Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DA FAZENDA

PÚBLICA DA COMARCA DE MALLANDRO- ESTADO DO PARANÁ.

JOSÉ OLÍMPICO DE TAL, aposentado, (qualificação),


portador RG n.º 000.000 e do CPF n.º 000.000.00, residentes e domiciliados na
Rua ....., n.º , Cidade de Mallandro, Estado do Paraná, por intermédio de seu
advogado, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DESAPROPRIAÇÃO


INDIRETA em face de

MUNICÍPIO DE MALLANDRO pessoa jurídica de direito


público interno, com sede na Rua ....., nº, Cidade Mallandro, Estado do Paraná,
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

DOS FATOS
O autor é proprietário de um imóvel urbano (terra nua), cuja a
área é de 1.000 m² (mil metros quadrados), e se encontra situado ao lado da sede
da Prefeitura do Município de Mallandro. O valor do referido imóvel é de
aproximadamente R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).
Urge salientar que, no ano de 2016, o autor com vontade de
conhecer o mundo, resolveu viajar pelo ininterrupto período de 3 anos.
Porem, ao retornar de sua viajem, o autor descobre que o
Município de Mallandro iniciou em janeiro de 2017, sem sua autorização, uma
obra municipal em seu terreno para a edificação de um prédio que servirá de
apoio às atividades da Prefeitura, tendo em vista o grande incentivo que o
município acabou recebendo do Governo Federal.
A justificativa para tal ato, foi que a prefeitura realizou a
desapropriação por utilidade pública, entretanto, ao autor não recebeu nenhum
valor pelo imóvel, em decorrência de não encontrarem o proprietário do imóvel.
O procedimento administrativo apresenta algumas
irregularidades no tocante aos prazos, quais sejam: O município demorava
sempre mais de 30 dias para fomentar os despachos administrativos no
procedimento para dar prosseguimento ao procedimento de desapropriação.
Atualmente, a obra já se encontra completamente incorporada ao
patrimônio público tendo ocorrido sua inauguração em abril de 2021.
Neste sentido, o autor não encontro outra alternativa senão
propor a presente ação, para que ocorra a indenização pelo ato irregular do
Município de Mallandro.

DO DIREITO

A desapropriação é a forma pela qual um bem móvel ou imóvel


passa da propriedade particular para o patrimônio público para atender ao
interesse público.

De início, cumpre ressaltar que ao presente caso devem ser


aplicados os dispositivos da Constituição Federal, art. 5º, XXII bem como XXIV.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
os casos previstos nesta Constituição;
Nota-se que inciso XXIV informa que a desapropriação por
utilidade publica deverá ocorrer mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
e diante dos fatos narrados nos resta claro que o autor sequer fora indenizado.
Em que pese, tal ato do município afronta ao direito fundamental
ao devido processo legal, previsto no art. 5º, LIV, vejamos:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
Ainda o art. 10-A e incisos do Decreto-Lei nº 3365/41 destaca
que:

Art. 10-A. O poder público deverá notificar o proprietário e


apresentar-lhe oferta de indenização.

§ 1º A notificação de que trata o caput deste artigo conterá:

I - cópia do ato de declaração de utilidade pública;

II - planta ou descrição dos bens e suas confrontações;

III - valor da oferta;

IV - informação de que o prazo para aceitar ou rejeitar a oferta


é de 15 (quinze) dias e de que o silêncio será considerado
rejeição;

Verifica-se que o município promoveu a desapropriação indireta


do imóvel do autor, visto que, ocupou e se apossou de área privada sem o
cumprimento do processo de desapropriação e, sequer, promoveu a justa e previa
indenização em dinheiro ao autor.
O art. 35 do mesmo decreto nos diz:
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda
Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que
fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer
ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.
Portanto, como o bem imóvel já se encontra incorporado ao
patrimônio público, o autor não poderá retomar a sua propriedade, resolvendo
esta questão em perdas e danos.
Diante dos fatos, a presente demanda deverá ocorrer em
observância ao art. 47, do CPC, que traz expresso:
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é
competente o foro de situação da coisa.
Bem como prevê o art. 11 do decreto citado acima:
Art. 11. A ação, quando a União for autora, será proposta no
Distrito Federal ou no foro da Capital do Estado onde for
domiciliado o réu, perante o juizo privativo, se houver; sendo
outro o autor, no foro da situação dos bens.
Ainda, a súmula 114 do STJ, entende que os juros
compensatórios, na desapropriação indireta, incidem a partir da ocupação,
calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.
Por fim, o art. 15-B do decreto expressa que:
Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros
moratórios destinam-se a recompor a perda decorrente do
atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão
final de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis por
cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do exercício seguinte
àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art.
100 da Constituição.
Logo, além dos juros compensatórios, deverá incidir juros
moratórios, sendo 6% por ano. Estes deverão incidir cumulativamente com os
juros compensatórios.
Por fim, conforme previsão do art. 37, §6, da CF:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.
Visto que não ocorreu o devido pagamento da previa
indenização, resta ao Estado o dever de indenizar.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requerer:
a) Requer a citação do Município de Mallandro, na pessoa de seu
representante legal, para querendo contestá-la;
b) Requer ainda que seja julgado procedente presente ação, para
o fim de condenar o Município de Mallandro ao pagamento de indenização pela
pratica de desapropriação indireta, em valor ajustado por este juízo,
considerando ainda os valores legais que devem ser acrescidos ao valor da causa,
inclusive juros compensatórios de 12%, e moratórios de 6% ao ano;
d) Por fim, condenar o réu aos ônus sucumbenciais;
e) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em
direito admitidas.
Dá-se à causa o valor de R$ ......
Nesses Termos, pede Deferimento.
LOCAL – DATA
ADVOGADO
Nº INSCRIÇÃO DA OAB

Você também pode gostar