Nugent SM, Morasco BJ, Freeman M, Low A, Kondo K, Zakher B, Elven C,
Motu'apuaka M, Paynter R, Kansagara D. Benefits and Harms of Plant-Based Cannabis
for Posttraumatic Stress Disorder: A Systematic Review. Ann Intern Med.
2017;167(5):332-340.
7. Silvestro S, Mammana S, Cavalli E, Bramanti P, Mazzon E. Use of Cannabidiol in the
Treatment of Epilepsy: Efficacy and Security in Clinical Trials. Molecules 2019; 24(8):
1459.

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PROCESSO DE TRABALHO DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA COM


GESTANTES USUARIAS DE DROGAS

Lafayette Douglas da Silva1 ,Lairana Dineli Pacheco dos Santos2 ,Ângela Aparecida
Peters3
1
Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora/FCMS/JF-SUPREMA.
2
Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora/FCMS/JF-SUPREMA.
3
Doutoranda em Enfermagem. Docente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde
de Juiz de Fora-SUPREMA.
Email:lairana_pacheco@hotmail.com

RESUMO
Introdução: Conforme os protocolos do Ministério da Saúde (MS) a identificação das
gestantes de riscos de drogas ilícitas e licitas inicia-se na Unidade Básica de Saúde, com
prognostico feito muita das vezes por enfermeiros na consulta de enfermagem pré-natal,
essa captação precoce permite o acompanhamento pré-concepcional até o fim do
puerpério. Objetivo: Compreender o processo de cuidados de enfermagem a pacientes
gestantes usuárias de drogas. Método: Realizada consulta de artigos nas bases de dados
MEDLINE e SCIELO, utilizando os DESCRITORES EM CIÊNCIAS DA SAÚDE: “drogas”,
“gestantes”, “profissionais de enfermagem”. Incluindo artigos publicados em 2014 a 2019,
disponíveis na integra, em inglês e português, que abordava sobre tema. Foram excluídos
artigos que não estavam de acordo com o tema abordado. Resultados: Identificados 10
estudos nessa revisão, a partir de critérios previamente definidos, 03 foram incluídos nessa
revisão. Constata que o profissional de enfermagem é o primeiro dar assistências inicias as
gestantes usuárias de drogas, tendo um trabalho desafiador em acolhimento, comunicação
e a criação de vínculo e a busca de um equilíbrio no processo de saúde-doença. Diante
disso compreendemos que para fazer atendimentos a gestantes usuárias de drogas o
profissional precisa ser especializado, capacitado para garantir uma assistência de
qualidade. Conclusão: A pesquisa mostrou que a equipe de enfermagem demonstra
conhecimento sobre técnicas e procedimentos de cuidado, mas apresenta dificuldades ao
enfrentar a problemática de gestantes usuárias de drogas, pois o uso de drogas vem
aumentando de forma global afetando o clico gravídico-puerperal, por isso, a necessidade
de implementação de capacitação.
Palavras-chave: Drogas. Gestantes. Profissionais de Enfermagem.

Referência:
1. Maia JA; Pereira LA; Menezes FA. Consequências do uso de drogas durante a gravides.
Revista Enfermagem Contemporânea. 2015;4(2):121-128.
2. Kassada DS; Marcon SS; Waidman MAP. Perceptions and practices of pregnant women
attended in primary care using illicit drugs. Esc Anna Nery. 2014;18(3):428-434.

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3. Rodrigues PM; Zerbetto SR; Ciccilini MF. Percepção da equipe de enfermagem sobre os
fatores de riscos para o consumo de drogas pelas gestantes. Rev. Eletrônica Saúde
Mental Álcool Droga. 2015;11(3):153-60.

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USO DA CETAMINA NA TERAPIA ELETROCONVULSIVA NO PROGNÓSTICO DA


DEPRESSÃO MAIOR: REVISÃO SISTEMATICA

Lais Ribeiro Cerqueira de Oliveira1, Thais Martins de Oliveira Rodrigues1, Thais Siqueira
Costa1, Marcelle de Castro Baraky1, Júlia de Oliveira Perillo1, Laura Campos de Andrade1,
Rafaela Araújo Pinto1, Leandro Vespoli Campos2. ,Oliveira LRC1; Rodrigues TMO1; Costa
TS1; Baraky MC1; Perillo JO1; Andrade LC1; Pinto RA1; Campos, LV2.

1
Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de
Fora – Suprema.
2
Professor Orientador.

RESUMO
Introdução: A eletroconvulsoterapia (ECT) é uma das opções de tratamento mais eficazes
na depressão grave e resistente a terapêutica. A cetamina, um antagonista do N-metil-d-
aspartato (NMDA), é utilizada como anestésico em tal procedimento. Recentemente,
estudos demonstraram que quando associada à ECT, contribuiu para melhora dos sintomas
depressivos e efeitos colaterais do procedimento. Objetivos: O objetivo desse estudo foi
ressaltar a eficácia da cetamina quando associada à ECT no prognóstico da depressão
maior. Metodologia: Durante o mês de Agosto de 2019, foram analisados ensaios clínicos
controlados e randomizados, em inglês, publicados nos últimos cinco anos, em humanos,
que constavam na base de dados MedLine. Foram utilizados os descritores: depressão,
cetamina e eletroconvulsoterapia, além de suas variáveis no MeSH e Decs. Os critérios de
inclusão foram estudos que envolveram pacientes com diagnóstico de Depressão Maior
resistente a tratamentos farmacológicos, enquanto os de exclusão foram aqueles que não
estavam diretamente relacionados ao tema. A escala PRISMA (Figura 1) foi utilizada no
intuito de melhorar o relato desta revisão. Resultados: Foram encontrados 147 estudos e
após aplicação dos critérios apresentados apenas 9 fizeram parte da análise final. Foram
avaliados um total de 376 pessoas que se encaixavam no critério de inclusão. Dos 9 artigos
utilizados, 7 apresentaram resultados positivos no prognóstico da doença, enquanto 2 deles
mostraram-se inconclusivos. Em relação aos artigos conclusivos, o uso da cetamina na
ECT demonstrou benefícios devido a sua capacidade de diminuir a desorientação e o limiar
convulsivo decorrentes desse procedimento, possuindo ainda efeitos neuroprotetores
adicionais ou independentes contra déficits na função cognitiva, como a amnésia
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retrógrada. Isso se deve ao fato da cetamina ser um antagonista não competitivo do


receptor NMDA e a ativação desses receptores ser necessária para a indução de uma forma
de plasticidade sináptica denominada potenciação de longo prazo, um efetivo mecanismo
para formação da memória. Por último, a cetamina possui efeitos antidepressivos inerentes,
uma vez que reduz o grau de depressão de acordo com a escala Hamilton Depression
Rating Scale à medida que sessões de ECT associada ao medicamento são ministradas
(p<0,01). Conclusão: A cetamina é um eficiente agente a ser associado a ECT para
tratamento da depressão maior, principalemnte devido à sua ação anestésica e
neuroprotetora.

REFERÊNCIAS:

1. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG. The PRISMA G roup.PLoS One. 2009; 13(8):
e0202483.
2. Ritter P, Findeis H, Bauer M. Ketamine in the Treatment of Depressive Episodes.
Pharmacopsychiatry 2019.

3. Yen T, Khafaja M, Lam N, Crumbacher J, Schrader R, Rask J, et al. Post–


Electroconvulsive Therapy Recovery and Reorientation Time With Methohexital and
Ketamine. J ECT 2015; 31: 20-5.

Figura 1: Fluxograma do processo de seleção dos estudos.

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TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE: SUA CAUSA DECORRE DE UM


TRAUMA OU DE IATROGENIA TERAPÊUTICA?

Schiavon, B.S.R¹; Schettino¹, K.S¹; M; Vilas Bôas V.L¹; Pereira, H.M.B¹; Gama, J.R.A.²

1
Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz
de Fora – Suprema.
2
Psiquiatra e docente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da
Saúde de Juiz de Fora – Suprema.

RESUMO
Introdução: O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) é caracterizado pela presença
de duas ou mais identidades distintas de personalidade em uma única pessoa que assume
o controle de seu comportamento de forma recorrente. É um transtorno crônico pós-
traumático, no qual tem por etiologia eventos estressantes do desenvolvimento na infância,
incluindo abuso, negligência emocional, apego perturbado e violações de limites. No
entanto, na literatura atual há um questionamento acerca da etiologia: o TDI tem origem no
trauma de forma isolada ou em uma memória falseada e iatrogênica decorrente do
tratamento? Objetivo: associar o trauma com a ocorrência de TDI. Método: Foi realizada
busca nas bases indexadoras SciELO e MedLine com a frase de pesquisa “dissociative
identity disorder” AND [“trauma” OR "abuse"] e suas variações, de acordo com o MeSH.
Foram selecionados 4 artigos dos últimos 11 anos. Discussão: Questões traumáticas são
o principal fator desencadeador da dissociação anormal da consciência, um mecanismo de
defesa resultante de agressões e abusos físicos, sexuais ou psíquicos, responsável pelo
desencadeamento das emersões-imersões das múltiplas personalidades. Quando as
memórias traumáticas são recuperadas após longos períodos de amnésia, é muito provável
que estas sejam falsas ou perturbadas, ou seja, os eventos não ocorreram da forma que
fora lembrada, visto que os pacientes são influenciados por sugestões e comentários
diretos, por incentivo à persuasão, bem como por uma variedade de técnicas hipnóticas
e/ou hipnose disfarçada, como por exemplo imaginação guiada, análise de sonhos ou
técnicas baseadas no relaxamento. Além disso, diferentes traumas não irão
necessariamente gerar uma mesma síndrome; existem outros fatores, como a capacidade
de absorção ou de elaboração de conteúdos traumáticos, que diferem de pessoa para
pessoa, explicando satisfatoriamente as razões de uma mesma causa não gerar quadros
clínicos idênticos. Em retrospecto, ficou claro que muitas dessas lembranças recordadas
são falsas. Conclusão: A análise feita indica que existe apenas uma fraca correlação entre
o abuso percebido e os problemas mentais posteriores. Apesar da etiologia ainda ser
incerta, o TDI envolve lacunas de memória que vão além do esquecimento comum, ponto
que elucida a complexidade da origem do transtorno. Ademais, a ausência de avaliação
sistemática do trauma nos estudos torna impossível excluí-lo como a causa dos TDI nessas
populações.

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Referências:

1. Boysen G.A, VanBergen A. A review of published research on adult dissociative identity


disorder: 2000-2010. J Nerv Ment Dis 2013; 201(1): 5-11.
2. Faria M.A. O teste de Pfister e o transtorno dissociativo de identidade. Av Psic 2008; 7(3):
359-370.
3. Gillig P.M. Dissociative identity disorder: a controversial diagnosis. Psychiatry 2009; 6(3):
24–29.
4. Sara V., Unalb S.N ,Ozturka E. Frontal and occipital perfusion changes in dissociative
identity disorder. Psychiatry Res 2008; 217–223.
5. Sar V., Dorahy M.J, Krüger C. Revisiting the etiological aspects of dissociative identity
disorder: a biopsychosocial perspective. Psychol Res Behav Manag 2017; 10:137–146.

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TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS TRAUMÁTICO NA INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO


COM O DESENVOLVIMENTO PESSOAL

Ana Laura Campos Valadares¹, Artur Laizo² Daniel Oliveira Queiroz¹, Flávia
Mancilha Bernardes¹, Gabriela Borges Teixeira¹, Wallyson Ferreira da Costa³

¹ Acadêmicos de Medicina da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora- FAME/JF

² Docente de Medicina da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora-FAME/JF ³


Acadêmico de Medicina da FAMINAS-BH

RESUMO

Introdução: O trabalho em tela aborda o transtorno de estresse pós traumático na infância,


que é caracterizado pelo aparecimento de sintomas que ocorrem após o contato com um
fator traumático, ameaçador à vida. Gera sonhos com o ocorrido, flashbacks, sensação de
perseguição, medo, podendo contribuir para problemas psicológicos futuros. OBJETIVOS:
verificar por meio da literatura que a criança pode ter seu desenvolvimento pessoal
comprometido, apresentando maior irritabilidade, agitação e sentimento de abreviamento
de vida. Metodologia: foram realizadas pesquisas em artigos científicos disponíveis no
SciELO, PubMed e em revistas acadêmicas. Resultados: Foi observado que a exposição
a eventos traumáticos ativa os sistemas neurais de resposta ao estresse e atinge regiões
do hipocampo, local responsável pela memória, o que evidencia que prejuízos
neuropsicológicos podem permanecer na vida adulta. Conclusão: o transtorno de estresse
pós traumático vivido pela criança pode permanecer por toda a vida, contribuindo para um
desenvolvimento pessoal comprometido, com crises de pânico, hipervigilância e medo.

Palavras chave: Estresse pós-traumatico, desenvolvimento infantil, trauma na infância

Referências:
1.BORGES, Jeane Lessinger; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. Relações entre abuso
sexual na infância, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e prejuízos cognitivos.
Psicol. estud., Maringá , v. 13, n. 2, p. 371-

379, June 2008 . Available from


<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
73722008000200020&lng=en&nrm=iso>. access on 29 Aug. 2019.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722008000200020.

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2.SOUZA, Célia Mendes de; VIZZOTTO, Marília Martins e GOMES, Miria Benincasa.
Relação entre violência familiar e transtorno de estresse póstraumático. Psic., Saúde &
Doenças [online]. 2018, vol.19, n.2, pp.222-233.
ISSN 1645-0086. http://dx.doi.org/10.15309/18psd190205.

3.XIMENES, Liana Furtado; OLIVEIRA, Raquel de Vasconcelos Carvalhães de; ASSIS,


Simone Gonçalves de. Violência e transtorno de estresse póstraumático na infância.
Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 14, n. 2, p. 417-433, Apr.
2009 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232009000200011&lng=en&nrm=iso>. access on 29 Aug. 2019.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232009000200011.

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INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS ALIMENTARES:


REVISÃO DE LITERATURA

Meirelles, RCRGC¹; Meirelles VRGC¹; Zampier, RAOR¹; Santos MECC¹; Douglas Nunes
Abreu²

¹Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz


de Fora – Suprema.
²Docente da disciplina Farmacologia e Sinalizadores Celulares do curso de Medicina da
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora – Suprema – Orientador.

RESUMO
Introdução: existem diferentes tipos de transtornos alimentares (TA), dentre eles o
transtorno da compulsão alimentar periódica, a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, que
associam-se a psicopatologias influenciadas por fatores como rigidez cognitiva, crença na
utilidade da doença e formação excessiva de hábitos. Visto isso, observa-se uma
necessidade de esclarecimento acerca da importância de se tratar TA e de ampliar a
disponibilidade dos tratamentos psicológicos, como terapia cognitiva comportamental
(TCC). Objetivo: Avaliar o impacto do tratamento psicológico em pacientes com TA.
Métodos: Foi feita uma revisão sistemática de literatura utilizando-se a base de dados
indexadora MedLine, no período entre 2013 e 2017. Para realização deste trabalho, foram
adotados como critério de inclusão artigos controlados e randomizados, os quais foram
publicados nos últimos 5 anos e realizados em humanos. Foram excluídos artigos que
abordam somente terapias medicamentosas no tratamento de TA. Foram utilizadas na
busca as seguintes palavras chave “therapeutic”, “technique psychological”, “feedding
disorders” e suas variações no MeSH. Resultados: Com base na leitura de 4 artigos,
constatou-se que a terapia psicológica se caracteriza por intervenções que visam o
enfraquecimento das crenças sobre baixa autoestima, padrões corporais e a necessidade
de controlar a ingestão de alimentos e peso corporal, tento em vista a mudança de sintomas
e da motivação, com desenvolvimento de empoderamento individual. A procura de ajuda
profissional, entretanto, é rara e quase sempre tardia, podendo ocasionar o abortamento
do tratamento. Conclusão: Apesar dos tratamentos psicológicos estarem estritamente
relacionados à terapêutica dos transtornos alimentares, esses métodos são pouco
reconhecidos como fundamentais na recuperação dessas doenças, devido à resistência
dos pacientes que dificilmente procuram ajuda psicológica ou procuram tardiamente. Dessa
forma, é importante valorizar a qualidade de vida emocional e cognitiva do paciente, a fim
de intervir na psicopatologia e melhorar, com isso, a eficácia do tratamento.

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REFERÊNCIAS:
1. Boris Van Passel, Danner U, Dingemans A et al. Cognitive remediation therapy (CRT) as
a treatment enhancer of eating disorders and obsessive compulsive disorders: study
protocol for a randomized controlled trial. Trials. BMC Psychiatry 2016; 16 (393): 2-14.
2. Hilbet A. Cognitive-behavioral therapy for binge eating disorder in adolescentes: study
protocol for a randomizes controlled trial. Trials 2013; 14 (312): 2-11.
3. Cardi V, Ambwani S, Crosby R et al. Self-Help and Recovery guide for eating disordes
(SHARED): Study protocol for a randomized controlled trial. Trials 2015; 16 (165): 2-11.
4. Mathinsen TF, Rosenvinge JH, Pettersen G et al. The PED-t trial protocol: The effect oh
physical exercise – and dietary therapy compared with cognitive behavior therapy in
treatment of bulimia nervosa and binge eating disorder. BMC Psychiatry 2017; 17 (180):
2-11.

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