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São Luís – MA
2021
TEODORO VICTOR MONTENEGRO
São Luís – MA
2021
DOCUMENTÁRIO GRAFITE.MP4: uma construção educomunicativa
Aprovada em / /
BANCA EXAMINADORA
Examinador 01
Examinador 02
“Não há diálogo, porém, se não há um
profundo amor ao mundo e aos homens”
-Paulo Freire.
Deus nosso Pai,
de todo poder e de toda bondade,
dai força àqueles que passam pela provação,
dai luz àqueles que procuram a verdade,
põe no coração do homem a compaixão e a caridade.
Deus,
dai ao viajor a estrela Guia,
ao aflito a consolação,
ao doente o repouso.
Pai,
dai ao culpado o arrependimento,
ao espírito, a verdade,
à criança o guia,
ao órfão, o pai.
Que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criaste.
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem, e
esperança para aqueles que sofrem.
Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores,
derramarem por toda à parte a paz, a esperança e a fé.
Deus,
um raio, uma faísca do Vosso amor pode abrasar a
Terra,
deixai-nos beber dessa bondade fecunda e infinita, e
todas as lágrimas secarão,
todas as dores acalmar-se-ão.
Um só coração, um só pensamento subirá até Vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha,
nós Vos esperamos de braços abertos.
Oh! bondade, Oh! Poder, Oh! beleza, Oh! perfeição,
e queremos de alguma sorte merecer Vossa misericórdia.
Deus,
Dai-nos a força de ajudar o progresso,
Dai-nos a caridade pura,
Dai-nos a fé e a razão,
Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas
O espelho onde refletirá a Vossa santa imagem.
Que assim seja”
RESUMO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 1
.... 0
2 COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E 1
EXPERIÊNCIA............................................ 4
2. Comunicação................................................................................................ 1
1 ... 4
2. Experiência................................................................................................... 1
2 .... 8
2. Educação...................................................................................................... 2
3 .... 2
3 EDUCOMUNICAÇÃO.................................................................................... 2
.... 5
4 A ORIGEM DO “DOCUMENTÁRIO 2
GRAFITE.MP4”........................................ 7
5 METODOLOGIA............................................................................................ 3
.... 0
5. Coleta de 3
1 dados................................................................................................ 2
5. Leitura de 3
2 dados............................................................................................... 4
6 COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E EXPERIÊNCIA: ANÁLISE DE
DADOS.......................................................................................................... 3
.... 7
7 CONSIDERAÇÕES 4
FINAIS............................................................................... 0
REFERÊNCIAS 4
BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 1
ÍNDICE DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
força das palavras, creio que fazemos coisas com as palavras e, também, que as
palavras fazem coisas conosco”. (LARROSA 2002, pg.21)
Portanto, é no campo dos sentidos que encontramos nossas justificativas.
Ora, é possível educar sem comunicar, ou comunicar sem educar? É possível ser
“imparcial”? No sentido de simplesmente existir e não produzir sentido? Buscamos,
então, autores que contribuem para construção do nosso pensamento. A escolha da
escola e consequentemente a produção do documentário tornaram-se base para
pesquisa apresentada: O Centro Educa Mais 3 João Francisco Lisboa, CEJOL,
localizado no “Canto da Fabril”, possui seus muros grafitados, assim como outras
escolas da região, nos arredores da Praça Deodoro em São Luís-Ma.
“Logo quando eu assumi a direção da escola, eu fui informado que o muro
grafitado sofria muito menos agressão por parte das pichações, já era prática das
outras gestões”. Afirma o diretor Fábio Carvalho em entrevista para o documentário,
confirmando a hipótese de que os grafites nos muros externos da escola
representam uma posição administrativa dos diretores da escola. As grafitagens e
intervenções acabaram se tornando uma constante das disciplinas eletivas 4 do
professor de sociologia Francisco José Ferreira Carvalho (Francisco Jansen).
Posteriormente, a contribuição do professor de artes Gleydson Rogerio Linhares dos
Santos Coutinho (Gegê Grafite) ampliou as práticas das disciplinas eletivas no
CEJOL e em outras escolas, pois a experiência do Hip Hop como ferramenta
educativa e política, foi carregada do pertencimento do arte educador e militante
pelo Quilombo Urbano5.
Essas disciplinas eletivas fazem parte da metodologia do Ensino Integral,
presente no CEJOL desde 2018. Segundo Guará (2006), a escola de ensino integral
3 Institutos (IEMA) são escolas técnicas e os Educa Mais são científicos, de acordo com o professor
Jansen
4 “Oferecem a possibilidade de diversificação das experiências escolares e de expansão de estudos
2.1 Comunicação
Figura 4 - Intervenção de uma das disciplinas eletivas de sociologia anteriores a pesquisa na escola CEJOL
Figura 5 - Gravação da eletiva de sociologia com o professor Gegê durante o processo de pesquisa na escola
(Gleydson Linhares)
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2.2 Experiência
Ela (narrativa) tem sempre em si, às vezes de forma latente uma dimensão
utilitária. Essa utilidade pode consistir seja num ensinamento moral, seja
numa sugestão prática, seja num provérbio ou numa norma de vida – de
qualquer maneira, o narrador é um homem que sabe dar conselhos.
(BENJAMIN, 1994 pg. 200)
passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas,
porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece” (LARROSA 2002, p.21).
Podemos entender melhor a experiência sob uma perspectiva
epistemológica. Larrosa (2002) aponta diversos sentidos linguísticos derivados dos
radicais presentes na palavra “experiência”. Começando por “ex”, em que ele afirma:
Além desse, o radical “peri” também tem suas derivações que nos ajudam
a encontrar mais sentido advindo de “experiência”:
Ele também afirma que a palavra “pirata” possui esse mesmo radical, e
faz uma relação dessa palavra com “experiência”: “O sujeito da experiência tem algo
desse ser fascinante que se expõe atravessando um espaço indeterminado e
perigoso, pondo-se nele à prova e buscando nele sua oportunidade, sua ocasião”
(LARROSA 2002, p.25).
Portanto, Larrosa apresenta os três princípios da experiência
subliminarmente inscritos através de uma frase: “isso que me passa”. O primeiro é o
princípio de alteridade, que está representado pelo “isso” da frase, cuja explicação:
“Se lhe chamo de ‘princípio de alteridade’ é porque isso que me passa tem que ser
outra coisa que eu. Não outro eu, ou outro como eu, mas outra coisa que eu. Quer
dizer, algo outro, algo completamente outro, radicalmente outro.” (LARROSA, 2011,
p.6). O segundo é o princípio de reflexividade, representado pelo “me”, ao qual ele
explana:
Se lhe chamo “princípio de reflexividade” é porque esse me de “o que me
passa” é um pronome reflexivo. Poderíamos dizer, portanto, que a
experiência é um movimento de ida e volta. Um movimento de ida porque a
experiência supõe um movimento de exteriorização [...] E um movimento de
volta porque a experiência supõe que o acontecimento afeta a mim, que
produz efeitos em mim, no que eu sou, no que eu penso, no que eu sinto,
no que eu sei, no que eu quero, etc. (LARROSA, 2011, p.6 e 7)
21
Por isso, ele também afirma que se o singular não pode haver ciência
(experimento), mas pode, sim, haver paixão, ou melhor, do singular, só pode haver
paixão. É aqui que cruzamos com Sodré (2018) quando ele aponta a necessidade
de ampliar as possibilidades para se fazer comunicação, visto por um ponto em que
se distancie de limitações racionais, não as excluindo, mas optando por perspectivas
que consigam abarcar os verdadeiros sentidos das trocas humanas, melhor dizendo,
estudar os caminhos por onde se produz sentidos além dos meios puramente
técnicos e mecânicos, pois esses, a priori, compreendem mais facilmente as
mensagens fora da singularidade, comum ao conhecimento (como na citação acima,
seria o “ponto de vista do texto”). Por isso, o que se propõe neste trabalho é pensar
a educação dentro de uma esfera onde a comunicação possibilita o acesso ao
desconhecido, ao novo, ao crítico (“ponto de vista da leitura”).
2.3 Educação
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Podemos aqui fazer uma relação com o que foi explicitado anteriormente
por Braga e Calazans no que se refere a Educação ser um reflexo de aprendizagens
significadas pela e para a sociedade. É evidente que o Hip Hop é um movimento
cultural que surge nas periferias urbanas, e diante a “mídia burguesa”, como afirma
o professor, é retirado todo o seu aparato sócio-educador. Porém, o próprio Gegê
nos exemplifica com experiências próprias o impacto que o Hip Hop pode ter,
associado a educação e a apropriação dos meios de comunicação:
Teve uma escola que nós fizemos um trabalho, que era em São José de
Ribamar, e a gente começou em uma série, que uma professora nos
convidou, mas teve uma repercussão muito grande na escola. [...] Então
decidimos fazer uma aula pública, então eu estava lá no meio de um círculo
gigante de alunos na escola, e passei alguns vídeos. Um desses vídeos foi
o clipe chamado ‘Que droga!’ que é uma música que a gente fez depois de
ter lançado uma campanha pelo fim do crack na periferia, que depois teve
repercussão nacional [...] Só que teve um episódio durante essa aula, que
não foi de um estudante, foi de um professor: ele discordou, questionou que
a gente tava usando aquele material ali, que as pessoas que estavam
participando do clipe estavam usando droga. Aí os próprios estudantes
foram explicar, que ali na verdade era uma encenação, não era real, e eu fui
explicar que inclusive nesse vídeo tem participação de pessoas que
passaram pelo processo da campanha, das oficinas, e que o vídeo na
verdade é o resultado do resultado, porque antes desse vídeo teve todo um
processo, fizemos várias atividades nesse bairro, nós já fizemos festivais.
Acabou que deu certo, mas aí volta a questão do estranhamento, de não ter
3 EDUCOMUNICAÇÃO
7 https://demodeatelie.com/post/m-a-n-i-f-e-s-t-o
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na disciplina da professora Carolina Libério. Portanto, essa busca, como foi afirmado
anteriormente, é representado imageticamente pelo documentário, onde eu gravo,
literalmente, os caminhos que percorri na cidade de São Luís, principalmente no
centro da cidade. Além disso, também foi importante dar ênfase a esse aspecto
urbano do assunto tratado, pois além de, obviamente, serem artes urbanas, essas
intervenções artísticas voltam para o sentido de passagem, instabilidade, pois elas
se materializam exatamente nesses espaços de passagem da cidade (ruas,
avenidas, viadutos, etc).
5 METODOLOGIA
experiência e comunicação (“como foi essa experiência pra vocês?”, “o que mudou
na forma de vocês se comunicarem no espaço escolar?”) pois queríamos obter
principalmente a perspectiva dos alunos em relação à metodologia das eletivas, os
impactos que elas surtiram em suas vidas dentro e fora do ambiente escolar.
Se você perguntar para outro professor de integral se ele quer voltar pro
ensino parcial ele vai dizer que não. [...] A produção que tem no integral, eu
sou tão realizado, que eu estou lá e digo ‘meus alunos estão aprendendo o
que eu estou dando na aula’. Você vê a mudança [...] As escolas públicas
que eu dava aula parecia uma cela de delegacia, a parede toda rasurada,
pichada, depredada. Aí você chega no integral, as turmas disputam, sem
ninguém mandar, quem deixa a sala mais limpa no final do dia. (Professor
Francisco Jansen, entrevista concedida em 16/04/2021)
Vemos que é criada uma rede dialógica, que começa na relação aluno e
professor e se estende até os tecidos histórico-sociais que formam as noções de
sociedade, sendo assim, uma forma consciente de não submissão à sistematização
imposta pela sociedade através da Educação. Mas esse processo pode, em
verdade, ser visto como algo “estranho” como nos exemplificou Gegê, exatamente
pela desestruturação que os meios alternativos de comunicação e educação (e aqui
eu me refiro a afeto, e não meios técnicos) causam, como foi visto nos princípios da
experiência. Gegê nos conta então:
É muito legal porque hoje em dia eu consigo estudar e trabalhar, não é uma
rotina que me cansa, e a escola integral me ajudou a ajeitar meu tempo. E
também quando eu saísse do ensino médio eu já ia saber o que eu ia fazer,
então eu não fiquei uma pessoa perdida, porque eu era muito indecisa do
que eu ia fazer. Então a escola integral me ajudou demais. Agora, em
relação às críticas, sempre vai existir, né? Mas quem souber aproveitar a
escola integral, vai sair vitorioso. (Jéssica Ellen Gomes dos Anjos em
entrevista concedida no dia 22/04/2021)
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUER, Martin W., GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto: imagem e
som: um manual prático. 7.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
LARROSA, Jorge. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v.19, n2, p.04-27,
jul./dez. 2011
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17º. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,
1987.
SOARES, Ismar de Oliveira. Comunicação & Educação, São Paulo, (19): 12 a 24,
set./dez. 2000