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QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE E A RELAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA PARA OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NO MUNICÍPIO DE MORRO DA


FUMAÇA/SC

Tatiane Dagostin Menegali


João Fabrício Somariva

Resumo: Este artigo buscou analisar o conhecimento dos professores de Educação Física sobre
a temática qualidade de vida e saúde no ensino médio no município de Morro da Fumaça/SC. A
pesquisa foi de campo de caráter qualitativo, na qual foi aplicado um questionário com questões
abertas a três professores de Educação Física que lecionavam no ensino médio. Ao analisar as
respostas observou-se que os professores entrevistados seguem as propostas crítico-superadora,
aptidão física e esportivizada, mas apresentaram dificuldades em relacionar a proposta adotada
ao conhecimento em questão. Mesmo com a constatação, os professores baseados na proposta
Crítico-superadora demostraram maior capacidade para situar a respectiva proposta aos
conhecimentos relativos a qualidade de vida e saúde.

Palavras-chave: Educação Física. Qualidade de vida. Saúde. Propostas pedagógicas. Ensino


médio.

QUALITY OF LIFE AND HEALTH AND THE RELATIONSHIP IN PHYSICAL


EDUCATION CLASSES FOR HIGH SCHOOL STUDENTS IN THE MUNICIPALITY
OF MORRO DA FUMAÇA/SC

Abstract: This article sought to analyze the knowledge of physical education teachers on the
theme quality of life and health in high school in the municipality of Morro da Fumaça/SC.
The research was qualitative, in which a questionnaire was applied with questions open to
three physical education teachers who taught in high school. When analyzing the answers, it
was observed that the teachers interviewed follow the critical-overcoming proposals,
physical and sportsskills, but presented difficulties in relating the proposal adopted to the
knowledge in question. Even with the finding, teachers based on the Critical-superadora
proposal showed greater capacity to situate their proposal to knowledge related to quality of
life and health.

Keywords: Physical Education. Quality of life. Health. Pedagogical proposals. High school.

CALIDAD DE VIDA Y SALUD Y LA RELACION EN LAS CLASES DE EDUCACION


FÍSICA PARA ESTUDIANTES DE ALTA ESCUELA EN EL MUNICIPIO DE MORRO
DA FUMAÇA/SC
Resumen: Este artículo buscó analizar el conocimiento de los profesores de educación física
sobre el tema calidad de vida y salud en la escuela secundaria en el municipio de Morro da
Fumaça/SC. La investigación fue cualitativa, en la que se aplicó un cuestionario con preguntas
abiertas a tres profesores de educación física que enseñaban en la escuela secundaria. Al analizar
las respuestas, se observó que los profesores entrevistados siguen las propuestas de superación
crítica, las habilidades físicas y deportivas, pero presentaron dificultades para relacionar la
propuesta adoptada a los conocimientos en cuestión. Incluso con el hallazgo, los profesores
basados en la propuesta Crítico-superadora mostraron una mayor capacidad para situar su
propuesta a conocimientos relacionados con la calidad de vida y la salud.

Palabras clave: Educación Física. Calidad de vida. Salud. Propuestas pedagógicas. Escuela
secundaria.

Introdução

Esta pesquisa tem como foco investigar se os professores de Educação Física discutem
sobre o tema qualidade de vida e saúde em suas aulas como um conteúdo específico dentro de
sua proposta pedagógica. Partindo disso, nos embasamos no conceito de Nahas para esclarecer o
tema qualidade de vida sendo “a percepção do bem-estar resultante de um conjunto de
parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições
em que vive o ser humano.” (2013, p. 15). E saúde, além de ser destacada como uma simples
ausência de doenças pode-se salientar que envolve muitas outras coisas, como o bem-estar físico,
mental e social do indivíduo, ou seja, uma junção de fatores que permita hábitos para o indivíduo
estar bem consigo mesmo e por consequência o mesmo ter a qualidade de vida. Assim,
percebemos a importância de tratar este assunto com os alunos especificamente do ensino médio,
devido os mesmos pertencerem ao período final escolar, possibilitando que entendam sobre o
real sentido do tema qualidade de vida e saúde na sociedade em que vivemos.
Cabe ao professor de Educação Física explanar sobre este tema a fim de trabalhar
conteúdos em que os estudantes consigam levar também para a vida adulta, tornando-os
conscientes de hábitos mais saudáveis. Miranda (2006) situa a importância de argumentar sobre
questões críticas com os alunos em relação ao tema, não o simplesmente fazer por fazer, e sim
encontrando meios científicos que esclareçam a importância de iniciar hábitos de vida mais
saudáveis, fazendo com que os alunos compreendam sobre sua real importância.
Diante do exposto, tem-se o seguinte problema de pesquisa: Como é tratado o
conhecimento acerca da qualidade de vida e saúde nas aulas de Educação Física? Nesse sentido,
buscou-se analisar se os professores de Educação Física possuem objetivos em seus conteúdos
que tenham relação com o tema qualidade de vida e saúde, sabendo da importância que estas
questões assumem na vida dos estudantes, pois são assuntos que os mesmos devem levar também
para a vida adulta mantendo um estilo de vida em que permita ter consciência de suas ações
expostas fora do âmbito escolar.
Sendo assim, o objetivo geral da pesquisa foi compreender o conhecimento dos
professores de Educação Física sobre a qualidade de vida e saúde no ensino médio no município
de Morro da Fumaça/SC, destacando tais especificidades como: a) verificar as estratégias que os
professores de Educação Física utilizam para abordar os conteúdos referentes à qualidade de vida
e saúde; b) verificar o entendimento dos professores de Educação Física sobre o tema qualidade
de vida e saúde; c) analisar os fatores que levam ou não os professores de Educação Física tratar
o assunto da qualidade de vida e saúde como um conteúdo específico em suas aulas.

Saúde e qualidade de vida


A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua saúde sendo “um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Assim,
esclarecemos que saúde está longe de ser apenas um fator benéfico de certa doença e sim
significa dizer um conjunto de relações sociais que busque o bem de todos independente de raça,
cor e religião.
A saúde está ligada diretamente com uma boa qualidade de vida, nesse sentido, de acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS) define qualidade de vida como “a percepção do
indivíduo de sua inserção na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive
e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Contudo, percebe-se que
o indivíduo possui qualidade de vida quando o mesmo usufrui de alguns fatores para a própria
sobrevivência, como moradia, vestimenta, alimento e o próprio lazer, incluindo a prática de
atividades físicas.
Nahas (2013) distingue o termo qualidade de vida em parâmetros socioambientais e
parâmetros individuais, descrevendo que são parâmetros modificáveis que atingem nossa
qualidade de vida e consequentemente fatores influenciáveis à nossa saúde e bem-estar. Os
parâmetros socioambientais são classificados em: moradia, transporte, segurança, assistência
médica, condições de trabalho e remuneração, educação, opções de lazer, meio ambiente e
cultura. Já os parâmetros individuais são: hereditariedade, estilo de vida, hábitos alimentares,
controle do estresse, atividade física habitual, relacionamentos e comportamento preventivo.
Com isso, quando falamos em qualidade de vida nos parece que há uma ligação direta
com a saúde, pois, caso o indivíduo não esteja mentalmente ou fisicamente bem (saúde)
dificilmente o mesmo estará apto a realizar alguma atividade em que o satisfaça tendo por
consequência a qualidade de vida, por exemplo. Porém, há controversas, pois se o mesmo
indivíduo possui moradia com uma estabilidade financeira razoável mostra que esse indivíduo
possui uma qualidade de vida, mas em relação à saúde apresenta fatores negativos.
A partir disso, mesmo que esses conceitos sobre qualidade de vida e saúde pareçam ser
sinônimos, estes apresentam aspectos diferentes que podem ou não se relacionar, dependendo da
real situação do indivíduo.
Segundo De Paula, De Souza e Conte (2015) relata-se que o termo qualidade de vida se
caracteriza em dois aspectos como a subjetividade e a multidimensionalidade, no qual, o termo
de subjetividade se refere à ação de considerar a percepção do individuo sobre o seu estado de
saúde além de aspectos descritos não médicos. Já a multidimensionalidade quer dizer ao
reconhecimento de que qualidade de vida possui diferentes formas e ações.
No entanto, de forma mais geral esses termos sobre qualidade de vida e saúde possuem
suas próprias características, tendo em vista seus conceitos já explanados.

O ensino sobre saúde nas aulas de Educação Física

Quando falamos sobre a disciplina de Educação Física automaticamente nos parece que
qualquer atividade prática que o professor realizar vai estimular aos alunos a terem mais saúde.
Porém, sabemos que para se chegar a essa discussão sobre saúde precisa ter um objetivo concreto
dentro de uma proposta pedagógica abordada pelo professor.
Com isso, podemos destacar algumas propostas pedagógicas existentes na disciplina de
Educação Física que abordam direta e indiretamente o tema saúde nas aulas de Educação Física,
se distinguindo em propostas críticas e acríticas. Dentro das propostas acríticas existem a
esportivista ou tecnicista que segundo Darido (2015, p. 04) “Os procedimentos empregados são
extremamente diretivos, o papel do professor é bastante centralizador e a prática, uma repetição
mecânica dos movimentos esportivos”. Também se situa a proposta psicomotricidade que visa à
aprendizagem no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo do indivíduo (DARIDO, 2015).
Outra proposta acrítica selecionada é a abordagem saúde renovada que ainda segundo Darido, “a
abordagem da saúde renovada ter por paradigma a Aptidão Física relacionada à Saúde e por
objetivos: informar, mudar atitudes e promover a prática sistemática de exercícios (2015, p. 16)”.
Em relação às propostas críticas, possuem a proposta crítico-emancipatória com o seu
autor Elenor Kunz, 1994, no qual, descreve sobre um ensino apresentando três categorias,
trabalho, interação e linguagem, sendo que essas categorias devem conduzir ao desenvolvimento
da competência objetiva, social e comunicativa.
Além dessas categorias e competências, Kunz salienta sobre algumas estratégias
didáticas, no qual orienta o professor a seguir a proposta. Essas estratégias são chamadas de
transcendências de limites, sendo a transcendência de limites de forma direta, de forma aprendida
e de forma criativa. Assim, essa proposta segundo Kunz,
Deve ser um ensino de libertação de falsas ilusões, de falsos interesses e
desejos, criados e construídos nos alunos pela visão de mundo que apresentam a
partir de “conhecimentos” colocados à disposição pelo contexto sociocultural
onde vivem (2006, p. 121).

E a proposta crítico-superadora escrita por um Coletivo de Autores em 1992, relatando


que para poder selecionar os conteúdos para as aulas de Educação Física, precisa considerar a
relevância social imposta na escola, à contemporaneidade do conteúdo e a adequação às
características sociais e cognoscitivas do aluno, além de fazer com que o aluno “confronte os
conhecimentos do senso comum com o conhecimento científico, para ampliar o seu acervo de
conhecimento” (DARIDO, 2015, p. 13).
Segundo Ferreira (2001),
cumpre à educação física escolar criar nos alunos o prazer pelo exercício e pelo
desporto de forma a leva-los a adotar um estilo de vida saudável e ativa. Para
tanto, as pessoas devem ser capazes de selecionar as atividades que satisfazem
suas próprias necessidades e interesses, de avaliar seus próprios níveis de
aptidão e, finalmente, de resolver seus próprios problemas de aptidão (p. 44).

Com base, o professor de Educação Física a partir de sua proposta pedagógica deve levar
temáticas aos alunos que explanem diversos conteúdos, não somente os hegemônicos, e sim
tratar também o ensino sobre saúde e qualidade de vida, dentro da realidade escolar a fim de
conscientizar aos alunos o porquê da importância de criar hábitos de vida mais saudáveis,
principalmente com o ensino médio.

Procedimentos Metodológicos

O método de pesquisa utilizado foi de campo, consistindo na visita das escolas


envolvidas. Conforme Gil (2002, p. 53) esse método “estuda-se um único grupo ou comunidade
em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação entre seus componentes”.
Gil ainda salienta sobre a ligação direta entre o grupo de estudo com as áreas envolvidas,
Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo
estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que
ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos outros, tais como a
análise de documentos, filmagens e fotografias.
Nesse sentido, a pesquisa se realizou no município de Morro da Fumaça/SC, na qual
possuem duas escolas públicas estaduais com o ensino médio, com uma escola possuindo em
média de 500 alunos e outra aproximadamente 90 estudantes. Estas escolas possuem de dois a
quatro professores de Educação Física cada. No entanto, o critério adotado para a escolha dos
participantes era que lecionassem o ensino médio no período noturno, o que nos levou ao número
de três professores.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário com 11 questões
abertas, tendo em vista os objetivos específicos desta pesquisa. Logo, a pesquisadora se fez
presente no processo de entrega e resposta dos questionários aos professores de Educação Física.
Assim, como salienta Gil (2002, p. 53),
No estudo de campo, o pesquisador realiza maior parte do trabalho
pessoalmente, pois é enfatizada importância de o pesquisador ter tido ele mesmo
uma experiência direta com a situação de estudo.

No município pesquisado, as duas escolas relatadas receberam uma carta explicativa


sobre o objetivo da pesquisa pedindo autorização para a aplicação da mesma, tendo o pedido
de permissão concedido pelos gestores da escola. Assim, que nos foi a autorizada a pesquisa,
foi identificada a presença de um professor de Educação Física efetivo 1 em cada unidade
escolar, estando há mais de dez anos na área. Porém, durante a coleta de dados para a pesquisa,
esses professores se encontraram afastados no âmbito escolar, devido um estar de licença
prêmio2e o outro ter se aposentado neste mesmo ano da pesquisa. Com isso, abriram vagas
para professores ACT’s considerando ao aceite dos mesmos em responder o questionário
3

sobre o tema já comentado.


Antes da aplicação do questionário, a pesquisadora entregou o termo de consentimento
livre e esclarecido (TCLE) deixando claro o objetivo da pesquisa tendo a assinatura de cada
professor como uma forma de permissão em fazer parte da mesma.
Todos esses dados para a pesquisa são de caráter qualitativo, que segundo Bardin
(2002) exigem organização, desempenho e investigação do pesquisador, para que assim
alcance o seu objetivo de maneira clara e verídica.

Resultados e Discussão
A pesquisa se realizou especificamente aos professores do ensino médio no período
noturno. Assim, destacaram-se três professores formados em Educação Física, dois do gênero
masculino e uma do gênero feminino com idade entre 24 á 32 anos. Um dos professores possui
apenas a formação sendo que os demais possuem especialização, além do tempo de docência de
cada um variar entre quatro, oito e três anos do cargo de professor nas escolas.
Com base no questionário aplicado aos professores, dividimos as perguntas em
categorias para a análise das mesmas. Assim, umas das perguntas aplicadas aos professores se
fez objetiva, enfatizando se os mesmos abordam conteúdos que trabalhem a temática qualidade
de vida e saúde, sendo que todos os professores responderam positivamente. Essa pergunta fez
com que os professores respondessem outras questões em relação às estratégias, conteúdos e
experiências de ensino com a temática qualidade de vida e saúde embasada em sua proposta
1
Efetivo: O termo efetivo refere-se ao cargo de professor efetivo, no qual é exercido por
professores que são aprovados em concurso público, sendo de modo municipal, estadual ou
federal, adquirindo a estabilidade do emprego.
2
Licença prêmio: Termo utilizado para referirem-se ao afastamento remunerado do professor no
período de três meses para cada cinco anos servidos.
3
ACT’s: Termo utilizado para referir-se ao professor admitido em caráter temporário em redes
públicas estaduais de educação.
pedagógica.

A proposta pedagógica adotada.


Nesta categoria buscou conhecer as propostas pedagógicas que os professores utilizavam
em suas aulas. Assim, os professores pesquisados P2 e P3 relataram se basear na proposta
crítico-superadora, no qual surgiu em 1992 por um Coletivo de autores, no intuito de fornecer
elementos teóricos para a assimilação consciente do conhecimento, de modo que possa auxiliar
o professor a pensar autonomamente (2012, p. 19).
A Proposta Crítico-superadora tenta superar os interesses de classes ditas por
proprietária e trabalhadora, no qual apresenta algumas características específicas trazidas como
uma reflexão pedagógica, sendo elas: Diagnóstica, judicativa e teleológica. Segundo o Coletivo
de Autores (2012), a característica diagnóstica remete à constatação e leitura dos dados da
realidade, a judicativa julga a partir de uma ética que representa os interesses de determinada
classe social e a teleológica busca um caminho aonde quer chegar. A partir dessas características
a proposta crítico- superadora traz alguns princípios curriculares que devem ser pensados no
planejamento das aulas, como a relevância social do conteúdo, a contemporaneidade do
conteúdo e a adequação às possibilidades sociocognoscitivas do aluno. Além de especificar
outros princípios que devem levar em conta para a seleção desses conteúdos, como o princípio
do confronto e contraposição de saberes,

Ou seja, compartilhar significados construídos no pensamento do aluno através


de diferentes referências: o conhecimento científico ou saber escolar é o saber
construído enquanto resposta às exigências do seu meio cultural informado pelo
senso comum (COLETIVO DE AUTORES, 2012, p. 33).

Outro princípio é o da simultaneidade dos conteúdos enquanto dados da realidade, ou


seja, esses conteúdos são apresentados de forma simultânea aos alunos. Partindo desse, há o
princípio da espiralidade da incorporação das referências do pensamento, no qual,
compreendem-se as diferentes formas de organizar o pensamento para que assim possa ampliar
com o conhecimento científico. Por fim, o Coletivo aponta o princípio da provisoriedade do
conhecimento, “a partir dele se organizam e sistematizam os conteúdos de ensino, rompendo
com a ideia de terminalidade (2012, p. 34)”.
Já o P1 destacou seguir a proposta esportivizada no qual, segundo Darido (2008) o
modelo esportivista surgiu no período militarista, onde a Educação Física assume a função de
preparar o indivíduo para participar de competições de alto nível, representando a nação. Assim,
González e Fensterseifer (2005) apontam que o modelo de esportivização é entendido como
uma prática motora e cultural, no qual é,
Orientada a comparar um determinado desempenho entre indivíduos ou grupos;
é regida por um conjunto de regras que procuram dar aos adversários iguais
condições de oportunidade para vencer a contenda e, dessa forma, manter a
incerteza do resultado, e com essas regras institucionalizadas por organizações
que assumem (exigem) a responsabilidade de definir e homogeneizar as normas
de disputa e promover o desenvolvimento da modalidade, com o intuito de
comparar o desempenho entre diferentes atores esportivos (por exemplo, a nível
mundial) (p. 170).

Outra proposta apontada pelo professor P1 foi à aptidão física e saúde, que Darido
(2008) cita Nahas (1997) para esclarecer o objetivo dessa proposta vinculada com o ensino
médio, no qual é,
Ensinar os conceitos básicos da relação entre atividade física, aptidão física e
saúde. O autor observa que esta perspectiva procura atender a todos os alunos,
principalmente os que mais necessitam, os sedentários, os de baixa aptidão
física, os obesos e os portadores de deficiências (p. 19).

Com isso, percebemos que estas propostas de caráter crítico e acrítico ditas pelos
professores pesquisados conseguem abranger conteúdos relacionados ao tema qualidade de vida
e saúde, tendo em vista as limitações de conhecimento de cada uma.

Qualidade de vida e saúde nas propostas pedagógicas


Essa pergunta pretendeu averiguar se as propostas pedagógicas ditas pelos professores
discutem sobre o tema qualidade de vida e saúde. Desse modo, todos os professores pesquisados
responderam afirmativamente, como se pode observar em suas falas representadas no quadro 1:

Quadro 1: A proposta adotada e a relação com qualidade de vida e saúde


Professores Respostas
Qualidade de Vida Saúde

P1 P1: Tendo em vista que qualidade de Nas minhas aulas, a saúde está
vida é aquilo que você vive seu relacionada, ao meu questionário que
cotidiano. Se você é uma pessoa realizei sobre sedentarismo, e o que a
sedentária, não prática quaisquer sala respondeu sobre o mesmo, nisso
esporte, você para mim não vai ter minha relação eu percebi como está a
essa “qualidade de vida”, ou seja na saúde da mesma, fora o comportamento
minha opinião é uma pessoa que seja “saudável” da mesma.
com qualquer dificuldade que tenha
mais ao menos em mente e consiga
praticar algum esporte, tendo uma
qualidade de vida.

P2 P2: Conjunto de fatores, social e P2: Bem-estar físico e psíquico.


ambiental.

P3 P3: Se tem uma boa qualidade de vida, P3: Entendendo que a saúde aumenta
o indivíduo que leva pra vida e para o nossa expectativa de vida, ele se torna
seu dia-a-dia uma rotina na qual ela primordial na vida de cada ser, sendo
tira um tempo para praticar atividades ela uma junção de boa alimentação,
físicas, lazer, alimentação, e também exercícios físicos, onde necessita
um tempo para si próprio. também de estar em equilíbrio mental e
corpo.
Fonte: dados da pesquisa (2019)

Em relação às respostas sobre o conceito de saúde e qualidade de vida, os professores não


conseguiram especificar adequadamente o conceito segundo alguns autores já relatados. Porém,
os professores P2 e P3 que afirmaram basear-se na proposta Crítico-superadora, demostraram
possuir conhecimento sobre a temática e dialogam com a proposta adotada, tendo em vista a
perspectiva da reflexão sobre a cultura corporal, pois “busca desenvolver uma reflexão
pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no
decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal (COLETIVO DE AUTORES, 2012,
p. 39)”.
Já o professor P1 que relatou abordar a proposta da Aptidão Física e Esportivizada não
trouxe argumentos que esclarecessem a proposta adotada, tendo em vista que o objetivo dessa
proposta é desenvolver conteúdos em que os alunos apreendam atividades corporais com foco no
seu máximo rendimento (COLETIVO DE AUTORES, 2012). O professor esclareceu que “Se
você é uma pessoa sedentária, não pratica quaisquer esporte, você para mim não vai ter essa
qualidade de vida”. Ao condicionar o sedentarismo a prática esportiva, o professor P1 toma
como princípio que sua simples prática pode aumentar a saúde e a qualidade de vida. No entanto,
se o conceito de esporte utilizado em questão pelo docente estiver ligado ao treino e a
competição, o alcance da saúde e da qualidade de vida é ilusório, pois trata-se de um conceito
restrito de esporte. Nas palavras de Kunz,
o conceito de esporte que se vincula hoje à Educação Física é um conceito
restrito, pois se refere apenas ao esporte que tem como conteúdo o treino, a
competição, o atleta e o rendimento esportivo, este, aliás é o conceito “estrito”
do esporte que aqui considero (2006, p. 63).

Sendo assim, nesse modelo citado pelo professor P1 não há características de uma
qualidade de vida, pois o mesmo está vinculado ao treino e técnica para se obter o movimento
perfeito, tendo por consequência, muitas vezes, lesões no corpo e estando longe de um
conhecimento pedagógico crítico, no qual, Kunz salienta que

O objeto de ensino da Educação Física é assim, não apenas o desenvolvimento


das ações do esporte, mas propiciar a compreensão crítica das diferentes formas
da encenação esportiva, os seus interesses e os seus problemas vinculados ao
contexto sociopolítico. É, na prática, permitir apenas o desenvolvimento de
formas de encenação do esporte que são pedagogicamente relevantes (2006, p.
73).

Esse modelo também foi criticado por Darido (2015) ao relatar que o mesmo é chamado
de mecanicista, tecnicista e tradicional pelo fato de exigir o máximo do aluno de forma
reprodutivista.

A relação entre saúde e qualidade de vida


Nesta categoria buscou investigar a compreensão dos professores de Educação Física
sobre a relação entre saúde e qualidade de vida, tendo em vista as concepções já comentadas por
eles. A partir disso, suas falas estão sistematizadas no quadro 2:

Quadro 2: Descrição da relação entre saúde e qualidade de vida


Professores Respostas

P1 P1: Saúde- completamente saudável. Qualidade de vida- uma vida ativa.

P2 P2: Sem saúde física e mental não temos qualidade de vida.

P3: As duas são uma junção, uma vai beneficiar a outra, através de uma boa saúde
automaticamente você terá uma qualidade de vida melhor, pois se eu estiver bem,
P3 logo estarei mais disposto para fazer meus afazeres, bem como me relacionar melhor.

Fonte: dados da pesquisa (2019)

Sobre a compreensão da relação de saúde e qualidade de vida, o professor P1 não


conseguiu relacioná-las, apenas as descreveu de maneira ampla o que dificultou identificar as
possíveis aproximações entre conceitos. Ao constatar-se a dificuldade ao responder a questão,
parece contraditório o participante que segue uma proposta pedagógica com ênfase na aptidão
física distanciar-se da abordagem adotada. Segundo Devide (2002), o objetivo central da
Educação Física escolar dentro da proposta da Aptidão Física é “a criação de um estilo de vida
ativo e permanente, a partir do desenvolvimento dos componentes da aptidão física relacionada à
saúde e da transmissão de conhecimentos sobre o exercício físico, visando a autonomia do aluno
(p. 80)”.
Já os professores P2 e P3 demostraram em suas respostas uma maior capacidade de
relacionar os conceitos de saúde e qualidade de vida, como relatou o professor P3 “As duas são
uma junção, uma vai beneficiar a outra, através de uma boa saúde automaticamente você terá
uma qualidade de vida melhor, pois se eu estiver bem, logo estarei mais disposto para fazer
meus afazeres, bem como me relacionar melhor. Com isso, percebe-se as diferenças sobre as
propostas pedagógicas ditas por eles, sabendo que a crítico-superadora busca uma visão ampla a
partir da concepção do currículo ampliado, no qual,

Nesse projeto a função social do currículo é ordenar a reflexão pedagógica do


aluno de forma a pensar a realidade social desenvolvendo determinada lógica.
Para desenvolvê-la, apropria-se do conhecimento científico, confrontando-o
com o saber que o aluno traz do seu cotidiano e de outras referências do
pensamento humano: a ideologia, as atividades dos alunos, as relações sociais,
entre outros. (COLETIVO DE AUTORES, 2012, p. 29).

Assim, cabe ao professor de Educação Física pensar além da temática, buscando uma
visão de totalidade, ou seja, apresentar diversos elementos para a discussão de qualidade de vida
e saúde (por exemplo), desde os seus conceitos até os objetivos gerais e específicos, tendo como
apoio outras áreas do conhecimento. Para o Coletivo da Autores,

A visão de totalidade do aluno se constrói à medida que ele faz uma síntese, no
seu pensamento, da contribuição das diferentes ciências para a explicação da
realidade. Por esse motivo, nessa perspectiva curricular, nenhuma disciplina se
legitima no currículo de forma isolada. É o tratamento articulado do
conhecimento sistematizado nas diferentes áreas que permite ao aluno constatar,
interpretar, compreender e explicar a realidade social complexa, formulando
uma síntese no seu pensamento à medida que vai se apropriando do
conhecimento científico universal sistematizado pelas diferentes ciências ou
áreas do conhecimento (2012, p. 30).

Nesse sentido, a ensino sobre saúde e qualidade de vida não pode restringir-se a
prática/prescrição de exercícios, já que para elevar o tema a um patamar mais amplo, o
conhecimento precisa estar atrelado à realidade social. Para que isso se concretize, o professor
deve trazer à discussão temas que promovam à reflexão das práticas corporais e suas
consequências para a aquisição da saúde e da qualidade de vida.

Conteúdos abordados em relação ao tema qualidade de vida e saúde nas aulas de Educação
Física
Nesta questão buscou-se saber sobre os conteúdos aplicados nas aulas de Educação Física
que tivessem relação com o tema qualidade de vida e saúde, bem como verificar se esses
conteúdos apresentados estão de acordo com suas propostas abordadas. Vejamos o quadro 3:
Quadro 3: Conteúdos abordados em relação à temática
Professor Respostas

P1 P1: Conteúdos esses, eu procuro falar para eles mudanças de hábito, incentivo as
práticas das atividades físicas como um todo, e realizei um questionário no começo
que estava incluindo perguntas do tipo “sedentarismo” e “qualidade de vida”.

P2 P2: Atividade física e qualidade de vida; alimentação saudável; atividade física e


práticas corporais alternativas; práticas na natureza; entre outros.

P3 P3: Os temas abordados são o esporte como um meio de lazer do qual vai te
propor algum exercício físico, no qual vai contribuir para uma qualidade de vida
melhor, contribuindo também para o não sedentarismo. Também como conteúdo é
trabalhado alimentação e à prática de exercício físico, uma junção de ambas.
Alongamento.
Fonte: dados da pesquisa (2019)

Na categoria apresentada não se evidenciou conteúdos que tivessem relação com as


propostas adotas pelos professores, porém o professor que mais se aproximou de sua proposta foi
o P1, sendo a proposta da Aptidão Física. Os demais professores P2 e P3 ao relatarem sobre os
conteúdos se aproximaram da proposta do professor P1, distanciando-se da crítico-superadora,
pois descreveram sobre a prática de exercícios físicos de modo geral, desconhecendo os próprios
conteúdos referente a cultura corporal.
Entre os conteúdos que poderiam ser tema de discussão entre os estudantes do Ensino
Médio pode-se destacar a relação da temática qualidade de vida e saúde com os fatores
midiáticos, ou seja, a influência dos meios de comunicação na forma com que nos comportamos,
alimentamos e praticamos atividades físicas. Os autores Pegoraro e Freitas (2011) relatam que,
Pouco ou quase nada se discute sobre as influências da mídia no nosso
cotidiano, por exemplo, o quanto somos conquistados a ponto de desejarmos
consumir determinados produtos, como acabamos por sonhar com corpos
perfeitos de acordo com os ideais apresentados na televisão, revistas, outdoors,
de que maneira estamos sendo “fabricados” a partir dessas narrativas e, ainda,
por que uma leitura crítica dessas questões pode nos ser útil para o entendimento
de nossas necessidades e desejos (p. 55-56).

Com isso, a partir das propostas pedagógicas abordadas pelos professores, esse conteúdo
midiático sobre o tema pode ser trazido aos alunos como uma forma de reflexão e
conscientização dos mesmos no que se refere aos padrões de beleza, a venda de produtos
milagrosos de emagrecimento, a busca pelo corpo perfeito, entre outras. Ressalta-se que a forma
de pensar saúde e qualidade de vida a partir dos determinantes acima citados tem como base o
sistema capitalista, no qual,
vê o homem, e sua força de trabalho, como uma ferramenta essencial para a
produção; dessa forma, segundo alguns autores, as pessoas com estilo de vida
saudável (ativo) aumentam a eficiência e produtividade, reduzem as faltas no
trabalho, assim, auxilia as empresas a diminuírem os gastos e aumentam os
lucros (EDUCAÇÃO FÍSICA, 2006, p. 128).

Para o Coletivo de Autores (2012), os exercícios físicos eram compreendidos como uma
“receita” e um “remédio”, nos fazendo refletir o quanto esses exercícios eram comparados com
corpos saudáveis tendo por consequência o máximo de rendimento ao sujeito trabalhador.
Assim, é importante o aluno compreender as múltiplas determinações em que o conteúdo
está imerso nos dias atuais para compreender saúde e qualidade em sua totalidade.

Estratégias de ensino utilizadas para lecionar o conteúdo saúde e qualidade de vida


A categoria apresentada neste tópico buscou verificar as estratégias de ensino que os
professores pesquisados utilizam para abordar o conteúdo qualidade de vida e saúde em suas
aulas. Assim, as respostas foram sistematizadas no quadro 4:
Quadro 4: Estratégias que os professores utilizam para lecionar o tema em suas aulas
Professor Respostas

P1 P1: Estratégias essas que eu utilizo nos conteúdos para fazer com que todos
praticam as atividades, jogos de competição, que abrange a temática qualidade
bem como outros, logo a turma inteira participando e atividades que sejam
prazeroso para a mesma, atividades de lateralidade, cognitivo entre outros.

P2 P2: Aulas dialogadas, vídeos, documentários, exercícios (aulas práticas),


medições e aferições corporais.

P3 P3: Apresentando uma série de exercícios que possam ser praticados em casa ou
no trabalho. Assim, como atividades físicas que possam ser praticados ao ar livre.
Avaliações biométrica no inicio, meio e final do ano. Pesquisa sobre alimentação
saudável, entre outros.

Fonte: dados da pesquisa (2019)

O professor P1 ao relatar que utiliza “jogos de competição” como estratégias de ensino,


não demonstrou coerência em seus argumentos ao discorrer sobre suas estratégias de ensino.
Observa-se em sua resposta a existência de um caráter mais diretivo de ensino, ou seja, segundo
Darido (2015), “o papel do professor é bastante centralizador e a prática, uma repetição mecânica
dos movimentos esportivos (p. 4)”.
Os professores P2 e P3 relataram sobre um repertório de ações mais amplo, sendo aulas
dialogadas, vídeos, documentários, exercícios (aulas práticas), avaliação biométrica com
aferições e medições. Mesmo diante de estratégias mais evidentes não foi evidenciado em suas
respostas se esses mesmos professores problematizam com os resultados das medições e
aferições, ou seja, é possível que exista apenas o simples ato de verificar as medidas
antropométricas dos estudantes sem que os resultados sejam utilizados para uma reflexão, o que
contraria os pressupostos teóricos metodológicos da proposta em que os professores dizem se
embasar. Para a proposta crítico-superadora deve-se tornar o conteúdo relevante,
problematizando-o com a realidade social e buscando por soluções possíveis, não o simplesmente
fazer por fazer.
Por se tratar do ensino médio, o Coletivo de Autores (2012) descreve que nesse nível de
ensino os alunos pertencem ao quarto ciclo de escolarização, que tem como objetivo o
aprofundamento da sistematização do conhecimento, nele, “[...] o aluno começa a perceber,
compreender e explicar que há propriedades comuns e regulares nos objetos. Ele dá um salto
qualitativo quando estabelece as regularidades dos objetos” (p. 37).

Relação da proposta pedagógica com a temática qualidade de vida e saúde


A categoria apresentada investigou sobre a relação da proposta pedagógica dos
professores com a temática qualidade de vida e saúde, ou seja, como os professores descrevem
esse tema utilizando a visão de sua proposta. A partir disso, apresentamos suas repostas no
quadro 5:
Quadro 5: Proposta pedagógica relacionada com a temática qualidade de vida e saúde
Professores Respostas

P1 P1: Comparando atividades ministrada- corrida, jogos de competição, mudança


de hábitos, algumas atividades psicomotoras, logo entra essa temática qualidade
de vida, nas minhas propostas.

P2 P2: Contextualizo com a realidade, o cotidiano e os aspectos sociais e políticos


que envolvem todos os aspectos da dita saúde moderna.

P3 P3: A proposta abordada é a crítico-superadora. Com relação ao esporte procuro


passar e corrigir postura, e jogada para que se tenha prazer em realizar o
exercício. Já com a alimentação procuro fazer comparações, como me alimento é
como deveria me alimentar, realizando uma tabela saudável, e os alongamentos
focar sempre na postura dos exercícios.

Fonte: dados da pesquisa (2019)

Na relação da proposta abordada pelos professores com a temática qualidade de vida e


saúde, perceberam-se nitidamente algumas diferenças como os professores P1 e P3 que apenas
apresentam suas estratégias, sem dialogar com suas propostas.
Já o professor P2 relatou que “Contextualizo com a realidade, o cotidiano e os aspectos
sociais e políticos que envolvem todos os aspectos da dita saúde moderna”, conseguindo
aproximar-se da sua proposta pedagógica (crítico-superadora). Com isso, segundo o Coletivo de
Autores (2012), para o professor poder selecionar os conteúdos a serem passados nas aulas
primeiramente deve levar em conta alguns princípios curriculares no trato com o conhecimento
sendo a relevância social do conteúdo, pensando na realidade social concreta do aluno e assim
oferecer subsídios para a compreensão desses fatores sócio-históricos do aluno. A
contemporaneidade do conteúdo a fim de passar ao aluno o que tem de mais moderno e
contemporâneo desde aspectos nacionais como internacionais e a adequação às possibilidades
sóciocognoscitivas do aluno, pensando no ato de transmitir ao aluno o conhecimento, adequando
dentro de seus limites e possibilidades enquanto sujeito histórico.
Nesse sentido, o professor P2 conseguiu essa busca pela seleção de conteúdos dentro de
sua proposta, levando em conta a temática sobre saúde e qualidade de vida.

Considerações Finais

Esta pesquisa buscou analisar e compreender o conhecimento dos professores de


Educação Física do ensino médio de uma escola de Morro da Fumaça/SC acerca do tema
qualidade de vida e saúde.
Os professores entrevistados alegaram seguir as propostas crítico-superadora, aptidão
física e esportivizada, deixando evidente a diferença das mesmas. Porém, ao debruçarmos na
análise das respostas, observamos contradições nas falas dos professores, bem como dificuldades
em relacionar a proposta adotada ao conhecimento em questão.
Em relação às estratégias que os professores de Educação Física utilizam para abordar os
conteúdos referentes ao tema qualidade de vida e saúde, os mesmos aparentemente descreveram
de acordo com suas propostas, mas percebeu-se uma frágil argumentação, tendo em vista a nítida
diferença das propostas. Mesmo com a constatação, os professores baseados na proposta Crítico-
superadora demostraram maior desenvoltura argumentativa para situar a respectiva proposta aos
conhecimentos relativos a qualidade de vida e saúde.
Verificamos que os participantes consideram importante tratar sobre a temática qualidade
de vida e saúde, tendo em vista que o professor P1 trabalha em suas aulas exclusivamente com a
promoção de saúde e os professores P2 e P3 tratam relacionando com a realidade social do aluno,
conscientizando-os da importância do conhecimento acerca deste tema.
Por fim, acreditamos que a proposta que apresenta mais suporte para as aulas de
Educação Física, em especial a temática qualidade de vida e saúde é proposta Crítico-superadora.
Isso fica evidente ao constatarmos que mesmo tendo entre os sujeitos pesquisados a presença de
um professor que diz basear-se em uma proposta que aparentemente possui uma maior ligação
com os conhecimentos relacionados a qualidade de vida e saúde, não observamos demonstração
de aplicabilidade deste conhecimento nas estratégias apresentadas. A temática qualidade de vida
e saúde é essencial para as aulas de Educação Física, podendo ser trabalhada em todos os
conteúdos, mas nem todos os professores tratam deste tema por falta de um conhecimento mais
aprofundado. De forma propositiva, seria interessante que todos os professores pensassem em
abordar em suas aulas de Educação Física propostas críticas, em especial a proposta crítico-
superadora, tendo em vista que ao estudá-las os professores conseguirão apresentar aos seus
alunos qualquer conteúdo da cultura corporal em níveis de compreensão mais amplos, ou seja,
será possível tratar da temática qualidade de vida e saúde com base no conhecimento científico e
relacionado à realidade social do aluno inserido na escola.

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