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PRIME EM CASA | LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

| LEGISLAÇÃO ESPECIAL – PROF. FLÁVIO ROLIM


AULA 01
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL ___________________________

LEI DE ABUSO DE
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AUTORIDADE
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NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE _________________________


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A Nova Lei de Abuso de autoridade, Lei 13.869/19, foi editada em 05 de setembro de 2009.
Inicialmente, a referida legislação estabeleceu o prazo de vacatio legis de 120 dias, conforme ___________________________
disposto no artigo 45 da referida legislação, vejamos: ___________________________
Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua publicação
___________________________
oficial. ___________________________
___________________________
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É muito importante ressaltar que diversos dispositivo dessa legislação foram vetados pelo ___________________________
presidente da República Jair Bolsonaro, sob diversas alegações como por exemplo: ausência de
___________________________
segurança jurídica, violação ao princípio da intervenção mínima ou mesmo pelo fato de a
conduta criminalizada já encontrar criminalização no sistema penal atual. ___________________________
___________________________
Fato é que diversos dispositivo foram vetados. Ocorre que o Congresso Nacional no dia 24 de
setembro de 2009 analisou diversos dos pontos da legislação e derrubou os vetos realizados ___________________________
pelo presidente da República e, desse modo, “ressuscitando” tais dispositivos no mundo ___________________________
jurídico. ___________________________
De acordo com nosso posicionamento, o período da vacatio deverá ser iniciado novamente em ___________________________
relação àqueles dispositivos que tiveram o veto derrubado, considerando o teor das ___________________________
disposições da Lei de Introdução às normas do direito Brasileiro, LIND: ___________________________
___________________________
___________________________
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da
Constituição, decreta: ___________________________
___________________________
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.
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§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia
três meses depois de oficialmente publicada. (Vide Lei nº 1.991, de 1953) (Vide Lei nº
___________________________
2.145, de 1953) (Vide Lei nº 2.410, de 1955) (Vide Lei nº 2.770, de 1956) (Vide Lei nº ___________________________
3.244, de 1957) (Vide Lei nº 4.966, de 1966) (Vide Decreto-Lei nº 333, de 1967) (Vide ___________________________
Lei nº 2.807, de 1956) (Vide Lei nº 4.820, de 1965) ___________________________
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). ___________________________
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a
___________________________
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova ___________________________
publicação. ___________________________
___________________________
___________________________
Desse modo, observa-se que os dispositivos da lei de abuso de autoridade entraram em vigor
em datas distintas, considerando a diferenciação do termo inicial de contagem da vacatio
___________________________
legis. ___________________________
___________________________
Inconstitucionalidade dos dispositivos.
___________________________
Muito se questiona ainda sobre a constitucionalidade de alguns dispositivo que ___________________________
permaneceram na legislação ou mesmo que tiveram seu veto derrubado e, portanto, voltaram
a vigorar.
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___________________________
As normas legais são presumidamente constitucionais até que os órgãos responsáveis por essa
___________________________
análise declarem o contrário. Assim, as normas são presumidamente constitucionais e não
contrário. Desse modo, para concursos públicos, deve-se considerar que os dispositivo em ___________________________
vigor são constitucionais. ___________________________
Outro ponto interessante que se deve ter cuidado e que, inclusive, poderia ser questionado
___________________________
em provas trata-se do tema: Superação legislativa da jurisprudência e Ativismo Congressual. ___________________________
___________________________
O STF em determinadas situações já tratou a respeito desse tema, vejamos:
___________________________
As decisões do STF em matéria constitucional são insuscetíveis de invalidação pelas instâncias ___________________________
políticas. Isso, porém, não impede que seja editada uma nova lei, com conteúdo similar àquela
que foi declarada inconstitucional. Essa posição pode ser derivada do próprio texto ___________________________
constitucional, que não estendeu ao Poder Legislativo os efeitos vinculantes das decisões

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proferidas pelo STF no controle de constitucionalidade (art. 102, § 2º, e art. 103-A, da _________________________
Constituição). Se o fato ocorrer, é muito provável que a nova lei seja também declarada ___________________________
inconstitucional. Mas o resultado pode ser diferente. O STF pode e deve refletir sobre os ___________________________
argumentos adicionais fornecidos pelo Parlamento ou debatidos pela opinião pública para dar
___________________________
suporte ao novo ato normativo, e não ignorá-los, tomando a nova medida legislativa como
afronta à sua autoridade. Nesse ínterim, além da possibilidade de alteração de ___________________________
posicionamento de alguns ministros, pode haver também a mudança na composição da Corte, ___________________________
com reflexões no resultado do julgamento.” ___________________________
(SARMENTO, Daniel; SOUZA NETO, Cláudio Pereira de. Direito Constitucional. ___________________________
Teoria, história e métodos de trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 402-405.
___________________________
___________________________
O fato é que o próprio STF já decidiu que o Congresso Nacional não ficaria vinculado às ___________________________
decisões judiciais emitidas pelo STF no controle constitucional de normas. ___________________________
No caso envolvendo a nova lei de abuso de autoridade, não se trata propriamente a uma ___________________________
reação à decisões judiciais, mas, na verdade, uma ação na busca de melhor regulamentar ___________________________
atuações dos magistrados, membros do ministério público e as instituições incumbidas da ___________________________
atividade investigativa.
___________________________
O Brasil enfrenta uma situação única no combate à criminalidade relacionada à corrupção, ___________________________
desse modo, em uma aparente queda de braço entre órgãos destinados à persecução penal e
os principais alvos dessas ações (membros do legislativo), surge a nova lei de abuso de
___________________________
autoridade. ___________________________
___________________________
Essa discussão é muito mais profunda e rica, contudo, considerando o objetivo do nosso
estudo, nos limitamos a demonstrar a tensão existente atualmente entre agentes políticos e ___________________________
instituições responsáveis pela repressão penal referente à “crimes de colarinho branco”, fato ___________________________
esse que justifica diversos dos dispositivos editados na nova legislação. ___________________________
___________________________
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Críticas.
___________________________
Efetivamente, acredito que a legislação em alguns pontos tenha utilizados de termos vagos e ___________________________
de difícil definição, fato que, em direito penal, milita contra a segurança jurídica. Dessa forma,
acredito que essa é uma crítica inicial e pertinente em relação à referida legislação.
___________________________
___________________________
Outro ponto que merece destaque é que diversos dispositivos alegadamente novos conflitam
___________________________
com outros dispositivos já existentes na ordem penal atual. Nesses casos, devemos analisar
qual será o efeito prático disso: ___________________________
___________________________
 Aplicação do princípio da especialidade ou
___________________________
 Revogação dos tipos anteriores ou mesmo ___________________________
 A configuração de concurso formal de crimes. ___________________________
___________________________
___________________________
Quando da análise de cada um desses dispositivos legais, trataremos sobre esses pontos.
___________________________
A ementa da legislação apresenta as seguintes disposições: Dispõe sobre os crimes de abuso ___________________________
de autoridade; altera a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho ___________________________
de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e
revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 ___________________________
de dezembro de 1940 (Código Penal). ___________________________
___________________________
___________________________
01. Disposições Gerais.
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Inicialmente, o texto legal busca definir, em linhas gerais, os crimes de abuso de autoridade. ___________________________
Antes, a Lei 4.898/1995 tratava os tipos penais em apenas dois dispositivos (Art. 3º e 4º) da ___________________________
referida legislação. Inclusive, esses dispositivos sempre foram alvos de diversas críticas da
___________________________
doutrina, principalmente, no que diz respeito à violação ao princípio da segurança jurídica,
ocasião em que a lei se utilizava de dispositivos genéricos e abstratos, vejamos a título de ___________________________
exemplo a antiga previsão dos crimes definidos no artigo 3º daquela legislação. ___________________________
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Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: _________________________


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a) à liberdade de locomoção;
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b) à inviolabilidade do domicílio; ___________________________
c) ao sigilo da correspondência; ___________________________
d) à liberdade de consciência e de crença; ___________________________
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e) ao livre exercício do culto religioso;
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f) à liberdade de associação; ___________________________
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; ___________________________
h) ao direito de reunião;
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i) à incolumidade física do indivíduo;
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j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. (Incluído pela Lei ___________________________
nº 6.657,de 05/06/79) ___________________________
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Apesar de ainda bastante genérico, o artigo 4º trazia dispositivos mais seguros e claros, em
___________________________
razão disso a doutrina sempre se posicionou que, nas hipóteses de a conduta se adequar ao
artigo 3º e 4º, dever-se-ia dar prevalência ao artigo 4º. Vejamos, somente a título de ___________________________
elucidação o disposto no revogado artigo 4º: ___________________________
___________________________
___________________________
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: ___________________________
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ___________________________
ou com abuso de poder; ___________________________
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não ___________________________
autorizado em lei; ___________________________
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de ___________________________
qualquer pessoa; ___________________________
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja ___________________________
comunicada; ___________________________
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei;
___________________________
___________________________
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou
___________________________
qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à
espécie quer quanto ao seu valor; ___________________________
___________________________
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a
título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; ___________________________
___________________________
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado
___________________________
com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
___________________________
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando ___________________________
de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. (Incluído
pela Lei nº 7.960, de 21/12/89) ___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
A legislação inova ao estabelecer diversos outros dispositivos que se configuram como abuso ___________________________
de autoridade, contudo, no que diz respeito à definição genérica de abuso de autoridade, não ___________________________
notamos grandes alterações. ___________________________
O artigo 1º da referida lei define alguns elementos referente ao crimes: Sujeito ativo, ___________________________
elemento subjetivo entre outros, vejamos o referido dispositivo legal e resumo inicial da ___________________________
legislação antes da análise detalhada:

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É interessante abordamos alguns pontos de aprofundamento: ___________________________
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O tema abuso de autoridade se relaciona com aquilo que, em expressão utilizada por
Zaffaroni, chama-se de direito penal subterrâneo, ocasião em que os agentes incumbidos da
___________________________
execução das atividades de persecução penal do Estado se excedem no exercício de suas ___________________________
funções, muitas vezes, fazendo a justiça com as próprias mãos. ___________________________
Vejamos o primeiro dispositivo legal: ___________________________
___________________________
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público,
servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do
___________________________
poder que lhe tenha sido atribuído. ___________________________
___________________________
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando
praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si ___________________________
mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. ___________________________
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura ___________________________
abuso de autoridade. ___________________________
___________________________
___________________________
Observa-se que a inovação nesse ponto foi deixar claro algo que já existia na antiga legislação: ___________________________
Não há a possibilidade de o referido delito ser cometido na modalidade culposa, do contrário,
o legislador exigiu que o autor tivesse o objetivo específico de agir em abuso de autoridade,
___________________________
momento em que se vale da expressão: finalidade especifica de: ___________________________
___________________________
 Prejudicar outro ou beneficiar-se a si mesmo ou terceiro.
___________________________
 Mero capricho. ___________________________
 Satisfação pessoal. ___________________________
___________________________
Basicamente, o dispositivo exige que o agente aja ciente de que está abusando do poder que ___________________________
lhe foi atribuído.
___________________________
A depender do objetivo específico do agente, exemplo: vantagem patrimonial, o crime ___________________________
configurado poderá ser outro como corrupção passiva ou mesmo concussão.
___________________________
Ao menos inicialmente, a prática das referidas condutas se mostra incompatível com dolo ___________________________
eventual.
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É importante observamos o teor do §2º do referido dispositivo legal, o objetivo do legislador ___________________________
nesse ponto, é justamente afastar aquilo que Rui Barbosa chamou de crime de hermenêutica.
Assim, a divergência na interpretação da norma ou mesmo na avaliação de fatos e provas não
___________________________
pode configurar o delito de abuso de autoridade, vejamos alguns enunciados editados pelo ___________________________
grupo nacional de coordenadores de centro de apoio criminal: ___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
Pergunta-se: Qual a natureza jurídica dessa previsão (Liberdade Interpretativa)? ___________________________
___________________________
1º Corrente: Trata-se de causa de exclusão da ilicitude.
___________________________
2º Corrente: Trata-se de causa de afastamento do próprio fato típico, nesse sentido, Rogério ___________________________
Greco e Rogério Sanches.
___________________________
Acreditamos que a segunda corrente é a mais acertada, já que não é adequado entender que a ___________________________
interpretação justa realizada por um agente público se configura-se como fato típico.
___________________________
___________________________
02. Definição do sujeito ativo. ___________________________
___________________________
Nesse ponto, também não observa inovação em relação à legislação anterior, já que a
definição do autor desse delito continua sendo o mesmo, salvo em relação ao cuidado do ___________________________
legislador em citar determinados agentes de forma expressa como possíveis sujeitos ativos ___________________________
dos referidos delitos, vejamos as disposições: ___________________________
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou ___________________________
não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos ___________________________
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se ___________________________
limitando a:
___________________________
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; ___________________________
II - membros do Poder Legislativo; ___________________________
___________________________
III - membros do Poder Executivo;
___________________________
IV - membros do Poder Judiciário; ___________________________
V - membros do Ministério Público; ___________________________
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. ___________________________
___________________________
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, ___________________________
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou ___________________________
função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. ___________________________
___________________________
___________________________
Para Hely Lopes Meirelles, “as funções são os encargos atribuídos aos órgãos, cargos e agente.
O órgão normalmente recebe a função in genere e a repassa aos seus cargos in espécie ou a
___________________________
transfere diretamente a agentes sem cargo, com a necessária parcela de poder público para o

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seu exercício. Toda função pública é atribuída e delimitada por norma legal. Essa atribuição e _________________________
delimitação funcional configuram a competência do órgão, do cargo, e do agente, ou seja, a ___________________________
natureza da função e o limite de poder para o seu desempenho. Daí por que, quando o agente ___________________________
ultrapassa esse limite, atua com abuso ou excesso de poder”.
___________________________
Desse modo, os crimes de abuso de autoridade podem ser classificados como crimes próprios, ___________________________
ou seja, aqueles em que se exigem como elementar do referido delito a condição de ___________________________
funcionário público, conceito esse que abrangeria todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
___________________________
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em ___________________________
órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. ___________________________
São muito importante algumas observações: ___________________________
___________________________
 O particular poderia ser responsabilizado pelo crime de abuso de autoridade, desde que
aja em concurso com funcionário público. ___________________________
___________________________
 Exige-se o vínculo funcional com a função exercida, assim, caso o funcionário público fora
do exercício da função e sem nenhuma relação com a função exercida cometa
___________________________
determinada conduta supostamente típica, não se configurará o crime de abuso de ___________________________
autoridade, sem prejuízo da eventual configuração de delito comum. ___________________________
 O funcionário público ainda que fora da função poderá ser responsabilizado por crime de ___________________________
abuso de autoridade caso pratique ato se valendo da condição que função pública lhe ___________________________
outorgue. ___________________________
Não devemos nos esquecer da exigência do elemento subjetivo do agente para que se ___________________________
configure o referido delito, assim, não basta a exigência do dolo genérico ou abstrato de ___________________________
praticar a conduta tida como típica, ainda é necessário a presença do que se convencionou ___________________________
chamar de dolo específico do tipo ou elemento subjetivo específico, vejamos o quadro abaixo: ___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
Alerta-se que não se admite modalidade culposa de abuso de autoridade e, no mesmo
___________________________
sentido, não se tem admitido a prática do delito na modalidade dolo eventual.
___________________________
Pergunta-se: E se o agente público já se desvinculou de suas funções públicas, ainda assim ___________________________
poderia ser sujeito ativo do crime de abuso de autoridade?
___________________________
Segundo a doutrina majoritária, o funcionário aposentado não pode praticar o crime, pois se ___________________________
desvinculou funcionalmente. ___________________________
Apenas para relembrar: Você se recorda a diferença entre os diversos tipos de agentes citados ___________________________
pelo dispositivo legal? ___________________________
1. Agente político: é aquele investido em seu cargo por meio de eleição, nomeação ou ___________________________
designação, nesses casos, a competência funcional advém da própria Constituição, como os ___________________________
Chefes de Poder Executivo e membros do Poder Legislativo, Judiciário, Ministério Público, ___________________________
Tribunais de Contas, além de cargos de Diplomatas, Ministros de Estado e de Secretários nas
Unidades da Federação, os quais não se sujeitam ao processo administrativo disciplinar. ___________________________
___________________________
2. Servidor estatal: são aqueles sujeitos à hierarquia funcional e submetidos ao regime jurídico
do ente federado ao qual pertencem (seja estatutário ou celetista). São ocupantes de cargos,
___________________________
empregos e funções públicas na Administração Direta e Indireta, nas três unidades da ___________________________
federação e nos três Poderes. ___________________________
2.1 Servidor público: aquele que atua na Administração Direta ou Indireta (autarquia e ___________________________
fundação de direito público), estando sujeito ao regime jurídico único, que pode ser:

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a) estatutário: titular de cargo público, tem estabilidade e dispensa motivada. _________________________


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b) celetista: titular emprego público, regido pelas regras da CLT, mas com algumas regras
específicas de direito público (ex.: não possuem estabilidade, mas a dispensa deve ser ___________________________
motivada). ___________________________
2.2 Servidor de ente governamental de direito privado: aquele que atua na Administração
___________________________
Indireta privada (empresa pública, sociedade de economia mista, fundação privada), sendo ___________________________
detentor de emprego. É submetido ao regime trabalhista da CLT, mas equipara-se ao servidor ___________________________
público em diversos aspectos. ___________________________
2.3 Temporários: são contratados por tempo determinado para atender à necessidade ___________________________
temporária de excepcional interesse público. O processo seletivo é simplificado e são titulares ___________________________
de uma função pública – desvinculados de emprega ou cargo, sujeitos a um regime contratual ___________________________
(é uma relação funcional jurídico-administrativa).
___________________________
3. Particulares em colaboração: Aquele que colabora com o Estado exercendo função pública, ___________________________
mas não perde a condição de particular. Exemplos:
___________________________
• Requisitados (convocado a trabalhar): Jurados, mesários; ___________________________
• Voluntários/honoríficos: participam por livre e espontânea vontade; ___________________________
• Delegação de função: Não é delegação de serviço, mas delegação de função. Há exigência de
___________________________
concurso público, mas o serviço é PRIVATIZADO. Exemplo: serviços notariais (art. 236 CF). ___________________________
___________________________
___________________________
03. Competência. ___________________________
Pergunta-se: Qual é o foro competente para processar e julgar o agente pelo delito de abuso ___________________________
de autoridade? ___________________________
Para responder a esse questionamento, deveremos inicialmente fixar algumas premissas: ___________________________
___________________________
a. O agente é detentor de foro por prerrogativa de função?
___________________________
Caso o sujeito ativo seja detentor de foro por prerrogativa de função, a competência para o ___________________________
processamento e julgamento do delito será do referido foro. Nesse sentido, é importante ___________________________
observar a nova interpretação dada pelos tribunais superiores em relação ao foro por
prerrogativa de função (técnica da redução teleológica ou dissociação).
___________________________
___________________________
Assim, somente haverá julgamento pelo foro por prerrogativa se o ato de abuso for cometido
___________________________
durante o exercício do cargo e com clara relação com o cargo exercido.
___________________________
Quando inicia e quando termina o foro por prerrogativa de função dos Deputados Federais e ___________________________
Senadores?
___________________________
O direito ao foro por prerrogativa de função inicia-se com a diplomação do Deputado Federal ___________________________
ou Senador e somente se encerra com o término do mandato. ___________________________
Assim, pelo entendimento que era tradicionalmente adotado pelo STF, se determinado ___________________________
indivíduo estivesse respondendo a uma ação penal em 1ª instância, caso ele fosse eleito ___________________________
Deputado Federal, no mesmo dia da sua diplomação, cessaria a competência do juízo de 1ª
___________________________
instância e o processo criminal deveria ser remetido ao STF para ali ser julgado.
___________________________
Vale ressaltar que a diplomação é o ato pelo qual a Justiça Eleitoral atesta quem são os ___________________________
candidatos eleitos e os respectivos suplentes. A diplomação é normalmente marcada para
dezembro e a posse somente ocorre alguns dias depois, em janeiro.
___________________________
___________________________
___________________________
Questão de ordem na AP 937. ___________________________
Diante desse cenário, o Min. Luís Roberto Barroso, antes do julgamento de uma ação penal ___________________________
que tramitava no Supremo, suscitou, em uma questão de ordem, duas propostas. ___________________________
Em outras palavras, o Ministro disse o seguinte: antes de discutirmos este processo, gostaria ___________________________
de propor que o Plenário do STF analisasse duas questões que envolvem foro por prerrogativa ___________________________
de função. ___________________________
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Primeiro tema:
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O Min. Barroso propôs a seguinte reflexão: ___________________________
Vamos mudar a interpretação que até hoje era dada ao art. 102, I, “b”, da CF/88 e passar a ___________________________
entender que o foro por prerrogativa de função dos Deputados Federais e Senadores deve se ___________________________
aplicar apenas a crimes cometidos durante o exercício do cargo e desde que relacionados com
___________________________
a função desempenhada?
___________________________
Segundo tema: ___________________________
O Ministro também propôs uma segunda discussão: ___________________________
Vamos definir um determinado momento processual (ex: fim da instrução) a partir do qual ___________________________
mesmo que o réu perca o foro privilegiado no STF (exs: renunciou, não se reelegeu etc), ainda ___________________________
assim ele continuará sendo julgado pelo Supremo? ___________________________
O que os Ministros do STF decidiram? Eles concordaram com as duas proposições feitas pelo ___________________________
Min. Barroso? ___________________________
SIM (AP 937 QO). Vamos entender resumidamente os argumentos acolhidos pelo STF. ___________________________
___________________________
___________________________
SENTIDO E ALCANCE DO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. ___________________________
Razão que justificou a existência do foro privilegiado. ___________________________
Na origem, a prerrogativa de foro tinha como fundamento a necessidade de assegurar a ___________________________
independência de órgãos e o livre exercício de cargos constitucionalmente relevantes. ___________________________
Entendia-se que a atribuição da competência originária para o julgamento dos ocupantes de
___________________________
tais cargos a tribunais de maior hierarquia evitaria ou reduziria a utilização política do processo ___________________________
penal contra titulares de mandato eletivo ou altas autoridades, em prejuízo do desempenho ___________________________
de suas funções. ___________________________
Assim, o foro privilegiado foi pensado para ser um instrumento destinado a garantir o livre ___________________________
exercício de certas funções públicas, e não para acobertar a pessoa ocupante do cargo. Por ___________________________
essa razão, não faz sentido estendê-lo aos crimes cometidos antes da investidura nesse cargo ___________________________
e aos que, cometidos após a investidura, sejam estranhos ao exercício de suas funções.
___________________________
Se o foro por prerrogativa de função for amplo e envolver qualquer crime (ex: um acidente de ___________________________
trânsito) ele se torna um privilégio pessoal que não está relacionado com a proteção do cargo.
___________________________
Normas que estabeleçam exceções ao princípio da igualdade devem ser interpretadas ___________________________
restritivamente. ___________________________
A existência do foro por prerrogativa de função representa uma exceção ao princípio ___________________________
republicano e ao princípio da igualdade. Tais princípios, contudo, gozam de preferência ___________________________
axiológica em relação às demais disposições constitucionais. Daí a necessidade de que normas
___________________________
constitucionais que excepcionem esses princípios – como aquelas que introduzem o foro por
prerrogativa de função – sejam interpretadas sempre de forma restritiva. ___________________________
___________________________
___________________________
Redução teleológica. ___________________________
O foro especial está previsto em diversas disposições da Carta de 1988. ___________________________
O art. 102, I, “b” e “c”, por exemplo, estabelece a competência do STF para “processar e julgar, ___________________________
originariamente, (...) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice- ___________________________
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral ___________________________
da República”, bem como “os Ministros de Estado e os Comandantes Militares, os membros ___________________________
dos Tribunais Superiores, os membros do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente”.
___________________________
___________________________
O art. 53, § 1º determina que “Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, ___________________________
serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal”.
___________________________
Embora se viesse interpretando tais dispositivos de forma literal, ou seja, no sentido de que ___________________________
o foro privilegiado abrangeria todos os crimes comuns, é possível e desejável atribuir ao
texto normativo uma acepção mais restritiva, com base na teleologia do instituto e nos

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demais elementos de interpretação constitucional. _________________________


___________________________
Trata-se da chamada “redução teleológica” (Karl Larenz) ou, de forma mais geral, da aplicação
da técnica da “dissociação” (Riccardo Guastini), que consiste em reduzir o campo de aplicação ___________________________
de uma disposição normativa a somente uma ou algumas das situações de fato previstas por ___________________________
ela segundo uma interpretação literal, que se dá para adequá-la à finalidade da norma. Nessa ___________________________
operação, o intérprete identifica uma lacuna oculta (ou axiológica) e a corrige mediante a ___________________________
inclusão de uma exceção não explícita no enunciado normativo, mas extraída de sua própria
teleologia. Como resultado, a norma passa a se aplicar apenas a parte dos fatos por ela
___________________________
regulados. ___________________________
___________________________
A extração de “cláusulas de exceção” implícitas serve, assim, para concretizar o fim e o sentido
da norma e do sistema normativo em geral. ___________________________
___________________________
Outros exemplos em que se aplicou a técnica da “redução teleológica”:
___________________________
Ex1: o art. 102, I, “a”, da CF/88 prevê que compete ao STF processar e julgar “a ação direta de ___________________________
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual”. Embora o dispositivo não
___________________________
traga qualquer restrição temporal, o STF consagrou entendimento de que não cabe ADI contra
lei anterior à Constituição de 1988, porque, ocorrendo incompatibilidade entre ato normativo ___________________________
infraconstitucional e a Constituição superveniente, fica ele revogado (não recepção). ___________________________
Ex2: o art. 102, I, “f” prevê que competente ao STF julgar “as causas e os conflitos entre a ___________________________
União e os Estados”. O Supremo entendeu que essa competência não abarca todo e qualquer ___________________________
conflito entre entes federados, mas apenas aqueles capazes de afetar o pacto federativo. ___________________________
Ex3: o art. 102, I, “r” prevê que compete ao STF julgar “as ações contra o Conselho Nacional de ___________________________
Justiça”. Em uma intepretação literal, essa competência abrangeria toda e qualquer ação ___________________________
contra o CNJ, sem exclusão. No entanto, segundo a jurisprudência do Tribunal, somente estão ___________________________
sujeitas a julgamento perante o STF o mandado de segurança, o mandado de injunção, o ___________________________
habeas data e o habeas corpus, pois somente nessas situações o CNJ terá legitimidade passiva
ad causam. E mais: ainda quando se trate de MS, o Supremo só reconhece sua competência
___________________________
quando a ação se voltar contra ato positivo do CNJ. ___________________________
___________________________
Só a título de informação, parece-nos que o STF tem mitigado esse entendimento, permitindo
o julgamento no âmbito do STF de ações ordinárias que digam respeito à competência ___________________________
Constitucional do CNJ. ___________________________
O STF conferia interpretação restritiva ao art. 102, I, “r”, da CF/88 e afirmava que ele (STF)
___________________________
somente seria competente para julgar as ações em que o próprio CNJ ou CNMP figurassem ___________________________
no polo passivo. Seria o caso de mandados de segurança, habeas corpus e habeas data ___________________________
contra os Conselhos. ___________________________
No caso de serem propostas ações ordinárias para impugnar atos do CNJ e CNMP, a ___________________________
competência seria da Justiça Federal de 1ª instância, com base no art. 109, I, da CF/88. ___________________________
Novos precedentes indicam a alteração do entendimento jurisprudencial e o abandono ___________________________
dessa interpretação restritiva. ___________________________
Não se sabe, ainda, qual será o alcance exato do novo entendimento do STF. No entanto, ___________________________
no Info 961, foi divulgado acórdão no qual a 2ª Turma do STF decidiu que: ___________________________
Compete ao STF apreciar ação ordinária ajuizada contra ato do Conselho Nacional de ___________________________
Justiça. ___________________________
___________________________
STF. 2ª Turma. Rcl 15551 AgR/GO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/11/2019 (Info
961). ___________________________
___________________________
___________________________
Ex4: o art. 102, I, “n” prevê que compete ao STF julgar a “ação em que todos os membros da ___________________________
magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade
___________________________
dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente
interessados”. Em relação à primeira parte do dispositivo, o STF entende que a competência só ___________________________
se aplica quando a matéria versada na causa diz respeito a interesse privativo da magistratura, ___________________________
não envolvendo interesses comuns a outros servidores. Em relação à segunda parte do ___________________________
preceito, entende-se que o impedimento e a suspeição que autorizam o julgamento de ação ___________________________
originária pelo STF pressupõem a manifestação expressa dos membros do Tribunal
competente, em princípio, para o julgamento da causa.
___________________________
Em todos esses casos (e em muitos outros), entendeu-se possível a redução teleológica do

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escopo das competências originárias do STF pela via interpretativa. _________________________


___________________________
Conclusão quanto à primeira proposição:
___________________________
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de ___________________________
função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham
sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele.
___________________________
___________________________
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como
___________________________
Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª
instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. ___________________________
___________________________
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o
delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro
___________________________
privilegiado. ___________________________
___________________________
Foi fixada, portanto, a seguinte tese:
___________________________
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício ___________________________
do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
___________________________
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018. ___________________________
___________________________
Ótimo, então se houver foro por prerrogativa, aplicam-se as regras acima analisadas. Caso a
___________________________
autoridade não seja detentora de foro por prerrogativa de função, nessas hipóteses devemos ___________________________
analisar se a competência será da justiça comum federal ou estadual. ___________________________
Pergunta-se: E os atos de abuso de autoridade forem praticados por militares em serviço? ___________________________
Trata-se de delito de competência da justiça militar? ___________________________
Atualmente, sim. Vamos entender melhor esse ponto?
___________________________
___________________________
O ordenamento jurídico brasileiro passou por alterações introduzidas pela Lei 13.491/2017,
___________________________
essa legislação acabou ampliando a competência da justiça militar para julgar qualquer
infração penal, com exceção dos crimes dolosos contra a vida que sem regras própria, quando ___________________________
cometidos por militares em serviço. ___________________________
Desse modo, a partir da edição da Lei 13.491/2017, os delitos de abuso de autoridade ___________________________
cometidos por autoridades militares estaduais ou federais em serviço serão de competência ___________________________
da justiça militar estadual ou federal a depender do caso. ___________________________
Podemos sistematizar algumas alterações importantes introduzidas pela Lei 13.491/2017, ___________________________
___________________________
vejamos as principais alterações promovidas pela referida legislação:
___________________________
 Os crimes previstos no CPM e os previstos na legislação penal, quando praticados nas ___________________________
hipóteses do art. 9°, inciso II, alíneas "a" a "e", do CPM, são de competência da Justiça ___________________________
Militar. ___________________________
 Os crimes previstos no art. 9° do CPM, quando dolosos contra a vida e cometidos por ___________________________
militares estaduais contra civil, serão de competência do Tribunal do Júri (art. 9°, § 1°, do ___________________________
CPM); ___________________________
 Os crimes previstos no art. 9° do CPM, quando dolosos contra a vida e cometidos por ___________________________
militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) contra civil, serão de ___________________________
competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto (art. 9º, § 2°, do CPM): ___________________________
I - do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da ___________________________
República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; ___________________________
II - de ação que envolva a segurança de instituição militar ou demissão militar, mesmo que ___________________________
não beligerante; ou ___________________________
III - de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou ___________________________
de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da ___________________________
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: ___________________________
a) Lei n. 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; ___________________________
b) Lei Complementar n. 97, de 9 de junho de 1999; ___________________________
c) Decreto-Lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e

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d) Lei n. 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. _________________________


___________________________
Essas alterações legais são duramente questionadas pela doutrina por alguns motivos:
___________________________
 Ampliação da competência da Justiça Militar em contramão às tendências mundiais de ___________________________
restringir a competência da Justiça Militar, considerando a sua pequena estrutura e a ___________________________
morosidade que poderia ser ocasionada com a remessa de diversos processos que não ___________________________
seriam originariamente de sua competência.
___________________________
 Risco de corporativismo no julgamento de determinadas demandas. ___________________________
 Ofensa ao princípio da igualdade. ___________________________
___________________________
 Inconstitucionalidade do dispositivo já que atinge a competência mínima do tribunal do júri
para julgar crimes dolosos contra a vida. ___________________________
___________________________
O grande mestre Aury Lopes Jr. nos diz que:
___________________________
”tudo isso se revela um grande exagero, na medida em que esbarra na absoluta ___________________________
falta de interesse militar, afetação de bens militares ou aderência à atividade ___________________________
militar. Existiu, portanto, um gravíssimo retrocesso. Não só pela falta de estrutura ___________________________
e condições de investigar e julgar tantos crimes, mas também porque alcança ___________________________
crimes não afetos diretamente às atividades militares. Também cria o risco de
efetivo corporativismo, especialmente em relação a crimes como abuso de
___________________________
autoridade e tortura, nos quais existe, em geral, uma percepção e valoração por ___________________________
parte dos militares que é completamente distinta da população civil acerca da ___________________________
gravidade e tipificação dessas condutas. Há o risco concreto de um entulhamento ___________________________
das justiças militares para julgar crimes que não deveriam a ela ser afetos, inclusive
___________________________
com o agravante de que isso vai se operar de forma imediata. Não se pode
esquecer que a lei processual penal no tempo é regida pelo princípio da ___________________________
imediatidade, de modo que muitos processos atualmente em andamento na ___________________________
Justiça comum poderão (ou melhor, deverão!) ser imediatamente enviados para a ___________________________
respectiva Justiça Militar.” (LOPES JR., 2017). ___________________________
Em relação à ofensa ao princípio da igualdade, podemos apontar a absurda possibilidade de ___________________________
agentes em uma mesma operação (militar do Exército e policial militar) cometerem crime ___________________________
doloso contra a vida nas mesmas condições e serem submetidos a julgamento perante juízos
___________________________
distintos: o primeiro perante a Justiça Militar e o segundo perante o tribunal do júri.
___________________________
De acordo com parcela da doutrina, esse dispositivo é eivado de inconstitucionalidade, ___________________________
considerando que atinge competência intangível do tribunal do júri prevista na própria
Constituição Federal, ou seja, a competência para julgamento de crimes dolosos contra a vida ___________________________
não poderia ser retirada do tribunal do júri, sob pena de ofensa ao núcleo duro dos direitos e ___________________________
garantias fundamentais da Constituição. ___________________________
___________________________
___________________________
04. Definição do Sujeito Passivo.
___________________________
Em relação ao sujeito passivo, podemos citar o sujeito passivo imediato e o mediato: ___________________________
 Sujeito passivo imediato: É o Estado, lesado em relação ao exercício ilegítimo e ilegal de ___________________________
função outorgada por ele. ___________________________
 Sujeito passivo mediato: Trata-se da pessoa física ou jurídica lesada pelo ato abusivo. ___________________________
___________________________
Há doutrinadores que entendem o contrário, indicando como sujeito passivo mediato o Estado
___________________________
e como sujeito passivo imediato a pessoa física ou jurídica lesada pela conduta.
___________________________
05. Bem jurídico tutelado. ___________________________
Também em relação ao bem jurídico tutelado não se observa alteração em relação à antiga ___________________________
legislação e a nova. ___________________________
Os bens jurídicos protegidos são o regular funcionamento da administração pública e os ___________________________
direitos e garantias fundamentais previstas na Constituição Federal. ___________________________
A inovação fica realmente por conta da quantidade de dispositivos penais. A atual legislação ___________________________
trata de forma muito mais rica e detalhada as condutas que se configuraram como abuso de ___________________________
autoridade.

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06. Ação Penal. _________________________


___________________________
No mesmo sentido da legislação anterior, não houve inovação no que diz respeito a esse
ponto, o delito continua sendo tratado como crime de ação penal pública incondicionada. ___________________________
___________________________
Na legislação anterior, existia um impropriedade técnica no que diz respeito à redação do
___________________________
artigo 2º da referida legislação, vejamos:
___________________________
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição: ___________________________
(...) ___________________________
___________________________
___________________________
A partir da leitura do dispositivo legal, poder-se-ia pensar que o referido tipo penal seria crime ___________________________
sujeito à ação penal pública condicionada à representação. A doutrina já era pacífica no
sentido de que o crime era, na verdade, crime de ação penal pública incondicionada e a
___________________________
representação ali tratada seria unicamente uma modalidade de notitia criminis. ___________________________
___________________________
A nova legislação, em seu artigo 3º, foi expressa em definir que os crimes previstos como
abuso de autoridade são delitos de ação penal pública incondicionada, assim como passa a ser ___________________________
expresso em relação a, já aceita, ação penal privada subsidiária da pública: ___________________________
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. (veto
___________________________
derrubado) ___________________________
___________________________
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, ___________________________
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a ___________________________
todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. (veto ___________________________
derrubado) ___________________________
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em ___________________________
que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.” (veto derrubado) ___________________________
___________________________
Observe que o artigo 3º foi um daqueles que, após vetados, tiveram seu veto derrubado. A ___________________________
justificativa para o veto foi justamente o fato de essas disposições já estarem expressas no ___________________________
próprio Código de Processo Penal.
___________________________
Vejamos algumas noções importantes naquilo que diz respeito às ações penais privadas ___________________________
subsidiárias da pública: ___________________________
Ações penais privadas subsidiárias da pública. ___________________________
a. Previsão constitucional. ___________________________
___________________________
Inicialmente, é importante observar que se trata de assunto constitucionalmente previsto,
vejamos:
___________________________
___________________________
Art. 5º. LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada ___________________________
no prazo legal.
___________________________
___________________________
Leonardo Barreto nos informa que esta modalidade de ação está elencada na Constituição
___________________________
Federal como direito fundamental do cidadão porque visa promover um controle feito pelo
ofendido contra abusos do Estado-acusação, quando houver demora excessiva no ___________________________
oferecimento da ação penal. ___________________________
b. Ação Penal Privada Subsidiária da Pública e Lei de Abuso de Autoridade. ___________________________
___________________________
A Lei que trata sobre os crimes de abuso de autoridade também apresenta disposição no
___________________________
sentido de apresentar a ação penal privada subsidiária da pública, vejamos:
___________________________
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. (veto ___________________________
derrubado)
___________________________
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, ___________________________
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, ___________________________
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a
todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. (veto ___________________________
derrubado)

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§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em _________________________
que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.” (veto derrubado) ___________________________
___________________________
___________________________
O referido prazo é intitulado como prazo decadencial impróprio já que, mesmo após o seu
___________________________
esgotamento, o Ministério Público pode ajuizar a denúncia ou tomar outras providências.
O simples decurso do prazo de 6 meses não gera a extinção da punibilidade. A única ___________________________
consequência é o fato de o ofendido não poder mais ajuizar a ação privada subsidiária. ___________________________
A ação penal privada subsidiária é instrumento para suprir eventual inércia do MP, não para se ___________________________
contrapor à providência adotada pelo órgão ministerial. Ao final do prazo legal previsto no art. ___________________________
46 do CPP, o membro do Ministério Público tem, basicamente, quatro possibilidades: ___________________________
a) oferecer denúncia; ___________________________
___________________________
b) requisitar a realização de novas diligências;
___________________________
c) arquivar o feito com a remessa para o órgão de revisão, nos termos do novo dispositivo do ___________________________
Código de Processo Penal introduzido pelo pacote anticrime; (Dispositivo com eficácia
suspensa). Aplica-se, por enquanto, a antiga redação do artigo 28, CPP, em virtude do efeito
___________________________
repristinatório do dispositivo legal. ___________________________
___________________________
“Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos
informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao ___________________________
investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ___________________________
ministerial para fins de homologação, na forma da lei. ___________________________
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito ___________________________
policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a ___________________________
matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a ___________________________
respectiva lei orgânica. ___________________________
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e ___________________________
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia ___________________________
do órgão a quem couber a sua representação judicial.” (NR)
___________________________
___________________________
d) requerer a declinação de competência. ___________________________
___________________________
___________________________
Facultatividade. ___________________________
Observa-se que o oferecimento da ação penal privada subsidiária da pública apresenta-se ___________________________
como uma faculdade a vítima do delito e não de uma obrigação. Desse modo, cabe a ela ___________________________
decidir se ingressa ou não com a referida ação substitutiva. ___________________________
A esse respeito, observa-se que o prazo decadencial para o oferecimento da denúncia ___________________________
substitutiva é de 06 meses, contados a partir do exaurimento do prazo do Ministério Público. ___________________________
Nota-se que não se trata de decadência propriamente dita, considerando a o efeito será
unicamente a impossibilidade de a própria parte manejar a ação. Por outro lado, essa inércia
___________________________
em nada influencia na possibilidade de o membro do ministério público oferecer a inicial, ___________________________
enquanto não houver o transcurso do prazo prescricional. ___________________________
Pelos motivos acima citados, essa decadência é denominada de IMPRÓPRIA.
___________________________
___________________________
Leonardo Barreto afirma que a perda de tal prazo (06 meses após o prazo do Ministério
Público) não enseja a extinção da punibilidade, caracterizando-se assim uma decadência, de
___________________________
fato, imprópria. O único efeito dessa decadência é a exclusão da legitimidade ativa desse ___________________________
agente, autorizando o órgão ministerial a iniciar a ação como seu autor. ___________________________
Caso seja proposta a ação penal privada subsidiária da pública o Ministério Público figura ___________________________
como um interveniente adesivo obrigatório (TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 141) ou assistente ___________________________
litisconsorcial (NUCCI, 2008, p. 211-214), atuando em todos os termos do processo, sob pena ___________________________
de nulidade (art. 564, inciso III, alínea "d", do CPP), tendo amplos poderes de parte nesse tipo ___________________________
de ação (art. 29 do CPP).
___________________________
___________________________

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Vejamos importante previsão legal prevista no artigo 29, CPP: _________________________


___________________________
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, ___________________________
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo ___________________________
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. ___________________________
___________________________
___________________________
Pontos relevantes:
___________________________
 Não é aplicável o instituto da perempção à ação penal privada subsidiária da pública. Caso ___________________________
a vítima aja de forma displicente na condução do processo, o efeito será a retomada da
___________________________
ação penal ao Ministério Público.
___________________________
 Não será cabível o perdão do ofendido nesse tipo de ação. ___________________________
Nesse sentido, pergunta-se: O que é a ação penal indireta? ___________________________
___________________________
A ação penal indireta se configura justamente nessas hipóteses em que, diante da inércia da
parte, o Ministério Público reassume a titularidade da ação penal. ___________________________
___________________________
Trata-se da situação descrita no art. 29, parte final do CPP. Nessa esteira, os institutos da
decadência, renúncia, perdão do ofendido e perempção não provocam a extinção da ___________________________
punibilidade na ação penal privada subsidiária da pública, tendo como consequência apenas a ___________________________
exclusão da legitimidade ativa do particular, abrindo espaço para o Parquet iniciar/prosseguir ___________________________
a ação como seu autor. (Coleção Sinopses - para - Concursos - Processo - Penal - V7 - 2018- ___________________________
Leonardo Barreto-Moreira-Alves.).
___________________________
Como o tema foi cobrado em provas? ___________________________
(MP / SC - 2010). ( ) A renúncia do titular da queixa substitutivo, ou seja, no caso de ação ___________________________
penal privada subsidiária da pública, impede que o órgão do Ministério Público ofereça a ___________________________
denúncia, iniciando a ação penal pública (errado). ___________________________
E se o Ministério Público entender que não deveria ter sido proposta a ação penal privada ___________________________
subsidiária da pública? ___________________________
Nesses casos, o órgão do Ministério Público deverá apresentar parecer sobre o não ___________________________
recebimento da inicial acusatória. ___________________________
E se a ação já tiver sido iniciada? ___________________________
___________________________
Nesses casos, poderá impetrar habeas corpus ou mesmo requerer a absolvição do investigado.
___________________________
Ressalte-se que a representação acerca do arquivamento do inquérito policial pelo Ministério ___________________________
Público não gera a permissão jurídica para a propositura dessa ação, que só é permitida se
houver absoluta inércia do órgão ministerial.
___________________________
___________________________
Como última informação relevante: Não há o recolhimento de custas e demais despesas
___________________________
processuais neste tipo de ação.
___________________________
Por fim, não se pode confundir a ação penal privada subsidiária da pública com a ação penal ___________________________
pública subsidiária da pública.
___________________________
No que tange aos honorários advocatícios, é possível a fixação do seu pagamento por parte do ___________________________
querelante vencido ao advogado que patrocinou a defesa do querelado (TÁVORA; ALENCAR,
___________________________
2009, p. 142). Com base nos ensinamentos de Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar,
"Nas hipóteses de nomeação do advogado pelo juiz para ajuizar a ação, sendo a vítima pobre, ___________________________
em razão da impossibilidade ou inexistência de Defensor Público na comarca, os honorários ___________________________
devem ser fixados pelo magistrado, de acordo com a tabela organizada pelo Conselho ___________________________
Seccional da OAB, e são devidos pelo Estado, ao amparo do art. 22, § 1° da Lei n° 8.906/94" ___________________________
(TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 142).
___________________________
Por fim o STJ possui entendimento no sentido de ser cabível honorários sucumbenciais em ___________________________
hipóteses nas hipóteses de ausência de rejeição de denúncia subsidiária por falta de justa
___________________________
causa, vejamos:
___________________________
O STJ já decidiu que é possível condenar o querelante em honorários advocatícios ___________________________
sucumbenciais na hipótese de rejeição de queixa-crime por ausência de justa causa, com
fundamento nos arts. 3° e 804 do CPP, em harmonia com o art. 20 do CPC/1973 (Informativo
___________________________
n° 586).

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07. Efeitos da condenação e penas restritivas de direitos. _________________________


___________________________
A nova legislação é expressa em falar sobre alguns dos efeitos da condenação referente aos
crimes de abuso de autoridade. É importante observar alguns dos efeitos foram alterados em ___________________________
relação à antiga legislação, contudo, em relação a outros não houve grandes mudanças, vamos ___________________________
analisar: ___________________________
Seção I ___________________________
___________________________
Dos Efeitos da Condenação
___________________________
Art. 4º São efeitos da condenação: ___________________________
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a ___________________________
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos ___________________________
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; ___________________________
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) ___________________________
a 5 (cinco) anos; ___________________________
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. ___________________________
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados ___________________________
à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, ___________________________
devendo ser declarados motivadamente na sentença. ___________________________
___________________________
___________________________
Primeiro Efeito da Condenação: tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para ___________________________
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos. ___________________________
Observa-se, inicialmente, que essa disposição não encontrava previsão expressa na legislação
___________________________
anterior, apesar de que o próprio código penal e processo penal já dispõe a esse respeito, ___________________________
vejamos: ___________________________
CP Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
___________________________
___________________________
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei
___________________________
nº 7.209, de 11.7.1984)
___________________________
(...) ___________________________
___________________________
CPP Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a ___________________________
execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante ___________________________
legal ou seus herdeiros. ___________________________
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser ___________________________
efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem ___________________________
prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei nº ___________________________
11.719, de 2008).
___________________________
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano ___________________________
poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável ___________________________
civil. (Vide Lei nº 5.970, de 1973)
___________________________
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, ___________________________
até o julgamento definitivo daquela.
___________________________
(...) ___________________________
___________________________
___________________________
Observando-se os dois dispositivos podemos notar que há previsão genérica no Código Penal
que a sentença condenatória já arbitre o valor mínimo de reparação à vítima, inclusive essa ___________________________
sentença tem força a executória, a qual deverá ser proposta no juízo cível competente. ___________________________
___________________________
I. Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos ___________________________
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; ___________________________

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O inciso primeiro repete a disposição do CP determinando como dever do juiz na ação de _________________________
conhecimento a fixação do valor mínimo reparatório a ser fixado pelo magistrado. ___________________________
É extremamente importante que esse valor somente poderá ser fixado caso haja ___________________________
requerimento do ofendido nesse sentido, do contrário o juiz não poderia agir de ofício. ___________________________
A doutrina parece se posicionar no sentido de que o momento adequado para o pedido de
___________________________
indenização será o da oitiva da vítima na audiência de instrução. A vítima é a primeira a ser ___________________________
ouvida na audiência de instrução, momento que deverá comunicar ao juiz seu interesse na ___________________________
indenização pelos prejuízos sofridos, caso em que fica caracterizado o requerimento do ___________________________
ofendido. Caso haja o requerimento do ofendido, o réu e seu advogado poderão se manifestar
___________________________
na forma do art. 402 do CPP, em interrogatório (autodefesa) ou em alegações finais, de
maneira a respeitar os princípios da congruência, do contraditório e da ampla defesa.1 ___________________________
___________________________
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ENUNCIADO #4 (art. 4º.) O requerimento do ofendido para a reparação dos danos causados
___________________________
pela infração penal dispensa qualquer rigor formal. ___________________________
___________________________
___________________________
Apesar de não se relacionar precisamente com a Lei de Abuso de Autoridade, considerando a ___________________________
finalidade deste trabalho, é importante observarmos a criação de novo dispositivo relacionado
a perda de bens, trata-se da nova redação conferida ao artigo 91-A, Código Penal, alteração
___________________________
introduzida pelo pacote anticrime previsto na Lei 13.964/19, vejamos: ___________________________
___________________________
“Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima
superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito
___________________________
do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e ___________________________
aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. ___________________________
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do ___________________________
condenado todos os bens: ___________________________
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou ___________________________
indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e ___________________________
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do
___________________________
início da atividade criminal. ___________________________
___________________________
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência
lícita do patrimônio. ___________________________
___________________________
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério
Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada.
___________________________
___________________________
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar
___________________________
os bens cuja perda for decretada.
___________________________
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias ___________________________
deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça
onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral
___________________________
ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos ___________________________
crimes.” ___________________________
___________________________
___________________________
Segundo efeito da condenação: a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos (Condicionado à reincidência).
___________________________
___________________________
Nesse ponto, a legislação apresentou considerável alteração em razão dos seguintes motivos: ___________________________
 Inicialmente, condiciona a inabilitação à reincidência, diferentemente do que ocorria em ___________________________
relação à legislação anterior. Desse modo, a inabilitação para o exercício de cargo somente ___________________________
poderá ser aplicável em relação àqueles que forem reincidentes em delitos de abuso de ___________________________
autoridade.
___________________________
Acreditamos que não há de haver reincidência no mesmo dispositivo legal, basta que haja ___________________________
reincidência em crimes previstos na nova legislação, vejamos: ___________________________
___________________________
1
Material Ciclos / Comentários à Lei de Abuso de Autoridade.
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Art. 4º, Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são _________________________
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são ___________________________
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença. ___________________________
___________________________
 Não se trata de efeito automático da condenação, desse modo, exige-se fundamentação
___________________________
idônea por parte do magistrado. ___________________________
___________________________
 O prazo de inabilitação passa a ser de 01 a 05 anos e não mais de 01 a 03 anos conforme a
___________________________
legislação anterior.
___________________________
(Lei 4.898/1965) Art. 6º, § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos ___________________________
42 a 56 do Código Penal e consistirá em: ___________________________
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; ___________________________
b) detenção por dez dias a seis meses; ___________________________
___________________________
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por
prazo até três anos.
___________________________
___________________________
Terceiro Efeito da Condenação: a perda do cargo, do mandato ou da função pública. ___________________________
Em relação ao terceiro efeito da condenação, não há novidade, já que a legislação anterior ___________________________
também já previa a perda do cargo e inabilitação para o seu exercício. A novidade fica a cargo ___________________________
da exigência de reincidência para que seja aplicada essa medida. A respeito do tipo de ___________________________
reincidência já fizemos as explicações pertinentes no item anterior. ___________________________
Observações: ___________________________
 Não se trata de efeito automático. ___________________________
___________________________
 Exige-se fundamentação idônea para que seja decretada a medida.
___________________________
08. Penas restritivas de direitos. ___________________________
A possibilidade de substituição de pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos ___________________________
encontra previsão no artigo 44 do Código Penal Brasileiro. ___________________________
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
___________________________
liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
___________________________
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o ___________________________
crime for culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
___________________________
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
___________________________
(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
___________________________
§ 1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
___________________________
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou ___________________________
por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode
ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
___________________________
(Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
___________________________
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se ___________________________
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
___________________________
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade ___________________________
a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo ___________________________
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da ___________________________
execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao ___________________________
condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

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Sistematizando: _________________________
___________________________
 Requisitos de ordem objetiva:
___________________________
___________________________
1) Se for crime doloso, a pena não poderá ser superior a 4 anos. ___________________________
Obs.: Na Lei de Abuso de Autoridade não existem crimes culposos, todos os crimes são ___________________________
dolosos e a pena máxima prevista é de 4 anos; ___________________________
2) O réu, em regra, não pode ser reincidente em crime doloso, mas caso a reincidência em
___________________________
crime doloso não seja específica é possível a substituição quando a medida se mostrar ___________________________
socialmente recomendável; ___________________________
3) O crime de abuso de autoridade não pode ter sido praticado com violência ou grave ___________________________
ameaça. ___________________________
 Requisito de ordem subjetiva: ___________________________
___________________________
4) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem
___________________________
como os motivos e as circunstâncias devem indicar que a substituição seja suficiente (não
se exige a análise das consequências do crime e do comportamento da vítima). ___________________________
___________________________
___________________________
Acreditamos que são exigidos os mesmos requisitos previstos no Código Penal para que seja ___________________________
possível a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, assim
___________________________
naquelas modalidades de em que o abuso for cometido mediante violência ou grave ameaça à
pessoa não seria cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. ___________________________
___________________________
Vejamos então, as hipóteses de substituição de pena privativa de liberdade por penas
restritivas de direitos:
___________________________
___________________________
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta
___________________________
Lei são:
___________________________
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
___________________________
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) ___________________________
meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
___________________________
III – VETADO.
___________________________
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou ___________________________
cumulativamente.
___________________________
___________________________
Sistematizando, vejamos quais são as possibilidade de penas restritivas de direitos: ___________________________
 Prestação de serviços à comunidade.
___________________________
___________________________
Em relação a esse tópico, pergunta-se: Aplica-se as exigências previstas no Código Penal?
___________________________
Explico melhor. Para que seja possível a prestação de serviços à comunidade devemos
observar as disposições do artigo 46, Código Penal Brasileiro? Vejamos: ___________________________
___________________________
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
___________________________
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. (Redação dada pela Lei
nº 9.714, de 1998) ___________________________
___________________________
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição
de tarefas gratuitas ao condenado. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
___________________________
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais,
escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou
___________________________
estatais. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
___________________________
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado,
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a ___________________________
não prejudicar a jornada normal de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) ___________________________
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a
___________________________
pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de ___________________________
liberdade fixada. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

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Observe que para a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos é _________________________
necessário que a pena aplicada suja superior a 06 meses. Desse modo, pergunta-se: Esse ___________________________
requisito é exigido para a substituição na lei de abuso de autoridade? ___________________________
Rogério Sanches apresenta interessante posicionamento no sentido de que esse requisito não ___________________________
seria exigido, considerando que se a pena for superior a 06 meses, somente seria possível a ___________________________
suspensão do agente pelo prazo de 01 a 06 meses, sem remuneração, medida substitutiva ___________________________
mais gravosa do que a prestação de serviços à comunidade. Dessa forma, a exigência do
Código Penal que a pena seja superior a 06 meses não se coaduna com a ideia de
___________________________
proporcionalidade e razoabilidade, considerando que imporia o cumprimento de pena ___________________________
substitutiva mais grave. ___________________________
 Suspensão de exercício do cargo, função ou mandato pelo prazo de 01 a 06 meses com ___________________________
perda de vencimento. ___________________________
Observe que estamos tratando de substituição de pena privativa de liberdade por pena ___________________________
restritiva de direitos, assim, essa possibilidade não se confunde com a possibilidade de ___________________________
suspensão a ser aplicada administrativamente conforme regras de direito administrativo. ___________________________
A última possibilidade de pena restritiva de direito foi vetada pelo Presidente da República e ___________________________
esse veto foi mantido pelo Congresso Nacional, assim não há mais que se falar em aplicação ___________________________
desse tipo de pena substitutiva. Contudo, considerando a finalidade de nosso trabalho, ___________________________
acredito que é interessante conhecer o teor do dispositivo, pois ele poderia ser cobrado em ___________________________
prova como se estivesse vigente, o que não é verdade:
___________________________
“III - proibição de exercer funções de natureza policial ou militar no Município em que tiver ___________________________
sido praticado o crime e naquele em que residir ou trabalhar a vítima, pelo prazo de 1 (um) a 3
___________________________
(três) anos.”
___________________________
___________________________
Razões do Veto. ___________________________
“A propositura legislativa, ao prever a proibição apenas àqueles que exercem atividades de ___________________________
natureza policial ou militar no município da pratica do crime e na residência ou trabalho da ___________________________
vítima, fere o princípio constitucional da isonomia. Podendo, inclusive, prejudicar as forças de ___________________________
segurança de determinada localidade, a exemplo do Distrito Federal, pela proibição do ___________________________
exercício de natureza policial ou militar.”
___________________________
09. Tríplice esfera de responsabilização e incomunicabilidade das instâncias. ___________________________
CAPÍTULO V ___________________________
___________________________
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
___________________________
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de ___________________________
natureza civil ou administrativa cabíveis.
___________________________
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional ___________________________
serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração.
___________________________
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se ___________________________
podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões ___________________________
tenham sido decididas no juízo criminal.
___________________________
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença ___________________________
penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa,
___________________________
em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
___________________________
___________________________
Em relação a esse dispositivo, alguns pontos merecem destaque. Inicialmente, a legislação ___________________________
anterior já apresentava sanções nas 03 esferas de responsabilização: cível, criminal e ___________________________
administrativa. Já era pacífico que as sanções cíveis e administrativas seriam regidas pela
___________________________
legislação civilista ou administrativa, desse modo, a antiga lei se limitava a tratar da
responsabilização no âmbito criminal. ___________________________
___________________________
A nova lei não trata mais de sanções administrativas ou cíveis, somente prevê que essa
responsabilização é possível conforme as legislações de regência. Não é que não se admita a ___________________________
responsabilização cível ou administrativa, o fato que essa responsabilização não encontra ___________________________
sanções específicas na lei de abuso.

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Então, veremos os pontos importantes: _________________________


___________________________
 A responsabilização nas 03 esferas, em regra, é independente. Desse modo, em regra, a
condenação em uma das esferas não condiciona ou impossibilita a sanção nas outras ___________________________
esferas. ___________________________
 A absolvição na esfera criminal por dois motivos gera a absolvição geral, ou seja, a
___________________________
absolvição obrigatória nas outras duas esferas. Pergunta-se: Quais são esses motivos: ___________________________
___________________________
o Absolvição por inexistência do fato.
___________________________
o Absolvição por negativa de autoria. ___________________________
___________________________
 Pergunta-se: E o reconhecimento de causa excludente de ilicitude? ___________________________
___________________________
___________________________
Nesse ponto, devemos ter bastante cuidado em razão dos seguintes pontos: ___________________________
 A excludente de ilicitude: estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular do ___________________________
direito e estrito cumprimento do dever legal, quando reconhecidas na esfera criminal ___________________________
serão obrigatoriamente reconhecidas nas demais esferas. O cuidado deve residir no
___________________________
seguinte, o fato de se reconhecer a excludente não gera automaticamente a absolvição
nas outras duas esferas, pois poderia existir o que se convencionou chamar de ___________________________
responsabilidade residual, ou seja, mesmo reconhecendo a excludente, poderia ainda ___________________________
assim ser reconhecida infração administrativa residual ou mesmo o dever de indenizar ___________________________
como nos casos de estado de necessidade agressivo. ___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________

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