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Processo: 0798/15
Data do Acordão: 10/18/2017
Tribunal: 2 SECÇÃO
Relator: FRANCISCO ROTHES
Descritores: IMPUGNAÇÃO CONTENCIOSA
IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA
REMANESCENTE DA TAXA DE JUSTIÇA
Sumário: I - A eventual verificação de vícios na decisão do recurso
hierárquico nunca poderá projectar efeitos invalidantes sobre o
antecedente acto da liquidação.
II - Se tiver já sido interposta impugnação judicial contra a
liquidação, a reclamação graciosa ulteriormente deduzida contra
o mesmo acto não deve ser apreciada pela Administração, mas
antes remetida para apensação à impugnação judicial, em
obediência ao princípio da preferência absoluta dos meios
judiciais de impugnação sobre os meios administrativos e tal
como impõe o n.º 4 do art. 111.º do CPPT.
III - Nos casos em que o valor da causa excede € 275.000,00,
justifica-se a dispensa do remanescente da taxa de justiça devida
em 1.ª instância, quer na totalidade, quer numa fracção ou
percentagem, ao abrigo do disposto no n.º 7 do art. 6.º do RCP,
se a conduta processual das partes não obstar a essa dispensa e
se, não obstante a questão aí decidida não se afigurar de
complexidade inferior à comum, o montante da taxa de justiça
devida se afigurar manifestamente desproporcionado em face do
concreto serviço prestado, pondo em causa a relação
sinalagmática que a taxa pressupõe.
Nº Convencional: JSTA000P22391
Nº do Documento: SA2201710180798
Data de Entrada: 06/25/2015
Recorrente: A....., SGPS, S.A.
Recorrido 1: FAZENDA PÚBLICA
Votação: UNANIMIDADE
Aditamento:
Texto Integral
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2.2 DE FACTO E DE DIREITO
2.2.1 AS QUESTÕES A APRECIAR E DECIDIR
À sociedade ora Recorrente, na sequência de uma acção de
inspecção, foi liquidado adicionalmente IRC e respectivos juros
compensatórios, com referência ao ano de 2001, no montante
global de € 6.147.246,37 (liquidação n.º 20058310120826).
Aquela sociedade, inconformada com a liquidação, apresentou
reclamação graciosa, que foi deferida parcialmente, sendo que
em cumprimento dessa decisão foi elaborada “a liquidação n.º
20098310018923”, no valor de € 4.700.466,44, a que crescem
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2.2.2 DA INVIABILIDADE DA CONVOLAÇÃO DA IMPUGNAÇÃO
JUDICIAL EM ACÇÃO ADMINISTRATIVA E DA
IMPROCEDÊNCIA DA IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
2.2.2.1 Como deixámos já dito, a sentença entendeu que a
impugnação judicial, na parte em que nela foi pedida a anulação
do despacho que indeferiu o recurso hierárquico, não pode ser
convolada em acção administrativa especial, como propôs a
Impugnante depois de ser notificada da contestação e para a
eventualidade de ser julgada procedente a excepção de
litispendência aí invocada.
Isto, em síntese, porque a impugnação judicial é o meio
processual próprio para impugnar o indeferimento do recurso
hierárquico interposto do indeferimento de reclamação graciosa,
uma vez que esta tinha por objecto a apreciação da legalidade da
liquidação.
Pese embora a discordância da Recorrente, entendemos que a
sentença decidiu correctamente.
Antes do mais, cumpre ter presente que a reclamação graciosa a
que se refere a decisão do recurso hierárquico ora impugnada,
como bem salienta o Procurador-Geral Adjunto no parecer junto a
estes autos (referido em 1.5), teve por objecto o acto de
liquidação na parte em que esta se mantinha após o deferimento
parcial da primeira reclamação graciosa.
Ora, o meio processual adequado para a impugnação
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n.º 3), motivo por que a reclamação graciosa nem sequer deveria
ter sido objecto de pronúncia por parte da AT, que antes a deveria
ter apensado ao processo de impugnação judicial, ou remetido a
juízo para esse fim, como prescreve o n.º 4 do art. 111.º do CPPT,
em obediência ao princípio da preferência absoluta dos meios
judiciais de impugnação sobre os meios administrativos (Cfr.
JORGE LOPES DE SOUSA, ob. cit., II volume, anotação 5 ao art. 111.º,
pág. 241. ). Isto, porque, como salienta JORGE LOPES DE
SOUSA, «[n]o caso de ser deduzida impugnação judicial, parece
que não será apreciado recurso hierárquico que tenha sido
interposto de decisão de reclamação graciosa, pois é atribuída ao
tribunal competência para decidir todas as questões que tenham
sido suscitadas administrativamente relativas ao acto judicial
impugnado, mesmo que não tenham sido suscitadas na
impugnação judicial, como se infere do n.º 4 daquele art. 111.º»
(Ob. cit., I volume, anotação 9 ao art. 76.º, pág. 670.).
Assim, a sentença recorrida, também na parte em que julgou que
o conhecimento dos vícios formais imputados pela Impugnante à
decisão do recurso hierárquico (a efectuar em impugnação
judicial) ficou prejudicado, não merece censura.
*
2.2.3 DA DISPENSA DO REMANESCENTE DA TAXA DE
JUSTIÇA
Resta apreciar o pedido de dispensa do pagamento do
remanescente da taxa de justiça, formulado pela Recorrente com
fundamento em que a acção não se reveste de especial
complexidade.
Nos termos do n.º 7 do art. 6.º do RCP, «[n]as causas de valor
superior a (euro) 275.000, o remanescente da taxa de justiça é
considerado na conta a final, salvo se a especificidade da
situação o justificar e o juiz de forma fundamentada, atendendo
designadamente à complexidade da causa e à conduta
processual das partes, dispensar o pagamento».
Ou seja, como este Supremo Tribunal Administrativo tem vindo a
afirmar, a dispensa do pagamento do remanescente da taxa de
justiça tem natureza excepcional, pressupõe uma menor
complexidade da causa e uma simplificação da tramitação
processual aferida pela especificidade da situação processual e
pela conduta das partes. A jurisprudência tem vindo também a
admitir essa dispensa quando o montante da taxa de justiça
devida se afigurar manifestamente desproporcionado em face do
concreto serviço prestado, pondo em causa a relação
sinalagmática que a taxa pressupõe, configurando uma violação
dos princípios constitucionais do acesso ao direito e da tutela
jurisdicional efectiva, da proporcionalidade e da necessidade (A
título de exemplo, vide o seguinte acórdão da Secção de Contencioso
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/08669054164750cc80257cd600455a0e;
- de 3 de Dezembro de 2014, proferido no processo n.º 1351/14,
disponível em
http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931
/928de9796124623280257dc8004e1289;
- de 23 de Novembro de 2016, proferido no processo n.º 923/16,
disponível em
http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931
/4512fb7b603617a5802580760051cb4e.).
Assim, ao abrigo do disposto no art. 6.º, n.º 7, do RCP, e
deferindo parcialmente a pretensão da ora Recorrente,
reduziremos em 90% o montante do remanescente da taxa de
justiça a pagar, quer relativamente à acção quer relativamente ao
recurso.
*
2.2.4 CONCLUSÕES
Preparando a decisão, formulamos as seguintes conclusões:
***
3. DECISÃO
Face ao exposto, os juízes da Secção do Contencioso Tributário
deste Supremo Tribunal Administrativo acordam, em conferência,
em conceder parcial provimento ao recurso e, revogando a
sentença na parte respeitante à condenação em custas, substituí-
la, nesse segmento, pelo seguinte: Custas pela Impugnante, com
dispensa do pagamento do remanescente da taxa de justiça, na
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