Você está na página 1de 70

COISA JULGADA, AÇÃO RESCISÓRIA E EXECUÇÃO CIVIL

Andrea Boari Caraciola

Roteiro das Aulas


o Coisa julgada;
o Ação rescisória;
o Execução:
1) Teoria Geral da Execução;
2) Formas executivas; Judicial: Cumprimento de Sentença.
Extrajudicial: Processo de Execução.

As formas executivas variam conforme a natureza do título,


havendo especificidades conforme a natureza da obrigação,
de modo que o procedimento vai variar de acordo com a
obrigação.

3) Mecanismos de defesas das formas executivas;


 Impugnação ao cumprimento de sentença;
 Embargos à execução;
 Objeção de não executividade;
 Exceção de não executividade.

REVISÃO
Sistema é um conjunto de normas que devem ter harmonia. Contudo, o CPC/73 já não
tinha um viés harmônico, não era uno, de modo que foi criado o NCPC.

Por que os princípios da CF foram retratados novamente no NCPC?


o Justificam-se no NCPC os princípios processuais novos, pois não têm previsão na
Constituição Federal. Ex.: Cooperação. O réu é obrigado a produzir prova que favoreça a
parte contrária? Não. Deve ser entendido como litigância de boa-fé, não no sentido de ajudar
a parte contrária.
o Outros princípios estão no CPC justificadamente porque, apesar de estarem na Constituição
Federal, sofreram uma releitura/atualização pelo NCPC. Ex.: Princípio da motivação (art.
489 do NCPC).
o Já os princípios que não são novos e já estão na CF, ou seja, os princípios que o NCPC não
deu nova interpretação, foram colocados no Código devido a um viés ideológico de esvaziar o
STF, permitindo, por exemplo, que seja cabível REsp em situações que anteriormente seria
cabível RE.

Obs.: O Título I do NCPC, que trata “Do processo de conhecimento e da sentença” revela que o
modelo de tutelas é sincrético: em uma única relação processual são concentradas duas fases,
uma cognitiva e uma de execução, havendo a possibilidade de haver medidas acautelatórias.
1
Priscila Cristiane Cardozo
LINHA DO TEMPO – PROCESSO DE CONHECIMENTO (FASES DO ITER
COGNITIVO)
o O Estado é uma máquina jurisdicional inerte, que só age quando é provocado, diante da
iniciativa de todo aquele que se sente lesado ou ameaçado de lesão. Portanto, há a proteção
tanto daquele que sofreu a lesão quanto daquele que se sente ameaçado de sofrê-la. O
processo não nasce espontaneamente, em nenhum país há intervenção do Estado na relação
processual, cabendo à parte interessada limitar o objeto processual.
o A fase postulatória tem como início a Petição Inicial.
 O processo é marcado por preclusões, ou seja, fases/conjunto de atos /blocos
logicamente encadeados no tempo e no espaço, sempre marchando rumo a uma sentença
de mérito que venha a se tornar coisa julgada e que entregue o direito a quem o tem. O
processo é instrumento de pacificação.
 O art. 319 do NCPC revoluciona a regra que diz respeito à interpretação do pedido, pois
prevê que o juiz não está preso aos limites do pedido, devendo interpretar o pedido pelo
conjunto da postulação (não deve mais haver interpretação restritiva do pedido, como
havia no CPC, mas o juiz deve se ater aos princípios processuais do código). Ex.: Houve
pedido de dano material, mas pelo conjunto de postulação dá para extrair que houve lucro
cessante e dano moral. O juiz pode, no saneamento, abrir contraditório para que se
manifestem acerca disso, para que haja respeito aos princípios e ao limite da congruência.
O juiz informa que vai aplicar a regra de interpretação elástica do pedido e, para evitar
sentença surpresa, pergunta se o autor quer lucro cessante e dano moral e se o autor
quiser, é aberto prazo para o réu se defender acerca desses pedidos.
o Após o ajuizamento da ação, o réu é citado para comparecer à audiência de conciliação e,
caso não haja conciliação, há abertura de prazo para contestação.
o Fase ordinatória: Juiz coloca o processo em ordem, ou para prosseguir ou para ser extinto.
Existem 4 possibilidades que se abrem ao juiz na fase ordinatória:
1. Julgamento do processo com resolução do mérito;
2. Julgamento do processo sem resolução do mérito;
3. Julgamento antecipado da lide;
4. Julgamento antecipado parcial da lide;
 Ocorre na hipótese em que o autor deduz mais de um pedido cumulativamente, sendo que
um deles, ao menos, está pronto para ser julgado e a outra parte do pedido depende de
prova. Ex.: O autor pede despejo e cobrança dos alugueis em atraso, sendo que o despejo
está pronto para julgar e a cobrança dos alugueis deve ir para a fase probatória. Assim,
há o fracionamento do julgamento da lide.
 O julgamento antecipado parcial da lide repercute no processo recursal, na formação da
coisa julgada e na repercussão.
 Execução provisória  O NCPC autoriza a execução provisória de decisão interlocutória.
O pedido julgado antecipadamente é feito mediante decisão interlocutória e, como tal,
comporta Agravo de Instrumento. O AI, pela letra da lei, não é recebido no efeito
suspensivo, sendo só recebido no efeito devolutivo. Dessa forma, o agravado pode até
requerer o efeito suspensivo, mas, na maioria das vezes, não há efeito suspensivo quando
da interposição de agravo de instrumento. Assim, diante da ausência de efeito suspensivo
(caso a parte não requeira ou caso ele seja indeferido), o agravante pode iniciar a execução
provisória mesmo pendente o agravo.
 Obs.: a decisão interlocutória é provisória porque depende de agravo, portanto,
nenhuma execução é provisória e, sim, o título executivo que o é.

2
Priscila Cristiane Cardozo
 Obs. 2: a execução provisória é faculdade do réu, pois pode haver risco de que a
decisão não seja confirmada, tendo em vista que tal execução é realizada mediante
caução.
 Coisa julgada  O julgamento antecipado parcial tende a se estabilizar (ao final da cadeia
recursal ou ultrapassado o prazo de 15 dias do AI, certificando-se o trânsito julgado) e a
se transformar em coisa julgada. Assim, o julgamento parcial da lide gerará coisa julgada
após os recursos ou não havendo a sua interposição. Portanto, nos termos do artigo 502
do NCPC, a coisa julgada passa a ser um atributo não só das sentenças de mérito, mas
também das decisões de mérito, novidade essa em razão do julgamento antecipado parcial
da lide.
o Saneamento. Processo bem saneado é processo que flui melhor. É a fase em que se retira as
impurezas processuais. O juiz deve:
a) determinar que os vícios processuais sejam sanados, caso sejam sanáveis;
b) extinguir o processo, caso os vícios processuais seja insanáveis (é possível extinguir o
processo a qualquer tempo);
c) fixar os pontos controvertidos da prova;
d) especificar os meios de prova;
e) realizar a distribuição dinâmica do ônus da prova; e
f) se houver prova oral, fixar data da audiência de instrução, debates e julgamento (colheita
para prova oral).
o Após a fase ordinatória, que compreende o saneamento, há a fase probatória, em que é
formado o conhecimento do juiz para a fase decisória, posterior à Audiência de Instrução e
Julgamento.
o Após a fase recursal, com o trânsito em julgado da decisão, diante do esgotamento das vias
recursais, há o prazo de dois anos para questionamento da coisa julgada que tenha se
formado com vício grave. A ação rescisória é ação de conhecimento e consiste em ação de
competência originária de tribunal.
o Após a constituição da coisa julgada, há a execução definitiva.

Postulatória Ordinatória Probatória Decisória Recursal

P.I. Contestação Julgamento parcial AIDJ


Coisa Julgada

Saneamento etc. Execução Provisória


está na pendência de
recurso.

CONCEITO DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA


A pretensão julgada no julgamento antecipado parcial autoriza a execução provisória. A
execução provisória é a produção de efeitos de uma decisão antes do seu trânsito em julgado, ou
seja, a execução de decisão pendente de um recurso recebido apenas no efeito devolutivo (não há
efeito suspensivo, pois ele impediria a execução da decisão).

3
Priscila Cristiane Cardozo
Não é a execução que é provisória, o título que o é, porque pende de reexame (apelação ou
agravo de instrumento). A melhor nomenclatura seria “execução antecipada” (antes do trânsito
em julgado da decisão).

ALTERAÇÃO DO CONCEITO DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA NO NCPC


O CPC/73 definia a decisão interlocutória, em seu artigo 172, como a decisão no curso do
processo que resolve tema processual. Já o NCPC alterou tal definição, pois trouxe as decisões
interlocutórias de mérito (julgam parte do pedido na fase ordinatória, fazendo coisa julgada), de
modo que é decisão interlocutória tudo que não for sentença. Portanto, tal conceito é definido
por exclusão pelo art. 203 do NCPC.

COISA JULGADA
Não há uniformidade na doutrina sobre o tema.

ABORDAGEM CONSTITUCIONAL
Coisa julgada é prevista na Constituição Federal, em seu artigo 5º, XXXVI, que dispõe que
nada prejudicará e tampouco a lei retroagirá para prejudicar o ato jurídico perfeito, a coisa
julgada e o direito adquirido. Assim, tal instituto prevê 3 dogmas constitucionais, sendo eles
elementos que se caracterizam por cláusulas pétreas, de modo que não pode ser alterada sequer
por emenda constitucional.

A coisa julgada revela as bases democráticas da Constituição. A CF surge em resposta a


um Estado ditatorial, de modo que houve preocupação do legislador constituinte na proteção do
Estado Democrático de Direito. No que diz respeito às normas processuais, há uma tutela
constitucional do processo, de modo que o legislador constituinte traz inúmeros direitos e
garantias no que diz respeito à matéria processual.

Se objetiva, com a cláusula pétrea da coisa julgada, preservar a segurança jurídica. Aquilo
que foi definitivamente julgado pelo Poder Judiciário, não poderá ser julgado novamente, em prol
da segurança das relações jurídicas e sociais.

No entanto, deve-se ater ao fato de que a CF diz que nada prejudicará a coisa julgada
(imutabilidade, indiscutibilidade, segurança jurídica), mas não é o legislador constituinte que
determina o que se delimita por coisa julgada e diz qual é o objeto dessa proteção constitucional.

O legislador infraconstitucional, no CPC, que especifica limites, alcance e extensão dessa


proteção constitucional. Portanto, a interpretação da coisa julgada é passível de alteração por lei
ordinária e é variável conforme o tempo, o espaço, o contexto político, entre outros.

Atualmente, faz coisa julgada:

a) a parte dispositiva da sentença;


b) as prejudiciais de mérito da sentença;
c) a decisão interlocutória parcial de mérito.

Assim, o legislador do NCPC ampliou os limites das coisas julgadas por meio de lei
ordinária, mas também podia tê-lo reduzido. Diante disso, há maleabilidade constitucional, ou
seja, há previsão constitucional e delimitação infraconstitucional, que pode ser alterada a
qualquer tempo (não se pode excluir a coisa julgada do sistema, mas é possível alterar os seus
limites).

4
Priscila Cristiane Cardozo
POLÊMICAS DO INSTITUTO
Não há muita uniformidade no estudo da coisa julgada.

Terminologia
O termo “coisa” vem do mundo do direito das obrigações. Essa expressão é muito fluida e
não indica nada com precisão. A doutrina portuguesa não utiliza a expressão coisa julgada e,
sim, caso julgado ou, ainda, causa julgada. Caso e causa são sinônimos de pedido. Assim, coisa
julgada é uma qualidade das decisões que tem o pedido julgado. Apenas as decisões que tem o
pedido julgado são objeto de proteção constitucional.

Coisa julgada é o nome técnico que o Brasil dá a um instituto previsto na Constituição


que é indicativo de segurança jurídica, mas que está atrelado a decisões nas quais o pedido é
julgado. Nas sentenças terminativas (sem resolução do mérito) não há que se falar em proteção
constitucional, há apenas preclusão.

Segurança jurídica x Tese da relativização


Há teses que buscam a relativização da coisa julgada. Por um lado, o sistema busca a
segurança jurídica, mas surgem teses nas quais se busca o afastamento da coisa julgada.

O CPC é rico em técnicas de agilização, mas ampliou os casos de ação rescisória,


aumentando a possibilidade de afastamento da coisa julgada.

CONCEITO LEGAL DE COISA JULGADA (ART. 502 DO NCPC)


Não é função do legislador conceituar os institutos e, sim, regulamentar. Contudo, o artigo
502 do NCPC conceituou a coisa julgada.

Art. 502.  Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito
não mais sujeita a recurso.

Coisa julgada material


O artigo 502 qualifica a coisa julgada como material, mas não precisava, porque só existe
uma coisa julgada de fato. Não existe coisa julgada formal, pois decisão terminativa não gera
coisa julgada e, sim, preclusão. Coisa julgada é aquela que decorre de um pedido julgado e,
então, se o pedido não foi julgado (quando a forma impede que a matéria seja julgada), não há
coisa julgada.

Autoridade
O CPC/73 não falava em autoridade e, sim, em eficácia. A causa da alteração é a correção
da natureza jurídica da coisa julgada, que é um dos temas mais controversos da coisa julgada.

Portanto, o legislador do CPC de 2015 substitui a palavra “eficácia” por “autoridade” para
corrigir a natureza jurídica da coisa julgada. Autoridade é igual à qualidade, atributo, de acordo
com Liebman. Portanto, a coisa julgada é uma qualidade da sentença.

Não Sujeita a Recurso


Objeto de proteção constitucional. Obs: o reexame necessário também condiciona a
formação da coisa julgada, ou seja, não está sujeita a recurso e nem reexame necessário.
5
Priscila Cristiane Cardozo
IMUTABILIDADE E INDISCUTIBILIDADE
O legislador não utiliza palavras em vão, de maneira que tais termos não são sinônimos.

Imutabilidade
A imutabilidade é o primeiro atributo da coisa julgada e consiste na impossibilidade de
rediscussão da lide já julgada, ou seja, é proibida a propositura de ação idêntica àquela já
decidida anteriormente. Há a impossibilidade de se propor uma ação idêntica a outra que já foi
definitivamente julgada (mesmas partes, mesmo pedido/objeto e mesma causa de pedir) e, caso
ainda não tenha sido julgada, haverá litispendência. Se uma segunda ação idêntica foi proposta
e uma idêntica já foi julgada, o juiz deve extinguir a segunda.

O juiz pode extinguir a ação liminarmente (antes de citar)? No NCPC, o juiz não pode gerar
uma decisão surpresa, de modo que as partes devem ser citadas e intimadas a se manifestarem
sobre a eventual semelhança entre as partes, o pedido e causa de pedir. Portanto, o juiz deve
abrir o contraditório antes da extinção do processo.

Art. 337, § 5o – Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de


ofício das matérias enumeradas neste artigo.

O art. 337, parágrafo 5º prevê todas matérias de ordem pública, sendo que essas matérias
representam todo o interesse que o próprio Estado tem no processo. Uma delas é a coisa julgada
(inciso VII), de maneira que o juiz pode reconhece-la de ofício, extinguindo o processo após
abertura do contraditório. Portanto, a coisa julgada gera matéria de ordem pública. Quando o
juiz extingue a segunda demanda pela identidade, ele reconhece uma matéria de ordem pública,
ou seja, um pressuposto processual negativo.

O juiz pode abrir o contraditório e não extinguir o processo? Há uma possibilidade


específica em que isso não aconteceria: ação que trata de reconhecimento de paternidade, em
que esteja sendo reproposta na relativização da coisa julgada com base em um outro exame de
DNA. Ressalte-se, no entanto, que o juiz deve abrir o contraditório antes da extinção da ação por
litispendência, sob pena de nulidade.

O novo CPC traz apenas como condições da ação a legitimidade de partes e o interesse
processual. Em relação à possibilidade jurídica do pedido, tal instituto deixou de ser condição da
ação, por interesse legislativo/opção legislativa. Na Itália e na Alemanha faz tempo que já não
mais a tratam como condição da ação, pois isso já deriva de Liebman. Portanto, a possibilidade
jurídica do pedido deixou de ser norma de ordem pública para se tratar de instituto relacionado
ao mérito. O doutrinador Fredie Didier entende que não existe mais condições da ação.

Indiscutibilidade
Já a indiscutibilidade tem o condão de fazer com que, em futuros processos, o juiz do
segundo processo não possa chegar a conclusão diversa da que anteriormente chegou o juiz em
um primeiro processo. Falamos aqui de processos diferentes do anterior, pois, se forem iguais,

6
Priscila Cristiane Cardozo
resolve-se o problema pela imutabilidade (que impossibilita o seu processamento, como já visto
acima).

Assim, trata-se da observância/respeito que deve ter um juiz num segundo processo às
conclusões chegadas por um juiz anteriormente numa relação processual semelhante. Tratam-se
de ações semelhantes (na indiscutibilidade, há dúplice identidade, ou seja, dois elementos iguais
– mesmas partes e mesma causa de pedir ou mesmas partes e mesmo pedido – ou seja, não há 3
elementos da ação idênticos e, sim, dois).

Nessa hipótese, o juiz da segunda ação está vinculado ao que julgou o juiz da primeira
ação. Ex.: em primeira ação é transitada em julgado decisão que afirma abusividade de protesto
de cheque. Após, é proposta demanda com fundamento na abusividade, buscando indenização
por dano moral (partes são as mesmas e as causas de pedir também, apesar do pedido ser
diferente do processo anterior). Desse modo, o juiz da segunda ação não pode rediscutir a
abusividade do protesto, pois a indiscutibilidade da coisa julgada proíbe a rediscussão das
conclusões a que o juiz da primeira ação chegou.

Na indiscutibilidade, portanto, há apenas dúplice identidade, diferentemente da


imutabilidade que há tríplice identidade. Em grau recursal existe a possibilidade de correção de
erro no julgamento, que pode ser error in judicando (juiz que julga mal porque não conhece o
direito material, tendo como consequência a reforma da decisão) e erro no procedimento/error in
procedendo (erro na condução do processo, ou seja, erros de natureza formal).

A consequência da violação à indiscutibilidade é a invalidação da decisão, devendo ser


rejulgada em observância à coisa julgada, tendo em vista que tal violação caracteriza erro no
procedimento. Há, assim, o efeito positivo da coisa julgada, pois há o rejulgamento da lide, ao
invés da extinção do processo.

TRÂNSITO EM JULGADO, COISA JULGADA FORMAL E COISA JULGADA


MATERIAL
A doutrina diverge em relação ao conceito de trânsito em julgado e coisa julgada formal.
Pontes de Miranda não distingue esses dois termos, porém, Dellore faz distinção sobre o tema.

Analogia com uma escada:


o 1º degrau: Trânsito em julgado;
 Diz respeito à situação objetiva, ou seja, o esgotamento/exaurimento do sistema recursal,
em razão de:
 seu exercício total;
 seu não-exercício;
 decisão irrecorrível;
 pressupostos processuais negativos recursais (desistência, renúncia e aquiescência
da decisão).

o 2º degrau: Coisa julgada formal;


 No momento do trânsito em julgado opera-se coisa julgada formal, sendo essa a
estabilidade interna da decisão proferida quando do esgotamento da cadeia recursal.
Quando se opera a coisa julgada formal, há preclusão máxima, pois o que foi discutido,
foi, e o que não foi discutido, não o será mais. O processo fica estabilizado, pois não
haverá mais discussão. Há estabilidade endoprocessual, portanto, de modo que a relação
7
Priscila Cristiane Cardozo
processual estável dentro dela, não comportando alterações internamente. Portanto, coisa
julgada formal consiste na estabilidade endoprocessual da decisão não mais sujeita a
recurso. Qualquer decisão (definitiva ou terminativa) produz essa estabilidade.

o 3º degrau: coisa julgada material.


 Se a decisão proferida ao final da cadeia recursal for de mérito/definitiva, e, portanto, se a
coisa tiver sido julgada, haverá coisa julgada material. Há estabilidade panprocessual, ou
seja, instabilidade processual interna e externa, não podendo ser discutido mais nada,
tanto dentro quanto fora do processo. Há indiscutibilidade fora do processo e
imutabilidade dentro do processo.
 A coisa julgada material é que é objeto de garantia constitucional. Diante da coisa julgada
formal, pode-se propor nova demanda, ressalvando os casos de litispendência, perempção
e coisa julgada.
 Apenas nas sentenças de mérito, nas quais o pedido é julgado, é que se opera coisa
julgada material. As sentenças terminativas só fazem coisa julgada formal, pois não
julgam o pedido. Já as definitivas fazem coisa julgada formal e material. Para haver coisa
julgada material, deve haver antes a formal, sendo que a essência da coisa julgada formal
é a preclusão.

LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA


Há o propósito de saber o que faz coisa julgada e quais são as partes do julgado que estão
acobertados pela imutabilidade e indiscutibilidade.

O CPC/73 dizia que apenas a parte dispositiva da sentença de mérito transitava em


julgado. O legislador do CPC de 2015 ampliou os limites objetivos da coisa julgada, de acordo
com o art. 503, caput, e o parágrafo 1º. Obs.: A parte dispositiva é o “isto posto, decido”, ou
seja, o julgamento em si.

No CPC/15 a coisa julgada recai sobre a sentença de mérito e também sobre as decisões
interlocutórias parciais de mérito. Portanto, a coisa julgada recai sobre a parte dispositiva e
também as prejudiciais de mérito, desde que tenha havido contraditório efetivo (se houver
revelia/o réu não tiver contestado, a prejudicial não transita) sobre as prejudiciais e que o juízo
tenha competência para a questão principal e a questão prejudicial. Obs.: A prejudicial externa
não está tratada nesse artigo.

As prejudiciais são matérias de direito material que necessariamente devem ser julgadas
antes do mérito, pois interferem no julgamento dele. Ex.: questão da paternidade numa ação de
alimentos. Se a paternidade não for julgada, os alimentos restam prejudicados.

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida.
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no
processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.

LIMITES SUBJETIVOS DA COISA JULGADA


8
Priscila Cristiane Cardozo
É sobre quem a coisa julgada produz efeitos/quem é que se vincula à coisa julgada.

A princípio, estarão vinculados aqueles que foram partes no processo, isso porque a coisa
julgada não pode prejudicar terceiros e a lei, no art. 506, traz esse comando. Aqueles que
tiveram contraditório estão vinculados ao efeito da coisa julgada e quem não se manifestou e não
influiu no processo não se submete a esse efeito.

Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.

Lembrar sempre que o que está sendo estudada é a coisa julgada do processo individual e
não do coletivo. No processo individual, a legitimidade é mais importante do que o interesse, ao
contrário do processo coletivo. A coisa julgada no processo coletivo se dá conforme o resultado
do julgamento e é ultra partes, podendo se estender para além das partes que exercitaram o
contraditório. Já no processo individual é inter partes.

Outra observação importante é que o assistente litisconsorcial é mais que um simples


assistente, pois é aquele que poderia ter sido parte no processo. Em razão da própria qualidade
especial que assume, sendo mais que um prestador de auxílio (considerando que sobre sua
esfera jurídica e patrimonial recaem os efeitos da decisão), a doutrina majoritária entende que
ele está vinculado aos limites subjetivos da coisa julgada. Portanto, esse assistente não poderá
propor nova demanda, pois estará vinculado à coisa julgada dessa ação.

9
Priscila Cristiane Cardozo
QUESTÃO IMPORTANTE
PERGUNTA: Um contrato de locação é firmado entre as partes e não há pagamento dos aluguéis na forma
contratual, sendo ajuizada pelo locador ação de despejo cumulada com condenação dos alugueis em
atraso contra o locatário. É proferida sentença de procedência. Contudo, o locatário sai do imóvel, mas
não paga o aluguéis em que foi condenado a pagar, havendo a necessidade de se instaurar a execução
(cumprimento de sentença). O locador percebe que o locatário não tem bens para pagar e o fiador é um
espólio com muito dinheiro, propondo, assim, o cumprimento de sentença em face do fiador. Como juiz,
resolva a questão a luz dos efeitos subjetivos da coisa julgada.

 Pedido imediato: desconstituição do vínculo contratual e a condenação ao pagamento dos


alugueis. O pedido imediato é sempre uma tutela jurisdicional de determinada natureza jurídica
(natureza desconstitutiva, em relação ao vínculo contratual, e de natureza condenatória, em
relação ao pagamento dos alugueis em atraso).
 Pedido mediato: desocupação e o dinheiro. O pedido mediato é o bem da vida. O locador (parte
mais forte) propõe ação de despejo cumulada com.

RESPOSTA: O fiador não pode ser executado, pois não participou do contraditório na fase cognitiva. O
fiador poderia sofrer os efeitos dessa execução caso o locador tivesse demandado em litisconsórcio
facultativo o locatário e o fiador, observado tal benefício de ordem. Se renunciar o benefício de ordem, os
bens serão constritos e, caso contrário, devem ser executados primeiro os bens do locador e depois os do
fiador. Portanto, o fiador é parte manifestamente ilegítima, devendo ser extinto o cumprimento de
sentença.

OBS.: Caso o locador tivesse iniciado a execução em face do locatário e do fiador, a ação executiva tem
pertinência em relação apenas ao locatário, mas não em relação ao fiador. Assim, o fiador deve ser

10
Priscila Cristiane Cardozo
MOMENTO DE FORMAÇÃO DA COISA JULGADA
A coisa julgada se forma com o esgotamento da via recursal (trânsito em julgado da
decisão), mas há duas questões decorrentes da Súmula 401 do STJ.

Súmula 401 do STJ. O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer
recurso do último pronunciamento judicial.

A ação rescisória é uma ação que objetiva afastar a coisa julgada que tenha se formado
com vício de nulidade e, em regra, tem prazo de 2 anos contados da formação da coisa julgada
para ser ajuizada.

No caso de coisa julgada formada em decisões interlocutórias parciais de mérito, pode


haver mais de uma coisa julgada no processo. Para fins de ação rescisória, não há no processo
civil coisas julgadas parciais, ou seja, não há prazo de rescisórias contando de cada coisa
julgada, de modo que esse prazo flui da última decisão transitada em julgado no processo.
Podem haver várias coisas julgadas no mesmo processo, mas para a rescisória o prazo só será
contado da última decisão proferida no processo, ou seja, não se adota a tese de coisa julgada
parcial ou progressiva.

Outra questão está relacionada à admissibilidade de recurso. A decisão de admissibilidade


tem natureza declaratória e toda decisão declaratória tem efeitos retroativos. Quando estivermos
diante de admissibilidade de recurso, a decisão proferida nesse juízo tem natureza declaratória,
mas não produz efeito retroativo para não perder o prazo da rescisória por eventual excesso de
tempo no juízo de admissibilidade do REsp e do RE.

Portanto, a Súmula 401 do STJ também se aplica nos casos de admissibilidade de


recursos. Muito embora a decisão proferida no juízo de admissibilidade seja declaratória, ela não
produz efeitos retroativos para não prejudicar o jurisdicionado, que poderia perder o prazo da
rescisória se o tempo de duração da admissibilidade for superior a dois anos.

FORMAS DE IMPUGNAR A COISA JULGADA (RELATIVIZAÇÃO E AÇÃO


RESCISÓRIA)
Muito embora a coisa julgada seja símbolo de segurança jurídica, surgem possibilidades
de afastá-la. Os mecanismos de afastamento e revisão da coisa julgada surgem
excepcionalmente nos casos em que ela se formar com vícios de nulidade (ação rescisória) ou
quando a coisa julgada não corresponde com a realidade (relativização da coisa julgada).

RELATIVIZAÇÃO/FLEXIBILIZAÇÃO DA COISA JULGADA


Tese que surgiu em Portugal. No Brasil é encontrada na doutrina de Cândido Dinamarco e
Teresa Arruda Alvim Wambier. Por outro lado, Nelson Nery afirma que essa tese é nazista.

Os fundamentos da tese, em sede doutrinária, estão assentados na verdade. A coisa


julgada não pode prevalecer sobre a verdade. Sempre que a coisa julgada, que é processual,
estiver contrariando a verdade, dependendo da relevância do bem jurídico tutelado, ela poderá
ser afastada. A coisa julgada tutelada pela Constituição é aquela que reflete a realidade, podendo
ser afastada no caso contrário, dependendo da relevância do bem jurídico tutelado.

Esse afastamento é medida excepcional. É preciso a colisão da coisa julgada com a


materialidade e é necessário que o direito material seja de maior relevância. Em sede de

11
Priscila Cristiane Cardozo
jurisprudência do STJ, dois são os direitos materiais no qual o STJ admite tal tese: paternidade
e moralidade pública. Ex.: Investigação de paternidade/Ações de desapropriação que envolvam o
pagamento de prévia e justa-indenização (superfaturamento de indenizações pagas).

A tese não é nova, chegou ao Brasil, por influência portuguesa, na década de 1980. Em
1979, o STJ já aplicou tal tese, sendo o Ministro José Delgado o primeiro a aplica-la. A ideia é a
de que, quando há dois bens jurídicos em colisão (coisa julgada e verdade material), soluciona-se
essa antinomia a partir da proporcionalidade/ponderação/razoabilidade, aplicando a
relativização da coisa julgada.

Ainda que nós tivéssemos uma primeira ação com julgamento de mérito, admite-se a
repropositura de ação de investigação de paternidade, devido à relativização. Prevalece a
finalidade do processo e exigências do bem comum.

A crítica à relativização da coisa julgada ocorre nos casos de desapropriação. A


desapropriação é ato administrativo que seleciona bem do particular, por meio de decreto, para
tornar público, sendo que o particular deve receber indenização prévia e justa. Há moratórias
constitucionais que prorrogam a indenização, parcelando-as. No STF, está havendo a discussão
se os juros moratórios afetam a moralidade pública. Os processos estão todos acobertados pela
coisa julgada e o STJ tem relativizado a coisa julgada para afirmar que o pagamento desses juros
implica na violação da moralidade pública. Assim, os, então, credores do Estado, tornam-se
devedores e tem suas contas bloqueadas. Essa decisão é política, para evitar que o Estado
pague, pois está quebrado. Na medida que se retira os juros moratórios, o credor acaba
levantando mais do que o que o STF reconhece devido, devendo pagar o valor considerado
abusivo.

21 de fevereiro

AÇÃO RESCISÓRIA
Artigos 966 e seguintes
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: 

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; 

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; 

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de
simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; 

IV - ofender a coisa julgada; 

V - violar manifestamente norma jurídica; 


[norma: princípios, normas, leis...]

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser
demonstrada na própria ação rescisória; 

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que
12
Priscila Cristiane Cardozo
não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; 

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. 

§ 1o Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar
inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente
ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. 

§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que,
embora não seja de mérito, impeça: 

I - nova propositura da demanda; ou 

II - admissibilidade do recurso correspondente. 

§ 3o A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão. 

§ 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e
homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos
à anulação, nos termos da lei. 

§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em
enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado
a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu
fundamento. (Incluído pela LEI Nº 13.256, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2016) 

§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de
inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática
distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica. (Incluído pela LEI Nº
13.256, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2016) 

CONCEITO
Ação já prevista no código de 1973, mas traz algumas alterações.

“É a ação autônoma de impugnação de natureza constitutiva negativa quanto ao juízo


rescindendo, dando ensejo à outra relação processual distinta daquela em que foi proferida a
decisão rescindenda”. – Nelson Nery Jr.

Natureza jurídica: Ação Impugnativa autônoma.

Ação que objetiva:

1. afastar a coisa julgada viciada, que tenha se formada com um dos vícios de nulidade
previstos no código no artigo 966.
2. E ainda, também se presta a rejulgar a lide.

É uma ação impugnativa autônoma e não um recurso. Trata-se de um meio de revisão de


decisão judicial de natureza extraprocessual, não sendo, assim, um recurso, pois é um direito
público subjetivo de natureza extrajudicial.

Diante de uma decisão judicial surgem dois meios, duas formas para que se possa rever a
decisão:

13
Priscila Cristiane Cardozo
1. De natureza endoprocessual: recursos (Apelação), sem autonomia, interpostos no
mesmo processo. Há o afastamento da coisa julgada (não se forma) e o procedimento
se desenvolverá perante o órgão revisor. .... São os meios mais ágeis, céleres e
econômicos de revisão processual.
2. De natureza extraprocessual: ações Impugnativas autônomas. Trata-se de uma relação
processual distinta. São ações que se prestam a rever uma decisão judicial fora do
processo onde a decisão foi proferida. Nasce um novo processo, exigindo-se petição
inicial. Exemplo: ação rescisória.

É o meio pelo qual se desconstitui coisa julgada com vício de nulidade fora do processo
onde a coisa julgada viciada se formou, justificando a característica de extra-processualidade.
Trata-se do principal meio impugnativo autônomo que nós temos no sistema processual
brasileiro.

Simplificando, a ação rescisória é uma ação que se presta a desconstituir coisa julgada
fora do processo onde ela se formou.

Há outros meios Impugnativas autônomos, como a ação de **mandado de segurança**.

NATUREZA JURÍDICA
Existem duas formas de se rever uma decisão judicial: dentro e fora do processo em que a
decisão foi proferida. Quando a revisão é realizada dentro do processo, trata-se de um recurso,
ou seja, há endoprocessualidade (mecanismo mais econômico e mais célere de revisão de decisão
judicial). Quando a revisão é realizada fora do processo em que a decisão foi proferida, tratam-se
de ações impugnativas autônomas ou ações heterotópicas. A ação rescisória é o principal
exemplo de ação impugnativa autônoma ou heterotópica, pois ataca o tópico da coisa julgada
com vício de nulidade, de acordo com o artigo 966 do NCPC.

**O mandado de segurança se presta a rever decisão judicial, sendo também uma ação
impugnativa autônoma. Há um requisito específico para o MS ser exercitado como ação
impugnativa autônoma quando não houver recurso. Se couber recurso, não cabe MS, pois o
MS deve ser ajuizado quando não há nenhum meio infraconstitucionais (recursos) de resolver a
questão. Haveria possibilidade de interposição de MS nas decisões em que o legislador não prevê
a interposição do MS? Não, pois não está tornando a decisão irrecorrível, está limitando o
recurso naquele momento, mas haverá possibilidade de impugnação da decisão posteriormente
em sede de preliminar de apelação ou contrarrazões.

O legislador traz no artigo 1015 um rol taxativo de onde cabem as interlocutórias. A


doutrina se divide:

 Não cabe MS, porque há recurso, que seja, a apelação, ainda que no futuro. Nelson
Nery
 Cabe MS. Pois não há um recurso que resolva o problema imediatamente, e por
vezes o que se decide na interlocutória não pode esperar, como prova pericial, por
exemplo. Tereza Arruda Alvim
 Jurisprudência tem a posição dividida.

Outro exemplo de ação Impugnativa autônoma é ....

Mas todas necessitam cumprir requisitos específicos.

A ação rescisória exige provocação da parte interessada (petição inicial). É de competência


originária do Tribunal de Justiça ou STJ/STF. O procedimento é de ação de conhecimento
(passando por todas as fases: postulatória, ORDINATÓRIA, ..., decisória) e há contraditório, por
14
Priscila Cristiane Cardozo
meio de resposta do réu. Não há sentença, pois não é primeiro grau, há acórdão ou decisão
monocrática de relator. Há via recursal e, posteriormente, havendo decisão de mérito será
formada coisa julgada.

Obs.: Rescisória Sucessiva - Podem ser formadas quantas rescisórias forem necessárias,
em tese, preservando a coisa julgada sem vício de nulidade (966). Mas, a ação rescisória deve
ser medida excepcional.

DUPLO JUÍZO
Juízo pode significar análise. A ação rescisória comporta, em tese, duplo juízo/duas
análises. O principal motivo da rescisória é desconstituir o vício da coisa julgada. Afastado o
vício da coisa julgada, analisa-se se é necessário rejulgar a lide ou não.

Só haverá necessidade de se julgar a lide se o afastamento do vício causar uma lacuna, de


modo que, nessa hipótese, deverá ser rejulgada a lide, devido ao princípio da indeclinabilidade
da decisão (tudo que é levado ao Poder Judiciário deve ser solucionado).

Assim, retirado o vício, caso já haja solução, não há necessidade de julgamento. Caso,
retirado o vício, não houver solução do conflito, é preciso realizar um novo julgamento. Diante
disso, é necessário analisar o caso concreto para saber se haverá ou não a necessidade do
rejulgamento, sendo essa uma análise subjetiva.

Portanto, há dois juízos na ação rescisória. O primeiro é o juízo rescindendo, que é


desconstitutivo, desconstituindo a segunda coisa julgada viciada. O primeiro juízo é obrigatório,
toda rescisória tem.

O segundo juízo, denominado de juízo rescisório, é facultativo.

Ex.: Um dos vícios que enseja a rescisória é o conflito entre coisas julgadas, ou seja, duas
coisas julgadas no mesmo caso concreto (966, IV). Dessa forma, A demanda B numa ação,
havendo sentença de mérito transitando em julgado. Após o trânsito em julgado, há novo
ajuizamento de ação idêntica que não é extinta pela coisa julgada existente, havendo trânsito
material em ação idêntica à já transitada. Diante dessa hipótese, é cabível o ajuizamento de
rescisória, sendo que a segunda coisa julgada deve ser rescindida pelo princípio da
anterioridade. Nesse caso, o juízo rescisório, que é facultativo, não acontecerá nesse caso, pois a
primeira coisa julgada está intacta.

Ex. 2: Cabe rescisória (966, V) nos casos de violação manifesta de norma jurídica. Foi
ampliado no Novo CPC o termo “lei” para “norma jurídica”, cabendo rescisória para muitos
casos. No caso em questão, foi violado o princípio da congruência, de modo que o juiz julgou
questão de posse dando divórcio. Nessa rescisória haverá o juízo rescindendo, que é obrigatório,
sendo rejulgada a lide. O tribunal deve afastar a coisa jugada e rejulgar a lide, de modo que
necessariamente haverá também o juízo rescisório.

......

15
Priscila Cristiane Cardozo
Em suma, a rescisória se submete a duas análises/juízos. O primeiro tem natureza
jurídica desconstitutiva, sendo denominado de juízo rescindendo. Nesse juízo, é afastado o vício
que está na coisa julgada. O segundo juízo tem natureza jurídica constitutiva de uma nova
decisão, tendo como objetivo o rejulgamento da questão. O juízo rescindendo é obrigatório e o
rescisório é facultativo, só ocorrendo se houver lacuna de julgamento (quando afastada a coisa
julgada, faz-se necessário o novo julgamento da questão, devido ao princípio da
indeclinabilidade).
PROVA: Qual a natureza jurídica da decisão proferida no juízo rescisório? Obs.: Não é a natureza
jurídica do juízo rescisório e sim da decisão proferida no juízo rescisório. Portanto, depende da
lide que está sendo rejulgada, devido ao princípio da congruência (necessidade de congruência
da tutela), pois a decisão deve respeitar os limites do que está sendo pedido.

Fundamento legal dos dois juízos


Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319, devendo o autor:
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo;  2 juízos.
Art. 974. Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o caso, novo julgamento e
determinará a restituição do depósito a que se refere o inciso II do art. 968.
Parágrafo único. Considerando, por unanimidade, inadmissível ou improcedente o pedido, o tribunal determinará
a reversão, em favor do réu, da importância do depósito, sem prejuízo do disposto no § 2o do art. 82.

A PI da ação rescisória comporta, em tese, duas pretensões cumuladas, dois pedidos:

1. [obrigatório]Afastar a coisa julgada viciada, chamado de **“Juízo rescindendo”** TODA


RESCISÓRIA TEM! Natureza desconstitutiva.
2. [facultativo] Rejulgamento. Chamado de **”Juízo Rescisório”**. Natureza Jurídica
Constitutiva de uma nova decisão.

OBJETO DA AÇÃO RESCISÓRIA (ARTIGO 966)


Pode ser proposta contra decisões de mérito transitadas em julgado. O artigo 966
substitui o artigo 485 do CPC/73. O CPC/73 falava em sentença de mérito e o Novo CPC fala em
decisão de mérito. Portanto, em regra, o objeto da ação rescisória pode ser a sentença de mérito,
acórdão de mérito e decisão interlocutória parcial de mérito, desde que transitada em julgado
(coisa julgada material).

**Decisões terminativas, sem resolução de mérito, em algum caso, comportam


rescisórias?

Sim, excepcionalmente.

Art. 966.  A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não
seja de mérito, impeça:
I - nova propositura da demanda; ou
16II - admissibilidade do recurso correspondente.
Priscila Cristiane Cardozo
O parágrafo 2º do artigo 966 prevê a possibilidade de rescisória contra decisão
terminativa.

A) Essa situação é excepcional.


B) Os casos são retirados de julgados do STJ.
C) A autorização decorre do fato de que existe, na decisão, vício de rescisória e não será possível
repropor a demanda, ou seja, o efeito da sentença terminativa é muito próximo ao da coisa
julgada material (impossibilidade de repropositura da demanda).
D) Exemplos: Litispendência, perempção, coisa julgada, homologação de desistência e
intransmissibilidade da ação pelo falecimento da parte (espólio não pode fazer).
I. Decisão que reconheça a perempção, que implica na própria perda do direito de ação.
II. Litispendência
III. Coisa Julgada
IV. Ações intransmissíveis em razão da morte da parte.
V. Decisões que não conhecem de recurso.

O STJ consolidou entendimento jurisprudencial que mesmo não havendo decisão de


mérito, caso esses requisitos sejam cumpridos, é aceito o ajuizamento de ação rescisória, pois o
efeito produzido pela coisa julgada formal nesses casos é muito parecido com o efeito da coisa
julgada material (imutabilidade – impedimento de propositura de nova demanda). Tal
entendimento jurisprudencial foi positivado no Novo CPC.

IMPORTANTE
É cabível ação rescisória contra decisões sem resolução de mérito que inviabilizam a repropositura da
demanda, caso tiverem vício de rescisória, tendo em vista que o efeito da imutabilidade que tais decisões
reproduzem é semelhante ao das decisões de mérito. Autoriza-se a rescisória para retirar do
ordenamento jurídico a decisão viciada, como não há outra possibilidade para corrigir o vício, já que não
se pode propor nova demanda.

22 de fevereiro

REQUISITOS (DA PETIÇÃO INICIAL) DA AÇÃO RESCISÓRIA


Requisitos formais que devem estar presentes na peticao inicial:

Caput 968: A petição inicial será elaborada com observâncias dos requisitos essenciais do
artigo 319...

A petição inicial deve observar requisitos de forma que condicionam a validade do ato
processual. Há requisitos genéricos e específicos.

17
Priscila Cristiane Cardozo
Requisitos Genéricos (Art. 319 e 968 do NCPC)

Endereçamento - Competência
Como se fixa a competência na ação rescisória?

1. A ação rescisória é ação de competência originária de tribunal, inverte-se a regra de


aplicação de competência.
Competência:
Absoluta (matéria de ordem pública, o vício não se provará, mas nulifica a decisão)
Relativa (se prorroga pela inércia da parte interessada, o vício de incompetência é
prorrogável, pois se submete a preclusão).
Na ação rescisória, a competência é absoluta. Proposta junto ao juízo errado, temos
um vício de ordem pública. É função dos tribunais julgar as rescisórias.
2. Será competente o tribunal no qual houve o trânsito. Ou seja, os tribunais são
competentes para rescindir seus próprios julgados.

A rescisória tem competência originária de tribunal. São regras de competência funcional ou


hierárquica. Essa competência é matéria de ordem pública, ou seja, improrrogável. Obs.: Se
transitou em julgado no STJ, rescinde no STJ e assim por diante.

Mas caso transite em primeiro grau, rescinde no Tribunal Superior que, em tese, teria a
competência para o recurso.

o CF 102 I “j” = Compete ao STJ processar e julgar originariamente as ações rescisórias de


seus julgados!
o CF 105 I “e” = idem para o STF.
o RISTJ – Artigos 233 a 238 + RISTF 259 a 262.

Partes – Legitimidade (Art. 967 do NCPC)

Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória: 

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; 


A legitimidade para propor Rescisória, será a mesma para os recurso. Como regra, serão partes
na rescisória aqueles que foram partes na ação principal. Ademais, podem propor rescisória:

II - o terceiro juridicamente interessado; 


O terceiro juridicamente interessado (aquele que vai sofrer os efeitos da coisa julgada, mesmo
não tendo sido parte, poderia ter sido parte, mas não foi) ;

III - o Ministério Público:  Fiscal da Lei ou Parte

a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; 

b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei;

c) em outros casos em que se imponha sua atuação; 

IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção. 

Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da

18
Priscila Cristiane Cardozo
ordem jurídica quando não for parte. 
Inciso novo: litisconsorte necessário, que obrigatoriamente deveria estar vinculado na ação
principal, que não pode estar vinculada aos efeitos da coisa julgada, se não se manifestou no
processo – sentença proferida sem ouvir o litisconsorte necessário é inválida. Não pode sofrer os
efeitos da decisão pois não participou do contraditório.

Litisconsórcio facultativo: .
Litisconsórcio necessário: as partes, obrigatoriamente devem estar unidas, pois a decisão não
pode ser diferente entre eles.

Objeto/Causa de pedir – Cabimento vinculado (Art. 966 do NCPC)


Art. 966.  A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
Contaminam a decisão judicial, comprometem a moralidade pública bem como a
imparcialidade do juiz. (Magistrado que receber algum tipo de favorecimento no
exercício da função jurisdicional)

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;


Juiz Impedido: pessoa – está comprometida sua imparcialidade
Juízo absolutamente incompetente – vide “competência”

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de
simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
Vícios de consentimento, seja pra prejudicar a parte contrária, seja para prejudicar a lei.

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar manifestamente norma jurídica;


Violação manifesta: de fácil percepção pelo homem médio, perceptível de plano. Não
encontra amparo no ordenamento.
Norma (gênero): leis, princípios (positivados ou não), regras – ampliou a aplicação da
ação rescisória, que afronta um dogma constitucional. .... Princípios.....
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser
demonstrada na própria ação rescisória;

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de
que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
Meio de prova que só foi produzido ou descoberto após o trânsito.

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.


Equívoco na apreciação da prova.

Esses vícios acima, constituem Causa de Pedir na Ação Rescisória.

Cabimento da Ação rescisória: Decisão de mérito, transitada em julgada com vício no 966,
rol fechado, eleitos pelo legislador por política legislativa por entenderem que contaminam a
ordem, moralidade públicas e a justiça das decisões.

Reúne os fatos + fundamentos jurídicos do pedido.

19
Priscila Cristiane Cardozo
Teoria da substanciarão: preciso demonstrar a partir de fatos que este está enquadrado
no ordenamento jurídico.

A rescisória tem como causa de pedir um dos vícios catalogados no artigo 966. A ação
rescisória só se justifica em razão de um dos vícios previstos no rol taxativo do art. 966 do
NCPC. O legislador prevê aqueles que entende mais grave, sob o critério da política legislativa.

Desse modo, o cabimento da rescisória é vinculado, devido à previsão dos vícios em rol
taxativo (o legislador prefixa na lei as hipóteses que ensejam a admissibilidade do instituto).
Obs.: Interpretação que se faz é restritiva, de modo que, havendo dúvida, não será cabível,
devido ao fato do cabimento vinculado ensejar interpretação restritiva do rol tipificado. Tal artigo
quivale ao 485 do CPC/73, no entanto, houve ampliação no cabimento da rescisória, mesmo ela
sendo exceção.

I. Três tipos penais que implicam, como regra, em vícios relacionados ao juiz.
II. Vícios relacionados à figura do agente juiz (pessoa física) ou à figura do próprio juízo, no
sentido de competência.
III. Vícios relacionados às partes, no que diz respeito a vícios de consentimento.
IV. Hipótese em que houver duas coisas julgadas sobre a mesma situação fática (após
trânsito em julgado, há repropositura de ação, que também faz coisa julgada, havendo
conflito de coisas julgadas, sendo a segunda rescindida). Vício extrínseco.
V. IMPORTANTE (OCORRE NA MAIORIA DAS VEZES). Violação manifesta à norma
jurídica. Foi alterado no Código de 2015, pois o CPC/73 falava em violação manifesta à
lei, ao invés de norma. Norma é gênero (lei, princípios, regras, valores, costumes etc) da
qual lei é espécie. Assim, o legislador ampliou o cabimento da rescisória, cabendo
rescisória até em relação à violação do princípio da proporcionalidade. No entanto, essa
ampliação gera insegurança jurídica. Obs.: Incisos IV e V podem ser reunidos numa
situação de vícios interno e externo de cabimento da rescisória contidos na sentença. Esse
é o vício intrínseco.
VI. Fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a
ser demonstrada na própria ação rescisória. A ação foi sentenciada com base em prova
falsa (decisão precisa ser constituída por ter vício de origem).
VII. IMPORTANTE. Quando obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova
nova cuja existência ignorava ou que não podia fazer uso, sendo essa prova capaz, por si
só, de assegurar pronunciamento favorável. Também foi objeto de alteração no novo
código. O CPC/73 falava em documento novo, sendo que o CPC/15 fala em prova nova,
ampliando as hipóteses de cabimento, tendo em vista que documento é uma espécie de
prova. A expressão prova nova deve ser interpretada sem restrições (interpretação
jurisprudencial), ou seja, pode ter sido confeccionada antes ou depois do trânsito. Assim,
caso se pretenda relativizar a coisa julgada em ações de investigação de paternidade, com
fundamento em novo exame de DNA, é nesse inciso que a rescisória vai ser
fundamentada, muito embora a prova, nessa hipótese, venha a ser produzida após o
trânsito em julgado (tese da relativização da coisa julgada). Interpreta-se dessa maneira,
pois, embora o artigo fale em prova que já existia antes do trânsito, a jurisprudência do
STJ (antes mesmo do CPC/2015) interpreta como qualquer prova que venha a existir,
antes ou depois do trânsito.
VIII. Fundada em erro de fato, verificável do exame dos autos. Erro de fato é a má apreciação
do conceito probatório por parte do magistrado, que julga de forma dissonante com o
20
Priscila Cristiane Cardozo
contexto probatório. Obs.: Nos 3 últimos incisos a rescisória é cabível considerando
sempre as provas.

Classificação dos vícios – Sérgio Rizzi


1 – Relacionados ao juiz ou ao juízo:

o Agente (prevaricação, concussão, corrupção e impedimentos);


o Juízo (incompetência absoluta).

2 – Relacionados às partes:

o Dolo ou coação da parte vencedora;


o Simulação ou colusão entre as partes para fraudar a lei.

3 – Sentença:

o Intrínsecos (violar manifestamente a norma jurídica e erro de fato)


o Extrínsecos (ofensa a coisa julgada)

4 - Provas:

o Meios de provas viciados (prova falsa);


o Meio de prova superveniente (prova nova).

Pretensão
968

974

Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o caso,


novo julgamento e determinará a restituição do depósito a que se refere o indico II do artigo 968.

O autor se omitiu no pedido de rejulgamento da lide, quando o mesmo era necessário.


Como deve proceder o juiz?

Não indefere a inicial, pois, sempre que possível a PI será utilizada. O Juiz manda
emendar.

O autor será intimado para emendar a PI, e o Juiz deve dizer especificamente o que faltou
na inicial.

Emenda sucessiva: se o autor não emendar corretamente, o juiz enviará pra nova emenda.

A pretensão obrigatória é a do juízo rescindendo (pretensão desconstitutiva) e, se for o


caso, o autor deve cumular o juízo rescisório de rejulgamento. No que diz respeito ao pedido,
portanto, a desconstituição do vício é obrigatória e, se for o caso, o autor deve cumular o pedido
de rejulgamento.

21
Priscila Cristiane Cardozo
Requisitos específicos

Depósito prévio (Art. 968)

Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319, devendo
o autor:
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo;
II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a
ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.
§ 1o Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às
suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e
aos que tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça.
§ 2o O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não será superior a 1.000 (mil) salários-
mínimos.
§ 3o Além dos casos previstos no art. 330, a petição inicial será indeferida quando não efetuado o depósito
exigido pelo inciso II do caput deste artigo.

A ação rescisória exige uma caução, que se constitui num depósito prévio. Natureza de
caução, Caução é garantia, sendo ela uma demonstração de que o autor da rescisória está
agindo de boa-fé (autor não está tentando desconstituir a rescisória de má-fé), até porque a
rescisória não tem efeito suspensivo.

Assim, o autor da rescisória deve depositar 5% (até o teto de 1000 [mil] salários
mínimos)sobre o valor da causa originária, onde foi dada a decisão, atualizado, como condição
de procedibilidade (sem isso a rescisória não é nem processada, ou seja, antecede as condições
da ação).

O depósito é dispensado para:

 O Estado, União, Municípios, autarquias e fundações de Direito Público


 MP
 Defensoria
 Beneficiários da gratuidade

Caso a rescisória seja julgada procedente, o autor levanta o valor depositado. Mas, se a
rescisória não for admitida por unanimidade ou se for julgada improcedente também por
unanimidade, o autor perde o dinheiro para o réu, de modo que, o valor da caução é convertido
em multa, a ser levantada pelo réu.

Julgada improcedente por maioria de votos:

Na hipótese de julgamento não unânime, haverá julgamento estendido de ofício


(magistratura fala erroneamente em “embargos infringentes de ofício”). Portanto, caso o acórdão
proferido seja não unânime, o próprio colegiado de segundo grau estenderá a sessão para sanar
a divergência, de modo que a decisão se tornará unânime, aplicando-se a regra acima descrita.
Obs.: O depósito é limitado ao valor de mil salários mínimos.
22
Priscila Cristiane Cardozo
Poderes do relator
O relator, na decisão rescisória, tem amplos poderes, sendo o juiz preparador da causa
(prepara a causa para ser julgada pelo colegiado).

O art. 139 do NCPC é novidade da nova lei, que confere superpoderes ao relator. O relator
pode:

o conceder ou não efeito suspensivo na rescisória, que tem a natureza de tutela de urgência;
o conceder tutela provisória para sustar a execução. Obs.: A simples propositura da rescisória
não pode sustar a execução, pois verossimilhança não briga com coisa julgada. A tutela de
urgência é dada com base em elementos de cognição superficial, trazendo ao juiz apenas
uma probabilidade, que não tem força para “ganhar” da coisa julgada, que se entende certa.
Assim, é muito difícil conseguir uma liminar numa rescisória para suspender o curso da
execução, sendo preciso que o vício na coisa julgada esteja escancarado para que ela seja
deferida, por meio de uma prova muito boa.

Art. 969. A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a
concessão de tutela provisória.

O relator não pode conceder tutela de urgência de ofício, ou seja, a parte deve requerer,
devendo o juiz decidir apenas mediante provocação. O Estado não pode conceder aquilo que
cabe a parte requerer, sob pena de intervenção.

Prazo (Art. 975 do NCPC)


O prazo da rescisória é decadencial, tendo como termo inicial a última decisão proferida
no processo.

Havia um confronto entre a Súmula 410 do STJ e 514 do STF (revogada com o novo CPC),
que foi pacificado com o artigo 975. Assim, não se adota a tese da coisa julgada parcial para fins
de rescisória.

Os parágrafos 2º e 3º trazem abrandamentos no prazo da rescisória. O parágrafo 2º trata


do prazo da rescisória fundada em prova nova, de modo que o termo inicial do prazo será a data
de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 anos, contado do trânsito em
julgado da última decisão proferida no processo.

Segundo o Professor Dellore, essa forma de flexibilização do prazo estaria pondo fim à tese
de relativização da coisa julgada. Mas, a tese é só dele (doutrina minoritária), porque a
relativização está fundada em bem jurídico relevante e na busca da verdade, não dando para
condicionar isso ao prazo.

O parágrafo 3º trata do prazo para o terceiro prejudicado e para o MP, tendo como termo
inicial a ciência da coisa julgada viciada.

Portanto, o prazo continua sendo de dois anos, havendo, apenas, uma flexibilização no
que diz respeito ao termo inicial da contagem do prazo.

23
Priscila Cristiane Cardozo
TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO
NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO
A doutrina divergia sobre o fato da execução ter natureza jurisdicional. Parte da doutrina
acreditava que não havia natureza jurisdicional na execução, pois a palavra tem origem do latim,
correspondendo a “juris + dictio”, ou seja, uma declaração do direito ao caso concreto (uma
sentença/pacificação/atividade de natureza declaratória). Dessa forma, acreditava-se que a
execução estava no momento de satisfação dessa declaração, de modo que já tinha passado do
proferimento da sentença, estando no momento de satisfação do direito já declarado.

Atualmente, a jurisdição compreende a sentença (declaração em sentido estrito do direito


material), mas compreende também os atos de realização material desse direito declarado (não
basta o Estado declarar o direito, ele deve fazer com que o direito seja cumprido).

Dessa forma, o Estado, além de declarar o direito material/proferir sentença, também


precisa disponibilizar mecanismos de satisfação prático-materiais para o direito material
declarado em um título, sejam esses mecanismos coercitivos (astreintes) ou sub-rogatórios
(meios pelos quais o Estado substitui a vontade do devedor, por meio de expropriação mediante
penhora, desapossamento ou transformação, em caso de obrigação de fazer ou não fazer). Obs.:
Ninguém pode ter seu patrimônio tomado pelo Estado sem que haja um título executivo.

O Professor Barbosa Moreira sustenta a deficiência dos estudantes de direito no não-


estudo da pesquisa empírica (em números). O CNJ realiza o relatório “Justiça em números”, que
proporciona a reflexão de que as leis são feitas e os códigos são alteradas sem ninguém analisar
empiricamente os dados estatísticos.

O problema central do judiciário não é o sistema recursal, até porque existe a


sucumbência recursal, a multa por recurso protelatório etc. Recomenda-se a leitura do artigo no
CONJUR denominado “O Supremo trabalha para não trabalhar”, que ilustra que, por uma
questão ideológica, fala-se que o problema do sistema jurídico-processual está na via recursal,
quando, na verdade, está nas execuções. Não é interessante dizer que o problema está na
execução fiscal e que aquele que mais deve é o que mais aciona, no entanto, o problema está no
sistema da execução e solução está na desjudicionalização da execução, como já realizado na
Alemanha, França, Itália e Portugal.

Número de processos nos anos de 2014 e 2015: 105 milhões para 200 milhões de
habitantes, sendo que 40% desses conflitos poderiam ser solucionados por outros mecanismos
mais adequados (falta de adequação do tipo de conflito material e tipo de solução).

90% dos processos está em primeiro grau e 10% nos Tribunais, corroborando com a ideia
de que o problema não está no sistema recursal. Metade dos processos estão na fase de
conhecimento e a outra metade na fase de execução. Os processos que mais congestionam a
Justiça Brasileira são os de execução fiscal (71,4%). O Brasil é o maior devedor e o maior
demandante (Ministro João Otávio Noronha defende a imoralidade do Estado de ser o maior
devedor e o maior demandante).

A solução é a desjudicionalização da execução civil, conforme preceitua Flávia Pereira


Ribeiro. Pode haver, também, o modelo misto em que os atos decisórios são centrados no Poder
Judiciário e as partes administrativas são conduzidas em cartório. Em suma, a execução é
24
Priscila Cristiane Cardozo
problemática, havendo muito mais procedimentos administrativos do que processo. Esse modelo
judicionalizado está com os tempos contados, sendo que o futuro é a desjudicionalização.

SISTEMATIZAÇÃO DO NCPC
o CPC/73 - ESTRUTURAÇÃO METODOLÓGICA;
o NCPC/2015 – NOVO SISTEMA – NOVA FORMATAÇÃO;
o VISÃO GERAL DO NCPC.

Parte geral
Novidade do NCPC – destacam-se os princípios das normas processuais civis.

o LIVRO I – DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

o LIVRO II – DA FUNÇÃO JURISDICIONAL

o LIVRO III – DOS SUJEITOS DO PROCESSO

o LIVRO IV – DOS ATOS PROCESSUAIS

o LIVRO V – DA TUTELA PROVISÓRIA

o LIVRO VI – DA FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO

Parte especial

o LIVRO I – DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA;

o LIVRO II – DO PROCESSO DE EXECUÇÃO;

o LIVRO III – DO PROCESSO NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS


DECISÕES JUDICIAIS;

o LIVRO COMPLEMENTAR (ART. 1.045) DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS 


Excluiu o processo cautelar (legislador desestruturou).

Por que o NCPC inseriu o cumprimento de sentença na parte final do


processo de conhecimento?

Sincretismo processual: A Lei 11.232/05 alterou o modelo de execução,


desestruturando/acabando com o processo de execução autônomo fundado em título judicial.
Sincretizou o modelo de tutelas: passamos a ter num único processo fases processuais
misturadas. Uma fase cognitiva, que termina com uma sentença condenatória que, em não
sendo cumprida voluntariamente, enseja cumprimento de sentença no mesmo processo. Se a
sentença não for líquida, deverá, ainda, ser liquidada em uma fase intercalada, isso é, entre as
outras duas.

25
Priscila Cristiane Cardozo
Portanto, há a mistura de fases processuais numa única relação processual (fase cognitiva
> sentença condenatória descumprida > petição requerendo intimação do advogado do devedor
para que o devedor pague em 15 dias - não precisa de petição inicial nem nova citação -, sob
pena de multa de 10% > início da fase de cumprimento de sentença). Caso a sentença não seja
líquida, liquidar-se-á no mesmo processo. Portanto, em 2005 o legislador desestruturou/acabou
com o processo autônomo de execução fundado em título judicial.

Qual a natureza jurídica desse único processo do sincretismo processual? Natureza de


processo de conhecimento, que reúne o processo em diversas fases.

REQUISITOS PARA A EXECUÇÃO


São requisitos para a execução em geral, ou seja, cumprimento de sentença ou processo
de execução (espécie do gênero execução), pois a natureza jurídica de ambos é a execução. No
cumprimento de sentença a execução se desenvolve mediante fase e no processo de execução, a
execução se desenvolve mediante processo. A diferença está no meio executivo, ou seja, no
procedimento, pois a natureza jurídica dos dois institutos é a mesma (conseguir que seja
cumprido o bem asseguro no título).

TÍTULO JUDICIAL
O primeiro requisito é a existência de título executivo, que é dotado de força executiva e
materializa uma obrigação sobre a qual não existe controvérsia. Pode ser confeccionado em juízo
ou extrajudicialmente. Ninguém será privado de seus bens sem um processo regular e um título
materializado em lei.

Para a execução, o sistema exige dois requisitos:

CPC 586 - NCPC 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação
certa, líquida e exigível.

o Não há execução sem título e não há título sem lei.


 Título executivo é um documento, confeccionado em juízo ou em atos da vida negocial,
que se constitui numa condição necessária e suficiente a que o Estado invada o
patrimônio do devedor e de lá retira tantos bens quanto sejam necessários à satisfação do
credor.

CPC 580 - NCPC 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa,
líquida e exigível consubstanciada em título executivo.

o Toda a execução está consubstanciada numa obrigação líquida, certa e exigível.


 Esse documento comprova a existência de uma obrigação vencida e que não foi paga,
sendo uma obrigação sobre a qual não há nenhuma controvérsia. Não há controvérsias
acerca da existência e exigibilidade da obrigação, havendo uma alta probabilidade de que
a obrigação é certa (há a possibilidade de alegar até mesmo a nulidade da obrigação, mas
há alta evidência de certeza dessa obrigação). Alta carga de probabilidade a respeito da

26
Priscila Cristiane Cardozo
obrigação firmada no título. Todos os títulos são nenhum ato de invasão patrimonial se
justifica sem esse documento que materializa uma obrigação líquida, certa e exigível.

Modalidades de título
Extrajudiciais (Art. 784 do NCPC)
Há relação não exauriente do artigo 784, ou seja, o artigo não contempla todos os títulos
extrajudiciais. Ex.: Contrato de honorários advocatícios (se encontra no Estatuto da OAB).
Contudo, sempre vigora o princípio da legalidade, de modo que é necessária a previsão legal para
a criação de títulos.

Judiciais (Art. 515 do NCPC)

São confeccionados em juízo, numa fase cognitiva ou num processo de conhecimento.


Qualquer título confeccionado junto ao Poder Judiciário/procedimento arbitral.

O principal título executivo judicial é a sentença de natureza condenatória, pois as


declaratórias e as constitutivas são autosatisfativas, não impondo nenhuma obrigação. No
entanto, o NCPC traz a possibilidade do julgamento parcial de mérito, de modo que as decisões
interlocutórias parciais de mérito também são títulos judiciais. Portanto, títulos executivos
judiciais são decisões de mérito, incluindo as sentenças condenatórias e as decisões
interlocutórias parciais de mérito.

OBRIGAÇÃO LÍQUIDA, CERTA E EXIGÍVEL


O CPC/2015 deixa claro que são atributos da obrigação e não do título.

Liquidez
Ausência de dúvida sobre o quantum debeatum, ou seja, sobre a quantia devida. O pedido,
como regra, deve ser certo e determinado.

Se o pedido deve ser certo e determinado, a sentença deve ser certa e determinada. No
entanto, excepcionando a regra do pedido certo e determinado, em algumas hipóteses o juiz
autoriza o pedido genérico (pedido que no momento da propositura da ação não pode ser
quantificado, sendo uma impossibilidade momentânea em razão da natureza jurídica do direito
material), que deve ser quantificado durante a fase probatória e, se mesmo assim não for
possível, é autorizada sentença ilíquida caso o magistrado não tenha condições de quantificar a
pretensão durante a fase probatória (pedido genérico autoriza sentença ilíquida, sendo exceção
ao princípio da congruência).

Caso a sentença seja ilíquida, deve haver fase de liquidação de sentença para que se
possa aferir a liquidez da obrigação. Não há execução diante de obrigação ilíquida, sendo
necessária liquidar obrigação antes da execução do título.

Só existe liquidação diante de título judicial! Não há liquidação de título extrajudicial. Se


houver título extrajudicial ilíquido (como um contrato, por exemplo), não há como liquidá-lo, não

27
Priscila Cristiane Cardozo
podendo ser executado, devendo utilizar a via cognitiva (processo de conhecimento) para
determinar o quantum debeatum.

IMPORTANTE:
Nos JECs, por expressa previsão legal, o pedido genérico não autoriza sentença ilíquida. Formas de
jurisdição que existem são a de direito (aplicação da lei ou, em sua ausência, princípios, costumes ou
analogia) e a equidade (art. 6º da Lei 9.099/95). Juiz pode julgar, nos Juizados, pela equidade (aplicação que
ele entender mais justa e adequada ao caso concreto), assim, ele vai quantificar a partir das máximas da
experiência. Portanto, a solução está na aplicação da jurisdição de equidade, estando o permissivo no art.
6º da Lei 9.009.

Certa
Valor determinado do título. Vincula-se às obrigações de pagar quantia, não se refere a
obrigações de entrega de coisa ou de fazer ou não fazer.

Exigível
Ausência de dúvida sobre o que se deve/sobre o andebeatum, ou seja, da existência da
obrigação. O título é documento que afasta a dúvida e traz a certeza ou alta probabilidade. A
exigibilidade implica no fato da obrigação estar vencida e não ter sido cumprida. Até o
vencimento da obrigação é possível que o devedor cumpra a obrigação.

Essas questões que se constituem como requisitos da execução são matérias de ordem
pública. O juiz deve olhar se a execução está aparelhada no título; e se a obrigação é líquida
certa e exigível. Se a execução não estiver aparelhada num título, o juiz deve extingui-la de
ofício. Juiz tem o dever de reconhecer desses requisitos de ofício, sendo nula a execução que não
está aparelhada em título ou se o título não estiver consubstanciado numa obrigação líquida,
certa e exigível. Esses temas não se submetem à preclusão.

Terça-feira, 14 de março

Mecanismos processuais cabíveis


Diante da existência de título executivo e inadimplemento, como proceder? Sempre da
mesma forma?

1. Inadimplemento de título judicial

28
Priscila Cristiane Cardozo
Título executivo judicial inadimplido (não cumprido voluntariamente), abre-se a via
processual ao credor: cumprimento de sentença.

Ao cumprimento de sentença, são aplicadas subsidiariamente as regras do processo de


execução.

O meio executivo pelo qual se realiza a execução, em regra, é o cumprimento de sentença


(art. 475, I, NCPC). Ao cumprimento de sentença são aplicáveis, subsidiariamente, todos os
dispositivos do processo de execução. Há 3 exceções ao cumprimento de sentença diante de um
título judicial:

a) Sentença arbitral não cumprida voluntariamente não enseja cumprimento de sentença


e, sim, execução;
b) Sentença penal condenatória;
c) Sentença estrangeira.

A execução é uma fase derivada da fase cognitiva. O cumprimento de sentença decorre


logicamente de uma fase anterior, no mesmo processo. Nessas três exceções não há fase
cognitiva anterior na mesma relação processual. Assim, não há mecanismos
práticos/operacionais para o cumprimento de sentença.

No CPC/73 havia mais uma exceção, que era a sentença contra a Fazenda Pública. O
NCPC traz essa situação para o cumprimento de sentença. Assim, a Fazenda Pública não se
defende mais pelo mecanismo de embargos e, sim, mediante impugnação.

2. Inadimplemento de título extrajudicial


Exemplo: cheque vencido e não pago.

O inadimplemento de título extrajudicial enseja, em regra, do processo de execução.


Contudo, o art. 785 prevê que a existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de
optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial. Se o credor quiser
propor ação de conhecimento, ele pode, não prejudica o seu direito de ação.

Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo
processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial. 

Se o credor aparelhar umas ação de cobrança em um contrato de honorários. Não existe


problema algum. Há uma faculdade conferida pelo legislador ao credor quanto a opção: tutela
executiva ou tutela cognitiva.

Opção conferida ao credor, fundamentada: (i) na garantia constitucional do direito de


ação, que é livre, incondicionada e, portanto, não sofre nenhuma limitação; e, (ii) na hipótese de
título pode se revestir de pequenos vícios que o credor, de antemão abe que vão enseja
discussões nos embargos à execução, que ao invés de contribuírem para a otimização da
execução, vão estender o processo.

Os embargos à execução são uma ação de conhecimento com natureza de defesa, que
podem durar bastante tempo. Por vezes é mais seguro obter o título judicial, ao invés de
enfrentar longas discussões no processo de execução.

“PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA APARELHADA EM TÍTULO


EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. POSSIBILIDADE. ART. 3º DO CPC.
29
Priscila Cristiane Cardozo
A obrigação lastreada em título extrajudicial pode ser exigida pela via ordinária, o que enseja até
situação menos gravosa para o devedor, pois sua defesa pode ser exercida com maior amplitude.
Recurso especial provido.”

(RESP 650.441/RJ 2At, Rel. Ministro Mauro Campbell Maques. J. 19.08.2008. DJU:
16.09.2008).

3. Inadimplemento sem título


Há uma obrigação não materializada em um título executivo. É nula a execução sem
título, deve-se então, formar um título através de uma ação de conhecimento.

Diante dessa situação, deve-se formar um título pelo processo de conhecimento para
então satisfazer o crédito do credor.

4. Título sem inadimplemento


Tutela provisória de natureza cautelar. Título ainda não exigível.

Exemplo: nota promissória, cheque, onde a obrigação ainda não está vencida, passível de
exigibilidade.

Essa situação não traz repercussão jurídica alguma. Mas devemos analisar com cautela.
Em regra, o título deve ser adimplido até a data de seu vencimento. Caso o devedor demonstre
de forma inequívoca que está se desfazendo de bens, diante da insolvência (mais dívida do que
dinheiro), o credor pode se valer de tutela de natureza acautelatória. A tutela cautelar tem
função instrumental, não protege direito material e, sim, um direito a um processo futuro de
execução regular.

Assim, o art. 301 prevê que a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada
mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e
qualquer outra medida idônea para asseguração do direito (direito processual). As cautelares não
têm natureza satisfativa, ou seja, servem para proteção de um direito de processo de execução
efetivo futuramente.

Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer
outra medida idônea para asseguração do direito. 

O juiz vai reservar bens no patrimônio do devedor para que esses bens não sejam
transferidos a terceiro. Passível de ser alterada a qualquer tempo desde que a situação fatca
mude.

Natureza não satisfatória, mas securatória. Assegurar uma execução que seja eficaz
quando da exigibilidade da obrigação.

CONCEITO DE EXECUÇÃO [FORÇADA]


Polissemia (não tem apenas um significado) do termo execução:
30
Priscila Cristiane Cardozo
 Voluntária (não há necessidade de execução)
 Forçada

“Conjunto de providências pelas quais se invade a esfera patrimonial do devedor, para


satisfazer o credor, mediante atos matérias (de invasão patrimonial), entregando-lhe o bem da
vida.”

Flávio Luiz Yarshall

Execução vincula-se à satisfação de um crédito, obrigação, materializada em um título, e,


dada a falta de cumprimento voluntário, o Estado se utiliza de sua força de império para intervir
com atos de força estendendo sua longa manus no patrimônio do devedor e de lá retirar bens
suficientes para a satisfação do credor através de atos práticos/ atos materiais de invasão
patrimonial Autorizados pela força de certeza do título executivo.

Execução é patrimonial: o devedor responde com seus bens.

INSTRUMENTOS/APARELHOS/MEIOS DA SANÇÃO EXECUTIVA


Para que essas medidas possam ser instrumentalizadas, o Estado possibilita meios para a
realização da execução.

Não basta o Estado proferir uma decisão judicial, é necessário a DISPONIBILIZAÇÃO de


instrumentos de invasão patrimonial para promover a satisfação do credor:

São duas as espécies de instrumento de sanção executiva:

 Sub-rogatórios (substituir)
 Medidas Coercitivas
o Meios sub-rogatórios: São meios pelo qual o Estado substitui a vontade do devedor. São
típicos, isto é, para cada espécie de obrigação o Estado disponibiliza um determinado meio
de sub-rogação. Diante da inércia e recusa do devedor, O Estado substitui a vontade do
devedor.

Vigora, portanto, o princípio da tipicidade dos meios sub-rogatórios:

O Legislador prevê um tipo sub-rogatório para cada espécie de obrigação. O Legislador constrói
uma Correlação vinculando os meios sub-rogatórios a natureza da obrigação, vigorando o
princípio da tipicidade dos meios sub-rogatórios:

Espécie de obrigação Vs Espécie de Sub-rogação

 Se a obrigação for de pagar quantia, o credor deve receber quantia,


preferencialmente penhorar-se-á quantia, o meio sub-rogatório típico é a expropriação
mediante penhora (o Estado substitui a vontade do devedor, expropriando bens
mediante penhora – tantos quanto bastem à satisfação do crédito).

Máxima coincidência
O credor deve obter pela execução forçada EXATAMENTE o mesmo resultado que ele
obteria se tivesse havido o cumprimento voluntário.

Essa penhora, preferencialmente deve sobre dinheiro, pelo princípio da máxima


coincidência (basen Jud). Não sendo possível, poderá recair a penhora sobre bens, o

31
Priscila Cristiane Cardozo
bem penhorado deverá ser transformado em dinheiro em razão da máxima
coincidência.

Não sendo possível penhorar dinheiro, há uma previsão de outros bens para serem
penhorados (imóveis, joias, precatória, etc)

Exemplo: Imóvel - Leilão

 Se a obrigação for de entregar coisa, a sub-rogação se dá por desapossamento,


que ocorrerá por busca e apreensão:

 Bem móvel

O meio sub-rogatório típico a ser utilizado é o da “Busca e Apreensão”. O Estado retira a


coisa do devedor e entrega ao credor.

 Bem imóvel

O meio sub-rogatório, dada a impossibilidade da Busca e Apreensão será a “Imissão na Posse”.


Retira-se o devedor da coisa, e coloca-se o credor.

Imissão da Posse Vs Reintegração da Posse

Imissão consiste na primeira posse, não havia posse anterior.

Reintegração, havia uma posse que foi perdida e retomada dada a um processo judicial.

 Se a obrigação for de fazer ou não fazer, a sub-rogação se dá pelo meio típico da


transformação. Contudo, o legislador trata a obrigação de natureza diferenciada,
conforme a natureza do título (judicial ou extrajudicial). Se o título for extrajudicial,
existe meio sub-rogatório e, portanto, o juiz determinará que um terceiro realize a
obrigação às custas do devedor. Mas, se a obrigação de fazer estiver num título judicial
não há mecanismo sub-rogatório, o legislador não o prevê. Nessas situações, prestigia-
se a chamada tutela específica da obrigação, resultado prático equivalente e, portanto,
não há mecanismos sub-rogatórios e, sim, mecanismos coercitivos. O juiz atua por
coerção (coercibilidade do facere ou do non facere), podendo o magistrado, para obter a
tutela específica da obrigação, aplicar todas as medidas coercitivas, indutivas,
mandamentais, executivas latu senso, desde que constitucionais, proporcionais,
adequadas e suficientes à coerção.
 Art. 536, parágrafo 1º - Trata do cumprimento de sentença que reconheça
exigibilidade de obrigação de fazer ou não fazer.  Para atender ao disposto no
caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa
[astreintes], a busca e apreensão, remoção de pessoas ou coisas, desfazimento de
obras e impedimento de atividade nociva, podendo ser necessário requisitar o
auxílio de forca policial.  Rol aberto, meramente exemplificativo de medidas
coercitivas. Essas medidas estão previstas, especificamente, para o cumprimento
das obrigações de fazer ou não fazer.

32
Priscila Cristiane Cardozo
 Art. 139, IV - O juiz dirigirá o processo conforme as disposições desse código,
incubindo-lhe: determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais
ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial
inclusive nas ações que tenham como objeto a prestação de ordem pecuniária. 
Poder do juiz de aplicar coerção para o atingimento da tutela específica das
obrigações. É um poder genérico de coerção.

Obs 1: Essas medidas pelas quais o Estado busca a tutela específica da obrigação
são chamadas de MEDIDAS DE EXECUÇÃO INDIRETA.
Essas medidas de coerção também podem ser chamadas de:

o medidas de execução indireta


o Medidas de coerção
o Medidas de coação
o medidas de apoio
o medidas de pressão psicológica

Enquanto as sub-rogatórias seriam diretas.

Obs 2: Essas medidas podem ser aplicadas de ofício ou a requerimento, quando


fixadas de ofício não violam o princípio da congruência (extra petita), pois não estão
vinculadas ao pedido, essas medidas estão relacionadas ao cumprimento da
decisão, a efetividade da tutela jurisdicional.
Sua fixação não torna a sentença extra petita nem viola o princípio da congruência,
de modo que pode ser fixada de oficio pelo juiz, com o objetivo do cumprimento da
obrigação. Contudo, ocorrem sérios problemas no que diz respeito à fixação de
multa, pois ela não pode ser mais interessante ao credor do que o cumprimento in
natura da obrigação, para não restar caracterizado enriquecimento ilícito.

Obs 3: Essas medidas não transitam em julgado, podendo ser fixadas e revistas a
qualquer tempo, pois o importante é que sejam suficientes à coerção/ao
constrangimento. Portanto, se a medida se tornar excessiva ou insuficiente, ela tem
que ser revista. Sempre que se tornarem inócuas (inadequada) poderão ser
revistas, aumentadas, cumuladas, diminuídas, etc.

Obs 4: o rol das medidas de apoio (536, §1º) é ilustrativo, exemplificativo. Outras
medidas podem ser impostas. Essas medidas precisam ser:
o Constitucionais
o Adequadas
o Suficientes ao constrangimento
o PROPORCIONAIS, RAZOÁVEIS, SEGUIR O CRITÉRIO DA RAZOABILIDADE.

Rol exemplificativo de Principais medidas de coerção


 Imposição de Multa
 Busca e apreensão
 Remoção de pessoas e coisas
 Desfazimento de obras
 Impedimento de atividade nociva, podendo requisitar o auxílio de força policial
33
Priscila Cristiane Cardozo
Exemplos de medidas de pressão fora do rol Exemplificativo:

o bloqueio o cartão de crédito


o suspensão da CNH
o bloqueio do passaporte.

 Obs.: Muito se discute sobre as medidas coercitivas de restrição de direitos.

Até 1994, o ordenamento processual, diante de uma obrigação não cumprida, prestigiava a
tutela reparatória/ indenizatória /pecuniária, ou seja, a obrigação quando não cumprida
resolvia-se em "Perdas e danos". A tutela específica da obrigação, aquela que determina o
cumprimento in natura era excepcional.

A partir de 1994, por influência do CDC que era de 1990 as coisas mudaram radicalmente, a
partir de 1994 no CPC e a partir de 1990 no CDC houve uma inversão da regra: diante de
obrigações assumida, a tutela específica da obrigação passou a ser a regra.

A transformação em perdas em danos passa a ser medida excepcional, ou seja, a obrigação só


será convertida em perdas e danos (tutela reparatória/ indenizatória = forma pecuniária) se o
credor assim o preferir ou se a obrigação se tornar impossível.

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de


não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à
satisfação do exequente.
 
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a
imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de
obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de
força policial.
 
§ 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de
justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ 1o a 4o, se houver necessidade de
arrombamento.
 
§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente
descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
 
§ 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não
fazer, aplica-se o art. 525, no que couber.
 
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que
reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional. 

139, IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias


necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham
por objeto prestação pecuniária; 

22 de março

34
Priscila Cristiane Cardozo
PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO
Princípios formam conjunto harmonioso, sendo que uma de suas principais
características é a inter-relação entre eles. Muitas ideias estarão contidas umas nas outras, ou
seja, há aderência de ideias, pois os princípios são um todo sistêmico/harmonioso que se
comunica. São vetores de harmonização do sistema e mecanismos de interpretação do sistema
jurídico. Portanto, as ideias principiológicas se repetem.

Utilizados principalmente:

Para auxiliar a interpretação das normas executivas;

No caso de dúvidas, aplica-se os princípios.

Não há execução sem título e não há título sem lei


Nos remete a ideia de estrita legalidade. A atividade executiva tem como respaldo a
existência de um título previsto em lei. Todos os títulos devem estar previstos em rol taxativo na
lei. Da mesma forma que não há execução sem título, não há título sem lei.

As partes não podem conferir força executiva a um documento que não é previsto como
título no rol de títulos executivos. As partes não têm liberdade para transacionar e conferir força
executiva, por meio de cláusula contratual, a um documento que não vem catalogado como
título em lei. No Brasil, vigora o princípio da estrita legalidade. Na Alemanha é possível conferir
força executiva a documento.

A execução será nula quando não aparelhada a um título, que dá a certeza ao Estado a
respeito da liquidez da obrigação.

Por se tratar de matéria de ordem pública, o juiz tem o dever de conhecer de ofício e
extinguir a execução pela sua nulidade.

Princípio da patrimonialidade (Art. 789 do NCPC)


A execução é real/patrimonial, devendo recair sobre os bens do devedor e não sobre seu
corpo. É previsto no art. 789 do NCPC, que dispõe que o devedor responde com todos os seus
bens, presentes e futuros, para o cumprimento de suas obrigações, salvo exceções previstas em
lei.

A tutela executiva, historicamente, vem passando por uma humanização. Nem sempre foi
assim, o Direito Romano previa que o devedor deveria pagar suas dívidas com o seu corpo. Hoje,
é o patrimônio do devedor que responde por suas obrigações, no exato limite do valor da dívida.
Antes, o devedor perdia todo o patrimônio. O modelo atual é mais equânime, havendo
proporcionalidade da perda do patrimônio e do valor da dívida.

Não são todos os bem do devedor que respondem pelas obrigações, o legislador protege
certos bens, traz uma relação de bens empenhoráveis, para que o devedor mantenha suas
outras obrigações com dignidade.

35
Priscila Cristiane Cardozo
Bens presentes são os bens existentes no momento da propositura da ação. É possível o
ingresso de bens no patrimônio do devedor, mas ele não pode ficar sujeito à execução ad
eternum. Aguarda-se bens pelo prazo prescricional, que corresponde ao prazo de prescrição da
obrigação (prescrição intercorrente).

NÃO HÁ BENS: suspende-se a execução por 01 ano, findo Esse prazo, começa a correr a
prescrição intercorrência o prazo para o exercício do direito de ação projetado para o curso da
execução: cada obrigação tem um prazo prescricional.

A prisão civil do devedor de alimentos não excepciona o princípio da patrimonialidade, ou


seja, não é uma forma em que o corpo do devedor responde por suas obrigações. A prisão não é
forma de satisfação da obrigação, é apenas uma medida coercitiva/indutiva. O fato do devedor
ser preso não afasta a obrigação de pagar, não sendo forma de satisfação da obrigação do
devedor.

O art. 789, parte final, traz ressalvas acerca das restrições estabelecidas em lei. Muito
embora o legislador preveja que a execução é real, existe uma preocupação do legislador em
garantir um mínimo de patrimônio para que esse devedor subsista com dignidade. Os artigos
833 e 834 relacionam bens absoluta e relativamente empenhoráveis, que ressaltam a proteção a
certos bens que não são passíveis de penhora. Essa proteção existe considerando a dignidade da
pessoa humana, pois a execução não é vingança privada, garantindo-se, por exemplo:

O bem de família, (residência do devedor)

Bens necessários para a subsistência digna. (Utilidades domésticas)

Vestuários

Salário

O Código de 2015 traz novidade muito importante, que é a possibilidade de penhora de


salário. O legislador rompeu o mito da total impenhorabilidade de salário/proteção absoluta à
impenhorabilidade total de salário, estabelecendo que é possível a penhora de salário naquilo
que ultrapassar 50 salários mínimos. O importante é pensar que houve essa inovação, sendo
mais fácil, posteriormente, rever esse percentual, que está distante da realidade brasileira.

Livros, máquinas, ferramentas, móveis úteis ao exercício da profissão.

Seguro de vida

Materiais necessários para obras (empenhoráveis) em andamento.

A pequena propriedade rural

Recursos públicos recebidos para educação, saúde ou assistência social

Poupança até 40 salários mínimos

Princípio do exato adimplemento


O credor deve, por meio da execução, obter o mesmo resultado que obteria se a obrigação
fosse cumprida voluntariamente. A execução forçada e a execução voluntária devem ser
equivalentes, pelo menos no plano axiológico/no plano do “dever ser”. Se a obrigação é de pagar
quantia, o credor deve receber o dinheiro. Se a obrigação é de fazer, o credor deve receber o
36
Priscila Cristiane Cardozo
fazer. Assim, o credor deve receber exatamente aquilo que convencionou, isto é, aquilo que
consta da obrigação.

Essa é a ideia de tutela específica da obrigação. Até 1994, prestigiava-se a tutela


reparatória/indenizatória. A partir de 1994, por influência do CDC, passou a se prestigiar o
cumprimento in natura da obrigação, de modo que o juiz tem os poderes coercitivos para
garantir o exato cumprimento da obrigação.

A conversão da tutela específica na tutela reparatória só pode ocorrer em duas hipóteses:

a) Caso em que a coisa se perder, tornando-se impossível o cumprimento da obrigação


em espécie;
b) Caso em que o próprio credor preferir a reparação, quando a utilidade da reparação
passa a ser melhor do que a tutela específica.

28 de março

Ao lado dos rio sub-rogatórios, o juiz pode impor medidas de pressão psicológica. O
artigo 139 NCPC trata dos Poderes do Juiz na condução do Processo:

IV – empodera o juiz na indução de medidas coercitivas, inclusive para as prestações


pecuniárias, ou seja, pode fixar multa para motivar o réu ao pagamento da prestação a
que está condenado, mesmo que em sede liminar.

As obrigações pecuniárias comportam meios coercitivos.


Observação: essa multa do inciso 4 (coercitiva) não se confunde com a
multa do cumprimento de sentença (punitiva, sancionatória).

Disponibilidade da execução pelo credor


Artigo 775
Princípio dispositivo: princípio que reforça a autonomia de vontade da parte. Então,
quando falamos em disponibilidade de execução pelo exequente, significa dizer que este
pode, por sua vontade desistir da execução a qualquer tempo, considerando que a
execução é feita em seu favor. Podendo desistir a qualquer tempo, independentemente
da vontade do executado.
Aplica-se ao processo de execução e não ao cumprimento de sentença.

A execução é feita em benefício do credor, de modo que ele pode desistir da execução a
qualquer tempo, independentemente da concordância do devedor. Mas há regras a serem
observadas:

Cumprimento de sentença e processo de execução

1. É preciso verificar se já houve impugnação (manifestação do executado), no caso de


cumprimento de sentença, E, no processo de execução se já houve apresentação de
embargos à execução, ou seja, se o réu já exerceu o contraditório.
37
Priscila Cristiane Cardozo
2. Tendo sido objeto de contraditório é necessário verificar o alegado em tais defesas.
3. Se o conteúdo das defesas (impugnação ou embargos):
a. Puramente processual: vícios formais (vício, juiz incompetente, matéria), a
desistência da execução implica automaticamente na extinção da impugnação
ou dos embargos, arcando o credor exequente com as despesas sucumbenciais,
pois deu causa à essa desistência.
b. Conteúdo material (relacionadas ao mérito da obrigação): após a desistência do
exequente, ao abrir o contraditório questiona-se ao executado se deseja que o
mérito da defesa seja julgado. As defesas perdem a natureza de defesa e
assumem a natureza de ação e passarão a ter natureza de Ação declaratória
autónoma, havendo o julgamento dar-se-á por sentença e tende a se tornar
coisa julgada.
O executado opta pelo julgamento do mérito para que o juiz defina se houve
uma causa modificativo ou extintiva da execução, inviabilizando assim a
repropositura de nova demanda executiva no prazo prescricional.
Desistência não se confunde com renúncia. Desistência

a) Se houver embargos à execução com conteúdo processual, a desistência da execução


acarreta a extinção dos embargos automaticamente. O credor arca com as despesas
sucumbenciais.

Princípio da utilidade da execução


Artigo 836
Aplicado:

- medidas sub-rogatórias

- Medidas de coerção

Princípio da utilidade está diretamente relacionado com o princípio da menor onerosidade


(art. 805).

A execução deve ser útil ao credor. Caso não traga este resultado útil, não se desenvolve.
As medidas de pressão psicológica/execução indireta devem ser fixadas pelo juiz sempre visando
um proveito útil ao credor, ou seja, o cumprimento da obrigação (proporcionalidade, adequação,
racionalidade, eficiência), sob pena de serem excessivamente onerosas ao devedor e não trazerem
nenhum resultado útil ao credor.

Não deve ser alienado o bem penhorado a preço vil. O preço vil é o preço irrisório, que
deprecia o bem, não correspondendo em nada à realidade. Caso o bem for alienado a preço vil,
não há proveito útil ao credor e, em contrapartida, uma excessiva onerosidade ao devedor (não
conseguirá saldar a obrigação).

Não será realizada a penhora se os bens encontrados no patrimônio do devedor só forem


suficientes para fazer frente às custas da execução.

Hipóteses:

38
Priscila Cristiane Cardozo
1. Artigo 836 - Se os bens do devedor apenas forem suficientes para responder perante as
custas e despesas da execução, a penhora não será realizada. Não se impõe um
sacrifício ao devedor se não houver utilidade ao credor.
2. Artigo 139, IV – o princípio da utilidade também dever ser aplicado face às medidas de
coerção. Falamos em utilidade não só nos meio sub-rogatórios, mas também nas
medidas coercitivas. Ou seja, não adianta o juiz impor medidas de coerção que sejam
inúteis, elas devem ser adequadas ao constrangimento, porque se inadequadas não
trarão resultado útil ao credor. Proporcionalidade e adequação ao caso concreto.
3. Artigo 891 – não se permite alienação do bem penhorado a preço vil, onde preço vil é
disposto no §único deste mesmo artigo.
Art. 891. Não será aceito lance que ofereça preço vil. 
Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e
constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço
inferior a cinquenta por cento do valor da avaliação. 

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: 

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; 


II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com
cotação em mercado; 
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; 
IV - veículos de via terrestre; 
V - bens imóveis; 
VI - bens móveis em geral; 
VII - semoventes; 
VIII - navios e aeronaves; 
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; 
X - percentual do faturamento de empresa devedora; 
XI - pedras e metais preciosos; 
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de
alienação fiduciária em garantia; 
XIII - outros direitos. 

§ 1o É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses,


alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso
concreto. 

§ 2o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança


bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do
débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento. 

§ 3o Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa


dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também
será intimado da penhora. 

Todos os itens, devem ser convertidos em dinheiro, caso o credor não queria
ficar com o bem, que é a forma preferencial de satisfação. Por ser menos
onerosa. Mas se o credor não quiser ficar com o bem, o bem deverá ser vendido.

39
Priscila Cristiane Cardozo
Princípio da menor onerosidade
**prova** (art. 805)
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça
pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros
meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados.
A execução serve para satisfazer o credor, mas com a menor onerosidade/menor sacrifício
possível ao devedor. A execução não é vingança privada (as relações chegam à execução
desgastadas, após longo processo de conhecimento).

Essa matéria é de ordem pública, não sendo o credor que escolhe a forma de
cumprimento da execução quando ela puder se realizar de vários meios e, sim, o juiz. Assim,
sempre que a execução puder ser realizada por mais de um meio, quem determina o meio menos
oneroso é o juiz, independentemente da vontade do credor.

Aplica-se quando a obrigação puder ser cumprida por mais de uma forma equivalente.
Não se aplica para inverter a ordem preferencial da penhora, nas execuções para pagamento de
quantia, o legislador traz uma ordem preferencial de penhora. A ordem é construída pelo
legislado a partir do critério da liquidez (bens que mais facilmente são transformados em
dinheiro).

O devedor pode requerer a substituição de bens à penhora, quando houver outros bens
menos onerosos para ele. O princípio da onerosidade não pode substituir bens fora da ordem de
preferência, permitindo a inversão da gradação legal. Portanto, mesmo que hajam outros bens,
deve ser respeitada a gradação legal (substituição deve respeitar a ordem preferencial). Salvo
situações de consentimento do credor (transação entre as partes no âmbito da execução), não há
equivalência da forma de cumprimento da obrigação, não se aplicando, portanto, o princípio da
onerosidade para inversão da ordem legal preferencial do art. 835. Essa posição é unânime na
jurisprudência do STJ.

É necessário que, quando o executado arguir o excesso de onerosidade na medida


executiva adotada pelo juiz, aponte a medida menos onerosa. 805, § único. Sob pena da tese de
defesa não ser conhecida.

Destinatários do Princípio:

 Quanto à forma: Matéria de ordem pública, Este princípio é destinado, em primeiro


momento, ao juiz, que decidirá a forma menos onerosa, sempre verificando se há
mais de uma forma, por meio de uma decisão interlocutória passível de agravo de
instrumento no prazo de 15 dias (artigo 1.015 § único), às decisões interlocutórias
proferidas em execução (cumprimento de sentença, processo de execução ou
liquidação de sentença) São passíveis de agravo de instrumento em 15 dias.
 Em segundo momento, é dirigido ao executado, que possui um ônus, de apontar a
forma menos onerosa.

A Fazenda Pública não admite a substituição de dinheiro por precatório. Ela paga por
precatório, mas não recebe por precatório, o que é inconstitucional, pelo art. 37 da CF. A

40
Priscila Cristiane Cardozo
compensação não se aplica sequer pelo princípio da menor onerosidade. Portanto, se você tem
crédito com precatório e quiser pagar dívida com a Fazenda Pública, ele não será aceito, ainda
que haja a mesma natureza do ente para a referida compensação. O fundamento da Fazenda
Pública é que não se inverte a ordem legal do art. 835 mesmo diante do princípio da menor
onerosidade. Artigo que comenta acerca disso de João Otavio de Noronha, denominado de
“Moralidade pública e precatórios”.

Exemplo 1:

Não há dinheiro, frustrando assim a penhora on-line, porém encontra-se 2 bens imóveis
no patrimônio do executado, recaindo a penhora no imóvel X, onde há um inquilino que paga os
aluguéis que é a renda que sustenta o executado, que alega excessiva onerosidade, que aponta o
imóvel Y. Valores equivalentes que cobrem a obrigação. OK

Exemplo 2:

Ação de Reintegração de posse (houve esbulho possessório), vizinhos, o réu invade a


posse do autor e constrói um muro. Sentença de reintegração de posse. Na fase de cumprimento
de sentença o juiz decide que o muro seja retirado pelo lado do réu, que ingressa com
impugnação onde Indica tecnicamente que a obra seja feita pelo lado do autor, pois pelo lado do
réu terá o custo 3x maior. Ok.

Princípio do contraditório
**prova**

Em todo o processo existe o contraditório, qualquer que seja a natureza do processo (processo de
conhecimento, na fase de cumprimento de sentença, no processo de execução), pois a ideia de
processo passa pela ideia de contraditório. O conceito de processo é o procedimento em
contraditório. Portanto, é o contraditório quem legitima as decisões judiciais, que legitima o
processo. A não abertura do contraditório gera nulidade de toda a relação processual.

Contraditório envolve:

As partes têm o direito:

 De conhecerem os atos processuais


 Debater a causa
 Influírem no resultado do julgamento

O contraditório tem características próprias em cada espécie de processo (Assim como a


cognição não é a mesma).

41
Priscila Cristiane Cardozo
Se desenvolve com intensidades diferentes, o que diferencia o contraditório na atividade
cognitiva e o contraditório na atividade executiva é sua potência.

No processo de conhecimento, o contraditório é intenso. A maior intensidade possível para que o


juiz possa afastar uma crise de incerteza.

No cumprimento de sentença, onde já houve uma fase cognitiva, será rarefeito, de intensidade
mínima. A matéria que poderá ser discutida é pré fixada pelo legislador.

Atualmente, está superada a ideia de que não existe contraditório na execução, porém, ele
tem peculiaridades na execução. O conceito de processo é procedimento em contraditório, sendo
que qualquer que seja a natureza de processo haverá contraditório, sendo intrínseco até ao
conceito do processo, mas há diferença na intensidade do contraditório.

O contraditório é plano no processo de conhecimento. Na tutela executiva, há ausência de


dúvida diante do título, de modo que a intensidade do contraditório tem intensidade menor do
que na tutela cognitiva.

No processo de execução a intensidade é média e no cumprimento de sentença é mínima,


havendo vedação da coisa julgada, não podendo rediscutir seus limites. Portanto, há também
variações de intensidade do contraditório na tutela executiva, tendo em vista que no processo de
execução a intensidade é maior. No cumprimento de sentença o título é judicial, partindo-se de
uma sentença acobertado pelo manto da coisa julgada. Na execução é um pouco maior, pois não
é um título que tem origem num processo de conhecimento anterior transitado em julgado.

Há na tutela executiva, defesas típicas (previstas na lei) e defesas atípicas (não previstas
na lei).

A lei prevê, para o cumprimento de sentença como defesa típica:

a impugnação ao cumprimento de sentença, que é prevista no art. 525, parágrafo 1º.

No processo de execução, o executado se defende pelos embargos à execução, que vêm


previstos no art. 917.

O art. 525, parágrafo 1º, prevê cabimento vinculado à impugnação ao cumprimento da


sentença, devido à vedação da coisa julgada, não podendo discutir aquilo que já foi limitado pela
coisa julgada. Se for apresentada sem esses quesitos, não será conhecida a impugnação por
decisão interlocutória, comportando, assim, agravo de instrumento.
O art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15
(quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos
próprios autos, sua impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação,
transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.
§ 2o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.
§ 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229.

42
Priscila Cristiane Cardozo
§ 4o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à
resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando
demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo.
§ 5o Na hipótese do § 4o, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação
será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a
impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução.
§ 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de
expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora,
caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se
o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil
ou incerta reparação.
§ 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6o não impedirá a efetivação dos atos de
substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens
§ 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da
execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
§ 9o A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a
execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente
ao impugnante.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o
prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser
arbitrada pelo juiz.
§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação,
assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos
subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo
de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação
do ato.
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação
reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional
pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido
pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de
constitucionalidade concentrado ou difuso.
§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no
tempo, em atenção à segurança jurídica.
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da
decisão exequenda.
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá
ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal.

I. Não precisava relacionar, pois o juiz tem dever de reconhecer matéria de ordem
pública de ofício;
II. Também é matéria de ordem pública;
III. Também é matéria de ordem pública.
IV. Penhora incorreta ou avaliação errônea  É direito disponível, ou a parte argui ou
come bola.
V. Cálculos superiores ao valor real;
VI. Matéria de ordem pública (absoluta) ou relativa, que não é.
VII. Qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação como pagamento etc, desde que
superveniente à sentença.

DEFESAS ATÍPICAS NA EXECUÇÃO

43
Priscila Cristiane Cardozo
Existem duas principais defesas atípicas: objeção e exceção de não executividade.

Figuras atípicas convivem com qualquer espécie de tutela executiva.

Não há uma forma predefinida, não suspende a execução. Pode requerer efeito suspensivo
ope judicis, mas elas não foram concebidas para suspende-la, de modo que é difícil que haja a
suspensão. O objetivo delas é a extinção liminar da execução.

A objeção e a exceção não afastam as defesas típicas. Pode-se, no cumprimento de defesa,


ofertar objeção, exceção e impugnação, pois não são defesas excludentes.

Objeção e exceção tem o mesmo significado (defesa). O que as diferencia é a


qualidade/tipo de defesa que elas vinculam.

Objeção significa matéria de defesa de ordem pública, portanto, o executado (no processo
de execução ou no cumprimento de sentença) arguiu matérias de defesa de ordem pública que
tornam a execução indevida, levando-a à nulidade, em razão dela ser ilegítima. Assim, há
arguição de vícios que deveriam ter sido reconhecidos de ofício pelo juízo. Ex.: Ausência de
título, ausência de requisitos da obrigação etc. Obs.: Matéria de ordem pública não preclui,
podendo arguir em impugnação ou embargos à execução, mas a objeção é o meio mais fácil de
arguir tais nulidades.

IMPORTANTE
A exceção de não executividade é arguida em caso que for alegada matéria de defesa de
direito disponível (civil), desde que haja prova pré-constituída, não sendo necessária dilação
probatória (desnecessário colher a prova). Em exceção não se faz prova, de modo que deve ser
pré-constituída. Ex.: Pagamento, novação, compensação, transação, desde que haja prova pré-
constituída. Essas situações são causas modificativas ou extintivas da obrigação, de modo que o
executado, em sendo demandado numa execução de forma injusta, apresenta o pagamento que
comprova o pagamento, torna a execução injusta, podendo extingui-la, totalmente ou em parte,
dependendo da prova.

Liquidação
.....

Liquidação Inversa

Liquidação Provisória

Espécies de Liquidação

44
Priscila Cristiane Cardozo
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (ART. 513 DO NCPC)
Há três procedimentos para cumprimento de sentença, que variam conforme a natureza
do cumprimento da obrigação. O mais usual é o procedimento de cumprimento para as
obrigações de pagar quantia certa. Portanto, não existe um único roteiro procedimental. Os
procedimentos variam conforme a natureza da obrigação.

PROCEDIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER, NÃO FAZER E


ENTREGAR COISA (ART. 536 E 538)
A ideia que vigora é a da flexibilização procedimental, sendo esse um princípio que
dispõe que o juiz tem liberdade para adequar o procedimento às especialidades da causa.
Portanto, há liberdade no procedimento para que o juiz crie o procedimento no caso concreto,
não existindo procedimento rígido (não há prazos rígidos nem marcos preclusivos) como existe
para as obrigações de pagar.

Por vezes a natureza dessas obrigações é suis generes, de modo que o juiz não consegue
estipular um prazo rígido para cumprimento, sendo ele livre para estipular o cumprimento desde
que a obrigação seja cumprida.

Assim, as medidas de execuções indireta são todas utilizáveis ao juiz, que pode pressionar
o cumprimento, como, por exemplo, as astreintes. A multa pode ser fixada com qualquer
periodicidade que o juiz entenda adequada. Todas as medidas de execução indireta, inclusive a
multa, não transitam em julgado, sendo passíveis de alteração a qualquer tempo, para que
atinjam o critério da suficiência, devendo ser suficientes ao constrangimento.

Ideia da adaptação do procedimento às especificidades da causa. O NCPC traz algumas


possibilidades de adaptar o procedimento, sendo que ele traz novidade jurídica do negócio
jurídico processual. O negócio jurídico processual caminha na ideia de procedimento flexível
construído pelas partes. O NCPC elege o protagonismo das partes para estabelecer o
procedimento, caso elas quiserem, ou seja, pode haver uma contratualização do processo.

Portanto, as normas de ordem pública estão fadadas ao fim, o que se discute para o
futuro é o negócio jurídico processual. Realiza-se contrato prevendo como serão as regras do
procedimento em eventual processo que seja ajuizado pelas partes. Ex.: Não haverá distribuição
dinâmica do ônus da prova. Há estipulação do perito. Dessa maneira, há aproximação do
processo com a arbitragem, flexibilizando-se o procedimento.

PROCEDIMENTO PARA OBRIGAÇÕES DE PAGAR


O cumprimento de sentença não se inicia de ofício. O CPC/73 era omisso quanto a essa
questão, mas o NCPC trouxe tal instituto no art. 513, parágrafo 1º, exigindo requerimento do
credor para início do cumprimento de sentença, não bastando o trânsito em julgado da sentença
condenatório. Tratamos aqui do cumprimento de sentença definitivo e não do provisório
(execução antecipada).

Exige-se transito em julgado da sentença condenatória e requerimento do credor iniciando


o cumprimento de sentença. Portanto, após o trânsito, retornam os autos para o órgão a quo,
aguardando-se requerimento da parte exequente, que se submete a regras formais e requer a
intimação do executado para cumprir a obrigação de pagar em 15 dias, sob pena de multa.

45
Priscila Cristiane Cardozo
O legislador do NCPC resolve vários problemas do cumprimento de sentença, um deles diz
respeito à intimação do executado para cumprir a obrigação. Se o cumprimento de sentença
ocorrer antes de um ano do trânsito em julgado, essa intimação do devedor, como regra, é feita
pela imprensa oficial, na pessoa de seu patrono (art. 513, parágrafo 2º do NCPC).

Caso o requerimento seja feito um ano após o trânsito, aplica-se uma regra diferente em
razão da segurança jurídica, a execução será pessoal, de modo que o executado será intimado
pessoalmente por carta registrada (AR). A carta será encaminhada para o endereço constante
nos autos, mas nem sempre esses endereços estão atualizados.

O art. 274, parágrafo único, prevê que são válidas as intimações dirigidas ao endereço
constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação
temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a
partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondência no primitivo
endereço. Não havendo o pagamento no prazo de 15 dias contados do dia da intimação, a
consequência é a penhora dos bens sem prévia comunicação efetiva. Assim, a execução, à luz do
NCPC, é agressiva.

Primeiro é necessário dar a chance do executado cumprir a sentença, para que depois ela
seja executada ante o desumprimento.

RESP 940.274/MS – Rel. Min. João Otávio de Noronha

“Execução por quantia certa. (...) Termo inicial do prazo de 15 dias. Intimação na pessoa do
advogado pela publicação na imprensa oficial. (...)

1. O cumprimento da sentença não se efetiva de forma automática, ou seja, logo após o trânsito
em julgado da decisão. (...) cabe ao credor o exercício de atos para o regular cumprimento da
decisão condenatória, especialmente requerer ao juízo que dê ciência ao devedor sobre o
montante apurado, consoante memória de cálculo discriminada e atualizada.

PEGAR AULA PASSADA

IMPUGNAÇÃO (ART. 525 DO NCPC)


Impugnação do cumprimento de sentença é defesa típica, que não afasta as defesas
atípicas. É meio de defesa do devedor por excelência, contra a eficácia executiva do título de
executivo judicial e contra o ato de execução, que dispensa prévia penhora, que tem cognição
horizontal limitada e que não suspende o curso da execução, salvo se o juiz assim o determinar.

Portanto, a impugnação não se submete ao requisito econômico da penhora ou da


segurança do juízo, submetendo-se a outros requisitos, como a vinculação temática. O
executado não precisa ter um bem penhorado para que a impugnação seja admitida.

A natureza jurídica é de incidente processual, que é julgado por decisão interlocutória,


comportando recurso de agravo. Não faz nascer um novo processo, não tem autonomia
processual e não é uma ação. Não é processada nem em apenso nem apartado, de modo que
segue o curso dos demais atos do processo.

Limites da cognição da impugnação


Cognição judicial é toda atividade intelectual, crítica, valorativa, que o juiz desenvolve, o
tempo inteiro no processo, sobre as questões de fato e de direito que lhe são apresentadas.
Existe cognição judicial em qualquer ação judicial.

46
Priscila Cristiane Cardozo
Professor Kazuo Watanabe (Livro “Da cognição judicial”) esquematiza a execução em um
plano cartesiano, sendo estudada no plano horizontal e no plano vertical. No plano horizontal, o
objeto de estudo recai sobre as matérias passíveis de serem conhecidas numa ação ou defesa.
Como regra, a cognição horizontal é ampla, de modo que o juiz pode conhecer todas as matérias
pertinentes e relacionadas ao tema que está sendo decidido. Excepcionalmente, a cognição
horizontal é limitada. O legislador limita cognição ao prefixar as matérias, para enxugar o
procedimento, devido à tutela diferenciada, como é o caso de uma ação possessória (limita
cognição para que não haja autotutela, isto é, legítima defesa da posse), de um MS etc. Tudo que
não for de cognição limitada, será de cognição ampla. Portanto, a cognição ampla surge
residualmente.

Cognição vertical é a profundida com que as matérias que podem ser conhecidas serão
estudadas. Pode ser sumária, consistente no juízo de verossimilhança, como, por exemplo, a
cognição para deferir uma tutela de urgência, que pode ser alterada a qualquer tempo. Ademais,
há a cognição vertical exauriente, que é aprofundada, fornecendo ao juiz o juízo de certeza. Para
sentenciar a cognição horizontal pode ser ampla ou limitada, mas será sempre exauriente. Para
proferir tutela de urgência, ela será ampla ou limitada (dependendo da natureza da ação), mas
sempre sumária.

Assim, a cognição horizontal na impugnação é limitada, pois prefixa matérias no artigo


525, parágrafo 1º. Se alguma outra matéria, não permitida pela lei, for trazida pela impugnação,
o juiz rejeita a impugnação, pois há força imperativa do rol taxativo proveniente de lei. A
cognição é limitada em razão dos limites objetivos da coisa julgada, pois o título é judicial,
havendo a indiscutibilidade e imutabilidade decorrente da coisa julgada. Já a cognição vertical
da impugnação é exauriente.

Ademais, a impugnação não suspende o curso da execução, pois não é dotada de efeito
suspensivo.

Prazo
Prazo de 15 dias, contados do primeiro dia útil subsequente após o término do prazo de
15 dias para pagamento voluntário. O prazo fluirá independentemente de nova intimação e
independentemente de penhora.

Nesses primeiros 15 dias para pagamento voluntário, não se autoriza nenhuma constrição
material. Se houver algum tipo de penhora nesses dias, ela será absolutamente indevida, pois é
possível que o devedor pague até o último dia do prazo. Só há a possibilidade de penhora no
prazo subsequente aos primeiros 15 dias para pagamento voluntário. Portanto, terminado o
prazo a penhora poderá ocorrer a qualquer momento.

Por expressa previsão legal, contida no artigo 229 e no 523, parágrafo 3º, aplica-se a regra
do prazo em dobro.

Nos incidentes processuais sempre se aplica o prazo em dobro se houver litisconsortes


com patronos distintos. Diferentemente do que ocorre nas ações, como no caso dos embargos à
execução. Para demandar, não há possibilidade de prazo em dobro, pois o prazo é o fixado na lei,
no que diz respeito ao prazo prescricional. Mas, para os incidentes processuais, sempre há essa
possibilidade.

Aplica-se, portanto, quando houverem litisconsortes com patronos distintos. Com a crise
atual advogados se reúnem apenas para dividir despesas, não havendo afectio societatis, que é o
que une, de fato, uma sociedade. No entanto, não se conta o prazo em dobro se os litisconsortes

47
Priscila Cristiane Cardozo
tiverem patronos diferentes, mas que estão debaixo do mesmo texto, ainda que não haja afectio
societatis.

Também não se aplica no caso do processo eletrônico.

Impugnação - Matérias
E se a impugnação traz tema vedado e parte passível de aceitação? Exclui-se, enquanto
juiz, o tema que não é permitido, sendo que es parte comporta AI, e mantém a cognição no que
diz respeito ao tema da cognição horizontal, aplicando-se o princípio do aproveitamento do ato.

Excesso de execução (Art. 525, 4º e 5º do NCPC)


É permitida, nos termos do inciso V, do art. 525, parágrafo 1º. Excesso de execução
consiste na superioridade da quantia que está sendo exigida na planilha de cálculo, em relação
ao que a condenação determinou.

Quando o tema for o excesso, exige-se um ônus específico e simétrico para o impugnante,
que deve:

1) Apontar aonde está o excesso, apresentando nova planilha demonstrativa dos valores
da execução;
2) Informar o valor correto.

Esse ônus é uma tarefa que deve ser especificada pelo impugnado, porque se não for
especificada (especificação dos valores tidos como incorretos), a tarefa não será admitida e é
simétrica, pois trata o impugnante da mesma forma que o impugnado (ambos tiveram que
apresentar planilha, quando do ajuizamento ou quando da impugnação), devido ao princípio da
isonomia.

Caso o ônus não seja cumprido pelo impugnado, a impugnação será liminarmente
rejeitada, se o excesso de execução seja seu único fundamento. Se houver outro fundamento, o
juiz não julgará a alegação de excesso de execução.

Efeito suspensivo (art. 524, parágrafo 6º)


O efeito suspensivo é paralização da produção de efeitos de uma decisão, na pendência de
decisão definitiva. A lei não confere efeito suspensivo à impugnação, não havendo efeito
suspensivo ope legis, mas ele pode ser atribuído por decisão do juiz, provocado pelo
requerimento o impugnado (efeito suspensivo ope judicis). A natureza do pedido de efeito
suspensivo é de tutela de urgência. Há três requisitos para concessão de tutela de urgência: a
fumaça do bom direito (probabilidade de o direito do requerente ser deferido posteriormente); a
urgência; e reversibilidade (possibilidade de retorno ao status quo deve ser assegurado pelo
impugnante, se a impugnação não for acolhida).

PROCESSO DE EXECUÇÃO – OBRIGAÇÃO DE PAGAR


QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE
É preciso que haja o exercício do direito de ação pela introdução em juízo de uma petição
inicial. Existe pluralidade de procedimentos, conforme natureza do título extrajudicial. Essa é a
modalidade de execução mais comum.

48
Priscila Cristiane Cardozo
Se há obrigação de pagar quantia, o credor deve receber a quantia, devido ao princípio do
exato adimplemento.

Caso a penhora de dinheiro, via penhora online, ocorra, esse dinheiro é transferido ao
credor. Caso a penhora online seja infrutífera, penhorando-se bem diverso de dinheiro, seguindo
a ordem preferencial de penhora, será necessário transformar o bem penhorado em dinheiro
(necessidade de alienar o bem, a partir da iniciativa de terceiro, por meio de empresas de
corretagem, ou alienação judicial).

O produto da venda será transferido ao credor, salvo se adjudicado (bem penhorado é


transferido in natura do patrimônio do devedor para o patrimônio do credor). O legislador, desde
2006, prestigia a adjudicação do bem pelo credor. A adjudicação é a forma preferencial quando
não houver penhora de dinheiro, pois é forma menos onerosa, tendo em vista que dispensa os
custos de uma alienação. Assim, o bem passa ao credor pelo valor da avaliação, não havendo
nenhum decréscimo no valor do bem, decorrente dos custos da alienação (como o edital, por
exemplo). Vigora assim o princípio da utilidade.

A técnica executiva principal é a sub-rogatória, sendo o meio típico de expropriação


mediante penhora. A expropriação mediante penhora não afasta a incidência de medidas
coercitivas. Pode-se arbitrar multa (astreintes), no valor que o juiz julgar adequado, para o não
pagamento da quantia certa posta em título executivo extrajudicial, segundo o artigo 139 do
NCPC. A multa é medida coercitiva, objetivando-se a efetividade da tutela. Não está limitada ao
valor da obrigação, podendo ser superior, pois é multa processual. A multa não precisa ser
requerida, mas é recomendado que o advogado a requeira.
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação
pecuniária;

Nenhuma dessas regras se aplicam ao devedor insolvente. A solvência é situação na qual


existe mais ativo do que passivo (mais bens do que obrigações no patrimônio do devedor), de
modo que o seu patrimônio responde pelas dívidas. Na insolvência, há mais passivo do que ativo,
mas é situação jurídica que demanda sentença obrigatória transitada em julgado.

O art. 824 do NCPC prevê que a execução por quantia certa se realiza pela expropriação
de bens do executado, sendo esse um mecanismo sub-rogatório típico, salvo as execuções
especiais. Existem execuções específicas, ainda que tragam obrigação de pagar quantia, sendo
elas: a) execução fiscal; e b) execução de alimentos.

O art. 825 prevê que a satisfação do credor, após a penhora, está presa a três métodos,
segundo a ordem preferencial abaixo:

a) Adjudicação: bem penhorado é transferido ao credor. Forma preferencial. A efetividade


da execução se prende à desnecessidade de alienação do bem, de elaboração de aditais
para que isso aconteça e a desnecessidade dos custos com corretagem.
b) Alienação: Alienação mediante leilão, por meio de terceiros (corretores) ou por meio da
própria intervenção do Poder Judiciário (leilão judicial). Deve ser preferencialmente
eletrônico.
c) Apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de
outros bens: Se não houver bens no patrimônio do devedor, é possível a satisfação do
patrimônio do devedor pela penhora de alugueres. Caso seja provada a natureza
alimentar, a penhora estará liberada. É possível a penhora sobre percentual do
faturamento da empresa, desde que o percentual não comprometa a folha de
49
Priscila Cristiane Cardozo
pagamentos e a própria produção da empresa. O STJ vem autorizando a penhora de
20% do faturamento.

O art. 826 traz a regra relaciona à remissão, instituto de direito processual que nos
remete à liberação do devedor. Remissão significa pagamento. Após a penhora e antes da
satisfação do credor, antes de adjudicados ou alienados os bens, os executados podem, a todo
tempo, remir a execução, pelo pagamento ou pelo depósito do valor que o devedor entende
devido atualizado. Se o bem já foi vendido ou adjudicado, não há como remir.

PRINCÍPIO DO EXATO ADIMPLEMENTO


O que se objetiva nessa espécie de processo é o pagamento da quantia. No entanto, é a
conduta do devedor, diante do mandado citatório, que vai determinar o procedimento a ser
seguido.

Citação é o primeiro chamamento do demandado em juízo. A citação tem características e


funções distintas dependendo da natureza do processo. O demandado é citado, no processo de
conhecimento, para viabilizar o direito de defesa. Toda a matéria de defesa deve ser apresentada
na contestação, devido ao princípio da eventualidade, que prevê que o réu deve concentrar toda
a matéria de defesa na contestação, ainda que as alegações de defesa sejam conflitantes.

No processo de execução, o executado é citado para pagar em 3 dias, sob pena de penhora
e possibilidade de medidas coercitivas. Assim, a função da citação é viabilizar o pagamento. A
partir desse mandado citatório, há 3 possibilidades de procedimentos.

Pagamento dentro do prazo


Devedor citado paga nos três dias. Esse pagamento é causa extintiva da execução e é
concedido um prêmio ao devedor que paga nos três dias, pois os honorários advocatícios de 10%
são reduzidos à metade. O devedor também pode pagar o valor parceladamente, pelo instituto
legal da moratória legal. Direito potestativo de parcelar o débito (preenchidos os requisitos, o
devedor tem esse direito).

Não pagamento dentro do prazo


Diante do não pagamento, são mantidos os honorários de 10% e é mantido o mandado de
penhora e avaliação, tendo-se como formas de expropriação a adjudicação ou a alienação.

FASES PROCEDIMENTAIS
Petição inicial (319, 320, 798): Vincula-se a juízo de admissibilidade. Antes de expedida a ordem
de citação, juiz faz controle de admissibilidade da petição inicial, podendo ser proferidos:

a) Despacho liminar negativo: Sentença terminativa que comporta apelação em 15


dias, devido à inépcia da petição inicial. Raridade no NCPC, segundo princípio da
instrumentalidade do processo e das formas (os atos processuais têm forma prescrita
em lei, mas, se o ato for praticado de forma adversa e não houver nulidades, se não
causar prejuízo às partes, ele poderá ser aproveitado). São admitidas emendas
sucessivas, inclusive.
b) Despacho liminar corretivo (despacho neutro, segundo Cássio Scarpinela Bueno):
Juiz determina a correção de vícios processuais. O prazo para correção é de 15 dias.
50
Priscila Cristiane Cardozo
c) Despacho liminar positivo: Despacho de recebimento da ação. Juiz fixa honorários
no percentual de 10%, expede a ordem citatória e determina a intimação do executado,
para, em querendo, ofertar embargos à execução em 15 dias, contado da juntado aos
autos do AR cumprido, independentemente de penhora (não se exige penhora prévia
para oferecer embargos à execução, assim como no caso do cumprimento de sentença).
Esse despacho é ato processual complexo (ato formalmente uno, mas fracionável em
capítulos).

Se os embargos não forem opostos, se forem recebidos sem efeito suspensivo ou se forem
improcedentes, parte-se para a expropriação de bens.

INSTAURAÇÃO DO PROCESSO (319 – 320 – 798)


Primeiro requisito diz respeito ao endereçamento (definição do juízo ou tribunal
competente). O art. 781, I, dispõe acerca da competência da execução. A competência é
concorrente e relativa. Não arguida a incompetência relativa, o juízo se prorroga. Pergunta-se,
para fixação:

1) Existe foro de eleição previsto no título? Não proposta no foro de eleição, se ninguém
apresentar exceção, a competência será prorrogada.
2) Domicílio do executado ou foro nos quais se encontrarem os bens passíveis de
penhora. O credor pode escolher uma dessas duas opções. Se houver mais de um dos
executados, qualquer um dos domicílios vale. Se o domicílio for incerto ou
desconhecido, é aonde o executado foi encontrado.

QUALIFICAÇÃO DAS PARTES (319, II)


Nome completo, documento, estado civil (pode ser que haja constrição da meação),
endereço eletrônico.

Os artigos 778 (passivo) e 779 (ativo), preveem quem são os legitimados ativos e passivos
na execução. Os legitimados ordinários são aqueles que estão em nome próprio em defesa de
interesse próprio. A regra, no processo de execução, é da legitimidade ordinária. O legitimado
ordinário ativo é o credor e passivo é o devedor. Já os legitimados extraordinários são aqueles
que estão em nome próprio na defesa de interesse alheio. Na execução, ou a legitimidade é
ordinária, ou há sucessão processual (transferência do direito), por ato inter vivos (cessionário u
o sub-rogado) ou por ato causa mortis (espólio, herdeiros ou sucessores). Não há legitimidade
extraordinária.

O fiador pode ser legitimado passivo, mas é necessário verificar se há benefício de ordem.
Primeiro serão penhorados os bens do devedor principal e depois do devedor principal. Se não
houver, ambos são corresponsáveis, não havendo ordem.

Quarta-feira, 05 de abril

51
Priscila Cristiane Cardozo
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:  

I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer,
de não fazer ou de entregar coisa;
 
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; 

III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;


 
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a
título singular ou universal;
 
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão
judicial; 

VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;


 
VII - a sentença arbitral;
 
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
 
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de
Justiça; 

X - (VETADO). 

§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a
liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não
tenha sido deduzida em juízo. 
.....

Artigo 725, VIII NCPC, traz um procedimento de jurisdição voluntária chamado “homologação de
autocomposição extrajudicial”. Este procedimento dá força executiva a acordos extrajudiciais.

Jurisdição voluntária: não há lide ou resistência, há interesse que deve ser validado pelo poder
judiciário dada sua relevância.

Jurisdição contenciosa: pretensão resistida.

A diferença entre o inciso II e III é justamente.......

VII SENTENÇA ARBITRAL

........

Em razão da existência de uma fase cognitiva anterior, O cumprimento de sentença exige:

Citação

Petição inicial (requisitos formais do artigo 319)

Rigor Formal
52
Priscila Cristiane Cardozo
VIII e IX Sentença estrangeira e decisão interlocutória estrangeira

Não derivam de uma fase cognitiva (modelo sincrético). Há então....

Justiça Federal de 1º grau........

Além destes títulos previstos no artigo 515 do NCPC, .....

Exemplos:

A DECISÃO QUE CONCEDE TUTELA DE URGÊNCIA

Natureza: decisão interlocutória

Interlocutória concessiva de tutela de urgência: a cognição no mérito é superficial....


Verossimilhança.

Interlocutória parcial de mérito: .... Grau da cognição do mérito

Ambas .....

DECISÃO INICIAL DA AÇÃO MONITÓRIA

Decisão dada no início da ação monitória, confere força executiva a um título executivo.

**não cai na prova**

Procedimento do cumprimento de sentença para Pagar Quantia


Artigo 523

No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre


parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias,
acrescido de custas, se houver. 

§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de
dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. 

§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos


no § 1o incidirão sobre o restante. 

§ 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo,


mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. 
53
Priscila Cristiane Cardozo
A quantia deve ser certa e determinada ou apurada.......

O procedimento tipificado na lei a partir do artigo 523 só é aplicado para execuções definitivas,
ou seja, execução após o trânsito em julgado. A definitividade é o título e não da execução.......

Não se inicia de ofício, é necessária a provocação, que seja o “requerimento do credor” (petição
simples – artigo 524 – não se equipara a uma petição inicial).

Esta provocação se exige pois o judiciário é inerte e, ainda, trata-se de direito disponível.

O devedor é intimado para cumprir voluntariamente a obrigação em 15 dia, sob pena de


expedição de mandado de penhora, que em regra, é.....

Não havendo o cumprimento voluntário, esse valor em execução é acrescido de multa..... 10%
(não podendo ser alterada pelo juiz) e honorários também fixados no valor de 10%.

Obs.: antes do código de 2015 o legislador era omisso quanto ao:

Início do prazo de 15 dias (STF posicionou-se que flui a partir da intimação do executado para
pagamento voluntário)..........

Existência de honorários no cumprimento de sentença.

Os 15 dias, prazo para cumprimento de obrigação, é prazo:

Caraciola: prazo material

Dellori: prazo processual

Mais seguro contar em dias corridos, pois há divergência.

Prazo processual: dias úteis.

Prazo material: dias corridos, incluindo-se.......

Intimação para o Início do Cumprimento de Sentença

Artigo 513, §2º

O devedor será intimado para cumprir a sentença:

I – pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos.

Se a procuração for ...... A termo, e o prazo for o trânsito em julgado, a intimação passa a ser.....
Pessoal.

54
Priscila Cristiane Cardozo
513, §4º

Se o cumprimento de sentença for iniciado um ano após o trânsito, a intimação do executado


também será pessoal.

..........

Contra o Fiador

Artigo 513, §5º + Súmula 268 STJ

......

Possibilidade de Protesto Dessas decisões interlocutórias.....

Artigo 517

A decisão judicial transitada em .....

Natureza coercitiva, ou seja, além do credor requerer o cumprimento de sentença que, diante do
não pagamento implica em penhora, também poderá requerer ao juiz que .... Seja protestada
com a intenção de coagir, pois traz restrição ao crédito.

Requisitos:

1. Só poderá ser protestada a decisão transitado em julgado.


2. Só poderá ser protestado após o não cumprimento.....

Medida atípica.....

Esse protesto não afasta a possibilidade do credor requerer ao juiz a inclusão do nome do
executado em cadastros de inadimplentes, de negativação (782, §§3, 4 e %) do nome do devedor
em cadastro de órgãos de proteção ao crédito. Essa é outra medida coercitiva, também para .....
Definitivas.

Execuções definitivas (após o trânsito em julgado)

Exige requerimento do credor

Natureza jurídica: coercitiva

Caso o executado pague o que deve, apresente bens garantindo a execução (caucione a
execução), ou ainda,

caso essa execução seja extinta por qualquer motivo, o credor que requerer à negativação ao juiz,
tem responsabilidade quanto a retirada do nome do devedor nestes cadastros, sob pena de
responsabilidade civil (Danos materiais e morais).

Os artigos 517 e 782, não se excluem.

55
Priscila Cristiane Cardozo
11 de abril

Áudio Pri

12 de abril

Áudio Whatsapp

18 de abril

Processo de Execução
Parte de um título executivo extrajudicial.

Tratando-se de um processo, a estrutura procedimental é autônoma, nova relação processual.

Nasce por provocação ....... Petição Inicial.

Iter Procedimental Executivo: Obrigação para pagamento de quantia

56
Priscila Cristiane Cardozo
.........

Artigos 319 c.c 798

[slide endereçamento onde está 781, lê-se 798)

57
Priscila Cristiane Cardozo
Expropriação

Artigo 824

A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as
execuções especiais.

Expropriação: mecanismo subrogatório

Artigo 825

Conceito: ...

Conceito Processual: ato estatal executivo feito pelo juízo da execução, onde os bens penhorados
e avaliados tem seu domínio transferido a terceiro por meio de 3 procedimentos legais:

1. Adjudicação
2. Alienação
3. Apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens.

Meio executivo típico ..... ...

- Seleção de bens e individualização desses bens pela penhora

Penhora: individualização dos bens e ......

O bem penhorado, que não seja dinheiro, observada a ordem legal de penhora, deve ser
transformado em satisfação, por meio de:

Adjudicação, alienação ou apropriação de frutos e rendimentos.

Adjudicação

Transferência do bem penhorado, do patrimônio do devedor para o patrimônio do credor. O


credor opta ........

O bem transferido I natura é feito pelo valor da avaliação , sem necessidade de pagar por editais,
leiloeiro, taxa de corretagem, etc. tem preferência do legislador por ser mais vantajosa
economicamente.

Alienação

Vender. O bem penhorado será vendido, dentro da alienação existe uma ordem de preferência:

1. Iniciativa particular (empresas de corretagem, o próprio executado....)


2. Iniciativa do Poder Judiciário (leilão presencial ou eletrônico) forma pouco desejada pois
há máfias organizadas para adquirir o bem a preço extremamente abaixo do mercado , da
cotação do bem.

58
Priscila Cristiane Cardozo
Apropriação de frutos e rendimentos

Espécie de usufruto. Sendo o bem inalienável. Apropriação de aluguéis, no caso de empresas,


um percentual do faturamento.

Remição

Artigo 826

Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir a execução,
pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros,custas e
honorários advocatícios

Resgate do bem objeto da execução sob a forma de recompra da coisa já vendida, depositando-se
o preço pelo qual o bem foi arrematado (alienado) ou adjudicado.

Natureza jurídica: forma de satisfação da obrigação e extinção do processo.

Autoriza-se que o executado.........

Exemplo:

Há a penhora de bem que não seja dinheiro e este bem é alienado ou adjudicado.......

Toda ...... Construída a partir das opções legais conferidas ..... Considerando a citação e as
opções que são dadas ao devedor:

 Citado – Paga dentro do prazo legal (03 dias contados do recebimento da carta)

Incentivo ao pagamento: Redução .......

 Citado – Paga a dívida parceladamente (926)

"Moratória legal", a lei autoriza o devedor a pagar o valor do débito em até 6 vezes.

 Citado – não efetua o pagamento

........

Competência (processo de execução)


Artigo 781 e 782
59
Priscila Cristiane Cardozo
Regra

1. Verificação: existe indicação de foro de eleição, se sim, ali será proposta a execução. É
muito comum as partes elegerem o foro. Se não, surge a possibilidade concorrente de foro,
onde encontram-se os bem passíveis de penhora ou ainda, a regra geral do domicílio do
executado.

19 de abril

Fixação das Partes


Legitimidade e qualificação das partes

Legitimidade será definida após verificada a responsabilidade patrimonial.

Responsabilidade Patrimonial
Artigo 790

Consiste na delimitação do sujeito que responderá por uma obrigação (quando ela não for
cumprida) e na delimitação dos bens desse sujeito que responderão pela dívida (pela penhora).

Os que estão envolvidos no plano material serão transportados para o plano processual caso não
haja o cumprimento do plano obrigacional.

A responsabilidade patrimonial primária é dos sujeitos envolvidos no plano material, das


obrigações.

No entanto, em algumas situações excepcionais/pontuais previstas no artigo 790, o legislador


confere a responsabilidade patrimonial de uma obrigação não paga a um terceiro não devedor,
surge assim, a Responsabilidade Patrimonial Secundária.

Exemplo 1:

Se um casal, onde a esposa assume diversas dívidas que revertam em prol da entidade familiar,
o terceiro não devedor (o esposo) passa a ter responsabilidade patrimonial. Podendo o credor
acionar um ou outro, ou ainda, ambos.

Exemplo 2:

As obrigações assumidas por pessoa jurídica não se confundem com as obrigações e dívidas dos
sócios, no entanto, o legislador traz que as obrigações e dívidas assumidas por pessoa jurídica
impõe responsabilidade patrimonial dos sócios diante de obrigações assumidas pela pessoa
jurídica quando houver Abuso de Direito (artigo 50 CC /128CDC).
60
Priscila Cristiane Cardozo
Exemplo 3:

Desconsideração da personalidade jurídica: em razão de fraude, tanto do sócio quanto da


sociedade.

O autor quem escolhe contra quem irá litigar. Não sendo necessário o litisconsórcio, sendo este
facultativo.

Legitimidade Ativa
Artigo 778

Pode propor a execução:

Regra: Credor que consta no título (Legitimidade primária).

Existem situações onde o direito ao crédito é transferido a outrem, neste caso, existirá alteração
no polo processual.

Sucessores do credor

Causa mortis

 Falecimento do credor: Direito transmissível, assume por sucessão o polo ativo o espólio,
herdeiros ou sucessores.

Atos de transmissão Inter vivos

 Cessão de direito ao Crédito


 Sub-rogação

 Ministério Público, quando a lei autorizar.


 Advogado, para executar os honorários sucumbenciais, em nome próprio.
 Ofendido na execução de sentença coletiva, onde a execução é individual.

Legitimidade Passiva
Artigo 779

61
Priscila Cristiane Cardozo
Legitimação passiva primária e sucessão:

 Devedor

Causa mortis

 Falecendo o devedor, assume a responsabilidade por sucessão:


Espólio, herdeiros ou sucessores.

Inter vivos

 O débito pode também, ser transferido a terceiro.


 Fiador do débito, respeitando a cláusula de benefício de ordem, podendo ser renunciado
pelo fiador, que implica na ordem de penhora de bens.
 O Responsável do bem
 Responsável tributário

Causa de Pedir
Formada pela reunião de fatos e de fundamentos jurídicos, ou seja, o autor de uma PI tem a
tarefa de subsunção ......., é preciso apresentar os fatos e enquadra-los.....

Substanciação da causa de Pedir – Processo de Conhecimento

O autor deve apresentar os fatos com riqueza de detalhes para que o juiz conheça a lide com
profundidade.

Teoria da individualização da Causa de Pedir – Processo de Execução

1. Título
2. Obrigação vencida e não paga

Títulos Extrajudiciais
Artigo 784

Artigo não exauriente, existem títulos previstos em lei fora deste, que traz os principais, como o
contrato de honorários, por exemplo (Estatuto da OAB).

 Títulos de Crédito
 Escritura Pública ou outro documento Público assinado pelo devedor
 Documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas (não havendo fé
pública, faz-se necessário a assinatura de duas testemunhas).

62
Priscila Cristiane Cardozo
A presença das testemunhas só é necessária ao conhecimento do contrato, não
necessitando assinar o documento concomitantemente com os obrigados. Elas
testemunham o documento e não a celebração no negócio jurídico.
As testemunhas não precisam ser individualizadas, porém, se necessário, será preciso
haver a possibilidade de localiza-lãs para qualificá-las.
 Instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, Defensoria Pública, pela
Advocacia Pública, pelos advogados dos transitores ou por conciliador ou mediador
credenciado por tribunal.
A força é extra-judicial, diferente de acordo homologado, o título será judicial e a solução
será pelo cumprimento de sentença. **prova**
 Contrato de seguro de vida, em caso de morte. A certidão de óbito deverá constar da
Petição Inicial.......
 O crédito documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de
encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.
Devem ser escritos, não necessitando de testemunhas.
Encargos da locação que podem ser objeto de execução (STJ): água e esgoto / luz / IPTU /
Condomínio / Multa Moratória (a multa compensatória não tem força executiva, tem força
de cláusula penal).
 Crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edifício,
previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas.

25 de abril

[audio Fernanda – Pedir)

26 de abril

Fraudes Patrimoniais

O legislador prestigia o princípio da patrimonialidade, ou seja, o devedor paga suas dívidas com
seus bens.

Os bens devem estar íntegros para que seja possível a .....

Surgem portanto, duas fraudes patrimoniais:

1. Direito Civil: Fraude ao Credor

63
Priscila Cristiane Cardozo
Instituto de Direito civil, prevista nos artigos 158 e ss do CC.

Ocorre quando , em um negócio jurídico existe alienação ou oneração de bens para frustrar
credores quirografários. Portanto, a um negócio jurídico malicioso ou fraudulento com dolo para
frustrar o direito dos credores quirografários. Defende-se o direito de todos os credores
quirografários.

Ação pauliana: tem objetivo anular o ato que fraude o credor.

.........

2. Direito Processual Civil: Fraude à Execução

Artigos 792 e 774, I CPC

Conceito
Manobra do devedor que, no curso de um processo judicial, aliena bens de seu patrimônio sem
reserva patrimonial. Alienação essa, capaz de levá-lo à insolvência.

Objetiva frustrar o direito de crédito. Conduta desleal que frustra o dever de cooperação com
processo.

Requisitos para que se configure a fraude:

1. Processo Pendente de Julgamento: no curso de uma ação.


a. Qualquer processo, qualquer que seja a natureza da ação, em qualquer fase.
b. Quando um processo passa a pender de julgamento: o Processo nasce com a
distribuição da inicial, mas o STJ (RE repetitivo – precedente – 956943/PR – Min.
João Otávio de Noronha – não vinculante, mas estabilizante) não entende assim
para fins de fraude, pois o devedor ainda não tem conhecimento de que será
demandado. Processo pendente é aquele após a citação validada do réu ou do
devedor.

2. Alienação da Coisa Litigiosa ou insolvência do devedor.


a. Tão logo a execução seja ... Art. 829 .....

Implica na venda/oneração de um bem afetado à execução quando há a averbação ou


registro da penhora. Presume-se a fraude e a má-fé.....

Poderá ser alienação desde que o devedor...... Substituição do bem afetado à execução.

b. Insolvência: ........

3. Má-fé do terceiro adquirente

Súmula STJ 375: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do


bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. [inversão do ônus da prova]

Traz 3 situações que partem do bem afetado:

64
Priscila Cristiane Cardozo
1. Sujeito a registro e registrado. Se o bem for alienado presume-se a
fraude à execução e dispensa-se a prova da má-fé, pois não há que
se fazer prova de fato notório.

2. Sujeito a registro e não registrado. A fraude à execução depende de


prova de má-fé. A má-fé do terceiro adquirente deve ser provada
pelo credor, significa dizer que o terceiro adquirente ficará com o
bem, pois é praticamente impossível ao credor provar sua má-fé.
**prova** NCPC – Distribuição dinâmica do ônus da prova autoriza
ao juiz à mudar essa regra de distruibuição do ônus posta na
súmula.

3. O bem afetado à execução não é suscetível de registro. A Fraude


dependerá da prova da má-fé do terceiro adquirente.
Dada a impossibilidade de publicidade a terceiros, a fraude só será
reconhecida diante da má-fé do terceiro adquirente. (súmula 375 e
artigo 972, §2º CPC). O terceiro, pela via da ação de embargo de
terceiros deve..... Certidões essas extraídas no domicílio do devedor
e no local do bem (.........).

Consequências da fraude à execução:

A alienação é ineficaz para o credor (Existe mas.....).

Para o terceiro adquirente, pela via dos embargos de terceiros (Ação de procedimento especial
onde se questiona a fraude à execução).

(972, §4º) o juiz, antes de decretar a fraude, íntima o terceiro adquirente

02 de maio

Texto e questões

03 de maio

Vídeo YouTube Nelson Nery

Palavra do Professor – Nelson Nery Junior

Coisa Julgada e Ação Rescisória

As mudanças do novo CPC valorizam mais a Coisa Julgada?

65
Priscila Cristiane Cardozo
....

09 DE MAIO

Audio meu

10 de maio

Penhora On-line
Conceito
Procedimento que consiste na constrição de dinheiro em depósito ou aplicação financeira com o
auxílio de um sistema eletrônico on-line.

Surgiu em 2001 a partir de um convênio administrativo feito entre o Banco Central e o Poder
judiciário.

A este convênio foi dado o nome de BACENJUD. A princípio, quando este mecanismo surgiu era
uma ferramenta facultativa do juiz.

Em 2005, quando surgiu a nova lei de execução, e o BACENJUD passou para a fase 2, este
passou a ser uma ferramenta obrigatória é legal (prevista em lei). Hoje, penhora em dinheiro só
se faz pela penhora on-line.

Ao juiz emitir a ordem de indisponibilidade ao BACEN, este indisponibiliza todas as contas que o
devedor tiver em seu nome. Apenas depois, de posse dessas informações, libera as
indisponibilidades irregulares ou excessivas.

Artigo 854

Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a


requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato executado, determinará as instituições
financeiras, pois meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema
financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existente em nome do executado,
limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução.

A requerimento do exequente - Não há penhora on-line "de ofício".

66
Priscila Cristiane Cardozo
Sem dar ciência prévia ao executado da indisponibilidade. – a urgência e a ...... Justificam um
contraditório é postergado.

§2 e 3º

...........

Andamento do Processo

Credor requer  juiz acessa o sistema é emite uma ordem de indisponibilidade de valores no
valor da execução  as instituições financeiras cumprem a ordem  as instituições financeiras
informam o juízo sobre os valores tornados indisponíveis  o magistrado tem 24 horas, contados
da resposta dos bancos, para ajustar a indisponibilidade, liberando indisponibilidades
excessivas  o executado é intimado da penhora on-line  o executado tem 05 dias da
intimação da penhora para exercitar o contraditório. Poderá alegar:

1. Foram tornadas indisponíveis quantias empenhoráveis (aposentadoria, poupança, salário)


2. Recai indisponibilidade excessiva.

Após ouvir o executado, a indisponibilidade se converterá em bloqueio/penhora/constrição.

§4º. Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do §3º, o juiz determinará o cancelamento
de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira
em 24 horas.

Se uma das teses forem acolhidas, libera a indisponibilidade irregular, emitindo uma ordem de
liberação as instituições financeiras que terão 24 horas para cumpri-la.

Havendo prejuízo para o executado por falta de cumprimento , o executado ..........

[vídeo delore]

67
Priscila Cristiane Cardozo
Atos Pós-Penhora até Satisfação

...............

Averbação

Não é ato integrante da penhora, é ato de cautela sobre a penhora.

Intimação
68
Priscila Cristiane Cardozo
Para que se abra o contraditório, o executado será intimado. No caso de penhora de bem imóvel,
também será intimado o cônjuge.....

Modificações da Penhora

Prazo: 10 dias contados da intimação da penhora

Requerimento: Quem poderá requerer a modificação da penhora não havendo sacrifício ao direito
do credor e uma menor onerosidade ao devedor, será o executado. O Exequente também poderá
requerer a modificação da penhora...... Sempre ouvida a parte contrária.

Novidade

O executado tem direito de modificar a penhora para substituí-la por fiança bancária ou seguro
garantia, que equivalem a dinheiro.

Observação: Será aceita desde que corresponda ao valor em execução acrescida de 30%.

Avaliação do bem

O Oficial de Justiça avaliador, não havendo possibilidade de avaliar, um perito avaliará.

Dispensa da avaliação

Se o bem tiver algum tipo de avaliação pública.... Também será dispensada a avaliação se a
estimativa do executado for aceita pelo exequente.

Exemplos:

Automóvel – Tabela FiP

Im'vel – metro quadrado da região

Atos de expropriação

Adjudicação

Forma Preferencial........

Alienação

.............

Apropriação

Usufruto.........

69
Priscila Cristiane Cardozo
70
Priscila Cristiane Cardozo

Você também pode gostar