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Breve introdução: Vamos apresentar o capitulo 16, onde se encontra um dos episódios sociais.

Carlos e Maria encontravam-se numa relação estável com planos para o futuro, Carlos e Ega
vão ao sarau da Trindade (evento cultural realizado geralmente em casas particulares onde as
pessoas se encontram para se expressar ou manifestar artisticamente) com o objetivo de
ajudar as vitimas das inundações do Ribatejo, o Sarau termina e o Sr. Guimarães interpela Ega,
acabando por terem uma conversa reveladora.

Personagens:

(Personagens mais importantes)

Carlos da Maia: Ao longo do capitulo conseguimos perceber que Carlos é amigo do seu amigo,
que é frontal e corajoso.

Ega, por sua vez, é um amigo intimo de Carlos, curioso, confuso (já entendem o porque) e no
fundo acaba por ser uma personagem muito importante neste capitulo assim como...

Sr. Guimarães, tio de Dâmaso, que no fundo acaba por ser a personagem mais importante, é
cumpridor da sua palavra e encontra-se ligado à fatalidade/tragédia.

Depois temos:

Maria Eduarda, que possuía um relacionamento com Carlos, e neste capitulo aparenta estar
cansada e triste, algo que consigamos entender pela musica que a mesma se encontrava a
tocar no piano, a canção “Ofélia” de “Hamlet”.

Cruges, outro amigo de Carlos, era um maestro e pianista que iria tocar Beethoven “Soneta
Patética” no sarau e como vão perceber fica atrapalhado.

Tomás Alencar, o poeta ultra-romantista amigo de Carlos, bastante corajoso e é outro que vai
atuar no sarau.

Assim como Rufino, um “Bacharel transmontano” com um “vozeirão alto e sonante” adorado
pelo publico.

Entre outros como…Prata, Teles da Gama, D. Maria da Cunha, as Pedroso, os Gouvarinho, etc.
No fundo estavam todos presentes no sarau, não só para apoiar as vitimas, mas também para
ficarem bem vistos, pois era algo “três chique”.

Resumo: O capítulo começa por nos situar no espaço e no tempo: “Ao fim do jantar, na Rua S.
Francisco”, portanto a ação inicia-se após o jantar na casa de Maria Eduarda; Ega encontrava-
se desejoso para ir ao sarau da Trindade, mas tanto Carlos como Maria Eduarda não se
encontravam com disposição para irem (argumentando até contra a ida):

“-Então, definitivamente, Vossa Excelência não vem ao sarau da Trindade?...

-Não me interessa, estou muito cansada…

-É uma seca-murmurou Carlos” Portanto como podemos ver, a justificação de Carlos não é a
melhor, o que nos leva a entender que o mesmo queria estar de roda de Maria Eduarda (o tal
girassol em torno do seu sol). Mas quando Ega lhe relembra que Cruges irá atuar, o mesmo
não exita e muda logo de ideias, Carlos e Ega partem então para o sarau e Maria Eduarda fica
sozinha em casa a tocar piano.
Ao chegarem ao Teatro da Trindade, param e porta e avistam imediatamente o tio de
Dâmaso. Ao entrar no antessalão, encontram Teles da Gama e ouvem imediatamente o
vozeirão de Rufino, Carlos nada curioso fica junto de Teles da Gama, mas Ega, pelo contrário,
decide entrar e ver o que se passava. Rufino já estava a atuar, e a sua oratória era baseada nos
seguintes temas: Fé, a caridade, o Anjo da Esmola e o progresso, portanto o mesmo defende e
invoca a religião e idealiza que a salvação se encontrava no Trono de Portugal, que
infelizmente não estava presente no sarau. Mas todos adoravam-no como podemos ver pela
seguinte expressão do sr. Gouvarinho “Ele, conde, estava encantado!”

Alencar aproxima-se do Ega, informando-o que o Sr. Guimarães queria falar com ele
sobre uma alegada carta, escrita pelo seu sobrinho (Dâmaso) na qual se encontrava a
tendência hereditária, do Sr. Guimarães, para se entregar à bebida. Dâmaso alegara que o
mesmo foi obrigado por Ega a assinar a carta, e que já mais falaria assim do seu querido tio.
Este encontrava-se bastante ofendido e numa troca de argumentos entre Ega e Guimarães, o
mesmo acaba por acreditar em Ega: “E diga-me o sr. Guimarães outra coisa, de gentleman
para gentleman: como considera seu sobrinho? Um homem irrepreensível verídico? O sr.
Guimarães cofiou as barbas, declarou lentamente:

-Um refinado mentiroso!

-Então! – gritou Ega em triunfo, atirando os braços ao ar”

Chegou então a hora de Cruges atuar. Este decide tocar Beethoven, a “Sonata
Patética” que incompreendida pela plateia é lhe atribuída o nome de Sonata Pateta do qual
toda a gente se riu. Cruges ao observar que o seu talento não é reconhecido fica atrapalhado e
a sua atuação é um fiasco completo.

Intercalado com outras atuações (como a de Prata) Carlos avista Eusebiozinho e não
resistindo confronta-o, dando-lhe uma grande tareia, devido ao caso do Jornal da Corneta
(falado no capitulo anterior), um jornal difamatório onde estava mencionado o nome de
Carlos, e ao que parece Eusebiozinho estaria envolvido.

A tão esperada vez de Alencar finalmente chegou e o mesmo iria citar um poema “A
Democracia” que apesar de começar numa descrição romântica e sentimentalista, acaba por
se tornar um poema de ideias revolucionárias e republicanas, ou seja, para Alencar a salvação
passava pela República. Mas uma República com Deus: “Sim porque Alencar não queria uma
Républica sem Deus! A Democracia e o Cristianismo, como um lírio que se abraça a uma
espiga, completavam-se, estreitando os seios!”. Alencar termina e apesar de nem toda a gente
ter gostado, como o Sr. Gouvarinho, a maior parte exclamou “Foste extraordinário”, o que fez
com que Alencar se sentisse “o Poeta da Democracia”.

Ega e Carlos desencontram-se e Ega acaba por sair do teatro juntamente com Cruges,
até que ouviu o Sr. Guimarães a chamá-lo. O caso é que o Sr. Guimarães sabia que o Sr. Ega era
íntimo do Sr. Carlos da Maia. E ele, Sr. Guimarães, fora muito amigo, em Paris, da mãe de
Carlos, que lhe confiara, antes de morrer, um cofre onde estariam, segundo ele, papéis
importantes. Como estava de partida, pedia ao Sr. Ega que entregasse o cofre ou ao Sr. Carlos
ou à irmã. Ega obviamente fica confuso, pois conhece Carlos há tanto tempo e nunca soube de
nenhuma irmã: “Então o Sr. Guimarães começou a rosnar umas desculpas embrulhadas, que
mais enervavam, torturavam o Ega. O Sr. Guimarães imaginava que não era segredo, que todas
essas coisas da irmã estavam esquecidas, desde que houvera reconciliação. — Como vi, ainda
não há muitos dias, o Sr. Carlos da Maia com a irmã e com Vossa Excelência, na mesma
carruagem, no Cais do Sodré... — O quê! Aquela senhora! A que ia na carruagem? — Sim! —
exclamou o Sr. Guimarães irritado, farto enfim dessa confusão em que se debatiam. — Aquela
mesma, a Maria Eduarda Monforte, ou a Maria Eduarda Maia, como quiser, que eu conheci de
pequena, com quem andei muitas vezes ao colo, que fugiu com o Mac Gren, que esteve depois
com a besta do Castro Gomes... Essa mesma!”

Ega obviamente não sabia de nada disto, mas no estado de espanto em que se
encontrava decide imediatamente ir buscar o cofre que estava no local onde o Sr. Guimarães
estaria alojado, e pelo caminho é lhe revelada o resto da história. Ao lhe ser entregue o cofre,
o mesmo parte imediatamente para o Ramalhete, apercebendo-se da gravidade da situação,
mas estaria ainda em duvida sobre o que fazer, se deixara o segredo morrer dentro de si,
ignorando o incesto, ou se seria capaz de dizer a Carlos que o mesmo era amante da sua irmã.

Assim que chega ao Ramalhete, o mesmo apercebe-se que terá de contar tudo a
Carlos, sentindo um enorme sentimento de raiva e frustração, Ega chega a duas conclusões:

1ª Que a culpa é de Dâmaso: “E esta confusão, esta ansiedade, ia-se resolvendo


lentamente em ódio ao Sr. Guimarães. Para que falara aquele imbecil? Para que insistira em
lhe confiar papéis alheios? Para que lho apresentara o Alencar? Ah! se não fosse a carta do
Dâmaso... Tudo provinha do maldito Dâmaso!”

2ª O mesmo iria contar a Vilaça, para ser esse a contar toda a verdade a Carlos.

Criticas

-Critica aos portugueses e ao discurso vazio e retoricamente exuberante, como o de Rufino, e


que mesmo assim foi aplaudido caracterizando a sua oratória como “sublime”, mostrando
assim a ausência de espirito critico dos portugueses (Critica à alta sociedade) que apenas se
interessavam pelo banal e pelas aparências. E quando chegou a vez de Cruges a ignorância do
publico e a falta de sensibilidade artística, tornou um fiasco a sua apresentação.

-Critica dos costumes, mais propriamente à falta de “saber estar” e à sociedade inculta.

Recursos Expressivos

Adjetivação: "Tudo nela era maravilhoso, são, perfeito."

Hipálage: "Já murmurava baixo as palavras cismadoras e tristes..."

Comparação: "A Democracia e o Cristianismo, como um lírio que se abraça a uma espiga (...)"

Ironia: “Que rajadas!...Caramba!...Sublime!...”

Uso do diminutivo: “palavreadinho”, “palhinha”

Estrangeirismos: “Cache-nez”, “bonsoi”, “gentleman”

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