HOMEM-LIXO mar7elo

Capítulo 5
Rafaela, a estagiária

Vou ao trabalho. Espero o sinal fechar de propósito.

Procuro pelo homem lixo. Não o vejo. Deve ter
morrido. Morreu nada. Estava no metrô ontem.
Talvez não fosse ele. É claro que era, estava com o
menino.

Entro na minha sala. Chamo a estagiária.

- Dr. Henry?

- Entre Rafaela. Sente-se. O que está achando do

estágio?

- Estou adorando! E já tenho proposta para uma vaga

efetiva

- Não está feliz aqui?

- Sim, mas, o estágio termina este mês.

- Antes que o estágio acabe, que tal sairmos para

jantar?

- Não posso, Dr. Henry, meu marido é muito

ciumento.

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- O que ele faz?

- Ele é mecânico e faz faculdade.

- Então, o seu marido não é o médico?

Ela ficou pálida. Presa fácil.

- Fique tranquila, você está segura comigo.

- O que o Sr. viu?

- Não quero falar sobre isto... Vamos jantar hoje?

Comer boas comidas, tomar um bom vinho,
conversar sobre coisas boas…

Ela não responde.

- Melhor! Vamos almoçar. Você hoje vai me

acompanhar em trabalhos externos. Assim, você não
sai do seu horário. Ok?

Ela não responde.

- Esteja preparada às 11:00h. Vamos nos divertir.

Ela sai. Se fazendo de difícil. No estacionamento, com

o médico, não parecia.

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Atendo mais alguns crápulas. Gente querendo que eu

ache as brechas nas leis para livrá-los da condenação.
Sabem que estão errados. Sei que estão errados. O
juiz sabe que estão errados. Mas, a lei tem que ser
cumprida.

11:00h. Rafaela vem à minha sala. Está arrumada.

- Vou esperar o Sr. na garagem.

Malandra. Sabe das coisas. Não quer ser vista saindo

comigo.

- Te pego já.

Ela entende o duplo sentido e dá uma risadinha

maliciosa.

Saímos. Trânsito. Calor. Abro o vidro. Um ônibus

pára ao nosso lado. Na janela, o homem-lixo! Me
reconhece!! Olha para Rafaela. Olha para mim. O
ônibus sai.

- Aonde vamos? - inocente Rafaela.

- Para o motel.

- De jeito nenhum.

Sigo para o motel, fazendo o joguinho do vamos, não

vou. Como previsto, eu ganho.
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16:00h

Deixo a estagiária no escritório. Espero uns minutos e

subo. Atendo um salafrário. Telefone.

- Dr. Henry, é o Anderson do caixa. A Rafaela quer

falar:

- Abriu o e-mail?

- Não.

- Então, abra!

- Não gosto do seu tom.

Ela responde, descontraída:

- Abra, agora.

Filha da puta! Várias fotos e áudios que ela gravou.

No carro, no motel. “Olá estagiário senior”.

- Sua vadia!

- Ok, Dr. Henry, vou passar para o Anderson.

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- Dr. Henry, Rafaela me falou sobre o bônus que ela

ganhou. Quero confirmar o valor e saber como
descrevo. Pode ser “gratificação por bom
desempenho”, como ela sugeriu?

- Qual o valor que ela disse?

- Ela falou R$5.000,00.

Puta.

- Deixe-me falar com ela.

Rafaela.

- Sim...

- Eu não posso te dar este valor. Vou te dar R$2.000.

- Uau! Desculpe a empolgação, Dr. Henry. Eu havia

entendido R$5.000,00, mas, R$7.000,00 é ainda
melhor. Vou passar para o Anderson. Obrigada.

Filha de uma puta!

- Confirma os R$7.000,00, Dr.?

- Está certo, Anderson. Pague.

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