PRÁTICA X TEORIA
POR TIAGO LUIZ SOARES1

“Na teoria, não há diferença entre a teoria e a prática, mas

na prática há muita diferença.”
(autor desconhecido)

Pobre teoria. Existiu em uma época em que um sólido e profundo domínio sobre
os conceitos era atributo valorizado. Talvez tenhamos alcançado tal nível de
desenvolvimento social, ambiental, econômico que a prática nos seja suficiente.
Infelizmente, essa parece ser a realidade para a maioria das pessoas e
organizações, chegando perigosamente a ser uma verdade incontestável.
Parece não haver charme na teoria, afinal de contas os vencedores são práticos,
fazendo prosperar uma postura anti-intelectual entre as pessoas que comandam
e decidem. Como resultado, percebemos uma redução do pensar fundamentado,
racional e sistematizado frente as narrativas individuais e isoladas, quase
sempre associadas a situações de sucesso.
Teoria e prática não são contraditórias, são sistemas complementares que
possuem como objetivo atribuir uma melhor explicação a um fenômeno, no
sentido de resolver um determinado problema ou conflito. Mas o que validade
uma teoria? Ela ser a correta? Ela estar certa?
Não, o que valida uma teoria é ela ser aceita. O que identifica um bom produto
é ele ser comprado – RESULTADO.

 
1
Gaúcho, modelo 77, conservado em Château Lafite safra 1787 - ou quase isso. Advogado, Administrador e
Consultor Empresarial, especialista em Negociação de conflitos, Mediador e Conciliador Judicial. Quase-
cronista e sempre apaixonado pelo que faz. Gamer, discípulo dos seriados de House e Mentalist, medalha de
prata em Call of Duty e ama Assassin's Creed. •|||• @tiagoluizsoares •|||• @tiagoluizsoares.adv •|||•
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A gestão “prática” de ontem, sem a devida orientação profissional e

fundamentada, não sobrevive aos dias atuais. Para sobreviver no mundo
adversarial de hoje, é preciso prevenção e orientação teórica e prática.
Talvez tenha funcionado enquanto a sociedade era relativamente pouco
complexa, com papéis sociais, leis e comportamentos bem definidos, com
poucas incertezas, mas hoje...
Essa narrativa do “aprendo na prática”, “errando se aprende” e “quando me
processarem eu chamo um advogado”, está derrubando muita gente,
principalmente empreendedores e executivos de empresas.
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae indica que hoje, um executivo de uma
grande empresa dura, em média, 18 meses no cargo e 80% dos novos
empreendimentos, duram até 3 anos, sendo que as empresas com mais de 20
anos no mercado ao cometerem um erro, se arriscam a fechar as portas em até
6 meses, porque erros não são mais perdoados pelo mercado competitivo.
Isso porque o mercado empresarial não pode ser tratado apenas da forma como
sempre foi, sem orientação, sem prevenção, sem a teoria e a prática atuando
conjuntamente. A sociedade é cada vez mais complexa, múltipla, com extrema
pluralidade de comportamentos e as leis estão cada vez mais complexas e
interpretativas.
A capacidade de distinguir o que é relevante é a marca da genialidade. Na
jornada do simples para o complexo, o que é relevante muda. Para sobreviver,
é preciso entender isso. É preciso aplicar a teoria na prática ou estaremos
fadados ao fracasso.
As pessoas quando se dão conta, ficam atônitas sem saber o que fazer. Querem
recuperar a segurança perdida, buscam certezas, mas se dão conta que essas
eram certezas do passado que não se repetem mais.

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Não existe solução, existem várias soluções e o principal ponto é a reinvenção

permanente dos paradigmas e a devida orientação prática-teórica.
Isso porque os paradigmas já foram todos quebrados, precisamos aprender a
viver com os paradoxos, onde os desafios e conflitos são interpretados através
de verdades múltiplas.
Saber dar o salto no timming certo, mesmo correndo o risco de se esborrachar é
melhor do que continuar achando que o salto de ontem será igual ao de hoje,
ou pior, resolver não saltar e perceber que morreu estagnado.
Os empreendedores e executivos estão passando a entender o processo de
aprendizagem semelhante aos que os físicos tiveram: lidando com
probabilidades, paradoxos e com inter-relacionamentos. Melhor sempre contar
com um profissional especialista prático-teórico para indicar o caminho e
apontar as melhores soluções.
Ninguém vive numa ilha como Crusoé, estamos conectados e influenciamos e
somos diretamente influenciados por outros, pela sociedade, pelo mercado.
Nada é separado de nada. O cliente de hoje é parte da empresa, sendo você
empregado ou empregador. A sociedade é parte da empresa e vice-versa. Os
funcionários devem gostar do produto, comprarem e o utilizarem.
Mas daí muitos teóricos da economia e do marketing diriam que é preciso ir ao
encontro dos desejos e necessidades dos consumidores. Mas quais? Os óbvios
já foram atendidos e os não óbvios devem ser criados sem ofender concorrentes
ou interessados.
O entrelaçamento da prática com a teoria resulta na prevenção, que é uma forma
de compreender e sobreviver com a ambiguidade. Portanto, a teoria e prática
não são opostas e sim complementares, uma não pode existir sem a outra, assim
como nenhum de nós pode existir sem o outro, ou o mundo seria muito chato
na sexta feira, teoricamente, o que sem dúvida não é seria tão diferente na
prática.

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