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As histórias e os personagens do mundo das instalações elétricas

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Volume 3
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8 grandes questões
carta ao leitor

índice
expediente
Diretores
Adolfo Vaiser
José Guilherme Leibel Aranha Choques elétricos ainda são realidade no Brasil e no mundo.
Gerência de planejamento Como o corpo reage à eletricidade e métodos para evitar a
Sergio Bogomoltz
sergio@atitudeeditorial.com.br fuga de corrente são objetos desta reportagem.

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Circulação
Emerson Cardoso
emerson@atitudeeditorial.com.br
história
Marina Marques A origem e a difusão dos fusíveis e dos disjuntores,
marina@atitudeeditorial.com.br
dispositivos de proteção fundamentais às instalações elétricas
Administração
Hilton Moreno, engenheiro eletricista, consultor
e presidente da Associação Nacional de Paulo Martins Oliveira Sobrinho em todos os níveis de tensão.
Fabricantes de Produtos Elétricos - Nema Brasil adm@atitudeeditorial.com.br

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Jornalista responsável
Flávia Lima
MTB 40.703
As aventuras e as contribuições do engenheiro português
Caro amigo(a) do setor de instalações elétricas, flavia@atitudeeditorial.com.br
Armando Reis Miranda para as instalações elétricas brasileiras.
Coordenador técnico
Começo esta carta agradecendo mais uma vez a todos que continuam Hilton Moreno
apoiando o projeto da Coleção Elétrica, seja por meio de mensagens
dentro da lei
eletrônicas, cartas, telefonemas ou durante conversas pessoais. Fico
também muito feliz por saber que novos colegas passaram a receber e
apreciar o conteúdo desta publicação.
Direção de arte e produção
Leonardo Piva
leo.piva@terra.com.br
22 Presente em praticamente todos os países e em todos os
Permanentemente estimulados pelos leitores e motivados a trazer Colaboradores segmentos econômicos, a pirataria e a contrafação de produtos
novos e úteis conhecimentos aos profissionais, preparamos para esta Bruno Moreira, Leonardo Faria,
têm uma longa história, diferentemente das Leis que as
terceira edição da Coleção Elétrica algumas matérias que atendem aos Mauro Júnior, Sergio Bogomoltz
objetivos do projeto. Você encontrará interessantes textos sobre a história coíbem, que são relativamente recentes.
Revisão
dos fusíveis e dos disjuntores, componentes indispensáveis à proteção Gisele Folha Mós

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das instalações elétricas; sobre a evolução do projetista, profissional que
sofreu diversas transformações com os avanços tecnológicos; sobre os Publicidade
Diretor comercial
evolução
efeitos da eletricidade no corpo humano; entre outras temáticas.
Adolfo vaiser Dos árduos e cansativos projetos elétricos desenhados a mão
Como nas vezes anteriores, destaco a seção “Biografia”, em que o adolfo@atitudeeditorial.com.br
homenageado é uma figura ímpar do setor: o engenheiro eletricista, em papéis de seda aos rápidos e também eficazes softwares
nascido em Portugal e com brilhante carreira no Brasil, Armando Contatos Publicitários
Ana Maria Rancoleta de projetos. Como o avanço tecnológico conferiu enérgicas e
Reis Miranda, ou, como carinhosamente o tratamos no dia-a-dia,
anamaria@atitudeeditorial.com.br
simplesmente, Engenheiro Miranda. Como poderá ser apreciado ao Vanessa Marquiori
profundas transformações à profissão do projetista.
longo do texto, sua história de vida é um aprimorado exemplo de luta, vanessa@atitudeeditorial.com.br

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dedicação, persistência, coragem e desafios. E tudo isso recheado de muita Cesar Dallava
competência, conhecimento teórico e complementados por vivência cesar@atitudeeditorial.com.br
identidade
prática inigualável. Pessoalmente, tem sido um grande aprendizado Capa As raízes culturais do Brasil são uma das justificativas para a
conviver profissionalmente com o Engenheiro Miranda, particularmente Kanji Design
nas reuniões da ABNT, nas quais ele se destaca com suas posições técnicas despreocupação do brasileiro com normas, leis e regulamentos
firmes e conceitos sólidos, que muito têm contribuído para o avanço da Impressão
Gráfica Ipsis técnicos. Veja como o comportamento baseado no “jeitinho
normalização técnica nacional.
Faço votos para que você, amigo(a) leitor(a), aprecie este terceiro Distribuição brasileiro” acaba comprometendo, muitas vezes, a qualidade
fascículo da Coleção Elétrica e aguardamos com todo interesse seus Correios
de projetos e das instalações elétricas, afetando, de modo
comentários, críticas e sugestões.
geral, o desenvolvimento do País.
Boa leitura e abraços!

40 descontração
Atitude Editorial Ltda.
Hilton Moreno Rua Piracuama, 280 cj. 72 / Pompéia
CEP 05017-040 / São Paulo - SP
Fone/Fax - (11) 3872-4404 Jogo desafia o leitor a identificar os sete erros na instalação
www.atitudeeditorial.com.br
atitude@atitudeeditorial.com.br elétrica ilustrada
06-07

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Com a passagem de corrente elétrica pelo
grandes questões

corpo, a contração do coração se desorganiza.


Em alguns casos, é impossível restabelecer
o batimento coordenado necessário para
promover a circulação sangüínea.
Por Bruno Moreira

Ilustração: Mauro Jr.


Outro caso, este com grande destaque na mídia, curiosamente, seja percebida conscientemente por uma pessoa é chamada de
aconteceu também na Bahia. O músico da banda Olodum, José “limiar de percepção”. De acordo com Hilton Moreno, esse
Nilton Teixeira de Souza, 22 anos, conhecido como Zóião, havia limite depende de muitos fatores, como a área do corpo que
acabado de sair do banho, quando, ainda molhado, encostou- está em contato com o condutor de eletricidade, a temperatura,
se no refrigerador, recebendo a descarga elétrica. Em ambos os as condições psicológicas do indivíduo, se ele está calmo ou
casos, o desfecho da história foi fatal. Tanto o músico quanto o estressado e se a pele está seca ou molhada. De qualquer modo,
menino argentino chegaram a ser levados ao hospital com vida, em freqüências de 50 Hz e 60 Hz, que são as mais usuais nas
mas não resistiram. instalações elétricas em todo o mundo, o “limiar de percepção”
ficará em torno de 0,5 mA.
Como o corpo reage Há também, de acordo com Moreno, o “limite de largar”,
ponto além do qual a corrente elétrica que f lui pelo corpo

Pára-choque elétrico
Grande parte das pessoas sabe, ou deveria saber, que provoca um estímulo nervoso, paralisando os músculos,
choques elétricos podem ser fatais. Mas o que exatamente fazendo uma pessoa em contato com um condutor vivo não ser
acontece com nosso corpo e em quais condições ele nos leva mais capaz de soltá-lo, fenômeno chamado de “tetanização”.
à morte? Para que a resposta possa ser dada com propriedade, A corrente supera os impulsos elétricos que são enviados pela
primeiro, deve-se ressaltar, conforme nos informa o engenheiro mente e os anula, podendo bloquear um membro ou o corpo
Sem as devidas precauções técnicas e sem a merecida atenção, especialmente, eletricista e professor Hilton Moreno, que todas as sensações inteiro, ignorando totalmente a consciência do indivíduo e a
em ambientes molhados, o corpo humano, desprotegido, funciona como um do corpo humano, de uma forma ou de outra, são produzidas
por sinais elétricos que são enviados pelas células nervosas ao
sua vontade de interromper o contato. Este limiar também
depende de diversos fatores, mas, em geral, fica entre 6 mA
verdadeiro imã de corrente elétrica. São nestas situações que a eletricidade passa cérebro. e 14 mA (média 10 mA) em mulheres e entre 9 mA e 23 mA
(média de 16 mA) em homens.
de benéfica para malévola em um piscar de olhos. Assim funciona nosso coração. A grosso modo, ele recebe
estímulos elétricos causados por reações químicas internas e se Em relação aos efeitos cardíacos, há também um limite
contrai; o sangue circula e todos os outros órgãos começam a para que o batimento comece a se descompassar. O chamado
trabalhar. A peculiaridade da situação é que a passagem de uma limiar da fibrilação ventricular depende igualmente de vários
Visitas esporádicas a jornais impressos e televisivos facilmente reforçam a afirmação de que corrente elétrica externa, causada por um choque, é sentida pelo fatores próprios de cada indivíduo, mas, da mesma forma, de
acidentes domésticos causados por choques elétricos são há anos fatos corriqueiros no Brasil e no coração da mesma forma, interferindo no batimento cardíaco parâmetros elétricos como duração, caminho e tipos de corrente
mundo. A fatalidade ocorre, na maioria das vezes, quando a pessoa encontra-se com o corpo molhado, regular. A contração se desorganiza e, em alguns casos, pode (alternada ou contínua). No caso da corrente alternada, diz
como foi o caso do menino argentino Farid Affad. A criança de sete anos nadava na piscina de um ser impossível restabelecer o batimento coordenado necessário o engenheiro Hilton Moreno, há uma considerável redução
hotel luxuoso da Bahia quando, ao avistar um refletor que se encontrava próximo à borda da piscina, para promover a circulação do sangue; conseqüentemente o neste limiar quando ela circula por mais de um ciclo cardíaco.
esforçou-se para alcançá-lo. O equipamento estava com um fio desencapado e a passagem de corrente corpo entra em colapso e a pessoa não resiste. Experiências práticas têm mostrado que correntes de 5 mA já
elétrica para o garoto foi inevitável. A intensidade que uma corrente elétrica deve ter para que provocam choques desconfortáveis.

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Tipos de DR
Nos Estados Unidos e no Japão, é muito difundido o uso dos DRs eletrônicos,
os quais possuem nível da proteção maior, com valores de correntes de sensibilidade
de 5 mA, especialmente nas proteções incorporadas diretamente nas tomadas. Já
na Europa, assim como nos países que seguem a norma IEC, o uso do dispositivo
eletrônico é limitado a uma proteção adicional, conforme prescreve a ABNT NBR
5410, que não proíbe o uso do DR eletrônico, todavia impõe que ele poderá ser
utilizado desde que haja também uma proteção diferencial eletromecânica.

Definições:
- DR eletromecânico
É um dispositivo diferencial que possui um sensor eletromagnético de correntes residuais e um sistema
disparador mecânico que faz atuar o desligamento dos contatos do dispositivo. A atividade deste produto não
depende da tensão de alimentação.

- DR eletrônico
É um dispositivo que possui, no seu sistema sensor, um circuito eletrônico que faz a soma vetorial das
correntes diferenciais e que pode aumentar a sensibilidade do sensor, impondo a necessidade de uma tensão de
alimentação para que o dispositivo funcione.

O DR eletromecânico, por não depender da tensão de alimentação, estará sempre supervisionando a


situação da instalação, independentemente da condição de tensão de entrada ou sua alimentação. Já o eletrônico,
em caso de perda da alimentação, além de não prover a proteção, também impõe a necessidade de religamento
(reset) ao retorno na tensão de alimentação.

Como se proteger do condutor encostar, por exemplo, em uma tubulação metálica. De acordo com Hilton Moreno, a NBR 5410 aponta que O DR é tido pelos engenheiros eletricistas como um dispositivo
Invariavelmente, uma corrente passará por esse condutor que, ao esses equipamentos podem ser de dois tipos: de alta sensibilidade que traz segurança ao projeto e tranqüilidade ao projetista e ao
Para evitar riscos à vida do ser humano, faz-se mais do que estar em contato com outro material condutivo, irá energizá-lo. (até 30 mA inclusive) e de baixa sensibilidade (acima de 30 mA). usuário. Como não há garantias de que, após um longo uso das
necessária a adoção de medidas de proteção contra possíveis Em uma reação em cadeia, a corrente passará do equipamento Segundo o engenheiro, em esquemas de aterramento TN, que são instalações, a corrente passe adequadamente pelos condutores sem
passagens de corrente elétrica proveniente de equipamentos para para uma pessoa que tocá-lo. os mais utilizados nas instalações brasileiras, a proteção supletiva que haja uma descarga de energia para qualquer aparelho, e como
o corpo humano. A ABNT NBR 5410 – norma de instalações A proteção supletiva, de acordo com Bogomoltz, é um sempre é garantida, conforme determina a NBR 5410, pelo DR, não é possível saber se somente o sistema de aterramento dará
elétricas de baixa tensão – indica que o princípio fundamental conjunto de ações que tem início com o aterramento das partes seja de alta ou de baixa sensibilidade. conta de uma falta na passagem da corrente, emprega-se o DR
relativo à proteção contra choques elétricos compreende que as metálicas de uma instalação. Com isso, a corrente que passaria como uma medida imprescindível para a prevenção de acidentes.
partes vivas perigosas não devem ser acessíveis (para evitar o diretamente para a pessoa em números menores devido à alta Para garantir Funcionando como um verdadeiro inspetor de qualidade da
contato direto) e que as massas ou partes condutoras acessíveis resistência ôhmica do corpo humano é transformada em uma Em determinados circuitos da instalação, a norma ABNT NBR instalação elétrica, o DR pode, justamente por isso, trazer alguns
não devem oferecer perigo, seja em condições normais, seja em “grande” corrente que é escoada pela terra. O engenheiro 5410 indica que a proteção contra choques elétricos deve ser realizada inconvenientes àqueles que o tiverem instalado em sua residência.
caso de alguma falha que as tornem acidentalmente vivas (para informa que esse valor mais elevado da corrente será responsável obrigatoriamente por DRs de alta sensibilidade, ou seja, com corrente Isso porque, caso uma determinada instalação não esteja nas
evitar o contato indireto). por acionar o seccionamento automático da alimentação que é diferencial-residual nominal igual ou inferior a 30 mA. É o caso dos melhores condições de funcionamento, apresentando elevadas
Para evitar contatos diretos, a norma prescreve a proteção a medida suplementar na proteção das instalações elétricas. O seguintes circuitos: correntes de fuga, o dispositivo será sempre acionado, seccionando
básica, que consiste na isolação das partes vivas; no uso de barreiras objetivo do seccionamento é evitar que uma tensão de contato • que servem a pontos de utilização situados em locais contendo a alimentação de energia elétrica, ou seja: o jantar à luz de velas
ou invólucros de proteção; em obstáculos; na colocação fora do (UB) superior à tensão de contato limite (UL) se mantenha por banheira ou chuveiro; virará rotina. Dessa forma, faz-se necessário, obviamente, uma
alcance das pessoas; no uso de dispositivos de proteção à corrente um tempo suficiente para resultar em risco de efeito fisiológico • que alimentam tomadas de corrente situadas em áreas externas à análise minuciosa das condições da instalação antes que seja
diferencial-residual de alta sensibilidade; e na limitação de tensão. adverso às pessoas. edificação; colocado o DR.
Para evitar contatos indiretos, deve haver a proteção supletiva, Os fusíveis e os disjuntores podem funcionar como dispositivos de • de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam Para evitar que acidentes relacionados a choques elétricos
que inclui medidas, como eqüipotencialização e seccionamento proteção contra choques elétricos, contudo, como suas sensibilidades alimentar equipamentos no exterior; ocorram, o engenheiro eletricista Hilton Moreno recomenda que o
automático da alimentação, o uso de isolação suplementar e o de para detectar alguma falta na corrente que perpassa os condutores • que, em locais de habitação, servem a pontos de utilização situados morador chame um profissional para verificar se seu edifício possui
separação elétrica. são baixas, normalmente, o dispositivo utilizado – apontado pela em cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e um DR instalado e, caso exista, se está funcionando corretamente,
De modo geral, informa o engenheiro eletricista Sérgio NBR 5410 – é o Diferencial Residual, mais conhecido como DR. O demais dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a se há um sistema de aterramento adequado e ativo, se todas as
Bogomoltz que a proteção básica de uma instalação elétrica funcionamento deste dispositivo, explica resumidamente, Bogomoltz, lavagens; caixas, tanto nas áreas comuns quanto nos apartamentos, têm um
incorpora todos os anteparos contra a eletricidade, como a parte consiste na verificação da soma vetorial de todas as correntes que • que, em edificações não-residenciais, servem a pontos de tomada fio terra em seu interior. Por último, mas não menos importante,
plástica da tomada, a cobertura dos condutores e o soquete. “O percorrem os condutores de uma instalação elétrica. Em condições situados em cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, que a atenção redobre, principalmente, ao manejar equipamentos
intuito é que a pessoa encontre barreiras”, diz. Já a proteção normais, o somatório será igual a zero. Caso haja alguma falta de garagens e, no geral, em áreas internas molhadas em uso normal ou elétricos em ambientes molhados ou sujeitos a lavagens, áreas de
suplementar leva em conta a possibilidade de a parte metálica corrente, o DR acusará e desligará os aparelhos. sujeitas a lavagens. maior risco.
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Apoio
história Por Flávia Lima

Fusível desenvolvido por


Thompson, em 1879.

Modelo de fusível criado por


Cockburn, no fim do século XIX.

Frutos da O fusível Bussmann, atuações com correntes eram possíveis entre 1,5 e 2,0
vezes a corrente nominal atribuída a cada conjunto.
Uma variação desse sistema foi patenteada em 1883 por C.

necessidade
As primeiras referências ao fusível que se tem notícia são
de 1774, em textos de Edward Nairne, quando este menciona V. Boys e H. H. Curryngham. No seu arranjo, a corrente fluía
proteção elétrica em experiências com energia eletrostática. por meio de dois filamentos que eram soldados juntos em suas
Conforme relata o livro Electric fuses, editado pela IEE Power extremidades.
& Energy Series, a próxima citação do dispositivo ocorreria Alguns mecanismos que desempenhavam a função de
proteção foram desenvolvidos, mas nada muito parecido ao
Para suprir a necessidade de proteger a lâmpada, nasceu o fusível. Anos mais apenas em 1887, durante a apresentação de um trabalho de A.
C. Cockburn à Sociedade de Engenheiros Telegráficos. Nesse conhecido fusível. Foi então que demonstrações de lâmpadas
tarde, para atender a uma demanda industrial, o disjuntor foi criado. Com a momento, veio a público a informação de que fios de platina de filamentos incandescentes ocorridas na Grã Bretanha, pelo
físico Joseph Swan, em 1878, e quase simultaneamente por
função de oferecer segurança às instalações elétricas, ambos os dispositivos eram utilizados com o objetivo de proteger cabos submarinos
em 1864. Thomas Edison, nos Estados Unidos, estimularam o surgimento
logo passaram a ser empregados em larga escala e em todo o mundo. Aproximadamente uma década depois, em 1879, um dos primeiros fusíveis efetivamente.
considerável número de “fusíveis” começou a ser utilizado, mas De acordo com o livro Electric fuses, os fusíveis de Swan
descobriu-se que essa simples construção de fios não era adequada não eram muito empregados para proteger instalações elétricas
Relativamente simples, embora com mecanismo complexo, os disjuntores e os fusíveis são,
para algumas aplicações. Foi então que, naquele ano, o professor contra sobrecargas ou curtos-circuitos, mas para salvaguardar as
provavelmente, os dispositivos mais conhecidos de uma instalação elétrica e indispensáveis à sua
S. P. Thompson introduziu um novo e melhorado modelo de lâmpadas contra falhas no filamento. O dispositivo compreendia
proteção. Nasceram de uma necessidade gerada a partir do desenvolvimento da energia elétrica.
fusível. Consistia em dois fios de aço conectados juntos a uma um filamento de cobre-latão envolvido em um material arco
Primeiro, para proteger o filamento da lâmpada recém descoberta, inventou-se o fusível. Mais tarde, o
esfera metálica. Acreditava-se que a esfera poderia ser uma liga de extinguível.
avanço industrial motivou a criação dos disjuntores.
chumbo ou estanho ou algum material condutor com baixo ponto Já, em 1880, Thomas Alva Edison teria criado o primeiro
Os dispositivos ganharam escala e tornaram-se indispensáveis em praticamente todas as instalações
de fusão. Quando uma corrente elevada atravessasse o fusível por fusível mais parecido com o que vemos no mercado, com o
elétricas. Ambos têm a missão primária de proteger os componentes dos sistemas elétricos contra
um longo período, derretendo o chumbo, as gotas caiam dos fios, encapsulamento de um fio delgado em um cartucho de vidro,
sobrecargas e curtos-circuitos.
interrompendo o circuito. protegendo as partes adjacentes, ou mesmo algum operador
Não se sabe quando exatamente surgiu o primeiro fusível. É fato que, nos anos 1860, fios de
Em um modelo mais sofisticado, Cockburn usou um peso próximo, de eventuais faíscas resultantes da atuação do fusível.
platina desempenhavam seu papel, sendo empregados para proteger cabos submarinos. Oficialmente,
para tracionar um fio de platina que se fundia a partir de um O invento de Edison, segundo o gerente de marketing do Grupo
o primeiro fusível teria aparecido com a patente de Thomas Edison, em 1880, mas há indícios de que
determinado nível de corrente. Com isso, explica o engenheiro Legrand, Antonio Eduardo de Souza, teria sido incitado por um
a primeira alusão ao equipamento data de, pelo menos, cem anos antes.
eletricista Paulo de Almeida Junior, gerente de marketing da problema. Thomas Edison construiu sua primeira central elétrica,
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Apoio
Primeiros fusíveis

Origem: Estados Unidos


Data: 1890
Acabamento: vidro transparente
Base: média, ideal para lâmpadas de T. Edison
Curiosidade: Até o ano de 1900, todos os fusíveis de Edison
eram feitos de vidros transparentes.

A primeira patente do fusível foi adquirida por Thomas Edison em abril de 1881.

Fabricante: General Electric


Origem: Estados Unidos
Data: 1897
Acabamento: porcelana
Cor: latão
Base: média, ideal para lâmpadas de T. Edison
Curiosidade: os fusíveis da GE, de até 25 A, possuíam coberturas
removíveis de latão. A patente deste fusível permaneceu de 1882
a 1897.
A história define o fusível como um invento de Thomas Edison, mas o físico
Joseph Swan participou significativamente dessa criação. A dúvida sobre quem
seria o inventor do fusível foi, inclusive, tema de algumas cartas trocadas entre
físicos no início do século XX. Parte de uma dessas correspondências, assinada
por J. H. Holmes, e escrita em 1932, é reproduzida a seguir e evidencia a dúvida Fabricante: General Electric
sobre quem efetivamente teria introduzido o fusível. Origem: Estados Unidos
“Relembrando a origem dos fusíveis, eu sempre encontro incertezas sobre quem Data: 1919
realmente deveria levar o crédito de ser o seu primeiro inventor. Trata-se de um Tensão: 125 V
caso muito claro de que ‘a necessidade foi a mãe da invenção’. Acabamento: porcelana
Estive procurando registros sobre o que se sabe acerca de fusíveis no início dos Cor: latão
anos de 1880 e o primeiro volume do livro Electric Illumination – compilado por Base: média, ideal para lâmpadas de T. Edison
J. Dredge e publicado em agosto de 1882, em Ofícios da Engenharia – revela, na Curiosidade: Os fusíveis de 15 A / 125 V possuíam uma
página 630, que a patente de Edison, adquirida em 1881, parece ser a primeira cobertura removível de latão e janela de inspeção com formato
notificação de fios de proteção. Diz também que o invento de Edison era hexagonal. Sua patente teve duração de 1911 a 1919.
chamado de ‘safety guard’.
Creio, entretanto, que Swan tenha usado um artifício para o mesmo
propósito antes de abril de 1881. Isso porque ‘Cragside’ (primeira casa a ser
iluminada com energia elétrica, localizada na Inglaterra) perto daqui, foi
iluminada com as lâmpadas de Swan em meados de dezembro de 1880. (...) Fabricante: General Electric
Na descrição de iluminação elétrica do sistema de Swan, encontrada no Origem: Estados Unidos
projeto do Teatro Savoy, de 3 de março de 1882, os fusíveis de segurança Data: 1919
(shunts) estão referidos ‘não demasiado intencionado a proteger contra os Tensão: 125 V
perigos, os quais estão próximos à impossibilidade de ocorrer no trabalho Acabamento: porcelana
prático, mas de proteger as lâmpadas contra a destruição por sobrecarga’. Isso Cor: lartão
confirma o que Campbell Swinton disse sobre o Drawing Office at Elswick, Base: média, ideal para lâmpadas de T. Edison
em 1882, de que já havia ‘um vasto número de chaves, fusíveis, interruptores e Curiosidade: Os fusíveis de 30 A / 125 V possuíam cobertura
outros aparatos’ ”. removível de vidro e janela de inspeção redonda. Sua patente
teve duração de 1911 a 1919.

Fonte: Bulbcollector.com
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Apoio
Disjuntor – alguns dados históricos
1902 Fábricas começam a investir na produção de linhas de fusíveis

1904 Cutter Manufacturing Co., localizada na Philadelphia (EUA), começa a produzir


interruptores de circuitos. A companhia introduziu um produto que se tornou um
sucesso industrial. Este novo dispositivo protetor, primeiro utilizado como elemento
interruptor de tempo inverso, passou a ser conhecido como I-T-E interruptor
(I-T-E breaker)

1921 Merlin Gerin fabrica o primeiro disjuntor a óleo para alta tensão

1925 O Código Norte-Americano de Eletricidade (NEC) exige que os disjuntores Convivência harmônica: fusíveis e disjuntores são empregados
em instalações elétricas de diferentes níveis de tensão.
sejam encapsulados e de fácil operabilidade

1932 Westinghouse inicia comercialização de seu disjuntor a sopro modular

1935 Square D fabrica o primeiro disjuntor para uso residencial

1951 Square D introduz os disjuntores do tipo plug-in no mercado

em Nova York, movida a carvão, conseguindo acender 7.200 O disjuntor em escala industrial, o que corresponde ao final do século 19 e benefício-custo, pois são muito mais baratos e compactos que
lâmpadas por vez, mas esses produtos possuíam um filamento começo do século 20. Melhorias foram observadas na primeira os disjuntores correspondentes. “Hoje podemos ter um fusível
muito sensível às variações elétricas. Com a missão de resolver a Os disjuntores se distinguem dos fusíveis, pois são dispositivos metade do século 20 relativas à corrente nominal do dispositivo e atuando dentro de uma seccionadora para uso em redes de até
questão, nasceu o fusível. que podem ser rearmados após sua atuação. “São muito mais práticos ao tempo de interrupção das sobrecorrentes. Antes de 1926, esses 200 kA de curto-circuito presumido e com tamanho idêntico a
O conceito utilizado foi o mesmo empregado nas lâmpadas: e adequados para aplicações residenciais e mesmo para algumas tempos eram de cerca de 45 ciclos, sendo que, em 1960, já havia um minidisjuntor modular de 18 mm”.
fusíveis de vidro, com filamentos com base de algodão e ligas aplicações industriais, onde se tem correntes de curto-circuito disjuntores com tempos de interrupção de dois ciclos. Ele acrescenta que, com o crescente uso de automação,
metálicas, que se rompem após o aquecimento provocado por uma presumíveis relativamente baixas”, afirma Paulo de Almeida Junior. Uma das primeiras patentes que se sabe do disjuntor refere-se com o uso de inversores de freqüência e outros dispositivos
sobrecarga ou curto-circuito. Com função semelhante à dos fusíveis, os disjuntores possuem ao voltado para alta tensão, conhecido como SF6, que teria sido de partida e parada suave à base de componentes eletrônicos
O consultor técnico da Schneider Electric, Miguel Rosa uma corrente nominal definida. Ultrapassado este limite, após desenvolvido na Alemanha em 1938 por Vitaly Grosse e, mais tarde, de potência (tiristores, transistores, diodos e IGBTs), o
Junior, conta que, no final do século XIX, houve um grande algum tempo, há o desligamento automático do dispositivo, em 1951, nos Estados Unidos. No Brasil, os disjuntores começaram fusível ainda se mantém como um dispositivo atual, pois é o
avanço quanto ao design dos fusíveis, quando um engenheiro protegendo, dessa maneira, os componentes da instalação. a ser utilizadas com maior freqüência a partir da década de 1970. único que consegue atuar em menos de meio ciclo de onda,
da Brush Electrical Engineering Company, W. M. Mordy, Não se sabe ao certo quando o disjuntor, como o conhecemos, A retomada da urbanização na Europa e nos Estados Unidos permitiu limitando adequadamente o I2t, que é a energia que fluiria para
patenteou o primeiro fusível elétrico tipo cartucho. Este teria efetivamente sido inventado. Almeida Junior conta que o a expansão do setor elétrico e a consolidação de grandes multinacionais os componentes eletrônicos sensíveis. São os fusíveis “ultra-
dispositivo era preenchido com um material que extinguia o engenheiro e professor Ademaro Cotrim – biografado da primeira do segmento, permitindo o desenvolvimento dos disjuntores. rápidos”, indicados para uso em correntes de curto-circuito de
arco elétrico gerado na atuação do dispositivo, seccionando e edição desta Coleção – costumava dizer que os disjuntores teriam até 300 kA. Tais fusíveis são confeccionados com elementos
protegendo o circuito em caso de falta. sido inventados após a crise de 1929. Segundo ele, nesse período, Fusível versus disjuntor de prata, enclausurados em um corpo de um tipo de cerâmica
Com o tempo, os fusíveis ganharam alto desempenho, designs houve um aumento significativo do número de incêndios, pois os especial, chamada esteatita, preenchido com areia impregnada
modernos e tamanhos reduzidos, mantendo o mesmo conceito, mas fusíveis queimados eram substituídos por moedas e outros objetos Os fusíveis apresentam, em geral, menor custo e são mais com resina curada em autoclaves.
agora composto por um envoltório cerâmico e por um elemento metálicos. Nesse instante, a Westinghouse teria começado a fabricar simples do que os disjuntores. O fusível, tendo atuado uma vez, A maior evolução nos disjuntores nos últimos anos foi, de
que se funde, no caso de uma sobrecarga ou curto-circuito. Este os disjuntores a sopro. deve ser substituído, ao passo que o disjuntor, após o seu desarme, acordo com Miguel Rosa Junior, os limitadores, que possuem a
elemento está imerso em um material arco extinguível arenoso, Uma forma aproximada de disjuntor foi patenteada nos pode ser utilizado novamente. No entanto, esta ação pode capacidade de atuar de forma muito rápida em curtos-circuitos
que elimina o arco elétrico gerado durante sua fundição. Estados Unidos por Thomas Edison, em 1879, muito embora seus conduzir o usuário comum a simplesmente rearmar o disjuntor de alta intensidade. Quanto maior o nível de curto-circuito, mais
Os fusíveis ganharam emprego em todo o mundo, protegendo sistemas usassem fusíveis. O objetivo do dispositivo patenteado era e ignorar a falha elétrica, assim como substituir o fusível sem rápida é a atuação de disparos do disjuntor. Com isso, foi possível
instalações domésticas, automotivas e industriais em larga escala proteger a fiação dos circuitos de iluminação contra sobrecargas e solucioná-la pode ser perigoso, particularmente, se o problema utilizar os disjuntores em aplicações heavy-duty (mineração,
e em todos os níveis de tensão. A evolução das normas técnicas curtos-circuitos acidentais. que ocasionou a queima foi um curto-circuito. siderurgia) ou sensíveis (hospitais, data centers), em razão do
e o desenvolvimento tecnológico industrial foram os principais Há indicações de que os disjuntores começaram a aparecer nos Na opinião de Almeida Junior, onde há correntes de curto- alto grau de eficiência na resposta às ocorrências anormais que
contribuintes para o aperfeiçoamento do dispositivo. Estados Unidos assim que a distribuição de energia se desenvolveu circuito mais altas, o fusível ainda tem uma excelente relação possam surgir nas instalações elétricas.
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Apoio
biografia Por Bruno Moreira

Miranda introduziu no País a técnica de utilizar as ferragens das fundações dos edifícios para realizar a proteção contra descargas atmosféricas.

Navegar é preciso
telefonemas em casa com ameaças de morte”, conta. “Não pude um emprego e sim casar-se com Maria Fernanda. Estão juntos
aguentar àquela loucura toda e por isso resolvi ir embora”. desde então. “Já são 61 anos de união”, conta o engenheiro.
Em março de 1975, Miranda despediu-se de sua esposa e Logo depois, Miranda foi servir o exército português,
dos seis filhos e viajou para a Bélgica, ficando pouco tempo por obrigatoriedade como aqui, com a diferença de que, no Brasil,
Repetindo seus antepassados, o engenheiro português Armando Reis Miranda lá. “Naquela época, a Europa inteira passava por um momento o jovem deve alistar-se ao completar 18 anos e, em Portugal,
conturbado”, diz. Em julho do mesmo ano, ele já estava no é possível esperar o término dos estudos universitários. O
cruzou o oceano atlântico para desbravar novas terras. Conseguiu o seu espaço e Brasil, país que havia sido destino de seu irmão mais novo engenheiro conta que os militares lusitanos prezam pela
atualmente é um profissional respeitado no país que escolheu para viver. algum tempo antes. Ao contrário de seu irmão, que ficou pouco qualificação de seus novos integrantes, utilizando-a em
tempo por aqui, Miranda ficou e acreditava que podia contribuir benefício das forças armadas. No entanto, Miranda não quis
muito com sua vasta experiência para um país relativamente seguir carreira e, findado o tempo obrigatório de serviço militar,
jovem como o Brasil. Acertou. ele foi empregado como técnico em acústica do Laboratório de
Quando chegou em terras brasileiras para começar uma nova etapa de sua vida, o engenheiro Engenharia Civil de Lisboa, função que exerceu até o ano de
eletricista português Armando Reis Miranda já não era mais nenhuma criança. Tinha 52 anos, Em Portugal 1954.
uma família formada e uma carreira estruturada em Lisboa, cidade na qual nascera e vivera até Antes de finalizar seu período como técnico no laboratório, o
aquele momento. Com tudo isso, por que mudar então? Trocar a solidez conquistada com duro A experiência de Armando Reis Miranda, em sua grande engenheiro abriu, em 1953, com alguns colegas, uma sociedade
esforço na Europa por um caminho movediço em um país estrangeiro parecia insensatez mesmo parte, foi conseguida em Portugal, mais especificamente, em para a realização de projetos na área elétrica. A empresa de
para o mais aventureiro e destemido dos homens. Lisboa, cidade na qual nasceu em 1923. Com 24 anos, Miranda Miranda não se limitava apenas a isso e fabricava também
Entretanto, o engenheiro não tinha muitas alternativas: ou procurava outro país para viver ou formou-se engenheiro eletricista pelo Instituto Superior Técnico quadros elétricos de média e baixa tensão . “Projetávamos e
ficava em Lisboa e enfrentava os dias tumultuados da Revolução dos Cravos, movimento liderado e começou a trabalhar na área, como assistente, no laboratório comercializávamos também instalações elétricas para carros”,
por comunistas, que começou em 1974, e exigia severas reformulações na estrutura sociopolítica da universidade em que havia estudado. A primeira atitude acrescenta o engenheiro. “Chegamos a ter mais de 300
de Portugal. Por já ter uma vida estabilizada e algumas posses, Miranda tornou-se um dos alvos que tomou logo depois de se formar, porém, não foi arrumar funcionários”.
dos revolucionários que tinham o intuito de balançar as estruturas. “Mais de uma vez recebi
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Apoio
“Schelkunoff entendeu que a teoria da

Fotos: Sérgio Kanazawa


energia irradiada para a luz solar poderia
ser utilizada na eletrodinâmica. Eu aprendi
desse jeito na faculdade, mas não está certo”
Armando Reis Miranda

O crescimento e o sucesso da empresa de Miranda também Paulo, Miranda teve de se virar. Além de seu irmão, o engenheiro
refletiram na internacionalização de seus negócios. A fábrica eletricista conhecia poucas pessoas em solo brasileiro, somente
chegou a ter até uma sucursal em Angola e, por conta disso, o alguns engenheiros, professores da Universidade de São Paulo
engenheiro português chegou a morar seis meses no país africano. (USP), para os quais, em Portugal, já havia escrito cartas
Outros países para os quais Miranda vendia seus equipamentos com o intuito de se inteirar a respeito do mercado brasileiro.
e prestava serviços eram Bélgica, Inglaterra e Alemanha. Para Deu certo, conseguiu um emprego no Consórcio Nacional
este último, por conta dos negócios, o engenheiro eletricista de Engenheiros Consultores (Cenel), mas ficou pouco tempo
chegou a ir muitas vezes. “Cheguei até a aprender o idioma por lá, sendo contratado, em 1976, pela Themag Engenharia
alemão”, diz. e Gerenciamento, na qual participou da construção da usina
A aventura empresarial de Miranda terminou com a venda hidrelétrica de Itaipu.
de sua empresa de painéis elétricos a uma gigante alemã, a A experiência conquistada na Themag ficou, mas o emprego
Siemens. O engenheiro relata que, mesmo após a passagem do não. Menos de um ano depois de ter iniciado suas atividades
comando da fábrica aos alemães, ele continuou trabalhando na na empresa, Miranda conseguiu um novo: em uma companhia
área, como prestador de serviços à Siemens. Posteriormente, finlandesa que realiza projetos elétricos na área de papel e
veio a Revolução dos Cravos, o descontentamento com a celulose chamada Jäakko Poyry. Dessa vez, o engenheiro veio
situação de Portugal e o exílio. Como um navegador da época para ficar e só deixou a empresa onze anos depois, em 1988.
do descobrimento, Miranda aportou em terras tupiniquins. Neste intervalo, houve mais histórias para contar que reiteram
sua competência.
No Brasil Miranda relembra que, certa vez, na Jääkko Poyry, ao
desenvolver programas de computação na área elétrica para
O começo foi difícil. Praticamente sozinho na cidade de São estabilidade, fluxo de carga e aterramento, que seriam utilizados
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Apoio
“Miranda era um participante ativo
Querela com Schelkunoff
das reuniões do Cobei. É um profissional
Propiciar que Armando Reis Miranda participasse
do projeto de um dos maiores empreendimentos obstinado por essa área normativa”
geradores de energia elétrica do mundo não foi a única
Paulo Barreto
coisa que a Themag fez pelo engenheiro, pois, segundo
ele, foi trabalhando pela empresa que ele se deu conta
de que aquilo que haviam lhe ensinado na faculdade de
engenharia estava errado. Miranda refere-se à utilização,
por parte do matemático russo, Sergei Alexander
Schelkunoff, dos estudos sobre eletromagnetismo feitos
pelo físico e matemático escocês James Clerk Maxwell
sobre a Lei da Indução Magnética e do físico e químico
inglês Michael Faraday.
De acordo com o engenheiro eletricista português,
Schelkunoff acreditou que se podia empregar as teorias
de Maxwell sobre energia irradiada e energia conduzida.
“Ele generalizou; tirou que a luz natural era eletricidade.
Ele entendeu que a teoria de energia irradiada para luz
solar poderia ser utilizada na eletrodinâmica. Eu aprendi
desse jeito na faculdade, mas não está certo”, desabafa
Miranda, que, desde então, tenta convencer as pessoas
da área sobre isso. “Mas convencer os professores das
universidades é muito difícil. Eles acham que é mais
cômodo deixar como está”.
Segundo o engenheiro eletricista, o que lhe falta de
apoio entre os acadêmicos sobra entre os profissionais
das indústrias. E este suporte foi um dos fatores que
levou Miranda a publicar, em 1994, o livro Instalações
Elétricas Industriais, publicação que, conforme o
engenheiro, versa, entre outros assuntos, a respeito das por ele na filial brasileira, o sucesso foi tanto que ele foi utilizar as ferragens das fundações dos edifícios para realizar tal
teorias do cientista russo e de suas impossibilidades. chamado para implantar o mesmo sistema na sede situada na função. “Isso já era feito na Inglaterra e em alguns outros países,
Em relação aos leitores, Miranda não tem dúvidas Finlândia. Lá, mais uma outra oportunidade: realizar programas mas fui eu quem trouxe essa técnica para o Brasil”, afirma o
de que muitos deles seguem o que está escrito em sua de computação para serem utilizados em linhas de alta tensão. engenheiro eletricista português. Antes, conforme Miranda, as
publicação. “Isso está claro porque não podem acreditar Concomitantemente ao trabalho na companhia finlandesa, o construções brasileiras costumavam ter descidas externas para
nas fantasias que os professores universitários ensinam”,
engenheiro eletricista atuava como consultor privado na J. Alves realizar a proteção.
afirma. O livro do engenheiro teve, até o momento,
Veríssimo, proprietária do Grupo Eldorado. Miranda entrou na Marques destaca também a importante participação de
somente uma edição, mas, caso haja mudanças referente
empresa por volta de 1978 e prestou serviços até 1990, ano em Miranda na redução do fator de potência da energia consumida
aos ensinamentos de Schelkunoff, Miranda promete
que se aposentou definitivamente. pelas instalações do Shopping Eldorado. Segundo o engenheiro
uma revisão e a segunda edição de seu livro.
Foi na J. Alves Veríssimo que ele conheceu o engenheiro eletricista e civil, essa era uma grande preocupação do Grupo, já
Com o intuito de difundir ainda mais sua crítica
civil e eletricista Eurico Freitas Marques. Os dois fizeram que acarretava em um aumento da conta de energia elétrica paga
em relação ao cientista russo, Miranda não se limitou
apenas ao livro e escreveu uma série de artigos para uma parte da equipe de engenheiros responsável pela construção do pela empresa. Por meio de um processo de racionalização em que
revista especializada. Em um deles analisou a eficácia tradicional shopping paulistano Eldorado e de seu supermercado, programava o início de funcionamento dos equipamentos do
de procedimentos de proteção contra os efeitos da que agora pertence ao Carrefour. “Eu projetei a parte hidráulica shopping, principalmente dos condicionadores de ar, Miranda
corrente do raio, apresentou um caso real e resultados e ele a elétrica”, conta Marques, que chegou ao Grupo em 1983, conseguiu solucionar o problema.
de ensaios, apontando o motivo de muitos erros e cinco anos depois da entrada de Miranda. Paralelamente ao trabalho como engenheiro eletricista na
tropeços nessa abordagem. Nada mais que o estudo De acordo com Eurico Marques, o engenheiro português foi Jääkko Poyry e na J. Alves Veríssimo, Armando Reis Miranda
de Sergei Schelkunoff, considerado uma referência na de extrema importância para o projeto do Shopping Eldorado. também arrumou tempo para ajudar seus companheiros
matéria, e que ignora, segundo Miranda, de forma Expert na parte de aterramento, Miranda foi o responsável por de profissão com questões relacionadas à normalização de
generalizada, a Lei da Indução Magnética, de Faraday, todo o sistema de proteção contra descargas atmosféricas do equipamentos e instalações elétricas. “Eu participei durante
que é indispensável. shopping. Aliás, foi ele quem introduziu no País a técnica de muito tempo do Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica,
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Iluminação e Telecomunicações (Cobei) na área de descargas aqui. Como já tinha mais de cinqüenta anos quando migrou
atmosféricas, instalações elétricas prediais e subestações”, conta para o Brasil, alguns de seus filhos, com raízes mais fincadas
o engenheiro, que pelo Cobei ajudou também na elaboração da em Portugal, decidiram não seguir os passos do pai. “Quatro
norma de caldeiras elétricas. deles vieram para cá, mas um logo voltou”. E dos filhos que
No Cobei, Miranda participou também da elaboração resolveram ficar no Brasil, um deles atualmente mora nos
da famosa NBR 5410. Durante as reuniões, ele conheceu o Estados Unidos.
engenheiro eletricista Paulo Barreto, que pôde acompanhar No apartamento de um prédio na Alameda Casa Branca
de perto o trabalho do engenheiro português. “Ele era um moram Armando Reis Miranda e sua esposa Maria Fernanda,
participante ativo”, avalia Barreto. Ainda é, pois, de acordo com que simpaticamente interrompe a entrevista para nos oferecer
Barreto, o engenheiro continua participando das reuniões. “Ele um cafezinho. Não obstante a idade avançada, o casal mostra
é um profissional obstinado por essa área normativa”, diz. vitalidade e bom humor. “Eu não quero café”, diz Miranda.
“Para você é facultativo”, redargüi Maria Fernanda.
Uma grande família Sobram histórias na trajetória de Miranda, histórias de
uma vida que ele mesmo define como agitada. A agitação
Aos 85 anos, Miranda continua trabalhando. Aposentando passou, parece, pelo menos diminuiu, como acontece com
há mais de 15 anos, ele, como haveria de ser, diminuiu o todo mundo, mas a energia de continuar tocando projetos
ritmo, mas sempre que pode, coloca sua vasta experiência em ainda permanece, o mais arrojado deles é a revolução que o
prática, prestando serviços com consultor. Menos trabalho, engenheiro pretende estabelecer na aplicação atualmente feita
mais tempo para família. E que família! São seis filhos que se pelos engenheiros da Lei da Indução Magnética. Esperemos
multiplicaram em 16 netos e dois bisnetos. os próximos capítulos da vida do engenheiro português, ou
Miranda informa que, no entanto, nem todos moram melhor dizendo, brasileiro.
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A concorrência desleal e a
dentro da lei

conseqüente perda de mercado para


Golpe baixo as empresas - frutos da pirataria -
desmotivam o desenvolvimento de
produtos nacionais.
Por Flávia Lima 

Então, em 1557, depois que Wiliam Caxton introduziu a máquina escolhendo produtos mais baratos, mesmo que não sejam os
de escrever na Inglaterra, Filipe e Maria Tudor concederam originais”, diz Papa. Além disso, o custo da pirataria hoje é muito
à associação de donos de papelaria e livreiros o monopólio real baixo e os copiadores aproveitam-se da lentidão do sistema judiciário.
para garantir-lhes a comercialização de escritos, a fim de evitar a “A impunidade gera certa segurança para quem comete o ato ilícito”,
cópia desenfreada dos livros. Esse privilégio recebeu o nome de afirma. Ele conta que, de maneira diferente do que ocorre aqui, em
copyright, que garantia o direito aos comerciantes e não aos autores outros países, o poder judiciário é rápido e rigoroso, o que acaba
Produtos falsificados de todos os segmentos econômicos são encontrados, sem dos textos.
Foi a primeira lei inglesa, de 1710, que dava ao criador o direito
coibindo, em parte, a infração.
No Brasil, o tema é regido pelas Leis 9.279/96 (marcas e patentes),
grandes esforços, em toda parte. Além de oferecem riscos aos consumidores, exclusivo sobre um livro por 14 anos, renovável por mais 14. A 9.609/98 (software) e 9.610/98 (direitos autorais), além de tratados

sua existência é criminosa, incita a concorrência desleal e desmotiva empresas a legislação americana baseou-se na inglesa e, nos atos de patentes
e de direitos autorais de 1790, retomou os períodos de 14 anos,
internacionais, como as Convenções de Berna, sobre direitos autorais,
e de Paris, sobre propriedade industrial. O Instituto Nacional da
investirem em pesquisa e desenvolvimento também renováveis por outros 14. Propriedade Industrial (Inpi) é o órgao brasileiro responsável pelas
A propriedade intelectual pode ser dividida em duas categorias: marcas, patentes e desenhos industriais.
direito autoral e propriedade industrial. O inventor, entretanto,
O primeiro a usar o termo “pirata” foi Homero, na Grécia antiga, para descrever aqueles que depredavam e só passa a ter direito à propriedade industrial depois de adquirir a Implicações jurídicas
roubavam navios e cidades costeiras. Piratas navegavam pelos mares, especialmente, seguindo rotas comerciais patente do invento.
com o objetivo de saquear outros navios e apoderar-se de riquezas. O termo tornou-se popular, sofreu algumas Basicamente, existem duas formas de pirataria: a pirataria pura, ou
transformações ou atualizações ao longo do tempo, mas não perdeu seu caráter ilícito. Assim, piratarias e outras No Brasil seja, a cópia exata de um produto; e a contrafação da marca, isto é, a
formas de contravenção ganharam espaço, atingindo diversas esferas da economia. O segmento de materiais violação da marca por imitação ou reprodução.
elétricos não ficou de fora. As primeiras cópias em massa teriam surgido nos anos 1960, No caso da cópia idêntica, a intenção é ludibriar inteiramente
Grandes empresas do mercado de instalações elétricas enfrentam, há anos, problemas com cópias de produto no segmento da confecção. O advogado e sócio-proprietário do o consumidor. A idéia é que se compre um produto falso como
e de marca e, ainda, com propriedade industrial. O mais visível é o caso dos artigos eletrônicos, como softwares, escritório especializado Nobel Marcas e Patentes, Geraldo Evandro se ele fosse original, é o conhecido “tomar gato por lebre”. Até as
CDs e DVDs, cujas cópias são encontradas fácil e abundantemente no Brasil e em praticamente todos os Papa, conta que camisetas e peças de roupas em geral são muito marcas de certificação viraram alvo dos copiadores. Selos, como
lugares do mundo. Vindos principalmente de países da Ásia, os produtos copiados são também frutos do simples de serem copiadas. A partir de então, outros produtos do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
desenvolvimento tecnológico. Nunca foi tão fácil copiar alguns produtos, especialmente os eletrônicos. Criam- passaram a ser pirateados. Industrial (Inmetro), da ISO 9001 e de laboratórios que atestam
se mecanismos com o objetivo de coibir e tornar mais difícil a cópia, mas, sem grande demora e dificuldade, Ele diz que o causador dessa ação criminosa foi o fechamento determinado grau de qualidade ou a conformidade com uma
o método criado é burlado ou também é copiado. É o caso, por exemplo, de selos holográficos e de marcas de do mercado brasileiro em 1976. “Até essa data era possível a norma ou regulamento são copiados e anexados a produtos não
certificação de produtos. importação, mas com o fechamento do mercado começou a qualificados por esses organismos com o claro objetivo de enganar
Leis que dão direitos de uso de uma criação exclusivamente ao seu criador são relativamente recentes, aparecer os produtos falsificados”. Segundo ele, até os anos 1980, o consumidor.
principalmente no Brasil. Primeiro, teria nascido uma preocupação com a propriedade intelectual. Na por exemplo, não havia cópia de músicas. “O vinil não era algo Alguns materiais elétricos, por exemplo, só podem ser
Antiguidade e na maior parte da Idade Média, as dificuldades inerentes aos processo de reprodução dos originais, fácil de se copiar, mas quando chegamos à tecnologia do CD a comercializados se forem certificados, atestando sua conformidade
por si só, já exerciam um poderoso controle da divulgação de idéias, pois o número de cópias de cada obra era pirataria ganhou dimensões elevadas”, diz. a uma norma técnica. Para livremente circular no mercado,
naturalmente limitado pelo trabalho manual dos copiadores. Outro ponto para a proliferação do mercado pirata no Brasil produtos de origem duvidosa levam o selo falso do órgão avaliador
Com a invenção da imprensa, os soberanos sentiram-se ameaçados ao ser democratizada a informação. deve-se ao baixo poder aquisitivo da população. “As pessoas acabam ou certificador. Ou seja, nem sempre um produto “certificado”
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"A impunidade brasileira confere
certa segurança para quem comete a
pirataria e a contrafação de produtos"
Advogado Geraldo Papa

Rua Santa Ifigênia, em São Paulo (SP), tornou-se referência em produtos


eletrônicos importados e falsificados.

está de acordo com o que os regulamentos exigem. Evandro Papa uma fábrica especializada em uma linha de produção de peças prazo de 15 anos. Há, ainda, um terceiro tipo de proteção que é o brasileiro a preferência pela maneira alternativa, ilegal, mais fácil e
acrescenta: “a empresa diz que está em conformidade, mas não falsificadas só é mesmo possível a partir de uma denúncia. registro do desenho industrial, que se refere apenas ao formato externo, conveniente do que seguir a lei e fazer a coisa certa? Os traços culturais
está. Isso pode gerar um processo criminal contra esse fabricante”. Existe uma delegacia especializada em propriedade intelectual. O estético do produto. A esse direito dá-se dez anos de exclusividade, certamente oferecem um campo saudável para a germinação da
O chefe substituto da Divisão de Programas de Avaliação da fabricante, dono do direito e que teve seu produto copiado, deve fazer prorrogável por mais três períodos de cinco anos cada. pirataria, mas o Brasil é uma soma de características, de raças, culturas,
Conformidade da Diretoria de Qualidade do Inmetro, Leonardo uma denúncia e, com uma autorização judicial, o oficial de justiça faz povos, em que tudo e todos encontram um “jeitinho” de dar certo.
Machado Rocha, conta que uma maneira encontrada para evitar uma busca e apreensão do material falsificado. É preciso provar que Outras conseqüências No mundo, em 2006, a pirataria movimentou US$ 516 bilhões,
a contravenção da marca Inmetro foi extinguir a certificação o seu produto é original, por meio da patente ou de outros recursos. 60% a mais que a indústria de drogas. Inúmeras organizações são
voluntária no âmbito do Instituto. Com a Portaria 73/2006, Para isso, há ainda uma perícia técnica que deve comprovar ou não As conseqüências da pirataria e da contrafação de produtos têm formadas a fim de impedir a expansão desse movimento. É o caso
os produtos com conformidade avaliada voluntariamente por a violação da patente. Com o laudo pericial, o titular pode, então, sido catastróficas para o País, gerando perda de empregos formais, do Comitê Interministerial de Combate à Pirataria, criado em
organismos acreditados pelo Inmetro, e não decorrente de apresentar uma queixa e entrar com uma ação cível ou criminal. “O sonegação de impostos e redução dos lucros legítimos. Além disso, 2001, a CPI da Pirataria em 2003, mais tarde o Conselho Nacional
Programas de Avaliação da Conformidade do Instituto, devem problema é que a pena para esse tipo de crime é muito pequena, por outro efeito considerável dessa ação criminosa é o desestímulo à de Combate à Pirataria e Delitos Contra a Propriedade Intelectual
conter unicamente a marca do organismo avaliador. isso, os titulares das causas, normalmente, apresentam queixas cíveis”, criação industrial, o que, por sua vez, traz danos à economia, à cultura (CNCP), entre outras entidades. Na contramão, estão as ramificações
Há ainda a violação de uma marca pela imitação. Empresas afirma Papa. Para o crime de violação de marcas, a pena é de três a 12 e ao desenvolvimento nacional de modo geral. do Partido Pirata, que já existe em vários países da Europa, como
que usam nomes parecidos, que retiram, por exemplo, uma meses de reclusão ou uma multa. A indústria nacional fica desmotivada perante a concorrência Espanha, França, Alemanha e Suécia, além de Austrália, Estados
letra da marca, usam cores e fontes parecidas com o intuito de No caso de uma ação cível, os resultados podem ser mais desleal e a conseqüente perda de mercado. Diante disso, as empresas Unidos e também da América Latina, como a Argentina, Chile, Peru
confundir o consumidor. Papa explica que a contrafação da marca satisfatórios, considerando que, caso não se consiga quantificar o deixam de investir tempo e dinheiro no desenvolvimento de produtos e Brasil. O seu objetivo é politizar a discussão e, de alguma forma,
ocorre somente dentro do mesmo segmento econômico, ou seja, montante de produtos falsos vendidos, a legislação determina que a que, logo, serão copiados. estimular e legalizar algumas ações da pirataria.
a Lei proíbe que marcas parecidas ou iguais coexistam dentro de indenização seja o valor original de duas mil cópias da peça. “Esse A não aquisição de patentes pode ser, inclusive, prejudicial à Como vimos, a pirataria e a contrafação de produtos e marcas
um mesmo setor, mas permite a existência da segunda marca se aspecto, de indenização, acaba sendo uma forma mais atrativa, até como empresa. Papa conta que era comum, nos anos 1970, a empresa lançar não são exclusividades brasileiras. Pelo contrário, é fato que a maioria
elas atuarem em áreas distintas. Há, entretanto, uma exceção. A meio de forçar o concorrente a deixar de praticar este ato”, enfatiza. um produto que sofre uma cópia e a fabricante original sofrer uma dos produtos contrafeitos comercializados aqui é produzida em outros
Justiça não consente o registro de uma marca semelhante ou igual a Comprovando-se o crime, a linha de produção do determinado ação por cópia. “A patente é sempre uma garantia”, ratifica. É preciso países, como China, Taiwan, Bolívia, entre outros. No caso dos
outra marca considerada especial, chamada de “auto-renome” pela material é suspensa ou a fábrica é fechada. A Justiça define, ainda, uma ter um cuidado com os prazos. Lançado o produto, a empresa deve materiais elétricos, os chineses batem de frente com grandes indústrias
legislação, mesmo se forem em segmentos diferentes. Trata-se das multa diária para o infrator enquanto ele não suspender a produção. imediatamente adquirir a sua patente, pois, passado o prazo de um do setor. Mas como será que eles enxergam essa atividade?
marcas conhecidas nacionalmente. Por exemplo, não se pode dar a O advogado ressalta a importância de se obter a patente. De acordo ano, o produto não pode mais ser objeto de patente por deixar de ser Na opinião de Evandro Papa, assim como os japoneses não
um carro o nome de Coca-cola, marca de auto-renome. com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), “patente é uma novidade. eram vistos com bons olhos, há alguns anos, quando começaram a
Não é crime, entretanto, copiar produtos que já caíram no um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo desenvolver seu parque tecnológico, os chineses também enfrentam
domínio público. O crime acontece apenas quando há cópia de utilidade, outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou Herança cultural hostilidades. “Mas a tecnologia deles progrediu e, hoje, quem não tem
parcial ou integral de produtos e marcas que estão protegidos pela outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. um televisor japonês em casa?”, conclui. O consultor técnico senior da
propriedade intelectual. Mas como funciona na prática? Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo Além dos preços elevados dos produtos originais, contrapondo-se Schneider Electric, Luiz Rosendo Tost Gomez, concorda: “Há anos os
Não existe fiscalização para a pirataria. O que existe é a denúncia. o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente”. ao baixo poder aquisitivo brasileiro, da alta carga tributária e de outros produtos chineses eram realmente ruins, mas já temos produtos bons
O advogado Evandro Papa conta que há ações das prefeituras e Existem duas formas de patentes: de invenção e de modelo de fatores, uma das explicações para a difusão do mercado da falsificação também”. Segundo ele, assim como os japoneses, os chineses vão se
da polícia que coletam produtos nas prateleiras para análise e que utilidade (aperfeiçoamento de produtos existentes). A primeira tem no Brasil vai ao encontro da teoria de que o brasileiro recorre à sua aperfeiçoar e desenvolver a sua tecnologia própria, sem precisar copiar.
reprimem a atividade do comércio ambulante, mas para vistoriar duração de 20 anos, já a patente de modelo de utilidade vigora pelo cultura de sempre buscar o caminho mais fácil. Estará no sangue do É o que veremos.
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“A quantidade de horas para efetuar
evolução

um cálculo, devido ao advento dos


Por Bruno Moreira

softwares, caiu a 1% do que era”


Cláudio Teixeira

a utilização de desenhos, esboços, projetos com o intuito de facilitar a de facilitar o trabalho do engenheiro, que pôde se dedicar a um
construção de edificações. número maior de projetos.
O engenheiro e arquiteto romano, Marcus Vitruvius Pollio,
conhecido popularmente apenas como Vitrúvio, aparece como o Da régua à supercalculadora
primeiro a transmitir, por meio de um documento, certas regras para a
construção. No século I a.C., ele elaborou o tratado “De Architectura”, Um dos equipamentos mais antigos para ajudar os projetistas de
em que abordava os requisitos mecânicos e estruturais de habitabilidade instalações elétricas nas contas é a régua de cálculo. Criada em 1638
das edificações. O texto de Vitrúvio apontava também quais deveriam ser pelo padre inglês William Oughtred e tendo como base a tábua de
as características construtivas, a geometria e as propriedades dos materiais logaritmos, a régua foi utilizada com regularidade até a década de 1970,
utilizados nas edificações. A partir dele, a atividade de construção, que quando cedeu lugar às calculadoras eletrônicas. As réguas de cálculo

Profissional em
até o momento era realizada de forma prática, com conhecimentos sempre foram de muita ajuda, principalmente quando era necessário
passados oralmente, passa a ter um tratamento teórico e formal. o cálculo com números muito grandes, mas apresentam uma certa
limitação, já que não fornecem valores aproximados.
Um novo profissional Formado em 1955, o engenheiro eletricista e proprietário da

transformação
consultoria Engenharia SC Ltda., Carlos Vieira, trabalhou bastante
Como tudo se transforma, também as novas invenções aparecem com réguas de cálculo. Ele conta que havia uma matéria na faculdade
modificando o modo de vida de cada indivíduo. Conseqüentemente, apenas para aprender a lidar com a ferramenta. “No primeiro ano de
as moradias são adaptadas para comportarem o surgimento de novas engenharia, havia o curso de desenho técnico onde aprendíamos a fazer
Da rudimentaridade dos instrumentos analógicos à eficiência obtida pelas novas engenhocas e os projetos a serem desenvolvidos após estas transformações todos os cálculos na régua”, conta. Segundo Vieira, em sua época de
devem apresentar espaços antes não pensados. Obviamente, no que faculdade, ainda havia alguns poucos privilegiados de sua classe que já
tecnologias computacionais:a transformação das atividades realizadas pelo engenheiro se refere às instalações elétricas, os projetos de construção passam a tinham uma calculadora da marca Curta. “Era um modelo analógico,
projetista de instalações elétricas através dos tempos. contemplá-las quando a eletricidade torna-se aplicável, ou seja, quando
o homem inventa um uso para ela.
que funcionava por meio de uma manivela”, diz.
Contudo, conforme o engenheiro, a maioria dos alunos se virava
Com a sedimentação desta prática, a sociedade passa, em pouco mesmo com a régua de cálculo. E assim foi até a calculadora a manivela
É fato histórico que, nos primórdios de sua existência, o homem levava uma vida nômade, não possuía tempo, a desenvolver-se fortemente baseada na eletricidade e, quando tornar-se mais acessível. Logo, porém, esta foi substituída pela calculadora
ainda a técnica da agricultura e vagava a esmo pelo território em busca de alimento, que poderia vir por meio se percebe, praticamente, nada em casa, ou no trabalho, pode funcionar eletrônica e, posteriormente, pelas chamadas supercalculadoras, que
da caça ou pela coleta. Sem laços que o prendessem a um determinado lugar, o homem errava. Dessa forma, a sem ela. Como não poderia deixar de ser, a atividade de quem é faziam também o papel de computadores no desenvolvimento de
construção de moradias se fazia desnecessário e quando elas existiam eram instalações precárias, improvisadas, responsável pelo desenvolvimento da parte elétrica de um projeto programas para otimizar as atividades na área elétrica.
com o objetivo não de fixar residência, mas como uma espécie de solução emergencial. de construção ganha em importância. Sua trajetória desenvolve-se, O próprio biografado desta edição, o engenheiro eletricista português,
Aos poucos, no entanto, a situação mudou e o homem aderiu às práticas sedentárias. Sua vida deixou de basicamente, como a de todos os outros projetistas e irá passar por uma Mário Reis Miranda, utilizava calculadoras para implantar programas
ser uma eterna peregrinação e fincou raízes. Pequenos agrupamentos humanos acabaram por se encorpar e radical transformação com o advento da informática. de computação na área elétrica. Quando trabalhava para uma empresa
sociedades cada vez mais complexas se estabeleceram. Com elas surgiram habitações rudimentares, que deram No que tange à atividade do projetista de instalações elétricas, finlandesa de projetos, o engenheiro desenvolveu programas para fornecer
lugar a construções mais rebuscadas, além de cabanas, que cederam espaço para habitações de pedra e tijolos, ela pode ser dividida, a grosso modo, em duas áreas: a teórica, dados sobre fluxo de carga e aterramento em uma máquina de calcular
o que refletia o desejo por uma rotina estável e duradoura. na qual o engenheiro realiza os cálculos, e a prática, em que ele HP 11. “Deu tão certo que eu fui convidado a implantar o mesmo sistema
Certamente, as primeiras construções não primavam pelo refinamento estilístico e deveriam ser realizadas elabora os desenhos. Na parte de cálculos, não há muitos mistérios, na matriz finlandesa”, conta. Quando estava lá, uma outra oportunidade
muito mais na base da intuição do que no emprego sistemático de uma técnica. Entretanto, como homem tem o profissional aprende na faculdade as teorias e as aplica quando surgiu: realizar programas de computação para serem utilizados em linhas
a peculiaridade de aprender com seus erros, muitas edificações tiveram de cair para que o homem descobrisse a exigido. Contudo, na vida profissional, aprende-se que é preciso de alta tensão e, mais uma vez, a calculadora foi seu suporte. “Dessa vez
fórmula correta. A prática levou à teoria, que consolidou a técnica, o que permitiu, com o decorrer do tempo, otimizar o tempo e instrumentos foram criados com a finalidade utilizei uma HP 3000, que era mais potente”, lembra.
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Divulgação/Centro Paula Souza

Aula de desenho, no início do século XX, em uma escola técnica paulista

Da prancheta ao CAD demoravam horas, hoje são feitos em segundos”, diz. Não só o tempo, serem aposentados. Isso fez não só sobrar mais espaço nos escritórios da forma tradicional, pois não é preciso”, comenta. Para ele, muitos
mas o custo também encolheu. Teixeira lembra que, na década de 1970, dos engenheiros, mas, principalmente, tornou mais rápida a busca por profissionais se perderam durante a transição. “Eu mesmo, no meu
Após o término de todos os cálculos necessários, é preciso um engenheiro civil contratado para realizar o cálculo estrutural de um projetos antigos. escritório, paguei para que desenhistas fizessem cursos de habilitação
desenhar o projeto. Antes da era da informática e dos avançados edifício cobrava o mesmo que o preço de um carro de luxo. “Isto por Outra transformação ocorrida com o advento de novos tecnologias em CAD, mas muitos não quiseram”, conta Vieira.
programas de desenho, os projetistas, munidos de lápis ou canetas, causa da quantidade de horas que ele dispendia para fazer tal tarefa”, encontra-se na troca de informações entre cliente e prestador de Uma certa resistência é normal quando se percebe que sua profissão
debruçavam-se em suas pranchetas inclinadas e, artesanalmente, conta. Atualmente, segundo o engenheiro, o profissional cobra muito serviço. O engenheiro eletrônico e gerente de planejamento e controle está sumindo do mapa, mas é preciso, caso haja o interesse de permanecer
colocavam no papel os pontos referentes à elétrica de uma instalação. menos pela mesma tarefa. “A quantidade de horas para efetuar um de estoques da Rockwell Automation, Cláudio Baldoni, conta que na área, uma adaptação rápida. Segundo Vieira, quem não fez isso
Apesar de, na faculdade, o engenheiro eletricista Ítalo Batista já ter cálculo, devido ao advento dos softwares, caiu a 1% do que era”. hoje é possível enviar um arquivo por e-mail contendo o projeto, o tornou-se obsoleto e não conseguiu mais emprego como desenhista de
tido acesso aos computadores e a softwares, como o Computer- Segundo Teixeira, mais uma tarefa do projetista que teve seu que permite ao cliente flexibilizar as transformações que ele deseje projetos de construção.
Aided Design (CAD), ou desenho auxiliado por computador, esses custo reduzido com o surgimento dos softwares foram os estudos de fazer em sua empresa. Se antes, por causa da rudimentariadade dos
mecanismos ainda não existiam em sua rotina, que continuava a coordenação de proteção de sistemas elétricos. Anteriormente, segundo meios de comunicação, o cliente precisava pensar uma mudança na O raciocínio permanece
contar com a prancheta, o esquadro e a régua T. ele, os cálculos eram feitos artesanalmente, em papéis de seda. Hoje em estrutura com três anos de antecedência, hoje ele pode planejar em um
O engenheiro lembra que era um sistema trabalhoso. Segundo dia, os softwares, carregando dentro de si uma série de normalizações, já horizonre mais curto, porque sabe que a realização do projeto será feita Se o advento de novas tecnologias, como a supercalculadora e
Batista, recebida a cópia heliográfica do projeto arquitetônico, o fornecem ao projetista curvas normalizadas dos mais diferentes produtos, de forma mais rápida. os softwares de engenharia, vieram facilitar a vida do projetista de
engenheiro fazia outra cópia em papel vetal e desenhava a parte das o que te permite simular as mais variadas situações e realizar o estudo instalações elétricas, também praticaram um desserviço a este mesmo
instalações elétricas. Como curiosidade, vale dizer que a cópia era feita em questão de minutos. “Pelo software, você escolhe uma liga metálica Tudo se transforma profissional. Para Carlos Vieira, foi tirada desse profissional parte da
com detalhes no papel vegetal, que ficava sobre a cópia heliográfica. já normalizada e consegue realizar diversos testes com ela, vendo se ela capacidade de raciocinar, mas ele insiste que a capacidade de promover
Para isso, era necessário o uso de gabaritos, réguas com símbolos da entortará ou quebrará”, diz. A passagem dos desenhos em prancheta para os projetos feitos soluções inteligentes ainda deve prevalecer.
área elétrica, que facilitavam o trabalho do projetista no momento de Os softwares que permitem simulação de situações tiverem o maior em programas de computador significou também, como salienta o De nada irá adiantar o auxílio das mais avançadas fer­
desenhar os pontos de luz, conta. Finalizada essa etapa, entrava em cena impacto, segundo Teixeira, nos projetos referentes a peças mecânicas. engenheiro eletricista Carlos Vieira, uma mudança drástica na maneira ramentas se o profissional não tiver a capacidade de empregar
o desenhista que, com papel vegetal e caneta nanquim, dava o último Os desenhos de estruturas que antes eram feitos no papel seda e em de atuação de um outro profissional da área: o desenhista. Ele conta os ensinamentos recebidos durante a faculdade da maneira mais
tratamento ao desenho. formas bidimensionais, com o suporte computacional, tornaram-se que as inovações tecnológicas trazidas pela era da computação fizeram adequada possível. Segundo o engenheiro, não se pode esquecer
De acordo com Batista, o advento do CAD mudou para melhor a tridimensionais e possibilitaram a simulação de movimentos e esforços, o desenhista se tornar um cadista, especialista no software destinado a que calculadoras e softwares ajudam na elaboração prática do
atividade profissional do engenheiro projetista. Se antes, por exemplo, o fazendo com que a construção do equipamento seja mais precisa. A elaborar projetos de construção. projeto, mas quem resolve os problemas, encontrando as melhores
profissional percebesse um erro de cálculo em um desenho já pronto, era possibildade de simular situações e posicionamento de equipamentos Vieira conta que a função do profissional do desenho continua a soluções ainda é o ser humano e sua atividade intelectual. “A
necessário raspar com uma gilete o detalhe e refazê-lo. Atualmente, não é já ajudou Teixeira, que, certa vez, ao projetar o arranjo de seccionadores mesma; ele atua a partir do projeto idealizado pelo engenheiro, usando máquina é burra”, define.
nem preciso explicar, acostumado que estamos com a informática. Caso em uma rede de alta tensão pôde realizar todas as vistas de projetos que seus conhencimentos técnicos para deixar o esboço mais apresentável. Somente a prática que levará o profissional da área ao uso
haja uma modificação a ser feita, basta apenas procurar no computador ele achou que deveriam ser feitas. A questão, de acordo com o Viera, é que, de um artista acostumado a inteligente das teorias adquiridas nos cursos preparatórios. De
o arquivo do projeto e efetuar a correção. Outro ponto de importante evolução refere-se ao trabalhar com determinados tipos de materiais, o desenhista tornou-se acordo com o engenheiro, somente trabalhando com questões
O gerente geral da S&C Electric do Brasil, o engenheiro eletricista armazenamento: a situação é ainda mais positiva para os engenheiros. O um especialista na utilização de sistemas computacionais. reais que o projetista vai descobrir qual a melhor decisão a ser
Cláudio Teixeira, também compartilha do mesmo entusiasmo que surgimento de mídias cada vez menores e com mais capacidade fizeram Isso fez a função do desenhista mudar totalmente de paradigma. tomada. E esses conhecimentos somente são adquiridos com a
Batista pelos softwares de projetos. “Os cálculos que no passado os diversos canudos, contendo plantas de projetos de engenharia, “Existem muitos cadistas, atualmente, que não sabem nem desenhar experiência e com o dia-a-dia da profissão.
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identidade Por Flávia Lima

Paradoxo Nos últimos anos, tem sido comum as construtoras realizarem


intervenções nos apartamentos novos de acordo com o cliente,
Há no Brasil um grande paradoxo: instalações bem evoluídas isto é, o comprador pode personalizar seu imóvel, fato que pode
e instalações primárias executadas por profissionais despreparados e acarretar mudanças no projeto elétrico. Se o morador optar por
despreocupados com os mandamentos normativos. O gerente de produto ter fogão elétrico ou ar condicionado, que são equipamentos com
da Siemens, Luiz Eustáquio Perucci, supõe que 70% das instalações sejam elevado consumo de energia, o projeto deve sofrer alterações, pois
de qualidade duvidosa. Embora admita ter havido uma evolução nos a demanda de eletricidade será maior. “É como um carro com e
últimos anos, Eustáquio reconhece que ainda estamos longe do ideal. sem ar condicionado, são projetos e preços diferentes”, compara
Para o engenheiro eletricista Hilton Moreno, há, entretanto, Fischmann. Ele diz que, ultimamente, as grandes construtoras,

Legado cultural
um considerável número de instalações elétricas adequadas e bem especialmente, estão mais preocupadas com a elétrica dos
feitas. “O atraso está fechado na autoconstrução e nas construções empreendimentos e costumam sempre consultar os projetistas
mais simples”, diz. O atraso, nas instalações industriais, por quando as personalizações envolvem energia elétrica.
exemplo, é, para ele, pequeno ou inexistente. Essa preocupação é recente. O mais comum era – e ainda
O engenheiro eletricista e diretor da Fischmann Engenharia, é, principalmente com relação a imóveis antigos – o próprio
Profissionais empíricos e despreocupados com regulamentos técnicos normativos são maioria Victor Fischmann, concorda: “as instalações de responsabilidade morador fazer os seus ajustes. E o que mais acontece é a sobrecarga
em um País, que ainda carrega a herança do “jeitinho brasileiro”, máxima em que a lei do das boas construtoras, em geral, estão em conformidade com as de energia devido aos inúmeros equipamentos conectados em
menor esforço é dominante. No caso da eletricidade, embora existam instalações modernas e normas técnicas”. Ele conta que, há algum tempo, era comum o instalações com mais de dez anos.
projeto, depois de ter sido aprovado na prefeitura, sofrer diversas Mesmo alinhada à norma internacional IEC 60364 e
adequadas, grande parte das edificações oferece riscos e está em desacordo com as normas alterações. “Não havia tanta preocupação com o projeto as built, sem ficar devendo, na opinião de muitos, para outras normas
diferentemente de hoje, quando o projeto elétrico, por exemplo, estrangeiras, a ABNT NBR 5410 – norma de instalações elétricas
é iniciado antes mesmo de seguir para a prefeitura, justamente de baixa tensão –, embora muito conhecida no meio técnico, não
Quando o assunto é a situação das instalações elétricas brasileiras, a opinião dos especialistas para que a construção esteja de acordo com o que foi aprovado”. é empregada com solidez no segmento e mal alcança a maioria
da área é triste e unânime: a maioria delas apresenta qualidade duvidosa e, quase sempre, oferece O que ainda acontece, na opinião de Fischmann, é que, das instalações residenciais, incluindo as prediais. O mesmo
riscos aos seus usuários. Até aqui, nenhuma novidade. A questão que fica é: se temos uma norma de mesmo com projetos bem elaborados, algumas construtoras e acontece com outras normas técnicas do setor elétrico, seja para
instalações elétricas considerada moderna e coerente e bons produtos disponíveis no mercado, por instaladoras acabam seguindo o mínimo que a norma de instalação instalações, seja para produtos.
que o brasileiro tem dificuldade em seguir as diretrizes normativas? E, por que, comparado a outros recomenda, até em empreendimentos que exigem um pouco O Brasil é um país grande e muito carente de formação e de
países, ainda engatinhamos no quesito qualidade e segurança nas instalações? A resposta não é nada mais do que isso. “Por exemplo, a norma prescreve um mínimo informação. O consultor técnico sênior da Schneider Electric,
simples e pode ter suas raízes entranhadas em uma cultura de atraso, principiada há mais de 500 de pontos de tomada por ambiente (em função do perímetro) em Luiz Rosendo Tost Gomez, acrescenta que a situação se agrava
anos, na época do descobrimento do Brasil. uma residência, mas o padrão de conforto do empreendimento com os governantes, que não possuem formação nem informação
Não podemos, entretanto, colocar a culpa sobre os portugueses. Muitos outros fatores, como eventualmente pode exigir mais”, analisa. Este, segundo ele, é um técnica e desconhecem a realidade das instalações brasileiras,
veremos adiante, vêm contribuindo, ao longo dos anos, para a formação cultural, social e econômica exemplo de projeto não adequado, pois apesar de ter se cumprido apesar de falhas em instalações elétricas provocarem muitos
do brasileiro, que, certamente, influencia as tomadas de decisões e o comportamento do povo como a norma – que é o mínimo de segurança e qualidade – o projeto acidentes, por vezes fatais, e ainda serem uma das principais
um todo. poderia ter sido melhor, considerando o nível da construção. causas de incêndios no País.
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“desse comportamento social, em que o sistema de relações se edifica
essencialmente sobre laços diretos, de pessoa a pessoa, procedam
os principais obstáculos que, na Espanha, e em todos os países
hispânicos – Portugal e Brasil inclusive –, se erigem contra a rígida
aplicação das normas de justiça e de quaisquer prescrições legais”
Sérgio Buarque de Holanda

O problema, no entanto, não é a falta de normas, mas a Tampouco precisamos enfatizar a importância de uma norma de mecânico, de pintor, entre outras, diante da necessidade e da Vale lembrar que a palavra “cordial”, vem da palavra latina cor,
incapacidade de fazer com que elas sejam cumpridas. Apenas técnica para a qualidade de um projeto, fato que é – ou deveria oportunidade. cordis, que significa coração. Portanto, como Sergio Buarque de
na área de eletricidade, contamos com aproximadamente 1.400 ser – de conhecimento comum. O que agora analisamos é o Sobre isso, Sérgio Buarque de Holanda traz mais explicações: Holanda discute em seu livro, o homem cordial é aquele que
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas, incluindo comportamento de uma sociedade que ainda insiste em ignorar “o peculiar da vida brasileira parece ter sido, por essa época, uma age pela emoção, inspirado nos laços afetivos, na amizade, na
especificações para produtos e para instalações. A obrigatoriedade os regulamentos técnicos. acentuação singularmente enérgica do afetivo, do irracional, do camaradagem. “É uma característica cultural e sistêmica, que já
– por meio de leis, portarias e decretos – são mecanismos que passional, e uma estagnação, ou antes, uma atrofia correspondente está consolidada. A solução é criar um ambiente de forma que
contribuem para a melhoria das instalações, mas, no segmento Raízes culturais das qualidades ordenadoras, disciplinadoras, racionalizadoras. seguir a lei ou a norma compense”, diz. A questão é como fazer
de materiais elétricos, poucos são os produtos que possuem Quer dizer, exatamente o contrário do que parece convir a uma isso.
certificação compulsória. E, no caso das instalações elétricas, o Os trabalhos coletivos, que reúnem pessoas com boa vontade, população em vias de organizar-se politicamente”. Em outras
quadro é ainda pior. O Brasil é um dos poucos países, entre os mas sem habilidades e qualificações específicas, têm suas raízes palavras, é o fazer repetitivamente sem questionar técnicas de Cultura de atraso
desenvolvidos e os considerados em desenvolvimento, que não na nossa colonização. Segundo o autor de “Raízes do Brasil”, melhoria e sem considerar a evolução das normas.
possui qualquer forma de inspeção das instalações elétricas como Sérgio Buarque de Holanda, o impedimento para o êxito do Segundo ele, não há dúvida que “desse comportamento social, O fato é que, no Brasil, a organização dos ofícios deu-se em
parte de um plano nacional. E, nesse cenário, o amadorismo labor produtivo no País foi a falta de elementos empreendedores em que o sistema de relações se edifica essencialmente sobre laços função dos moldes trazidos do Reino português em condição de
impera. desde a nossa origem – a partir dos portugueses. Ele explica que diretos, de pessoa a pessoa, procedam os principais obstáculos dominante: trabalho escravo; escassez de artífices livres na maior
O tempo todo curiosos aventuram-se na profissão de os portugueses trouxeram para o País trabalhos de índole coletiva que, na Espanha, e em todos os países hispânicos – Portugal e parte das vilas e cidades; indústria caseira para garantir relativa
eletricista e executam o trabalho de medição, especificação aceitos de forma a satisfazer sentimentos e emoções coletivas, Brasil inclusive –, se erigem contra a rígida aplicação das normas independência aos ricos, entravando o comércio. Holanda
técnica, instalação e implantação do “projeto elétrico”. Esta não acompanhando, de certo modo, o caráter religioso do catolicismo. de justiça e de quaisquer prescrições legais”. conclui que, de certa forma, a repulsa a todas as modalidades
é uma cena estranha aos olhos do brasileiro. Mas o que a maioria “Costumes como o mutirão, em que os roceiros se socorrem uns Com essas afirmações, conseguimos entender como começou de racionalização se configura, até hoje, em um dos traços
das pessoas ainda não conhece são os perigos envolvidos em uma aos outros nas derrubadas de mato, nos plantios, nas colheitas, na essa dificuldade que o brasileiro tem para se informar e seguir mais constantes dos povos de estirpe ibérica, isto é, de origem
instalação mal projetada e executada por pessoas desqualificadas construção de casas, na fiação do algodão (...)” foram, conforme as diretrizes normativas. Em tempo, Holanda vai mais além e portuguesa ou espanhola.
e que não conhecem as normas de segurança e de qualidade. cita Holanda, sintomas da colonização brasileira. A organização diz que “tudo quanto dispense qualquer trabalho mental aturado A colonização inglesa, por exemplo, deu-se de maneira
O gerente de engenharia e qualidade da SIL Fios e Cabos, de grupos para construir e reformar casas – especialmente as mais e fatigante, as idéias claras, lúcidas, definitivas, que favorecem diferente. As colônias inglesas, até pelo motivo de não terem terras
Nelson Volyk, ratifica a importância da norma, a qual, segundo populares –, em que cada um ajuda um pouco, contribuindo com uma espécie de atonia da inteligência, parecem-nos constituir a propícias para as culturas tropicais, prosperaram especialmente
ele, traz informações fundamentais para um bom projeto, o que “sabe” fazer, teria derivado dessa característica colonial. verdadeira essência da sabedoria”. É a velha história do “jeitinho devido ao comércio. O trabalho livre e a religião protestante –
dentre as quais cita: capacidade de transmissão de energia dos Há, incontestavelmente, técnicos qualificados e habilitados, brasileiro” e a eternizada fala de Macunaíma, de Mário de da mesma maneira que, na Europa, o calvinismo, com sua ética
condutores; seção mínima dos condutores para o circuito de mas muitos pedreiros, eletricistas, mecânicos exercem seus Andrade, “Ai, que preguiça”. O modo mais fácil é sempre o modo baseada no trabalho e na legitimação do lucro – contribuíram
iluminação e de tomadas; padronização de cores; utilização do respectivos trabalhos sem qualquer formação técnica, porque preferido. para o desenvolvimento dessas regiões.
disjuntor, do dispositivo DR que reduz o risco dos choques; e aprenderam o ofício com o pai ou participando dessas obras No Brasil, há a ideologia de que não se consegue resolver O antropólogo conta que, até o século XIX, no Brasil, era
quantidade máxima de condutores nos eletrodutos. Ao seguir as coletivas desde pequeno. nada pela Lei. “O ‘jeitinho’ é o lado inovador do brasileiro, que proibida a existência de tecelagens e de indústrias, para não
orientações da norma, é possível evitar problemas, como choque Fora do País, as pessoas não costumam deixar aventureiros dá um jeito porque o sistema, muitas vezes, o conduz para isso”, concorrer com os portugueses. O quadro só muda quando a
elétrico, curto-circuito, aquecimentos indesejáveis e desperdício entrarem em suas casas, há que se ter uma formação oficial. No explica o antropólogo e mestre em antropologia social, Marko Corte se muda definitivamente para o Brasil, em 1808, trazendo
ou falta de energia elétrica causados por falhas de projeto. Brasil, é comum eletricistas aprenderem a trabalhar trabalhando. Monteiro. artistas, escolas e a liberação para o desenvolvimento da cultura e
A questão da obrigatoriedade da norma, entretanto, já foi Eustáquio arrisca dizer que, por questões econômicas, A dificuldade em seguir as normas técnicas e a legislação, economia brasileiras.
abordada nesta Coleção e não é este o objeto deste trabalho. principalmente, as pessoas experimentam a profissão de eletricista, de modo geral, é amparada na “cordialidade” do brasileiro. Diferentemente dos portugueses, os holandeses promoveram
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“O ‘jeitinho’ é o lado inovador do
brasileiro, que dá um jeito porque o
sistema, muitas vezes, o conduz para isso”
Antropólogo Marko Monteiro

algumas transformações no período em que ocuparam a região consciência de desperdício, assim como muitos países já e que, sem o DPS, o barato pode sair caro”, compara Luiz classe e as ações de empresas no sentido de divulgar informações
de Recife (PE), de 1637 a 1644. Além da tolerância religiosa, os têm. Eustáquio, da Siemens. de segurança, falta o papel do governo. “Todos – do engenheiro
holandeses trouxeram pintores, comerciantes e pesquisadores, que Para o antropólogo, a sofisticação do mercado de Segundo ele, há apartamentos novos de alto padrão que ao consumidor final – devem ter acesso a essas informações, para
estudaram a fauna e a flora locais, trazendo prosperidade à vila. consumo brasileiro é baixa por causa da concentração de ainda não empregam o DPS. “Certamente, seus moradores têm que um cobre o outro”, afirma.
De qualquer modo, a forma subordinada com a qual nos rendas e do nível educacional. Ele enfatiza, entretanto, sofisticados equipamentos de som, vídeo e outros, que estão Casos isolados evidenciam que, aos poucos, algumas atitudes têm
habituamos é uma das razões de sermos, ainda, supridores de matérias- que o conservadorismo brasileiro e esse atraso cultural não completamente desprotegidos”, diz. Trata-se de uma mentalidade sido tomadas a fim de mitigar os problemas com a eletricidade. Em
primas e commoditties para o exterior para que sejam industrializados têm uma única justificativa, mas deve-se considerar uma tacanha que não reconhece a importância da proteção, mesmo, Pernambuco, por exemplo, é obrigatório o emprego de dispositivos
e, por nós, importados a custos muito mais dispendiosos. série de fatores que, juntos, contribuíram para a formação nesse caso, tendo projetos provavelmente elaborados por diferenciais residuais (DRs) em canteiros de obras, fato que só se
Embora em um nível muito mais ameno, a propensão à dessa natureza. Com o Código de Defesa do Consumidor, profissionais renomados. tornou realidade em razão do falecimento de dois engenheiros.
subordinação e a aversão à novidade são características que por exemplo, percebemos um progresso à medida que o O também gerente de produto da Siemens, Julio Carpanez, Em São Paulo, uma Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros do
acompanham os setores da economia, da política, da educação, e consumidor encontrou na legislação uma proteção, mas acrescenta que muitos empreendedores não utilizam os benefícios Estado, com o apoio com a Associação Nacional de Fabricantes de
todos os outros segmentos de atuação do Brasil. No tocante à energia ele mal conhece esse recurso, porque não está habituado a de dispositivos como o DR e o DPS como argumentos de vendas. Produtos Elétricos NEMA Brasil e com o Instituto Brasileiro do
elétrica e, mais especificamente, às instalações elétricas, a situação não buscar seus direitos, a recorrer à Justiça e também porque “Fala-se do mármore, do piso, mas não se menciona a proteção Cobre (Procobre), a ser publicada em 2009, definiu procedimentos
seria diferente. não confia nela. contra choque elétrico e contra sobretensão”, admira-se. para que os bombeiros vistoriem as instalações elétricas de todas as
“O brasileiro está acostumado sim a viver atrasado, acha que o que é Na opinião de Monteiro, o processo de desenvolvimento Outro ponto importante refere-se às instalações antigas. novas obras no Estado de São Paulo (e também as que renovarem seus
importado é melhor por definição”, afirma Marko Monteiro. E, de certa é lento, mas vem acontecendo. Temos uma base tecnológica Apesar de inúmeros empreendimentos serem erguidos a todo autos de vistoria), garantindo condições mínimas de segurança das
forma, adotamos essa premissa no nosso dia-a-dia, quando nos comparamos criada, mas há ainda muita resistência. Nossa cultura e instante no País, a maioria das edificações possui mais de 20 pessoas, do meio ambiente e do patrimônio, além do funcionamento
com outras culturas e nos posicionamos em condição inferior. economia ainda são muito subordinadas. anos e, muito raramente, as suas instalações elétricas passam adequado dos equipamentos.
Ele cita o caso do ciclo da borracha. Por que não deu certo? Porque por alguma revisão técnica. É comum a troca de equipamentos Na opinião de Tost Gomez, o Brasil precisa de uma instituição
as mudas da árvore foram levadas para a Ásia, em um momento em Aversão a novidades por outros mais modernos, as pessoas fazem diversas reformas dedicada exclusivamente às certificações das instalações elétricas,
que o País tinha capital e matéria-prima, levando-nos a, mais uma na arquitetura de interiores, mas a instalação elétrica sequer começando pelas residenciais e partindo, progressivamente, para
vez, perder a oportunidade de desenvolver a nossa indústria para É comum ouvir de empresários que novidades são é lembrada. É esquecido que os materiais envelhecem e que a outras instalações. Em alguns países da Europa, as distribuidoras
apenas suprir matéria-prima para que outros o fizessem. E a prova apresentadas o tempo todo ao mercado, mas elas, muitas demanda de energia cresce, até pelo aumento de equipamentos de energia não levam eletricidade à instalação enquanto ela não
de que as coisas mudam é a nova chance que temos com o etanol. vezes, não encontram interesse do outro lado. Mesmo elétricos e eletrônicos, adquiridos ao longo do tempo. Isso porque for fiscalizada. Nos Estados Unidos, segundo Hilton Moreno,
“Temos a oportunidade de termos outra atitude, de sermos grandes tratando-se de equipamentos considerados indispensáveis os problemas nas instalações elétricas, na maioria das vezes, não presidente da NEMA Brasil, as autoridades (prefeituras ou
exportadores e de desenvolvermos novas tecnologias que empreguem à segurança de uma instalação elétrica, por exemplo, o são aparentes e são percebidos apenas quando algum acidente bombeiros) também não liberam as obras para ocupação sem que
o etanol como combustível”, opina. desinteresse é evidente. acontece em virtude de um curto-circuito, da fuga de corrente elas tenham passado por inspeções das instalações elétricas.
A cultura do desperdício é outro ponto com o qual nos A NBR 5410 passou a exigir o uso do DR e do DPS, nas elétrica ou de outro fenômeno. O Estado tem, nesse sentido, um papel regulador e fiscalizador
acostumamos. É difícil para o brasileiro economizar água, energia e revisões de 1997 e de 2004, respectivamente. Os profissionais Falta, na opinião dos especialistas, fiscalização e importante para impedir que produtos e instalações elétricas
outras fontes, pois estamos habituados a tê-las em abundância. “A mais atentos passaram, gradativamente, a empregar esses conscientização. Mesmo com a exigência do DR, o dispositivo é em desacordo com os requisitos mínimos de desempenho e de
questão é como as pessoas se relacionam com essa abundância”, explica equipamentos, mas a informação encontra dificuldade para pouco empregado e o usuário final desconhece a sua existência. segurança sejam disponibilizados ao público, pelo menos, até
Monteiro. Hoje, o tema eficiência energética é algo que começa a fazer chegar ao público comum. “As pessoas reclamam do custo Incêndios e outros acidentes envolvendo eletricidade são vistos adquirirmos o hábito de viver uma boa técnica e obtermos –
parte da vida das indústrias e da população, de modo geral, mas ainda do DPS, mas se esquecem que ele é responsável por proteger como fatalidades. Não se fala em imprudência. Para Carpanez, profissionais e consumidores – um nível razoável de conhecimento
é uma questão de mentalidade. Aos poucos, vamos adquirindo uma equipamentos elétricos e eletrônicos contra sobrecargas não obstante os órgãos de defesa do consumidor, as associações de e de bom senso para fazermos, nós mesmos, as escolhas.
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Jogo dos 7 erros
descontração
A figura a seguir ilustra
dois ambientes residenciais com
sete erros de instalação elétrica.
Identifique-os.
Ilustrações: Mauro Jr.
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